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PATOLOGIAS DO ESÔFAGO

ACALÁSIA, ESOFAGITE, HÉRNIA DE HIATO, CÂNCER


ÍNDICE
PATOLOGIAS DO ESÔFAGO
ACALÁSIA, ESOFAGITE, HÉRNIA DE HIATO, CÂNCER

LISTA DE FIGURAS VI
RESUMO VII
1. ANATOMIA ESÔFAGO 08
1.1 FISIOLOGIA DO ESÔFAGO 09
2.PATOLOGIAS DO ESÔFAGO 10
2.1 ACALÁSIA 10
2.1.1. Patogenia 10
2.1.2. Etiologia 10
2.1.3. Sintomas 12
2.1.4. Diagnóstico 12
2.1.5. Prevenção 13
2.1.6. Tratamento 13
2.2 ESOFAGITE OU REFLUXO GASTROESOFÁGICO 14
2.2.1. Patogenia 14
2.2.2. Etiologia 14
2.2.3. Sintomas 16
2.2.4. Diagnóstico 17
2.2.5. Prevenção 17
2.2.6. Tratamento 18
2.3 HÉRNIA DE HIATO 19
2.3.1. Patogenia 19
2.3.2. Etiologia 20
2.3.3. Sintomas 20
2.3.4. Diagnóstico 21
2.3.5. Prevenção 21
2.3.6. Tratamento 21
2.4 CÂNCER 22
2.4.1. Patogenia 22
2.4.1.1. Tumores Benignos
22
2.4.1.2. Tumores Malignos 22
2.4.1.3. Carcinoma 22
2.4.1.4. Adenocarcinoma 24
2.4.2. Etiologia 26
2.4.3. Sintomas 28
2.4.4. Diagnóstico 28
2.4.5. Prevenção 29
2.4.6. Tratamento 30
3.CONCLUSÃO 30
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 32
LISTA DE FIGURAS

FIGURAS
Figura 1 Esôfago e estômago 08
Figura 2 Esôfago Normal 08
Figura 3 Peristaltismo Esofágico 09
Figura 4 Acalásia Esofágica 10
Figura 5 Esofagite 14
Figura 6 Esôfago de Barret 15
Figura 7 Tipos de Hérnia 20
Figura 8 Hérnia de Hiato 20
Figura 8 A. Tumor Irregular 23
B. Tumor Plano 23
RESUMO

O esôfago é um tubo muscular oco e que chega a medir 25 cm de


comprimento em um adulto. Sua função é de conduzir alimentos e líquidos da
faringe para o estômago, assim como prevenir o refluxo do conteúdo gástrico
para dentro do esôfago. Por se tratar de um tubo, muitas vezes é acometido
por traumatismos ou perfurações de corpos estranhos, pois se sabe que o
esôfago se distende durante a passagem do bolo alimentar, podendo levar ao
aparecimento de algumas patologias como: Acalasia, Esofagite, Hérnia de
Hiato e Câncer.
A acalasia é uma doença caracterizada pela incapacidade do
relaxamento do esfíncter esofágico e, portanto a ausência de persitaltismo do
mesmo, ocasionando deglutição.
A esofagite ou refluxo gastro esofágico refere-se a uma lesão
ocasionada pela regurgitação do conteúdo gástrico para o interior do esôfago.
Geralmente pessoas com hérnia hiatal são acometidas pela esofagite devido
aos eventos constantes e prolongados. A Hérnia de Hiato é um distúrbio da
junção gastroesofágica que resulta em uma dilatação saciforme do estômago
que faz a protrução acima do diafragma.
No caso do Câncer de esôfago, os tumores malignos são raros e os
benignos ocorrem com mais freqüência. A procedência do indíviduo deve ser
levada em conta devido às peculiaridades dos hábitos alimentares de certas
regiões do Brasil, como no caso de maior incidência no Rio grande do Sul,
devido ao consumo elevado de chimarrão .Geralmente as pessoas acima de 40
anos são mais predispostas a desenvolver o câncer de esôfago.
Geralmente os tratamentos para estas patologias são feitos de forma
medicamentosa e cirúrgica, já a prevenção está relacionada à fatores de risco,
hábitos alimentares e estilo de vida, visto que muitas destas doenças não
apresentam sintomas perceptíveis em estágio inicial como no caso de câncer.

Palavras Chaves: Acalasia, Esofagite, Hérnia de Hiato, Câncer Esofágico.


ABSTRACT

The esophagus that's a tube muscular empty and that walks up to


measure in length in a adult. She sweats function is of conducing foods &
liquids from pharynx about to the stomach, just as avoid the reflow of the
content gastric about to inside of the esophagus. For if treat by one tube, often
is assail for traumas or drills of bodies foreigners, as knows - if what the
esophagus if distend during the passage of the cake alimentary, can you take
the apparition of some illnesses like mean: Achalasia, Esophagitis, Hiatal hernia
and Cancer.
The achalasia is an illness characterized for the incapacity of the
relaxation of esophagitis sphincter e, therefore the absence of peristaltism of
the same, causing deglutition.
The gastro mentions an injury to it caused for the reflux of the gastric
content for the interior of the esophagus. Generally people with hiatal hernia are
attacks for the esophagitis due to the constant and drawn out events. The hiatal
hernia is a riot of the gastroesophageal junction that results in a saciform
dilatation of the stomach that makes the protrution above of the diaphragm.
In the case of the Cancer of esophagus, the malignant tumors are rare
and the benign ones occur with more frequency. The origin of the individual
must be taken in account due to the peculiarities of the alimentary habits of
certain regions of Brazil, as in the case of bigger incidence in the Rio Grande
Do Sul, which had to the high consumption of chimarrão. Generally the people
above of 40 years more are premade use to develop the esophagus cancer.
Generally the treatments for these pathologies are made of
medicamentosa and surgical form, already the prevention is related to the
factors of risk, alimentary habits and style of life, since many of these illnesses
do not present perceivable symptoms in initial period of training as in the cancer
case.

