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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Epidemiologia .............................................................. 3
3. Etiologia ......................................................................... 4
4. Complicações............................................................... 5
5. Avaliação/Diagnóstico ............................................. 6
6. Exames ........................................................................12
7. Tratamento..................................................................14
8. Fundamentos geriátricos ......................................15
Referências Bibliográficas .........................................17
DISFAGIA 3

1. INTRODUÇÃO uma taxa de prevalência de disfagia


de 11% na comunidade em geral. A
O aparato para a deglutição consiste
condição afeta 40–70% dos pacien-
em faringe, esfíncter esofágico supe-
tes com AVC, 60–80% dos pacientes
rior (cricofaríngeo), corpo do esôfago
com doenças neurodegenerativas,
e esfíncter esofágico inferior (EEI). O
até 13% dos adultos de 65 anos e >
terço superior do esôfago e as estru-
51% dos pacientes idosos institucio-
turas proximais a ele são compostos
nalizados, bem como 60–75% dos
por musculatura esquelética; o esôfa-
pacientes submetidos a radioterapia
go distal e o EEI são compostos por
por câncer de cabeça ou pescoço.
músculo liso. Esses componentes tra-
balham como um sistema integrado A maior prevalência de doenças crô-
que transporta material da boca para nicas deve ser entendida como fator
o estômago e evita que reflua para o de risco para a disfagia. Segundo a
esôfago. Obstrução física ou doenças Sociedade Brasileira de Geriatria e
que interferem na função motora (do- Gerontologia (SBGG), os idosos com
enças de motilidade esofágica) po- 75 anos e mais, têm de conviver, em
dem afetar o sistema. média, com 3,5 doenças crônicas. So-
mado a isso, as mudanças fisiológi-
cas implicam em menor reserva fun-
CONCEITO! Disfagia é a dificuldade de
cional e equilíbrio instável, tornando o
deglutição. Essa condição é secundária
ao impedimento do transporte de líqui- idoso mais vulnerável ao descontrole
dos, sólidos ou ambos da faringe para o dessas doenças diante do estresse e
estômago. das demandas orgânicas facilmen-
te transponíveis em outras fases da
vida. Assim, a prevalência da disfagia
em idosos pode variar de acordo com
SE LIGA! Disfagia não deve ser confun-
dida com a sensação de globo, uma sen- a presença de doenças crônicas.
sação de ter um caroço na garganta, que É difícil fornecer dados epidemiológi-
não se relaciona à deglutição e ocorre
sem alteração de transporte alimentar.
cos a nível mundial, pois a prevalência
da maioria das doenças que causam
disfagia tende a diferir entre as dife-
2. EPIDEMIOLOGIA rentes regiões e continentes. Portan-
A disfagia é um problema frequente. to, só podem ser feitas aproximações
Uma em cada grupo de 17 pessoas em escala global. As taxas de preva-
apresenta alguma forma de disfagia lência variam dependendo da idade
durante sua vida. Um estudo realiza- dos pacientes, e deve ser lembrado
do no Reino Unido em 2011 descreve que o tipo de patologia que leva à
disfagia em pediatria difere daquele
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das patologias dos grupos de maior 3. ETIOLOGIA


idade. Em pacientes mais jovens, a
A disfagia se classifica como orofa-
disfagia está frequentemente relacio-
ríngea ou esofágica, dependendo de
nada a lesões de cabeça e pescoço
onde ocorre.
por acidentes, ou câncer de boca e
garganta. A disfagia ocorre em todas
as faixas etárias, mas sua prevalência Disfagia orofaríngea
aumenta com a idade.
Disfagia orofaríngea é a dificuldade
A prevalência de tumores difere entre de esvaziar o material da orofaringe
os países. Por exemplo, enquanto nos no esôfago; resulta de função anor-
Estados Unidos e na Europa o adeno- mal proximal ao esôfago. Pacientes
carcinoma é o tipo mais frequente de se queixam de dificuldade para iniciar
câncer esofágico, na Índia e na China a deglutição, regurgitação nasal e as-
a patologia mais frequente é o car- piração traqueal seguida de tosse.
cinoma de células escamosas. Tam-
bém, estenoses cáusticas do esôfago Mais frequentemente, a disfagia oro-
(ingestão de agentes corrosivos com faríngea ocorre em pacientes com
intenção suicida) e tuberculose po- doenças neurológicas ou musculares
dem ser importantes em sociedades que afetam a musculatura esquelética.
não ocidentais.

