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Bruna Fernandes, 252.

É um tubo muscular oco que vai da epiglote (faringe) até a esôfago. Os sintomas incluem disfagia para sólidos e líquidos,
junção gastroesofágica cuja principal função é transportar dificuldade para eructar e dor torácica.
os alimentos sólidos e fluidos ingeridos para o estômago.
Acalasia primária consiste na degeneração de neurônios
Obstrução Esofágica inibidores esofágicos distais; A secundária pode surgir na
doença de Chagas, na qual a infecção pelo T.cruzi causa
Impedem a passagem do alimento para o estomago. Pode
destruição do plexo mioenterico, falha no peristaltisco e
ser do tipo estruturais ou funcionais.
dilatação esofágica.
Obstruções Funcionais: Resultam da alteração das ondas de
A acalasia é uma patologia com diversas etiologias, e suas
contração peristáltica. Essa dismotilidade é dividida pela modalidades de tratamento têm como objetivo vencer a
manometria (Manometria esofágica é um procedimento obstrução mecânica, e incluem a miotomia laparoscópica e
que mede a força e a função dos músculos do esôfago) em: a dilatação com balão pneumático. A injeção de
neurotoxina botulínica (Botox), para inibir os neurônios
Esôfago quebra nozes: Paciente com contrações de alta colinérgicos do EEI, também pode ser efetiva.
amplitude no esôfago distal;

Espasmo esofágico difuso: Paciente com contações Esofagite


simultâneas e repetitivas do musculo liso; Lacerações: As lacerações da mucosa próxima a junção
gastroesofágica são chamadas de lacerações de Mallory-
Disfunção do esfíncter esofágico inferior: Alta pressão de
Weiss e estão associadas a ânsia e vômitos graves nos casos
repouso ou relaxamento incompleto no esfíncter.
de intoxicação por álcool. Normalmente, o relaxamento
Como a tensão na parede do esôfago aumenta, pode reflexo da musculatura gastroesofágica precede a onda
resultar em divertículos. Um de grande interesse é o contrátil antiperistáltica associada ao vômito. Especula-se
divertículo de Zenker (divertículo faringoesofágico), que esse relaxamento fracasse durante o vômito
localizado logo acima do esfíncter esofágico superior, que, prolongado, fazendo com que conteúdo do refluxo gástrico
quando pequenos são assintomáticos, porém, quando forcem a abertura gástrica e levem a parede esofágica a se
grandes, apesar de raros, acumulam quantidades distender e se romper. Esse quadro de laceração esofágica
significativas de alimentos, produzindo sintomas como é uma causa comum de hematêmese, que, nesse caso, não
regurgitação e halitose. precisa de intervenção cirúrgica, com cura espontânea e
completa.
Obstruções Mecânicas: Pode ser causada por estenose,
câncer, se apresenta como uma disfagia progressiva que Já na síndrome de Boerhaave (perfuração do esôfago), a
começa com a dificuldade de engolir sólidos passando para laceração é muito mais seria pois é transmural e pode levar
a ingestão de líquidos afetada. a ruptura do esôfago distal, num evento catastrófico que
precisa de intervenção cirúrgica e o paciente
Estenose esofágica benigna é causada pelo espessamento constantemente apresenta dor no peito, taquipneia, choque
fibroso da submucosa. Geralmente é congênita, porém e etc (principal dx diferencial IAM).
pode decorrer da inflamação e cicatrização causadas pela
DRGE. No geral, pacientes com obstrução funcional ou
estenose benigna mantêm seu apetite e peso, enquanto,
conforme discutiremos depois, as estenoses malignas estão
frequentemente associadas à perda de peso.
Obs: membranas de mucosa esofágica são outra causa de
obstrução esofágica de origem idiopática e extremamente
rara, apresentando uma disfagia não progressiva. Os anéis
de Schatzki são similares as membranas, mas são circulares e
mais grossos.

Acalasia

É um distúrbio raro que dificulta a entrada de alimentos e Esofagite Química e Infecciosa: A mucosa escamosa
líquidos no estômago. O tônus aumentado do EEI, resultante estratificada do esôfago pode ser lesada por vários
do mal relaxamento do musculo liso é causa comum de compostos, com sintomatologia branda, autolimitada, dor
obstrução esofágica. Normalmente, a liberação de óxido especialmente ao engolir (odinofagia), mas pode levar a
nítrico e polipeptídios intestinais vasoativos dos neurônios hemorragia ou perfuração em casos graves.
inibitórios, juntamente com a interrupção da sinalização
colinérgica normal, permite que o EEI relaxe durante a Exemplos: Criança que ingere produtos químicos
deglutição. acidentalmente; esofagite induzida por pílula quando pílulas
se alojam e dissolvem no esôfago.
A acalásia é caracterizada pela tríade de relaxamento
incompleto do EEI, tônus aumentado do EEI e aperistalse do Dentro das causas infecciosas, temos que infecções em
indivíduos saudáveis são raras, sendo mais frequentes em
imunossuprimidos. Os principais causadores são Herpes
simples, CMV ou fungos como candidíase, mucormicose e hipotensivo, a partir de um aumento repentino na pressão
aspergilose. intra-abdominal, como quando o paciente tosse, faz esforços
ou o movimento de curvar-se. Outras condições que
Morfologia: Varia conforme a etiologia. Infiltrados densos de diminuem o tônus do esfíncter esofágico inferior ou
neutrófilos estão presentes na maioria dos casos, mas podem aumentam a pressão abdominal e contribuem para a DRGE
estar ausentes nas lesões induzidas por químicos, o que pode incluem o uso de álcool e tabaco, obesidade, depressivos do
resultar em necrose total da parede esofágica. Quando sistema nervoso central, gravidez, hérnia do hiato, atraso no
presente, a necrose é acompanhada de granulação e esvaziamento gástrico e volume gástrico aumentado. Em
fibrose. A infecção por fungo pode causar lesão ou muitos casos, nenhuma causa definitiva é identificada. O
complicar ulcera existente, onde os MO invadem a lâmina refluxo dos sucos gástricos é central para o desenvolvimento
própria e causam necrose da mucosa subjacente. de lesão
na mucosa na DRGE. Nos casos graves, o refluxo de bile do
A aparência endoscópica geralmente fornece uma pista duodeno pode exacerbar a lesão na mucosa esofágica.
sobre o agente infeccioso na esofagite viral. Os vírus do
herpes tipicamente causam úlceras em saca-bocados. Morfologia: A alteração pode ser apenas um hiperemia da
Amostras de biópsias demonstram inclusões virais nucleares região. No caso de uma doença mais avançada, os
dentro de um halo de células epiteliais em degeneração na eosinófilos são recrutados para a mucosa escamosa, seguida
borda da úlcera. Contrariamente, o CMV causa ulcerações por neutrófilos. Aumento da espessura do epitélio e
superficiais e inclusões citoplasmáticas e nucleares alongamento das papilas da LP também podem estar
características dentro das células endoteliais capilares e presentes.
estromais. Embora a aparência histológica seja
característica, as colorações imuno-histoquímicas para
antígenos vírus-específicos são ferramentas diagnósticas
sensíveis e específicas.