Words Keys: Achalasia, Esophagitis, Hiatal Hernia, esophagitis Cancer


1. ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ESÔFAGO

ANATOMIA

O esôfago normal é um tubo muscular oco, altamente distensível que se


estende da faringe, aproximadamente ao nível da vértebra C6, até a junção
gastroesofagiana a nível da vértebra T11 ou T12. Medindo entre 10 e 11 cm no
recém-nascido, cresce até alcançar um comprimento de aproximadamente 25
cm no adulto(Figura 1). Três pontos de estreitamento luminal podem ser
identificados ao longo do seu trajeto – acima ao nível da cartilagem cricóide, a
meio caminho ao seu trajeto onde o brônquio esquerdo principal o cruza
anteriormente e, abaixo, onde perfura o diafragma. Cada um desses locais é
propenso aos traumatismos ou à perfurações por corpos estranhos impactados
(ROBBINS 1991).

Figura 1 – Esôfago e estômago

Figura 2 – Esôfago Normal


1.1. FISIOLOGIA DO ESÔFAGO

A luz do esôfago aumenta durante a passagem do bolo alimentar, o qual


é impulsionado por contrações da musculatura da parede. Estes movimentos
que são próprios de todo o restante do canal alimentar, são denominados
peristálticos e a capacidade de realizá-los dá-se o nome de peristaltismo
(Figura 2) (DANGELO FATTINI 2006).
Como sabemos, as funções do esôfago consistem em conduzir os
alimentos e os líquidos da faringe para o estomago assim como em prevenir o
refluxo do conteúdo gástrico para dentro do esôfago. Essas funções exigem
atividade motora coordenada, ou seja, uma onda de contração peristáltica em
resposta à deglutição ou a distensão esofagiana, o relaxamento do esfíncter
esofagiano inferior após o reflexo da deglutição. Os mecanismos que governam
essa função motora são surpreendentemente complexos e sua compreensão
ainda é imperfeita. O controle da função do esfíncter esofagiano inferior (EEI)
é pouco compreendido (COHEN 1991). O relaxamento de EEI em antecipação
a ondas peristálticas pode ser mediado por adenosina trifosfato ou peptídeo
intestinal vasoativo, porém depende de um tronco vagal intacto para o plexo
esofagiano. A manutenção do fechamento esfincteriano do EEI é necessária
para prevenir o refluxo do conteúdo gástrico, que em relação ao esôfago
encontra-se com uma pressão positiva. Muitas substâncias aumentam o tônus
do EEI com, por exemplo, gastrina, acetilcolina, serotonina, prostaglandina
F2a, motilina, substancia P, histamina e poli peptídeo pancreático. Ainda não
sabemos quais desses agentes são importantes na função fisiológica normal
do EEI. Porém atualmente atribui-se à gastrina um papel apenas mínimo 2. A
anatomia bastante banal do esôfago e do EEI dá falsa impressão de sua
fisiologia complexa. (ROBBINS 1991).

Figura 3 – Peristaltismo Esofágico


2. PATOLOGIAS DO ESÔFAGO

2.1 ACALÁSIA

2.1.1. Patogenia

A acalasia antigamente denominada de cardioespasmo e, portanto é


uma doença caracterizada pela incapacidade de relaxamento do esfíncter
esofágico inferior em resposta á deglutição e ausência de peristalte no corpo
do esôfago. Em virtude desses defeitos no trato de saída e nos mecanismos de
bombeamento do esôfago, o alimento fica retirado no esôfago, e o órgão sofre
hipertrofia e dilatações visíveis.(SMITH 1990)
A falha do relaxamento normal, se deve á ausência ou a doença das
células ganglionares dos plexos mientéricos do músculo liso. (SMITH 1990)
Também foram descritas alterações degenerativas no núcleo motor
dorsal do vago e nos nervos vagos extra-esofágicos. Assim não está claro se a
acalasia é uma doença degenerativa ou infecciosa dos neurônios na medula ou
no plexo mioentérico do esôfago, ou em ambos. (SMITH 1990)

Figura 4 – Acalasia Esofágica


2.1.2. Etiologia

A perda de neurônios que liberam peptídeo intestinal vasoativo ( PIV),


produtor de relaxamento do esfíncter esofágico inferior, pode ter uma
participação. (SMITH 1990)
Acalasia idiopática é um exemplo de um distúrbio da função do músculo
liso do esôfago.Ela se caracteriza patologicamente pela diminuição ou
ausência das células ganglionares dos plexos mioentéricos no terço inferior
esôfago. Dado que o relaxamento receptivo do EEI e o peristaltismo do corpo
esofágico, com o qual se coordena estão sob um controle parassimpático
intriseco, as duas funções são afetadas na doença. Assim, na acalasia o
peristaltimo do corpo do esôfago ou se encontra severamente prejudicado ou
ausente. (SMITH 1990)
Ocasionalmente a perda de células ganglionares são acompanhadas de
inflamação crônica. Na América Latina a acalasia é uma complicação comum
da doença de Chagas, sendo as células ganglionares destruídas por
Trypanosoma cruzi. (SMITH 1990)
A disfagia, portanto possui 2 causas: falta de uma propulsão normal
através do corpo esofágico e deficiência no relaxamento do EEI,
ocasionalmente a odinofagia e a regurgitação de material retido no esôfago são
sintomas comuns de acalasia. A aspiração de alimento pode causar
pneumonia. O carcinoma escamoso também é uma complicação. (SMITH
1990)
Manometria as anormalidades motoras são melhor observadas através
da manometria, na qual os cateteres de ponta perfurada são espaçados a
intervalos adequados , a fim de registrar alterações na pressão intra-esofágica.
(SMITH 1990)
Na acalasia a resposta do esôfago aos agentes parassimpáticos é
extremamente interessante. O órgão se comporta como se fosse
parassimpáticamente denervado e segue a lei de Cannon da denervação
autônoma, ou seja a denervação produz uma hipersensibilidade nos
neurotransmissores humorais desse sistema particular Desse modo, a injeção
de um agente parassimpaticomimétrico como a metacolina(mecholyl) em
pequenas quantidades (de 0,1 á 0,2 mg subcutaneamente) irá provocar uma
imediata e permanente elevação na pressão do corpo do esôfago, quando o
sistema parassimpático estiver desnervado, como observado na acalasia.
Esta hipersensibilidade do corpo esofágico aos medicamentos
parassimpaticomiméticos é melhor observada se usarmos balões no lugar de
cateteres. (SMITH 1990)