MECANISMO EXEMPLOS
• Acidente vascular encefálico
• Doença de Parkinson
• Esclerose múltipla
Neurológico • Distúrbios neuromotor (esclerose lateral amiotrófica, paralisia bulbar pro-
gressiva, paralisia pseudobulbar).
• Poliomielite bulbar
• Arterite de células gigantes
• Miastenia grave
• Dermatomiosite
Muscular
• Distrofia muscular
• Incoordenação cricofaríngea
Tabela 1. Algumas causas de disfasia orofaríngea
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Disfagia esofágica pelo esôfago. Pode resultar de obs-


trução mecânica ou distúrbio motor.
Disfagia esofagiana consiste na di-
ficuldade da passagem do alimento

MECANISMO EXEMPLOS
• Acalasia
• Doença de Chagas
Distúrbios de motilidade • Espasmo difuso do esôfago
• Esclerodermia
• Esofagite eosinofílica
• Estenose péptica
• Câncer de esôfago
• Anéis do esôfago distal
Obstrução mecânica • Membranas esofágicas
• Estenose por radiação
• Compressão extrínseca
• Ingestão de cáusticos
Tabela 2. Algumas causas de disfasia esofágica

4. COMPLICAÇÕES aspiração recorrente pode eventual-


mente levar a uma doença pulmonar
A disfagia pode levar a aspiração
crônica. A disfagia prolongada muitas
traqueal de material ingerido, secre-
vezes leva a alimentação inadequada
ções orais ou ambos. A aspiração
e emagrecimento.
pode causar pneumonia aguda; a
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MAPA MENTAL – ETIOLOGIA E COMPLICAÇÕES

Disfagia orofaríngea Disfagia esofágica

Frequente em pacientes Dificuldade da passagem


com doenças neurológicas do alimento pelo esôfago
ou musculares
ETIOLOGIA
Obstrução mecânica
Material na orofaringe

Distúrbio motor
Função anormal proximal
do esôfago

Dificuldade de
iniciar deglutição
COMPLICAÇÕES
Regurgitação nasal

Aspiração Aspiração traqueal


traqueal+tosse
Secreções orais

5. AVALIAÇÃO/ Pneumonia aguda


DIAGNÓSTICO
Doença pulmonar
História crônica

A história da doença atual começa Emagrecimento

com a duração dos sintomas e seu


modo de início. Os pacientes devem
descrever quais substâncias causam A revisão dos sintomas deve se con-
dificuldade e onde sentem que o pro- centrar nos sintomas neuromuscula-
blema está localizado. Preocupações res sugestivos, digestivos e doenças
específicas incluem se os pacientes do tecido conjuntivo e na presença
têm dificuldades para engolir sólidos, de complicações. Os sintomas neu-
líquidos ou ambos; se a comida sai romusculares importantes incluem
pelo nariz; se babam ou têm vaza- fraqueza e fatigabilidade fácil, distúr-
mento de alimentos da boca; se têm bio de marcha ou equilíbrio, tremores
impactação alimentar; e se tossem ou e dificuldades na fala. Os sintomas
engasgam ao comer.
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gastrointestinais importantes incluem uma ação repetitiva (p. ex., piscar ou