Aspectos Clínicos: A DRGE é mais comum em indivíduos


acima dos 40 anos de idade, mas também ocorre em bebês
e crianças. Os sintomas clínicos mais frequentes são azia,
disfagia e regurgitação de conteúdos gástricos com sabor
ácido. Raramente, a DRGE crônica é pontuada por ataques
de dor torácica aguda que podem ser confundidos com
doenças cardíacas. O tratamento com inibidores de bomba
de prótons, os quais substituíram os antagonistas do receptor
de histamina H2, para reduzir a acidez gástrica, tipicamente
fornece alívio dos sintomas. Embora a
severidade dos sintomas não esteja intimamente
Esofagite de Refluxo: O epitélio pavimentoso estratificado do relacionada ao grau de lesões histológicas, estas tendem a
esôfago é resistente à abrasão dos alimentos, mas é sensível aumentar com a duração da doença. As complicações da
ao ácido. As glândulas submucosas, as quais são mais esofagite de refluxo incluem ulceração, hematêmese,
abundantes no esôfago proximal e distal, contribuem para a melena, desenvolvimento de estreitamento e esôfago de
proteção da mucosa por meio da secreção de mucina e Barrett.
bicarbonato. Ainda mais importante, o tônus do esfíncter
esofágico inferior previne o refluxo de conteúdos gástricos Esofagite Eosinofílica: Os sintomas incluem impactação dos
acídicos, os quais estão sob pressão positiva e que, de outro alimentos e disfagia em adultos e intolerância à alimentação
modo, entrariam no esôfago. ou sintomas semelhantes à DRGE em crianças. A
O refluxo de conteúdos gástricos no esôfago inferior é a característica histológica cardinal é o grande número de
causa mais frequente de esofagite e o diagnóstico GI mais eosinófilos intraepiteliais, em particular superficialmente.
comum em pacientes de ambulatório. A esta condição Além disso, diferentemente de pacientes com DRGE, o
clinica associada, damos o nome de Doença do Refluxo refluxo ácido não é proeminente e altas doses de inibidores
Gastroesofágico. de bomba de próton geralmente não trazem alívio. A maioria
dos indivíduos com esofagite eosinofílica é atópica e muitos
Patogenia: A causa mais comum de refluxo gastroesofágico têm dermatite atópica, rinite alérgica, asma ou eosinofilia
é o relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior. periférica moderada. Os tratamentos incluem restrições na
Assume-se de que ele é mediado por vias vagais e que pode dieta para evitar a exposição a alérgenos dos alimentos, tais
ser desencadeado pela distensão gástrica, por gás ou como produtos do leite de vaca e da soja, e corticosteroides
alimentos, estimulação faríngea moderada que não induz a tópicos ou sistêmicos. Além disso, a lesão geralmente é no
deglutição, e estresse. O refluxo gastroesofágico também meio do esôfago.
pode ocorrer após relaxamento do esfíncter esofágico
inferior induzido pela deglutição ou devido à abertura Varizes esofágicas: O sangue do TGI passa pela veia porta
forçada do esfíncter esofágico inferior relativamente do fígado antes de ir para o coração. Assim, doenças que
impedem esse fluxo causam uma hipertensão portal e
podem levar ao desenvolvimento de varizes esofágicas,
importante causa de sangramento esofágico.
Patogenia: A hipertensão portal resulta no desenvolvimento
de canais colaterais nos locais onde os sistemas porta e cava
se comunicam. Essas veias colaterais permitem que alguma
drenagem ocorra, mas, ao mesmo tempo, levam ao
desenvolvimento de plexos venosos subepiteliais e
submucosos congestos dentro do esôfago. Essas veias são
chamadas de varizes, sendo muito comum em cirróticos e
em equistossomóticos.

Morfologia: As varizes são dilatadas, tortuosas. A ruptura das


varizes resulta em hemorragia na luz ou parede esofágica, e
a mucosa parece ulcerada e necrótica.