2.1.3. Sintomas

O paciente com acalasia crônica sem remissão possui uma obstrução do


esôfago, e devido á sua localização no extremo inferior do órgão, poderão
resultar varias complicações patológicas. (SMITH 1990)
Clinicamente, o paciente com acalasia não tratada irá desenvolver uma
dilatação progressiva do esôfago. Nos estágios mais avançados, o acumulo e a
regurgitação de alimentos e líquidos se tornam mais freqüentes e extensos,
levando a graves conseqüências da aspiração. Não são incomuns freqüentes
crises de broncopneumonia, e o paciente pode vir a apresentar ocasionalmente
um abscesso pulmonar. (SMITH 1990)

2.1.4. Diagnóstico

O diagnóstico é feito através da Endoscopia Digestiva Alta com biópsia e


exame anátomo-patológico, e em geral quando já existem sintomas.(UNIFESP
2007)

O raio X do esôfago demonstra a ausência de contrações peristálticas


progressivas durante a deglutição. O esôfago é dilatado e freqüentemente
atinge proporções enormes, mas é estreitado e semelhante a uma chama de
vela invertida no esfíncter esofágico inferior. (UNIFESP 2007) A manometria
esofágica mostra aperistalse, pressão elevada no esfíncter esofágico inferior e
relaxamento incompleto do esfíncter com a deglutição.(UNIFESP 2007)

A esofagoscopia revela dilatação, porém com ausência de lesão


obstrutiva. O esofagoscópio geralmente passa com facilidade dentro do
estômago; a dificuldade de se passar aumenta a possibilidade de estenose ou
neoplasia maligna. Um aumento da sensibilidade das estruturas denervadas a
estímulos farmacológicos (ex: metacolina) pode geralmente ser demonstrado
manometricamente, mas pode estar associado a efeitos adversos e é
raramente necessário para se fazer o diagnóstico.(UNIFESP 2007)

A acalasia dever ser diferenciada do carcinoma estenosante distal e da


estenose péptica; isto é particularmente importante no paciente com
esclerodermia, cuja manometria também pode mostrar aperistalse. A 1880
esclerodermia geralmente se acompanha por história de fenômeno de Raynaud
e por sintomas de refluxo gastresofágico. Deve-se fazer em todos os pacientes
uma retrovisão da cárdia, biópsias e citologia de lavados para se excluir
doença maligna.(UNIFESP 2007)

2.1.5. Prevenção

Não existem métodos efetivamente relacionados com a prevenção e sim


são assimilados aos fatores de risco, como descrito abaixo:

FATORES DE RISCO
 Álcool
 Tabagismo
 Nitrosaminas e Aflotoxinas
 Infecções locais por fungos
 Deficiência de Riboflavina e Vitamina A
 Ingestão excessiva de carne

Fonte: (UNIFESP 2007)


2.1.6. Tratamento

O objetivo do tratamento é reduzir a pressão e assim a obstrução no


esfíncter esofágico.(UNIFESP 2007)
A perda progressiva de peso e as deficiências nutricionais de diversos
tipos, secundárias á diminuída ingestão de alimentos particularmente de
proteínas e vitaminas solúveis em água, são inevitáveis no paciente não
tratado. (SMITH 1990)
O tratamento é feito por dilatação ou miotomia cirúrgica, que pode
provocar refluxo gastroesofágico. (SMITH 1990)

2.2 ESOFAGITE OU REFLUXO GASTROESOFÁGICO

2.2.1. Patogenia

A esofagite de refluxo refere-se à lesão causada pela regurgitação do


conteúdo gástrico para a porção inferior do esôfago. Sem dúvida, o tipo mais
comum de esofagite é encontrado em conjunto com uma hérnia hiatal por
deslizamento, embora possa ocorrer através de um esfíncter esofágico inferior
incompetente sem qualquer lesão anatômica demonstrável. (Figura 5)
(ROBBINS 1991).

Figura 5 - Esofagite

2.2.2. Etiologia

A principal barreira ao refluxo do conteúdo gástrico esofágico é o


esfíncter inferior. O refluxo transitório é um evento normal, sobretudo após uma
refeição. Quando esses episódios tornam-se mais freqüentes e são
prolongados, ocorre esofagite. (ROBBINS 1991).