azia ou outros desconfortos no tórax contar em voz alta) para verificar se
sugestivos de refluxo. Os sintomas há diminuição rápida do desempenho
das doenças do tecido conjuntivo são sugestiva de miastenia grave. Deve-
mialgia, artralgia, fenômeno de Ray- -se observar a marcha do paciente e
naud e alterações cutâneas (p. ex., o equilíbrio deve ser testado. A pele
exantemas, edema e espessamento). é examinada em busca de erupções
A história médica pregressa deve cutâneas ou alterações na espessura
avaliar doenças que podem causar ou textura, particularmente na ponta
disfagia. dos dedos. Os músculos são inspe-
cionados por emaciação e fascicula-
ções e são palpados procurando por
Exame físico regiões sensíveis. O pescoço é avalia-
O exame físico concentra-se em do em busca de massa, tireomegalia
achados sugestivos de doenças ou outros.
neuromusculares, digestivas e do
tecido conjuntivo e na presença de Sinais de alerta
complicações.
Qualquer disfagia é preocupante, mas
O exame geral deve avaliar o estado alguns achados são mais urgentes:
nutricional (incluindo o peso do cor-
po). Um exame neurológico comple- • Sintomas de obstrução completa
to é essencial, com atenção a qual- (p. ex., babar, incapacidade de en-
quer tremor de repouso, aos nervos golir qualquer coisa)
cranianos (observe que o reflexo fa- • Disfagia, resultando em perda
ríngeo pode estar ausente em con- ponderal
dições normais; sua ausência não é,
portanto, um bom indicador de dis- • Déficit neurológico focal de origem
função na deglutição) e à força mus- recente, especialmente qualquer
cular. Deve-se observar os pacientes fraqueza objetiva
que referem fadiga fácil ao realizam
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ACHADOS POSSÍVEIS CAUSAS


Temor, ataxia e distúrbio de equilíbrio Doença de Parkinson
Fatigabilidade focal fácil Miastenia grave
Fasciculação muscular, emagrecimento, fraqueza Doença do neurônio motor, miopatia
Disfagia constante progressiva, sem achados
Obstrução esofágica, possivelmente câncer
neurológicos
Impactação alimentar Esofagite eosinofílica
Sintomas de refluxo gastrointestinal Estenose péptica
Disfagia intermitente Anel inferior do esôfago ou espasmo esofágico difuso
Disfagia para sólidos e líquidos com progressão lenta Acalasia
Massa cervical, tireomegalia Compressão extrínseca
Exantema eritematoso escuro, sensibilidade muscular Dermatomiosite
Fenômeno de Raynaud, artralgia, pele espessada Esclerodermia
Tosse, dispneia, congestão pulmonar Aspiração pulmonar
Tabela 3. Achados úteis na disfagia

Interpretação dos achados Os pacientes que se queixam de di-


ficuldades para fazer com que os ali-
A disfagia que ocorre em conjunto
mentos deixem a boca ou da adesão
com um evento neurológico agudo
do alimento à parte inferior do esôfa-
provavelmente é decorrente desse
go geralmente estão corretos a res-
evento; nova disfagia em um pacien-
peito da localização do problema; a
te com distúrbio neurológico está-
sensação de disfagia na parte supe-
vel de longa duração pode ter outra
rior do esôfago é menos específica.
etiologia. A disfagia para sólidos por
si só sugere obstrução mecânica; en- Muitos achados sugerem distúrbios
tretanto, um problema com sólidos e específicos, mas têm sensibilidade e
líquidos é inespecífico. Babar e der- especificidade variadas e, portanto,
ramar alimento da boca ao comer ou não descartam ou apontam para uma
regurgitação nasal sugerem uma dis- dada causa; mas podem orientar os
função orofaríngea. A regurgitação de exames.
uma pequena quantidade de alimen-
to na compressão lateral do pescoço
é praticamente diagnóstica de diver-
tículo da faringe.
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AVALIAÇÃO DO MANEJO DA DISFAGIA OROFARÍNGEA. WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANIZATION PRACTICE GUIDELINES

Identificar síndromes
ANAMNESE,
alternativas: Ex.: Globus,
EXAME FÍSICO disfagia esofágica, xerostomia

Identificar síndromes com


Laboratório como indicado, tratamento específicas. Ex.:
imagem de SNC miopatias tóxicas ou metabólicas,
miastenia, tumores de SNC