Quando a displasia está presente, ela é classificada como


de baixo grau ou de alto grau. Mitoses atípicas,
hipercromasia nuclear, cromatina agrupada irregularmente,
razão núcleo-citoplasma aumentada e a não maturação
das células epiteliais ao longo de sua migração para a
superfície esofágica estão presentes em ambos os graus de
displasia.
A displasia de alto grau exibe alterações mais graves na
citologia e na arquitetura. Com a progressão, as células
epiteliais podem invadir a lâmina própria, uma característica
que define o carcinoma intramucoso.
Aspectos Clínicos: O sinal característico é a hemorragia das
varizes. É uma emergência que pode ser tratada
medicamentosamente com indução a vasoconstrição
esplâncnica, ou endoscopicamente pela escleroterpia
(injeção de ag. Trombóticos), tamponamento por balão ou
ligação das varizes. Mesmo assim, 30 % do pct morrem por
choque devido a hemorragia. Por esse motivo devem ser
tratados profilaticamente com β-bloqueadores, para reduzir
o fluxo de sangue portal, e com ligação endoscópica de
varizes

Esôfago de Barret: É uma complicação da DRGE crônica,


caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa
escamosa esofágica. Com incidência maior em homens
entre 40 e 60 anos, a maior preocupação no esôfago de
Barrett é que ele confere um grande risco de
adenocarcinoma esofágico (sequenciamento genômico
das biópsias envolvidas pelo esôfago de Barrett tem revelado
a presença de mutações compartilhadas com o
adenocarcinoma esofágico, mantendo a ideia de que o
esôfago de Barrett é uma lesão precursora do câncer)
Aspectos Clínicos: Esôfago de Barrett só pode ser identificado
Morfologia: Diagnóstico do esôfago de Barrett requer por meio de endoscopia e biópsia, as quais são geralmente
evidência endoscópica da mucosa colunar metaplásica realizadas pelos sintomas da DRGE. Ainda existem
acima da junção gastroesofágica. Microscopicamente, a controvérsias a respeito da endoscopia de repetição para
metaplasia do tipo intestinal é vista como uma substituição monitoramento. Para carcinoma intramucoso ou invasivo, é
do epitélio esofágico escamoso, com células caliciformes. necessário realizar uma intervenção terapêutica. As opções
Estas são diagnósticas do esôfago de Barrett e possuem de tratamento incluem ressecção cirúrgica, ou
distintos vacúolos de muco, com coloração azul-clara esofagectomia, assim como novas modalidades, tais como
devido à hematoxilina e eosina, e apresentam o formato de terapia fotodinâmica, ablação por laser e mucosectomia
um cálice de vinho no citoplasma restante. endoscópica.
Tumores Esofágicos
Os principais são adenocarcinoma e o carcinoma de células
escamosasa.
Adenocarcinoma: A maioria dos adenocarcinomas
esofágicos surge do esôfago de Barrett! Dito isso, temos que
o aumento das taxas de adenocarcinoma esofágico pode
ter como motivo parcial o aumento da incidência do refluxo
gastroesofágico relacionado à obesidade e o esôfago de
Barrett. Fatores de risco adicionais incluem tabagismo e
exposição à radiação.Alguns sorotipos de H. pylori, ao
causarem atrofia gástrica, resultam em redução da
secreção gástrica e consequentemente diminui a incidência
da DRGE (sendo assim, taxa reduzida de infecção por H.
pylori também pode ser um fator responsável pelo aumento
do adenocarcinoma esofágico). É 7 vezes mais comum em
homens.

Patogenia: Estudos moleculares sugeriram que a progressão


do esôfago de Barrett para o adenocarcinoma ocorre
durante um longo período, com aquisição gradual de
alterações genéticas e epigenéticas. Foi observado que as
células metaplasicas de Barret persistem e acabam
acumulando mutações até que se torne o adenocarcinoma.
Anormalidades cromossômicas, mutações no TP53 nas fases
iniciais, já em fases mais
avançadas, há uma amplificação dos genes EGFR, ERBB2,
MET, ciclina D1 e ciclina E.

Morfologia: Geralmente ocorre no terço distal do esôfago,


podendo invadir a cardia. Inicialmente aparece como
placas planas ou elevadas com 5 cm ou mais. Esses tumores
podem se infiltrar difusamente ou ulcerar.
Microscopicamente, o esôfago de Barrett frequentemente
aparece adjacente ao tumor. Os tumores produzem mais
comumente mucina e formam glândulas, geralmente com
morfologia semelhante ao tipo intestinal; menos
frequentemente, os tumores são compostos de células em
anel de sinete, infiltrastes, difusas ou, em casos raros, células Carcinoma de Células Escamosas: Mais comum em homens
pequenas, pouco diferenciadas. com mais de 45 anos. Os fatores de risco incluem uso de
álcool, tabaco, pobreza, lesões esofágicas cáusticas,
acalásia, tilose, síndrome de Plummer-Vinson, dietas
deficientes em frutas e vegetais.

Patogenia: O carcinoma de células escamosas é


constantemente relacionado ao uso de álcool, tabaco,
deficiências nutricionais e etc. Porém, a patogenia ainda é
incerta.

Morfologia: Ocorre no terço médio do esôfago. O carcinoma


de células escamosas se inicia como uma lesão in situ
chamada de displasia Escamosa. São lesões iniciais com
espessamento pequeno, cinzas, semelhante a placas que
com o tempo se tornam polipoides, obstruindo a luz do
esôfago. Os
outros tumores ou são lesões ulceradas ou difusamente
infiltrativas, que se espalham dentro da parede esofágica e
causam espessamento, enrijecimento e estreitamento da luz.
Eles podem invadir as estruturas circundantes, incluindo a
árvore respiratória, causando pneumonia, a aorta, causando
exsanguinação catastrófica, ou o mediastino e o pericárdio.