Além de hérnia hiatal, os agentes que causam diminuição da pressão do


esfíncter esofágico inferior.(Ex.álcool, chocolate, alimentos gordurosos,
tabagismo) estão associados a refluxo. Alguns depressores do sistema nervoso
central exemplo (morfina, diazepam, gravidez, tratamento com estrogênio e a
resistência de um tubo nasogástrico) também causam esofagite de refluxo.
(ROBBINS 1991).
Embora o ácido cause lesão da mucosa esofágica, a combinação de
ácido e a pepsina podem ser particularmente lesivas. Além disso, o líquido
gástrico com freqüência contém bile refluída do duodeno, que é prejudicial para
a mucosa esofágica. O álcool, bebidas quentes e alimentos condimentados
também podem lesar a mucosa diretamente. (ROBBINS 1991).
O refluxo contínuo do suco gástrico ácido frequentemente leva à alguns
casos a atingir o nível do arco aórtico. Em alguns destes últimos casos,o
epitélio escamoso é transformado em colunar ou cilíndrico (epitélio de barret –
Figura 6) e a mucosa facilmente se ulcera nessa junção.Dessa ulceração
poderá resultar uma estenose, por outro lado, uma úlcera crônica pode se
tornar suficientemente fibrosa a ponto de se converter num estreitamento
(úlcera e estreitamento de Barret). O estreitamento pode complicar-se também
com a esofagite e úlcera péptica do terço inferior do esôfago que não estão
associadas com esta transformação celular epitelial. (ROBBINS 1991).

Figura 6 – Esôfago de Barret

Em qualquer um dos casos, a diminuição gradativa e progressiva do lume


do esôfago está associada a disfagia e freqüentemente a odinofagia, se a
inflamação ativa continuar. Além da pirose há uma dor subesternal persistente,
principalmente no caso de a inflamação ser severa ou a úlcera péptica estiver
ativa. É comum o sangramento, o que ocasiona uma anemia Ferropriva. A
irritação e a inflamação contínuas e prolongadas do esôfago, causadas pelo
refluxo e associadas com metaplasia, podem predispor a um carcinoma do
esôfago. (ROBBINS 1991).
A Esofagite pode também ser causada por agentes físicos, como por
exemplo:
A irradiação externa para tratamento de cânceres torácicos pode incluir
partes do esôfago e causar esofagite e até mesmo estenose. (ROBBINS
1991).
Os tubos nasogástricos produzem úlceras por compressão da mucosa
esofágica em pacientes que os usam por longos períodos, embora o refluxo de
ácido também tenha participação nesses casos. (ROBBINS 1991).

2.2.3. Sintomas

Independente da causa, o refluxo associa-se com ardor retrosternal. Uma


manifestação de forte ardor, freqüentemente em forma de ondas, sentidos a
uma distancia variável entre a extremidade do esterno e a incisura supra-
esternal. O suco gástrico ácido pode, muitas vezes, ser sentido pelo paciente.
O desconforto é ocasionalmente causado pela inflamação da mucosa;
entretanto, na maioria dos casos, a mucosa é normal tanto macroscópica
quanto histologicamente. De certa maneira, o material regurgitado estimula as
fibras nervosas sensoriais da mucosa. Os fatores que promovem ou acentuam
o refluxo irão aumentar a freqüência e a intensidade dos sintomas. Estes
incluem: deitar-se após as refeições, curvar-se, levantar objetos pesados, o
desempenho de outras ações de força com manobras de Valsalva e o uso de
faixas ou cintas que criam compressão abdominal. (ROBBINS 1991).
Geralmente ocorre azia, quando há refluxo ácido para dentro do esôfago.
É uma sensação de uma queimação do peito até o pescoço. Algumas vezes,
pode ocorrer regurgitação até a boca, provocando a sensação de um líquido
amargo na boca. Quando a esofagite é severa e as úlceras estarem presentes,
o ato de engolir provoca dor, quando o alimento atinge esta parte do esôfago.
Posteriormente se a porção inferior do esôfago se estreita devido à
cicatrização, o alimento pode parar nesta área. Este sintoma é chamado de
disfagia e é desconfortável. A esofagite também pode causar hemorragia.
Fezes pretas, anemia e vômitos de sangue são sinais de hemorragia.
(GASTROWEB 2007)

2.2.4. Diagnóstico

O refluxo pode ser demonstrado através da fluoroscopia em até 20% dos


pacientes, quase sempre aqueles que apresentam sintomalogia em um
acentuando refluxo. Ele pode ser demonstrado em boa parte dos 80%
remanescentes mediante a ingestão de bário onde o esfíncter reflui se for
incompentente. A seguir descreveremos algumas técnicas utilizadas:
Manometria. As pressões nos pacientes com refluxo sintomático são mais
baixas do que nos indivíduos assintomáticos normais, mas a superposição
entre os 2 grupos é ampla. O refluxo do ácido pode ser documentado através
de um sensor de ph, uma sonda especial atada a um cateter de medição de
pressão. O esfíncter é identificado pela mudança entre a pressão do esôfago e
do esôfago inferior. (ROBBINS 1991).
Mapeamento com radionuclídeos. Esta técnica envolve a ingestão de soro
fisiológico contendo 100 microcuries de ennxofre colodial ,seguindo pelo
mapeamento com uma câmara gama. Caso nenhum refluxo venha a ser
observado no esôfago, o abdomem superior é comprimido com uma faixa
apertada, voltando-se a fazer o mapeamento do estômago inferior, Cerca de
90% dos pacientes com sintomas de refluxo apresentam radioisótopos no
esôfago inferior. (ROBBINS 1991).
Esofagospia. A endoscopia é útil para determinar se os sintomas de
refluxos estão associados com visíveis alterações na mucosa esofágica.
Diagnóstico como o esôfago de Barret ou a displasia esofágica só podem ser
feitos mediante a biópsia. (ROBBINS 1991).

2.2.5. Prevenção
Na prática clínica há a prevenção da recidiva dos sintomas, que se
resume no seguimento das medidas ditas educativas instituídas quando do
primeiro tratamento. (ROBBINS 1991).