Disfunção neuromuscular
Sem evidência de
sem tratamento específico:
processos sistêmicos
Ex.: AVC, trauma

Videofluorocopia da deglutição
Nasoendoscopia para avaliar ≠ manometria para definir
causas estruturais da disfagia severidade e mecanismo
da disfunção

Disfunção potencialmente
Disfunção severa ou risco
Identificar lesões estruturais Disfunção potencialmente controlável com dieta;
de pneumonia aspirativa,
com tratamento específico. passível para miotomia mudança na dieta; terapia da
alimentação não oral,
Ex.: Tumores, Zenker cricofaríngea deglutição ≠ alimentação não
traqueostomia?
oral temporária
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AVALIAÇÃO DO MANEJO DA DISFAGIA ESOFÁGICA. WORLD GASTROENTEROLOGY ORGANIZATION PRACTICE GUIDELINES.

Disfagia de sólidos ou sólidos e líquidos


Por baixo da escotadura esternal
Às vezes, o paciente tosse após a deglutição

DISFAGIA ESOFÁGIOCA

Sólidos e líquidos Só sólidos

Dismotilidade Aguda Intermitente Progressiva

Anel Esofagite >50 anos


Progressiva Intermitente Corpo estranho Ácido
eosinofílica Perda de peso

Regurgitação Ácido Dor torácica DRGE Câncer

Espasmo
Acalasia Esclerodermia
esofágico Endoscopia

Deglutograma
de bário
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MAPA MENTAL – AVALIAÇÃO/DIAGNÓSTICO

Tremores Alterações cutâneas

Fraqueza Fenômeno de Raynaud

Desconforto sugestivo
Fatigabilidade fácil Artralgia
de refluxo

Distúrbio de equilíbrio Azia Mialgia

Sintomas neuromusculares Sintomas digestivos Doenças do tecido conjuntivo

Revisão dos sintomas

AVALIAÇÃO /
Exame físico História da doença atual
DIAGNÓSTICO

Estado nutricional Duração e início dos sintomas

Sinais de alerta
Exame neurológico Relato das dificuldades

Examinação da pele, Sintomas de obstrução completa


Babar
músculos e pescoço

Déficit neurológico
Incapacidade de engolir

Disfagia com perda ponderal


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6. EXAMES sensível e específico para quantificar


a severidade da disfagia. Na suspeita
Endoscopia digestiva alta
da disfagia orofaríngea a videofluo-
Pacientes com disfagia sempre de- roscopia da deglutição ou degluto-
vem ser submetidos à endoscopia grama é o primeiro exame a ser so-
alta, que é extremamente importan- licitado. Também o é na investigação
te para descartar câncer. Durante a da disfagia na pediatria, que nestes
endoscopia, também devem ser ob- casos é considerado padrão-ouro da
tidas biópsias esofágicas para procu- investigação.
rar esofagite eosinofílica. Um exame
contrastado com bário engolido (com
Manometria esofágica
bolo sólido, usualmente um mar-
shmallow ou comprimido) pode ser O estudo manométrico do esôfago
realizado se o paciente não puder permite o registro das pressões na
se submeter à endoscopia alta. Se o luz do órgão. As medidas de pres-
exame com bário for negativo e en- sões são obtidas através de sondas
doscopia alta for normal, estudos da colocadas em diferentes pontos, para
motilidade esofágica devem ser reali- que se possam obter informações do
zados. Outros testes para causas es- corpo esofágico e dos esfíncteres. Ele
pecíficas são feitos de acordo com os é muito importante para diagnóstico
achados. dos casos de disfagia neuromuscular.