Aspectos Clínicos: Inicio insidioso, apresentando disfagia,


odinofagia, obstrução (fazendo o paciente mudar a dieta
sólida para liquida de forma gradual e inconsciente). Perda
de peso proeminente e debilitação resultam tanto da
alimentação prejudicada quanto dos efeitos do próprio
Aspectos Clínicos: Embora os adenocarcinomas esofágicos tumor. Hemorragia e sepse podem acompanhar a
sejam ocasionalmente descobertos na avaliação da DRGE, ulceração do tumor e sintomas de deficiência de ferro são
ou na vigilância do esôfago de Barrett, eles se apresentam frequentemente presentes.
mais comumente com dor ou dificuldade de deglutição,
perda de peso progressiva, hematêmese, dor torácica ou
vômitos, mas quando sintomas aparecem, geralmente já
está em estado avançado com metástase em vasos
linfáticos.
Bruna Fernandes, 252.

Os distúrbios do estômago são bastante comuns. O estomago Morfologia: Histologicamente, a gastrite aguda e a gastropatia
é dividido em 4 regiões anatômicas: cárdia, fundo, corpo e são difíceis de reconhecer pior a lâmina própria só esta
antro. A cárdia e o antro são repletos de células secretoras de edemaciada e com leve congestão vascular, estando o
mucina que formam glândulas. No antro, além das glândulas epitélio intacto, mas muito proliferado e com células foveolares
temos células G que secretam gastrina que estimula a liberação hiperplásicas e em saca-rolhas. No caso da gastrite alguns
de ácido. No corpo e no fundo temos as células principais que poucos neutrófilos podem ser encontrados entre as células
epiteliais. IMPORTANTE: A presença de neutrófilos acima da
produzem e secretam enzimas digestivas como a pepsina.
membrana basal, em contato direto com células epiteliais, é
anormal em todas as partes do TGI e significa uma inflamação
Gastropatia e Gastrite Aguda ativa, ou, nesse caso, gastrite (em vez da gastropatia).
A gastrite é uma inflamação da mucosa. Quando tem Com danos mais graves à mucosa, erosões e hemorragia se
desenvolvem. Na erosão ocorre perda do epitélio, resultando
neutrófilos, fica conhecido como gastrite aguda e na ausência
em um defeito superficial na mucosa. Esta é acompanhada por
de células inflamatórias dá-se o nome de gastropatia (pode ser
um infiltrado neutrofílico pronunciado na mucosa e um
causado por aines, álcool, bile, estress, hemorragia, ulceras de
exsudato purulento contendo fibrina na luz. A hemorragia pode
Curling). Essa gastropatia geralmente progride para gastrite. O ocorrer e causar pontos escuros na mucosa hiperêmica. Erosão
termo gastropatia é exemplificado pelas doenças de Ménétrier e hemorragia simultâneas são chamadas de gastrite
e síndrome de Zollinger-Ellison, visto adiante. Tanto a hemorrágica erosiva aguda. Essas erosões podem então evoluir
gastropatia quanto a gastrite podem ser assintomáticas ou para ulceras quando se estendem profundamente.
causar uma serie de sintomas como dor epigástrica, náusea,
vomito, e em casos graves, erosão de mucosa, ulceração, Aspectos Clínicos: O quadro clinico é comum entre gastropatia
hemorragia, hematêmese, melena e etc. e gastrite, mas varia de acordo com a etiologia – Quando
ocasionada por AINES tendem a gerar dores epigástricas que
Patogenia: A luz gástrica tem um pH em torno de 1. Esse pH respondem aos antiácidos ou inibidores de bomba de prótons;
ajuda na digestão, mas tem potencial de danificar a própria já a ocasionada por refluxo de bile, a dor epigástrica é
mucosa gástrica. Por isso, para proteger a mucosa temos alguns refratária ao tto podendo vir acompanhada por vomito bilioso
mecanismos como: a mucina, secretada pelas células ocasional.
foveolares, formam uma camada fina de muco e fosfolipídio
que impede que o alimento toque a mucosa além de formar Doença da Mucosa Relacionada ao Estresse
uma camada que protege a mucosa por ter um pH neutro (por Ocorre em pacientes com trauma graves como queimaduras,
conta da presença de bicarbonato). Sob o muco, as células doenças intacranianas e etc. Em alguns casos, as ulceras
epiteliais gástricas formam uma proteção mecânica que associadas levam nomes específicos:
impede que o ácido, ou a pepsina, chegue na lâmina própria. • As ulceras de estress são mais comuns em indivíduos com
Os capilares também auxiliam nessa proteção ao passo que choque, sepse ou trauma;
fornece bicarbonato, libera oxigênio e nutriente que remove o • Ulceras de Cruling acontecem no duodenal e estão
ácido que foi retroiifundido na LP. associadas a queimaduras graves ou traumas;
• Ulceras de Cushing surgem em pessoas com doença
Caso um desses mecanismos protetores se perca, temos as intracraniana e tem alta incidência de perfuração.
gastropatias e gastrites. Patogenia: Tem relação com a isquemia local que pode
• Os AINES inibem a produção de prostaglandinas E2 e I2 acontecer devido a hipotensão sistêmica ou fluxo sanguíneo
dependentes do COX que seriam responsáveis por estimular reduzido, causado pela vasoconstrição esplâncnica induzida