Cabe o acompanhamento por endoscopia a cada 3-5 anos nos casos


onde não há displasia. Quando ocorre a displasia de baixo grau, recomenda-se
o exame anual. O objetivo desse acompanhamento periódico é a detecção
precoce de lesões que tenham maior potencial de evoluir para Câncer de
Esôfago. (ABC SAÚDE 2007)

2.2.6. Tratamento

O tratamento geralmente é clínico e medicamentoso, onde são adotadas


as administrações de medicamentos que diminuam a acidez do estômago. Nos
casos de alteração com maior gravidade (displasia de alto grau), recomenda-se
o tratamento cirúrgico. As drogas atualmente disponíveis têm a finalidade
apenas de reduzir a produção da secreção ácida do estômago, contudo outros
medicamentos aumentam a força de contração do músculo. (ABC SAÚDE
2007)

Os medicamentos são parte importante no tratamento da esofagite.


(GASTROWEB 2007)

Porém existem outras medidas gerais para evitar o desconforto causado


pela esofagite:

 Comer menos e distribuir alimentação ao longo do dia;


 Evitar comer ou beber 2 horas antes de ir dormir;
 Se for obeso, perder peso; a obesidade causa refluxo;
 Eliminar ou reduzir significativamente cigarros, álcool, alimentos
gordurosos, café e chocolate;
 Elevar a cabeceira da cama em mais ou menos 15 graus, para
gravidade ajudar a evitar o refluxo gastresofágico durante o sono;
 Eliminar fatores que aumentam a pressão intra-abdominal: cintas e
roupas apertadas, ou mesmo exercícios abdominais;(GASTROWEB
2007)

2.3 HÉRNIA DE HIATO

2.3.1. Patogenia

Hérnia hiatal é um distúrbio da junção gastresofagiana que resulta em


dilatação saciforme do estômago que faz protrução acima do diafragma.
(ROBBINS 1991).
Dois padrões anatômico podem ser reconhecidos:
Na primeira, o esôfago termina acima do diafragma, criando dilatação
simétrica com formato de sino da porção do estômago dentro da cavidade
torácica. A dilatação é limitada abaixo pelo estreitamento diafragmático. Esta
anormalidade pode resultar de um esôfago congenitamente curto ou pode
constituir um defeito adquirido secundário a cicatrização fibrosa de longa
duração do esôfago. Seja qual for a base, a tração sobre o estômago força
parte dele para dentro do tórax. Cerca de 90% de todas as hérnias hiatais são
desse tipo. A hérnia supradiafragmática do estômago é acentuada pela
contração muscular do esôfago durante o ato da deglutição e, assim sendo,
esse padrão de tração é denominado hérnia por deslizamento. (ROBBINS
1991).
O segundo padrão é designado “hérnia hiatal paraesofagiana”. Parte
da extremidade cárdica do estômago disseca ao longo do esôfago através de
um defeito no hiato diafragmático. Em geral é pequeno e encontrado ao longo
da extremidade inferior do esôfago posicionada normalmente. Já que o
estômago rola ao longo do esôfago, às vezes esta forma é denominada hérnia
rolante. Menos de 10% das hérnias hiatais são desse tipo. Apenas esse tipo,
paraesofagiana, é vulnerável ao estrangulamento e infarto.(Figura 7)
(ROBBINS 1991).
Figura 7 – Tipos Hérnia
2.3.2. Etiologia

Em algumas pessoas, o hiato ou orifício do diafragma enfraquece e


aumenta seu diâmetro. Não é conhecido porque isto ocorre. Pode ser devido à
hereditariedade, obesidade, exercícios como levantamento de peso, ou muito
esforço para evacuar. Independente da causa, uma porção do estômago hernia
ou move-se para cima, para dentro da cavidade torácica através do orifício
dilatado. Uma hérnia hiatal é agora presente. As hérnias hiatais são muito
freqüentes, ocorrendo em torno de 60% das pessoas com mais de 60
anos(Figura 7).(GASTROWEB 2007)

Figura 8 – Hérnia de Hiato

2.3.3. Sintomas

Azia, regurgitação, asma não alérgica. Entretanto, esses sintomas são


em decorrência da esofagite de refluxo, isso porque as esofagites mais
intensas geralmente são acompanhadas de hérnia de hiato, mas o inverso nem
sempre é verdadeiro. (GASTROMED 2007)
A hérnia hiatal é extremamente comum e nem sempre causa sintomas
ou problemas. Entretanto, quando há problemas pode ser tratado efetivamente
com medicamentos ou mesmo com cirurgia.(GASTROWEB 2007)

2.3.4. Diagnóstico

O diagnóstico da hérnia hiatal é dado por endoscopia ou por raios-X,


sendo que outros exames (Manometria e Phmetria Esofágica) podem ser
solicitados caso o paciente tenha sintomas e a endoscopia seja negativa.
(GASTOMED 2007)

2.3.5. Prevenção

 Comer menos e distribuir alimentação ao longo do dia;


 Evitar comer ou beber 2 horas antes de ir dormir;
 Eliminar fatores que aumentam a pressão intra-abdominal: cintas e
roupas apertadas, ou mesmo exercícios abdominais;
 Se for obeso, perder peso, a obesidade causa refluxo;
 Eliminar ou reduzir significativamente cigarros, álcool, alimentos
gordurosos, café e chocolate;
 Elevar a cabeceira da cama em mais ou menos 15 graus, para
gravidade ajudar a evitar o refluxo gastresofágico durante o sono.
(GASTROWEB 2007)

2.3.6. Tratamento

O tratamento das hérnias hiatais depende da sintomatologia. Em alguns


casos são de tratamento cirúrgico, principalmente nas hérnias por rolamento. O
tratamento é o mesmo do refluxo gastro esofágico e, quando for necessária a
intervenção cirúrgica, o hiato esofágico é reconstruído. A técnica mais moderna
é a cirurgia videolaparoscópica, mas sua indicação depende dos sintomas, da
resposta ou não às medidas clínicas e do tamanho da hérnia.(GASTROMED)
2.4. CÂNCER

2.4.1. Patogenia
2.4.1.1. Tumores Benignos

Uma variedade de tumores benignos ocorre no esôfago. Estes raramente


ultrapassam os 3 cm de diâmetro e ocorrem principalmente na forma de
massas intramurais sólidas acinzentadas. O mais comum é o leiomioma, porém
fibromas, lipomas, hemangiomas, neurofibromas, linfagiomas e papilomas
escamosos também podem ter origem nessa localização. Às vezes os dois
primeiros são denominados coletivamente de tumores estromais ou de células
fusiformes. Só raramente são suficientemente volumosos a ponto de causar
sintomas. (ROBBINS 1991).