Exames radiológicos pHmetria esofágica de 24h


Os exames radiológicos que podem A pHmetria esofágica de 24 horas é
ajudar no diagnóstico da síndrome exame de eleição para os casos onde
disfágica são: seriografia esofago- a endoscopia não registra anorma-
gastroduodenal, videofluoroscopia lidade da mucosa e o paciente tem
da deglutição e videodeglutograma. manifestações extra-esofágicas de
Eles definem a forma do esôfago e a doenças do refluxo gastroesofágico,
alteração da motilidade existente e o como tosse, rouquidão, dor de gar-
comprometimento da luz do esôfago. ganta e bronco-aspirações noturnas.
Dos exames radiológicos, a videoflu- Através dela pode-se verificar a pre-
oroscopia da deglutição é importante sença de refluxo, que é representa-
para elucidação de doenças motoras do por aumento de acidez em nível
e deve ser o primeiro exame a ser so- cervical. Ele é realizado com a colo-
licitado quando da suspeita de disfa- cação de sonda especial para dosa-
gia de origem neuromuscular, sendo gem do pH que possui aberturas em
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determinados pontos, permitindo me- Ecoendoscopia ou


dir a acidez desta luz gástrica, até o ultra-sonografia
esôfago cervical, passando por pon-
A utilização da ecoendoscopia ou ul-
tos intermediários no corpo do esôfa-
tra-sonografia endoscópica pode ser
go. Os achados são armazenados em
útil nos casos de lesões com compro-
um aparelho especial que fica fixado
metimento da parede esofágica sem
na cintura do paciente, com ele per-
lesão da mucosa do órgão. Através
manecendo nas 24 horas realizando
dela, é possível definir se a lesão é
todas suas atividades habituais do
extrínseca ao esôfago ou se tem ori-
dia.
gem nas próprias camadas da parede
do esôfago.

MAPA MENTAL – EXAMES

Dilatações da cárdia

Avaliação das mucosas


Erradicação de varizes

Terapêutica Descarta suposto câncer

Informe do refluxo
Endoscopia alta digestiva ortostático e em decúbito

Registro das pressões Padrão outro para doença do


na luz do esôfago refluxo gástrico esofágico

Manometria esofágica EXAMES pHmetria de 24h

Exames radiológicos Ecoendoscopia

Observação da Avalia lesões na


forma e função parede esofágica

Seriografia
esofagoduodenal Definição das lesões

Seriografia
esofagoduodenal Extrínseca ao esôfago

Videofluoroscopia Origem na
da deglutição própria mucosa
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7. TRATAMENTO os pacientes com disfagia orofaríngea


podem se beneficiar de avaliação por
O objetivo do tratamento é melhorar
um especialista em reabilitação. Às
a passagem de alimentos e bebidas e
vezes, os pacientes se beneficiam da
evitar a aspiração. A causa da disfa-
mudança de posição da cabeça en-
gia é um fator importante na escolha
quanto comem, retreinamento dos
da abordagem.
músculos da deglutição, realização de
O tratamento da disfagia é direcionado exercícios que melhoram a capacida-
à causa específica. Se houver obstru- de de acomodar o bolo alimentar na
ção completa, a endoscopia digestiva cavidade oral ou realização de exercí-
alta de emergência é essencial. Se for cios de força e coordenação para a lín-
encontrada estenose, anel ou mem- gua. Os pacientes com disfagia grave
brana, realiza-se dilatação endoscó- e aspiração recorrente podem precisar
pica cuidadosa. Durante a resolução, de uma sonda de gastrostomia.

CAUSA DA DISFAGIA TRATAMENTO


Neoplasmas Resseção, quimioterapia ou radioterapia
Doença de Parkinson e miastenia Terapia farmacológica
Disfunção cricofaríngea Miotomia cirúrgica
AVC, traumatismo de cabeça ou pescoço, cirurgia, Reabilitação com técnicas que facilitam a ingestão
doenças neurológicas degenerativas oral
Tabela 4. Causa e abordagem do tratamento da disfagia orofaríngea