os mecanismos de defesa (secreção de muco, bicarbonato e por estress. Redução da regulação da NO sintase e aumento
fosfolipídio). A COX1 é mais importante para proteção, por isso da liberação da endotelina 1 também contribuem para a
temos que o risco de lesão gástrica induzida por AINE é maior isquemia. As lesões associadas a lesões intracranianas são
com inibidores não seletivos, como por exemplo a aspirina, causadas pela estimulação direta dos núcleos vagais que
ibuprofeno e naproxeno, porém a inibição de COX-2 seletiva, geram hipersecreção gástrica.
como no caso do celecoxibe, também pode resultar em
gastropatia ou gastrite. Morfologia: Varia de erosões superficiais com danos epiteliais
• Pacientes urêmicos ou com H. pylory uréase positiva tem superficiais até lesões profundas na mucosa. Geralmente as
lesões gástricas devido a inibição do transporte de ulceras são redondas, com 1 cm de diâmetro, base corada em
bicarbonato; marrom e negro (por cusa da digestão ácida do sangue)
• Em mais velhos, ocorre menor produção e secreção de podendo estar associada a inflamação transmural. Diferente
mucina o que acarreta em aumento da suscetibilidade em das ulceras pépticas, as ulceras de estress acontecem em
relação a gastrite. qualquer parto do estomago, sendo múltiplas. Além disso, são
nitidamente demarcadas, com mucosa adjacente
essencialmente normal. Estão visivelmente ausentes a
cicatrização e o espessamento dos vasos sanguíneos que
caracterizam as úlceras pépticas crônicas. E elas curam
completamente após remoção dos fatores que resultam na
lesão.
Aspectos Clínicos: Geralmente pacientes em estado critico na
UTI tem evidencias histológicas de danos a mucosa. Podem
ocorrer raras complicações como: perfuração, sangramento
de erosões. Os inibidores de bombas de prótons profiláticos
podem aliviar o impacto da ulceração por estresse, mas o
determinante mais importante do resultado clínico é a
habilidade de corrigir a condição subjacente.
Outras causas de hemorragia gatrica não relacionada ao Morfologia: A biopsia mostra o H. pylori no muco em indivíduos
estresse: infectados. Em casos extremos, os organismos formam um
• Lesão de Dieulafoy (causada por uma artéria submucosa tapete nas superfícies luminais das células foveolares e mucosas
que não se ramificou corretamente na parede do estomago do colo, e podem até mesmo se estender para dentro das
ficando na muosa); criptas gástricas. Os organismos são mais facilmente
• A Ectasia Vascular Antral Gástrica (EVAG) - Ela pode ser demonstrados com colorações especiais. O H. pylori exibe um
reconhecida através de endoscopia como listras tropismo pelo epitélio gástrico e geralmente não é encontrado
longitudinais de mucosa eritematosa e edematosa que se em associação com a metaplasia intestinal ou com o epitélio
alternam com mucosa menos gravemente afetada e mais duodenal. No estomago, o H. pylori é encontrado
clara, o que geralmente é conhecido como estômago em principalmente no antro, sendo menos comum na mucosa
melancia. As listras eritematosas são criadas por vasos oxíntica (produtora de ácido) do fundo e corpo, por isso, a
ectásicos na mucosa. Histologicamente, a mucosa antral biopsia antral é preferida para avaliação de gastrite.
mostra uma gastropatia reativa com capilares dilatados A mucosa infectada está eritematosa e com aparência
contendo trombos de fibrina. Geralmente é idiopática. grosseira e nodular. Tem infiltrada inflamatório de neutrófilos na
LP sendo que alguns vão até o epitélio e se acumulam na luz
Gastrite Crônica das criptas criando os abscessos de criptas. A LP também está
repleta de plasmócitos em grupos ou lâminas, e linfócitos e
A causa mais comum de gastrite crônica é a infecção por H.
macrófagos.
pylori; a maioria dos casos restantes é causada por gastrite
Neutrófilos intraepiteliais e plasmócitos subepiteliais são
autoimune que causam mais comumente a gastrite atrófica. *
características da gastrite por H. pylori.
No entanto, é importante reconhecer que infecções
duradouras por H. pylori também podem resultar em gastrite Quando intensos, os infiltrados inflamatórios podem criar pregas
atrófica, geralmente em um padrão multifocal em vez de um rugosas espessadas, que mimetizam a aparência de cânceres
padrão difuso. Em contraste à gastrite aguda, os sintomas em estágio inicial. Os agregados linfoides, alguns com centros
associados à gastrite crônica são tipicamente menos graves, germinativos, estão frequentemente presentes e representam
porém mais persistentes. Náuseas e dores abdominais superiores uma forma induzida de tecido linfoide associado à mucosa, ou
são típicas, algumas vezes com vômito, mas a hematêmese é MALT, que tem um potencial de se transformar em linfoma.
incomum.
Gastrite por H. pylori
H. pylori é a causa mais comum de gastrite crônica. A infecção
por esse bacilo não produz sintomas na maioria dos casos,
sendo descoberta apenas em exames de rastreio.