2.4.1.2.Tumores Malignos

Os tumores malignos (denominados antigamente de leiomiossarcomas e


fibrossarcomas) do esôfago são tão raros a ponto de constituir curiosidades
médicas. Os carcinomas representam a esmagadora maioria dos tumores
esofagianos malignos. Estes são classificados segundo seu tipo celular. Os
carcinomas de células escamosas englobam 80 e 85% dos cânceres
esofagianos, os adenocarcinomas perfazem cerca de 5 a 10% e os restantes
incluem os cânceres, indiferenciados ou mais raros. (ROBBINS 1991).

2.4.1.3 Carcinoma

Nos Estados Unidos os carcinomas do esôfago representam cerca de


10% de todos os cânceres do trato gastrintestinal, porém causam um número
desproporcional de mortes por câncer. Eles permanecem assintomáticos
durante grande parte de seu desenvolvimento e, assim sendo sua descoberta
costuma ser por demais tardia para permitir a cura. Nos Estados Unidos a
maioria ocorre em adultos com mais de 50 anos de idade; as crianças são
afetadas raramente. (ROBBINS 1991).
A B
Figura 7 – A.Tumor irregular
B. Tumor plano

Epidemiologia

Enquanto que o câncer das células escamosas do esôfago ocorre em


todo o mundo, sua incidência varia consideravelmente não apenas entre os
países, mas ocasionalmente também dentro do mesmo país. Assim sendo,
foram observadas áreas com incidência particularmente alta de câncer
esofagiano no Norte da China, no Irã, na URSS e na África do Sul. Grande
parte de nosso conhecimento atual acerca dos aspectos demográficos e
etiológicos desse câncer deriva de estudos epidemiológicos realizados nessas
regiões. Nos Estados Unidos, pais com baixa incidência de câncer esofagiano,
afeta entre 2 e 8 por 100.000 pessoas a cada ano, sendo predominantemente
uma doença de homens adultos ( a relação homem:mulher é de 4:1 ). Os
negros em todo o mundo correm risco mais alto que os brancos; nos Estados
Unidos, tanto os homens negros quanto as mulheres negras apresentam
incidência cerca de quatro vezes maior que a dos brancos. (ROBBINS 1991).

O câncer de esôfago apresenta uma alta taxa de incidência em países


como a China, Japão, Cingapura e Porto Rico. No Brasil, consta entre os dez
mais incidentes, segundo dados obtidos dos Registros de Base Populacional
existentes, e em 2000 foi o sexto tipo mais mortal, com 5.307 óbitos. De acordo
com a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil para 2006, devem ocorrer
cerca de 10.580 casos novos deste câncer (7.970 entre os homens e 2.610
entre as mulheres) este ano.(INCA 2007)
A procedência do indivíduo deve ser levada em conta, tendo em vista
certas peculiaridades regionais na distribuição do câncer. No Rio Grande do
Sul, por exemplo, há uma incidência maior de câncer do esôfago, fato
relacionado com a ingestão do chimarrão extremamente quente, que
provocaria queimaduras do esôfago, com a conseqüente possibilidade de
surgir um câncer a partir daí.(INCA 2007)

2.4.1.4. Adenocarcinoma

Os adenocarcinomas do esôfago ficam localizados mais frequentemente


em seu terço médio ou inferior e alguns dos tumores de localização mais distal
podem até estender-se para dentro do estomago. Calcula-se que os
adenorcarcinomas são responsáveis por entre 5 e 10% de todos os cânceres
esofagianos (HAGGIT et al 1991) . Enquanto algumas séries mencionam uma
variação de até 15% para a sua incidência, este numero mais alto reflete com
toda probabilidade a inclusão de carcinomas gástricos que montam a cavaleiro
a junção gastroesofagiana. (ROBBINS 1991).
Antigamente admitia-se que esses tumores provinham das glândulas
mucosas na parede esofagiana, porém atualmente acredita-se que
esmagadora maioria tem origem em um antecedente de mucosa de Barrett.
Uma alta proporção desses tumores, quando avaliada em bases críticas para a
possível presença de epitélio de Barrett, mostra focos de revestimento tipo
gástrico ou intestinal tanto na vizinhança imediata quanto em outros locais no
esôfago distal. Ainda mais áreas de displasia de baixo e alto graus identificadas
nesses focos da mucosa de Barrett. São vistas com freqüência ( 93%)
misturando-se com outros tumores. Assim sendo, o conceito de que os
adenocarcinomas na mucosa de Barrett envolvem através de uma série de
alterações seqüenciais dentro da mucosa, indo desde o epitélio de Barrett até o
epitélio displásico de Barrett para carcinoma in situ e carcinoma invasivo, agora
está sendo aceito cada vez mais (HAGGITT et al 1991, REID et al 1991).
Os estudos clínicos relataram maior risco de adenocarcinoma nos
pacientes com mucosa de Barrett, e uma prevalência que oscila de menos de
5% a mais de 46% já foi relatada em pacientes com essas alterações. O
número mais alto reflete provavelmente uma tendência na seleção, sendo que
um valor de 8 a 10% parece constituir estimativa mais razoável do risco do
surgimento de adenocarcinomas na mucosa de Barrett (KIVILAAKSO, SILEN
1991).