CONDIÇÃO TRATAMENTO CONSERVADOR TRATAMENTO INVASIVO


Alimentos moles, anticolinérgicos, blo- Dilatação pneumática, injeções de
Acalasia
queadores do canal de cálcio toxina botulínica, miotomia de heller
Nitrato, bloqueadores do canal de cál- Dilatações seriadas ou miotomia
Espasmo esofágico difuso
cio, sildenafil longitudinal
Dieta de eliminação, inibidores de bom- Dilatações de anéis e estenoses
Esofagite eosinofílica
ba de prótons associadas
Antivirais e antimicóticos (nistatina,
Esofagite infecciosa Nenhum
aciclovir)
Medição antissecretória (inibidor da
Estenose péptica Dilatação
bomba de prótons), alimentos moles
Miotomia endoscópica ou miotomia
Divertículo faringoesofágico Nenhum
cricofaríngea
Anel de Schatzki Alimentos moles Dilatação
Anti-secretores, manejo médico
Esclerodermia Nenhum
sistêmico
Tabela 5. Causa e abordagem do tratamento da disfagia esofágica
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8. FUNDAMENTOS para transportar o alimento da boca


GERIÁTRICOS para a orofaringe, o que aumenta a
probabilidade de aspiração.
A mastigação, deglutição, degus-
tação e comunicação exigem uma
função neuromuscular coordenada Depois das alterações relaciona-
e intacta da boca, face e pescoço. A das à idade, as causas mais comuns
função motora oral em particular de- dos distúrbios motores orais são os
clina de modo mensurável com o en- distúrbios neuromusculares (p. ex.,
velhecimento, mesmo em pessoas neuropatias cranianas causadas por
saudáveis. O declínio da função pode diabetes, acidente vascular encefá-
ter muitas manifestações: lico, doença de Parkinson, esclerose
lateral amiotrófica, esclerose múlti-
• A redução na coordenação e força
pla). As causas iatrogênicas também
do músculo mastigatório é comum,
contribuem. Fármacos (p. ex., antico-
especialmente em pacientes com
linérgicos, diuréticos), radioterapia e
próteses parciais ou completas e
quimioterapia da cabeça e pescoço
isso pode levar à tendência de en-
podem prejudicar muito a produção
golir partículas maiores de alimen-
de saliva. A hipossalivação é uma das
tos, que pode aumentar o risco de
principais causas de atraso e prejuí-
asfixia ou aspiração.
zos de deglutição.
• A flacidez da face inferior e lábios
A disfunção motora oral é mais bem
causada pela diminuição do tônus
manejada com uma abordagem mul-
da musculatura perioral e, em pes-
tidisciplinar. Podem ser necessá-
soas sem dentes, pela redução no
rios encaminhamentos coordenados
suporte ósseo, é uma preocupa-
para especialistas em prótese den-
ção estética e pode levar à sialor-
tária, medicina de reabilitação, fo-
reia, derramamento de alimentos
noaudiologia, otorrinolaringologia e
e líquidos, bem como à dificuldade
gastroenterologia.
de fechar os lábios
ao comer, dormir ou
descansar. A sialor-
reia (vazamento de
saliva) muitas vezes
é o primeiro sintoma.
• As dificuldades de
deglutição aumen-
tam. Leva mais tempo
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MAPA MENTAL GERAL- DISFAGIA

DISFAGIA

Etiologia Complicações Avaliação/Diagnóstico Exames Tratamento Epidemiologia

Resseção,
Disfagia esofágica Duração de sintomas Duração de sintomas Endoscopia alta A cada 17 pessoas,
quimioterapia ou
digestiva uma apresenta.
radioterapia
Dificuldade na
passagem do Aspiração traqueal Início dos sintomas Avaliação da Terapia Maior prevalência
alimento mucosa farmacológica de doença crônica
Avaliar estado
Distúrbios de Secreções orais
nutricional Exames radiológicos Reabilitação com
motilidade Risco para disfagia
técnicas que facilitam
Obstrução mecânica Exame neurológico Avaliação da forma a ingestão oral
e função
Avaliar pele, cabeça,
Cirurgias
pescoço
Disfagia orofaríngea Manometria
Observar sinais de
alerta
Dificuldade de Avalia motilidade
esvaziar material Sinais de obstrução

Neurológico Disfagia com perda pHmetria de 24h


ponderal
Mede refluxo (pH
Muscular
Déficit neurológico abaixo de 4)

Ecoendoscopia

Útil nos casos de


lesões
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REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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