Patogenia: A gastrite por H. pylori é predominantemente antral,


com produção de ácido elevada e consequentemente rico
de desenvolvimento de ulceras pépticas caso seja localizada
(mas na maioria dos casos progride para corpo e fundo).
Infecções duradoura por H. pylori desenvolve uma gastrite
atrófica multifocal que está associada a placas de atrofia da
mucosa, redução da massa de células parietais e da secreção
de ácido, metaplasia intestinal e risco aumentado de
adenocarcinoma gástrico. Os fatores bacterianos e do
hospedeiro que determinam o padrão da doença.

Os fatores de virulência do H. pylori são: Flagelos que permitem


movimento da bactéria no muco; Urease, que gera amônia de
ureia que eleva o pH local e consequentemente a taxa de
sobrevivência bacteriana; Adesinas, que acentuam a
aderência bacteriana nas células foveolares; Toxinas que estão
associadas a progressão da doença.

Fatores do hospedeiro também têm um papel importante na


infecção por H. pylori. Polimorfismos genéticos, que resultam no
aumento da expressão do fator de necrose tumoral (TNF), de
citocinas pró-inflamatórias e interleucina-1β (IL-1β), ou a queda
de expressão da citocina anti-inflamatória interleucina-10 (IL-
10), estão associados ao desenvolvimento de pangastrite,
atrofia e câncer gástrico. A deficiência de ferro também pode
ser um fator de risco para o câncer gástrico associado ao H.
pylori.
Aspectos Clínicos: Além de identificar os organismos, testes Aspectos Clínicos: Os anticorpos contra células parietais e fator
sorológicos foram desenvolvidos para detectar anticorpos do H. intrínseco estão presentes no início da doença, mas a anemia
pylori, além de testes de detecção bacteriana, teste de perniciosa desenvolve-se só em alguns pacientes. Mais comum
respiração de ureia e etc. Tratamentos eficazes para a infecção em mulher com mais de 60 anos e está comumente associada
por H. pylori incluem combinações de antibióticos e inibidores a doenças autoimunes.
de bombas de prótons. Indivíduos com gastrite por H. pylori
apresentam melhora após o tratamento. Doença Ulcerosa Péptica
Esta comumente associada ao H. pylori e uso de AINES. As DUP
Gastrite Autoimune podem acontecer em qualquer parte do TGI exposto a suco
Tipicamente poupa o antro e está associada a gástrico, sendo mais comum no antro gástrico e na primeira
hipergastrinemia, ao contrário da gastrite por H. pylori. É porção do duodeno. Pode ainda acontecer no esôfago como
caracterizada por: Presença de anticorpos para células resultado da DRGE.
parietais e fatores intrínsecos que podem ser detectados no soro
e secreções gástricas; concentração de pepsinogênio I Patogenia: A infecção por H. pylori, o uso de AINDES, ou os
reduzida; Hiperplasia de células endócrinas; Deficiência de desequilíbrios na defesa das mucosas juntamente com forças
vitamina B12; Secreção alterada de ácido gástrico. que causam a gastrite crônica podem ser responsáveis pela
DUP que se desenvolve, geralmente, em fundo da gastrite
Patogenia: Ocorre uma perda das células parietais que são crônica. Em suma, a hiperacidez gástrica é fundamental na
responsáveis por secretar ácido gástrico e fator intrínseco. A patogenia da DUP e pode ser causada pela infecção de H.
ausência da produção de ácido estimula a liberação de pylori , hiperplasia de células parietais, resposta secretória
gastrina, resultando na hipergastrinemia e hiperplasia das excessiva e etc.
células G antrais, produtoras de gastrina. A falta do fator Por exemplo, a síndrome de Zollinger-Ellison, caracterizada por
intrínseco impede a absorção ileal de vitamina B12, levando, ulcerações pépticas múltiplas no estômago, duodeno e até
por fim, à deficiência de vitamina B12 e à anemia mesmo jejuno, é causada pela liberação descontrolada de
megaloblástica de início lento (anemia perniciosa). A reduzida gastrina por um tumor.
concentração sérica de pepsinogênio I resulta da destruição As úlceras pépticas são mais frequentes em pessoas com cirrose
de células principais. Os principais agentes responsáveis pela alcoólica, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência
lesão na gastrite autoimune são as células TCD4+ que reagem renal crônica e hiperparatireoidismo. Nas duas últimas
a componentes da célula parietal, incluindo a H/K ATPase e o condições, a hipercalcemia estimula a produção de gastrina e,
fator intrínseco. Porém, acredita-se que esses anticorpos não por conseguinte, aumenta a secreção de ácido
sejam patogênicos já que não tem acesso a bomba H/K nem
ao fator intrínseco, mas, por estarem presente em 80% das Morfologia: São mais presentes no duodeno próxima,
gastrites autoimunes, são usados como ferramenta diagnóstica. acontecendo a alguns cm da valva pilórica envolvendo a
parede anterior do duodeno. Em caso de ulcera péptica
Morfologia: É caracterizada por lesão difusa à mucosa oxíntica gástrica, essas estão mais localizadas entre o corpo e o antro.
(produtora de ácido) no corpo e no fundo. Com atrofia difusa, Geralmente são solitárias, quando menos do que 0,3 cm são
a mucosa oxíntica do corpo e do fundo se apresenta superficiais, quando maior que 0,6 cm são mais profundas. A
notavelmente reduzida, e as pregas rugosas são perdidas. Se a úlcera péptica clássica é um defeito definidamente em saca-
deficiência de vitamina B12 for grave, ocorre hipertrofia nuclear bocado, redondo a oval. Com base lisa e limpa devido a
nas células epiteliais. Neutrófilos podem estar presentes, mas o digestão péptica do exsudato, com tecido de granulação bem
infiltrado inflamatório é tipicamente composto de linfócitos, vascularizado na histologia. O sangramento contínuo dentro da
macrófagos e plasmócitos, frequentemente em associação base da úlcera pode causar hemorragia ameaçadora da vida.
com agregados linfoides e folículos. Os plasmócitos da lâmina A perfuração é uma complicação que requer intervenção
própria superficial, típicos da gastrite por H. pylori, estão cirúrgica de emergência.
ausentes, e a reação inflamatória é geralmente profunda e
centralizada nas glândulas gástricas.
Tem extensa perda de células parietais e principais. Quando a
atrofia é incompleta, ilhas residuais da mucosa oxíntica podem
dar a aparência de múltiplos pequenos pólipos ou nódulos. Em
outras áreas, pequenas elevações da superfície podem
representar áreas de metaplasia intestinal, caracterizada pela
presença de células caliciformes e células absortivas colunares
(imagem B). Tem ainda hiperplasia de células endócrinas
devido a queda da produção de ácido.
Clínica: São lesões crônicas, recorrentes, mais comuns em classificados de acordo com a localização e a morfologia
adultos e idosos. A maioria dos pacientes se queixa de dor em macroscópica e histológica. Aqueles com padrão histológico
queimação ou dor epigástrica, mas alguns podem apresentar intestinal tendem a formar tumores volumosos e podem ser
complicações como anemia ferropriva, franca hemorragia ou ulcerados, enquanto aqueles compostos de células em anel de
perfuração. A dor tende a ocorrer 1-3 horas após as refeições, sinete tipicamente exibem um padrão de crescimento
durante o dia, é pior à noite e aliviada por álcalis ou alimentos. infiltrativo difuso que podem espessar a parede gástrica (linite
Náuseas, vômitos, distensão abdominal e eructações podem plástica) sem formar uma massa distinta
estar presentes. Antigamente a intervenção cirúrgica era muito
utilizada, hoje opta-se pela neutralização acida e combate ao Epidemiologia: É mais comum em grupos socioenômicos mais
H. pylori. baixos, em pessoas com atrofia de mucosa e metaplasia
intestinal. Além disso, existem fatores ambientais e dietéticos
que influenciam. H. pylori e HBV também estão associados a
Doença Neoplásica do Estomago maior incidência de câncer.