Evolução clínica

Os adenocarcinomas com origem no esôfago de Barrett ocorrem em sua


maioria nas fases mais tardias da vida e os pacientes em geral têm mais de 40
anos de idade ( média etária de 50 anos ). Isso pode ser devido ao fato da
transformação displasica e maligna ocorrer somente nos casos de longa
duração no esôfago de Barrett. A doença é quase desconhecida entre os
negros e existe uma grande predominância masculina (M:F = 5-6:1).
Como os carcinomas de células escamosas, em geral os pacientes
procuram assistência médica em virtude da disfagia progressiva, porém ao
realizar um interrogatório mais minucioso admitirão também sintomas de longa
duração tipo azia, regurgitação e dor epigástrica, que estão relacionados à sua
doença concominante do refluxo gastroesofagiano. Curiosamente, alguns
pacientes revelam historias de seus sintomas apenas no passado mais remoto,
porem negam ter tido qualquer um desses sintomas nos últimos anos. Os
pacientes podem ter feito cirurgia corretiva para a doença do refluxo
gastroesofagiano no passado. Convém assinalar que, apesar desses
procedimentos originarem os sintomas de refluxo, pelo menos em adultos, eles
não causam regressão do epitélio de Barrett e, portanto, não parecem
influenciar o risco de vir a desenvolver um carcinoma subseqüente. (ROBBINS
1991).

2.4.2. Etiologia

Admite-se que o câncer de células escamosas do esôfago possui origem


multifatorial, com alguns fatores sendo altamente significativos. De importância
em sua patogenia são: 1 - o consumo de alimentos contaminados por certos
fungos como, por exemplo, Aspergillus, e as dietas ricas em nitritos e
nitrosaminas; 2 - deficiência nutricional crônica de certas vitaminas ( por
exemplo, vitamina A e C e alguns membros do grupo do complexo B ) ou de
oligoelementos ( por exemplo, zinco, molibdênio ); 3 – a presença de esofagite
e estase esofagiana; 4 – abuso de álcool e fumo e ; 5 – predisposição racial ou
genética (por exemplo, entre negros ou pacientes com doenças celíaca de
longa duração, displasia ectodérmica e epidermólise bolhosa).(ENTERLINE e
THOMPSON ; MUNOZ e CRESPI, 1991).
Assim sendo, no Hemisfério Ocidental, o abuso de álcool e fumo
representam fatores de risco significativos para essa forma de câncer. Os
estudos iniciais mostraram o aumento acima de 40 vezes na incidência de
câncer esofagiano nos indivíduos com historias de ingestão de álcool superior
a 80g/dia e de fumo de cigarros acima de 40 maços por ano (TUYNS et al
1991). Os veteranos de americanos com historia de abuso significativo de
álcool e fumo de cigarros representam um grupo de risco particularmente alto;
(ROGERS et al 1991) o risco está relacionado não apenas com a duração e a
gravidade do abuso, mas também pelo menos para o álcool, com o tipo de
bebida alcoólica consumida, sendo mais alto para licores fortes do que para a
cerveja e o vinho.
Em outras áreas do mundo, particularmente no Irã e Norte da China,
onde o álcool e o tabaco não são consumidos em excesso, inúmeros fatores
ambientais e deficiências dietéticas parecem desempenhar papeis mais
importantes. Nessas áreas, forma implicados os seguintes elementos : 1 –
contaminação microbiana dos alimentos e da água; 2 – baixo conteúdo de
molibdênio no solo e nos alimentos produzidos nesse solo; 3 – dieta rica em
milho, painço e trigo e pobre em vegetais, frutas e proteínas animais, os quais
predispõe à deficiência de zinco; e 4 – o consumo de vegetais em conserva
que, durante o processo de preparação, são contaminados maciçamente por
certos fungos (YANG,MINGXIN et al 1991). Em combinação, esses fatores
resultam na síntese de maiores quantidades de nitrosaminas ou de seus
precursores – compostos que induzem sabidamente a ocorrência de tumores
em inúmeros órgãos-alvo.
Em resumo, portanto parece que fatores ambientais e dietéticos agindo
sinergicamente e que deficiências nutricionais possam agir possivelmente
como promotores para os efeitos tumorigênicos de certos carcinógenos ainda
não identificados. Foi até mesmo sugerido que a esofagite crônica, observada
tão comumente em pessoas que vivem nas áreas incidências de carcinoma de
células escamosas, também resulta da exposição continua de baixo grau a
esses carcinógenos em vez de resultar da ingestão de “chás” produzidos
localmente (MUNOZ,CRESPI 1991; OELLETTE et al 1991). Essa esofagite
crônica resulta em maior renovação de células epiteliais, que, com o passar do
tempo em um meio ambiente de exposição persistente aos carcinógenos e com
deficiências nutricionais combinadas, progride para a displasia e finalmente
para carcinoma (MUNOZ,CRESPI 1991). O ritmo de progressão ao longo da
seqüência esofagite crônica-displasia-câncer pode muito bem ser modificado
ou modulado por fatores genéticos e raciais. Seja como for, a via fundamental
para a carcinogênese estaria relacionada tanto com a concentração quanto
com a solubilidade dos agentes carcinógenos, com sua permeação através da
mucosa até a zona basal e a cinética de proliferação das células-alvo ali
localizadas (MUNOZ,CRESPI 1991).
O carcinoma esofagiano é de início insidioso e produz disfagia e
obstrução paulatina e tardia. Os pacientes ajustam-se subconscientemente à
sua maior dificuldade de deglutir alterando progressivamente sua dieta de
alimento sólidos par líquidos. Uma grave redução ponderal e a debilitação
resultam tanto da nutrição alterada quanto dos efeitos do próprio tumor.
Hemorragia e sepse podem acompanhar as alterações ulcerativas.
Ocasionalmente, o primeiro sintoma alarmante é a aspiração de alimentos que
penetram na arvore respiratória através da fístula traqueoesofagiana
cancerosa. Convém assinalar que a formação dessa fístula é causada quase
sempre por carcinoma do esôfago. O carcinoma broncogênico só raramente
invade o esôfago e, consequentemente, só raramente produz trajetos
fistulosos. O crescimento insidioso e invasivo dessas neoplasias produz
habitualmente grandes lesões ao fazer o diagnóstico, tornando a dissecção
difícil ou até impossível . Em geral a ressecção é possível em menos de
metade dos casos. Até mesmo com os métodos padronizados de terapia, tais
como ressecção cirúrgica com irradiação, ou supervoltage, 70% dos pacientes
estarão mortos dentro de 1 ano após fazer o diagnóstico e a taxa de sobrevida
de 5 anos é de 5 a 10%.(ROBBINS 1991).