Pólipos Gástricos Patogenia: Os canceres gástricos são heterogenios mas


São nódulos que se projetam acima da mucosa que se possuem trações em comum.
desenvolve como resultado de uma hiperplasia de células
epiteliais, inflamação ou neoplasia. Pólipos gástricos • Mutações :O câncer gástrico não o é hereditário, mas
inflamatórios e hiperplásicos são lesões reativas associadas a mutações na linha germinativa CDHI que codifica E-
gastrite crônica. O risco de displasia aumenta com o tamanho caderina, estão associados a canceres gástrico familiares
dos pólipos. Existem vários tipos de pólipos gástricos de tipo difuso. A E-caderina é responsável por contribuir com
a aderência intercelular epitelial e a perda da sua função
Pólipo Inflamatório e Hiperplásico: São os mais comuns dos parece ser um passo importante para desenvolver o câncer
pólipos, acontecendo principalmente em pessoas entre 50 e 60 gástrico difuso); Mutações nos genes de polipose
anos geralmente proveniente de uma gastrite crônica por H. adenomatosa coli (PAC) aumentam a chance de câncer
pylori. gástrico do tipo intestinal, que também esta associada a
outras mutações na B- catenina, hipermetilação de TGFBRII,
Morfologia: Geralmente são múltiplos e com característica BAX, IGFRII e etc. Mutações de Tp53 também podem
ovoide, menores de 1 cm, cobertos por superfície lisa. Tem ocorrer.
glândulas foveolares irregulares, cisticamente dilatadas e H.pilory- É a causa mais comum de gastrite crônica e
alongadas. LP edematosa, com variados graus de inflamação progressão para o câncer. A gastrite crônica por H. pylori
que diferencia os pólipos inflamatórios dos hiperplásicos. está associado ao aumento de produção de citocinas pro
Erosões superficiais podem acontecer. A chance do pólipo inflamatórias, como IL-IB e fator de necrose tumoral (TNF)
desenvolver uma displasia (lesão pré-cancerosa) tem a ver com que conferem maior risco de câncer gástrico do tipo
o seu tamanho, tendo aumento do risco em pólipos maiores intestinal.
que 1,5 cm.
• EBV- Causa 10% dos adenocarcinomas. O mecanismo de
Polipo de Glândulas Fúndicas: Ocorrem de forma esporádica e desenvolvimento do câncer a partir do HBV ainda não foi
em pacientes com PAF (polipose adenomatosa familiar), mas bem definido, mas acredita-se que o mecanismo seja
não tem potencial neoplásico. Sua incidência está relacionada diferente dos demais adenocarcinomas pelo fato da
ao uso de inibidores de bomba de prótons (a redução da mutação TP53 não estar presente. Esses tumores EBV
acidez induz a secreção de gastrina com consequente positivos são mais comuns no estomago próxima e tem uma
hiperplasia glandular). Geralmente são assintomáticos, mas morfologia difusa com infiltrado linfocítico acentuado.
podem estar associados a náuseas, vomito ou dor epigástrica.
Acometem principalmente o corpo e fundo, sendo múltiplos e Morfologia: Os adenocarcinomas gástricos são classificados de
composto por glândulas irregulares e dilatadas, revestidas por acordo com sua localização e morfologia. A classificação de
células parietais e principais. Lauren os separa em dois tipos: Intestinal e Difuso.
• Câncer do tipo intestinal tende a ser volumoso e composto
Adenoma Gástrico: É um tipo de pólipo, mais comum em por estruturas glandulares semelhantes ao adenocarcinoma
homens e com incidência aumentada com a idade. esofágico. Geralmente cresce ao longo de frentes coesivas
Semelhante a outras displasias decorre de uma gastrite crônica formando uma massa exofítica ou um tumor ulcerado.
que gerou atrofia e metaplasia intestinal. São lesões precursoras Celulas neoplásicas com vacúolos apicais de mucina.
de câncer, sendo o risco para desenvolver adenocarcino maior • Câncer gástrico difuso tem padrões de crescimento
em lesões com mais de 2 cm. Adenomas gástricos infiltrativo sendo composto por células desconexas com
desenvolvem-se em um histórico de gastrite crônico e são vacúolos grandes de mucina que aumentam o citoplasma
particularmente associados a metaplasia intestinal e atrofia da e leva o núcleo para a aperiferia, formando a celula de anel
mucosa (glandular). em sinete que ficam na parede do estomago
individualmente ou em grupos. Evocam uma reação
Morfologia: Mais localizados no antro e compostos por epitélio desmoplásica que enrijece a parede gástrica e causa
colunar intestinal. Todos os adenomas gastrointestinais achatamento das rugas e uma parede rígida e espessa
apresentam displasia epitelia que pode ser de baixo ou alto como uma garrafa de couro chamada de Linite Plástica.
grau e cursam com alargamento, alongamente e
hipercromasia de núcleos das células epiteliais e Características clinicas: O câncer do tipo intestinal desenvolve-
pseudoestratificação. Na de alto grau encontramos uma atipia se de lesões precursoras como displasia e adenomas, sendo
citológica mais grave, arquitetura irregular, com brotamento mais comum em homens em torno de 55 anos. Em
glandular, glândula dentro de glândula ou cribiforme. contrapartida, o câncer do tipo difuso não apresenta lesões
precursoras e ocorre com a mesma frequência em homens e
Adenocarcinoma Gástrico mulheres.
Os indicadores prognósticos são a profundidade da invasão e
É a neoplasia maligna mais comum do estomago. Os sintomas a extensão da metástase linfonodal. Eles tipicamente invadem
são semelhantes ao da gastrite crônica: dispepsia, disfagia, duodeno, pâncreas e retroperitônio, sendo a ressecção
náuseas. Geralmente é identificado em estágios avançados, cirúrgica o tto preferível e tem altas chances de sobrevida na
quando manifestações clinicas como perda ponderal, maioria dos casos, porém, em casos mais avançados, a
anorexia, anemia, hemorragia, já estão presente e sobrevida é baixa devido a quimioterapia ser ineficiente.
desencadeiam o diagnóstico. Adenocarcinomas gástricos são
• Tumor carcinoide de intestino anterior – estão no interior do
estomago, duodeno e esôfago, rara metástase e cura por
ressecção. Os gastrinomas estão nesse grupo e produzem
gastrina, estando associados aos inibidores de bomba de
prótons.
• Tumores Carcinoides de Intestino Médio- Surgem no jejuno e
íleo. São múltiplos e agressivos. Quanto maior a
profundidade de invasão, maior tamanho e maior necrose,
pior prognóstico.
• Carcinoides do Intestino Posterior – Surgem no apêndice e
colo. Os do apêndice são geralmente benignos ao passo
que os do reto produzem hormônios polipeptídicos e se
manifestam com dor abdominal, perda de peso e etc.