2.4.3. Sintomas
O câncer de esôfago na sua fase inicial não apresenta sintomas. Porém,
alguns sintomas são característicos como dor retroesternal, dor torácica,
sensação de obstrução à passagem do alimento, náuseas, vômitos e perda do
apetite. (ROBBINS 1991).
Na maioria das vezes, a dificuldade de engolir (disfagia) já demonstra a
doença em estado avançado. A disfagia progride geralmente de alimentos
sólidos até alimentos pastosos e líquidos. A perda de peso pode chegar até
10% do peso corporal.(INCA 2007)

2.4.4. Diagnóstico

A detecção precoce do câncer de esôfago torna-se muito difícil, pois


essa doença não apresenta sintomas específicos. Indivíduos que sofrem de
acalasia, tílose, refluxo gastro-esofageano, síndrome de Plummer-Vinson e
esôfago de Barrett possuem mais chances de desenvolver o tumor, e por isso
devem procurar o médico regularmente para a realização de
exames(ROBBINS 1991).
O diagnóstico é feito através da endoscopia digestiva, de estudos
citológicos e de métodos com colorações especiais para que seja possível se
fazer o diagnóstico precoce, fazendo com que as chances de cura atinjam
98%. Na presença de disfagia para alimentos sólidos é necessária a realização
de um estudo radiológico contrastado, e também de uma endoscopia com
biópsia ou citologia para confirmação. A extensão da doença é muito
importante em função do prognóstico, já que esta tem uma agressividade
biológica devido ao fato do esôfago não possuir serosa e, com isto, haver
infiltração local das estruturas adjacentes, disseminação linfática, causando
metástases hematogênicas com grande freqüência.(INCA 2007)

2.4.5. Prevenção

Para prevenir o câncer de esôfago é importante adotar uma dieta rica


em frutas e legumes, e evitar o consumo freqüente de bebidas quentes,
alimentos defumados, bebidas alcóolicas e produtos derivados do tabaco.
(INCA 2007)
Fatores de risco:

Fumo, alimentos preservados no sal, defumados e condimentos,


gastrectomia, história familiar e pólipos gástricos, adenomas. Também devem
ser considerados os alimentos contaminados com fungos que produzem
aflatoxinas (substâncias cancerogênicas). Dentre os fatores protetores,
destacamos os vegetais e as frutas frescas. (GASTROMED 2007)

Outras condições que podem ser predisponentes para a maior incidência


deste tumor são a tilose (espeçamento nas palmas das mãos e na planta dos
pés), a acalásia, esôfago de Barrett, lesões cáusticas no esôfago, Síndrome de
Plummer-Vinson (deficiência de ferro), agentes infecciosos (papiloma vírus -
HPV) e história pessoal de câncer de cabeça e pescoço ou pulmão.(INCA
2007)

2.4.6. Tratamento

O início do câncer costuma ser silencioso, podendo ocorrer dor


epigástrica (dor na boca do estômago), relacionada ou não com a alimentação.
Com a evolução, aparecem anorexia e emagrecimento (falta de apetite). A
disfagia (dificuldade de engolir) e vômitos aparecem, em geral, em lesões na
junção esofagogástrica ou antro. O quadro clínico sugestivo e a Endoscopia
Digestiva Alta com biópsia gástrica definem o diagnóstico.(GASTROMED 2007)

Após o estabelecimento do diagnóstico, deve-se efetuar o estadiamento


pré-operatório (análise da extensão da doença e avaliação de lesões à
distância). O estadiamento clínico permite a escolha da melhor conduta
terapêutica. O tratamento é cirúrgico. A Quimioterapia somente deve ser usada
em casos de exceção.(GASTROMED 2007)
3.CONCLUSÃO

Por se tratar de um tubo oco muscular, o bolo alimentar faz com o


esôfago distenda-se, tornando-o muitas vezes propenso a traumatismos ou
perfurações de corpos estranhos.
Dentre os traumatismos ocorridos no esôfago, podemos citar alguns
mais comumente acometidos como: Acalasia, Hérnia de Hiato, Esofagite e
Câncer de esôfago.
Algumas destas patologias muitas vezes não apresentam sintomas
perceptíveis em estágio inicial, mas sabe-se que os mais comuns dessas
patologias são: azia, disfagia, regurgitação, asma não alérgica, vômito,
náuseas e desconforto gastroesofágico em decorrência da inflamação na
mucosa.
O tratamento geralmente é clínico, através de exames específicos,
medicamentos, dietas específicas e cirurgias quando necessário. Fazer o
diagnóstico precoce, especialmente para o caso de câncer é primordial para
uma possível cura.
Estas patologias geralmente estão associadas ao estilo de vida do ser
humano, hábitos alimentares e fatores de risco, pois sabe-se que o alcoolismo,
tabagismo e elevado consumo de alimentos gordurosos entre outros são itens
para a predisposição destas patologias, principalmente para o câncer
esofágico.
Conclui-se que para qualquer que seja a patologia de acometimento no
esôfago, deve-se fazer necessário à prevenção.
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