Linfoma
Os linfomas extranodais podem surgir em qualquer tecido e
acontece mais comumente no TGI (estomago). Nos receptores
de célula-tronco hematopoiética halogênica e nos receptores
de transplante de órgãos, o intestino também é o local mais
frequente de linfoproliferações de células B positivas para vírus Tumor Estromal Gastrointestinal
Epstein-Barr. No intestino chamam-se linfoma de tecido linfoide
Muitas neoplasias mesenquimais podem surgir no estomago e
associado a mucosa (MALT) ou MALTomas.
levam o nome de acordo com a célula que lembram. EX:
Tumor Carcinoide tumores do músculo liso são chamados de leiomiomas ou
Surgem em órgãos neuroendócrinos e epitélio gastrointestinal leiomiossarcomas, tumores da bainha nervosa são
neuroendócrino-diferenciados como as células G. Os denominados schwannomas, e aqueles que lembram
carcinoides gástricos podem estar associados a hiperplasia de organismos glômicos nos leitos ungueais e em outros locais são
células endócrinas, gastrite atrófica crônica e síndrome de chamados de tumores glômicos (todos eles são raros e não
Zollinger-Ellison. Esses tumores foram chamados de serão vistos aqui)
“carcinoides” porque apresentam crescimento mais lento do O tumor Estromal Gastrointestinal (GIST) é o tumor mesenquimal
que os carcinomas. Tem grau baixo, ou seja, baixa atividade mais comum e ocorre principalmente no estomago. São mais
mitótica. Mas vale ressaltar que o prognóstico é influenciado comuns em homens e com incidência maior aos 60 anos.
pela localização do tumor. Os tumores carcinoides surgem a
partir de componentes difusos do sistema endócrino e são mais Patogenia: 80% de todos os GIST tem mutação no gene que
comuns no trato gastrointestinal, particularmente no intestino codifica a tirosina cina c-KIT (receptor do fator de cel
delgado. O fator prognóstico mais importante é a localização: estaminais); em 8% encontrmos mutações na PDGFRA
tumores do intestino delgado tendem a ser mais agressivos, (Receptor do fator de crescimento derivado de plaquetas).
enquanto aqueles do apêndice são quase sempre benignos Uma dessas mutações já é suficiente para causar o câncer visto
que nunca é encontrado duas mutações em um único tumor.
Morfologia: São massas intramurais e submucosas que criam
Morfologia: Geralmente formam uma massa na submucosa,
lesões polipoides. Tem cor amarelada ou castanha, com
solitária, bem circunscrita, carnuda que podem metastizar para
intensa reação de desmoplasia que pode romper ou obstruir o
o fígado formando pequenos nódulos serosos. Podem ser
intestino. Os tumores carcinoides são compostos de ilhas,
compostos por células fusiformes alongadas ou células
cordões de células uniformes com citoplasma granular rosa
epitelioides rolicas. O marcador diagnóstico é o c-KIT
escasso e núcleo pontilhado redondo ou oval.
Clínica: Os sintomas são relacionados aos efeitos de massa ou
Clínica: Mais comum em > 60 anos. Os sintomas dependem do ulceração da mucosa. A ressecção é o principal tto e o
hormônio produzido. Ex: síndrome cacinoide é causada por prognóstico se relaciona com o tamanho, índice mitótico e
substancias vasoativas secretadas pelo tumor que causam localização do tumor. Os pacientes com doença irressecável,
rubor cutâneo, sudorese, broncoespasmo, dor abdominal em recorrente ou metastática frequentemente respondem ao
cólica, diarreia, fibrose e etc. Quando ele ocorre no instestino, imatinibe, um inibidor da atividade da tirosina quinase de c-KIT
essas substancias passam pelo fígado sofrente efeito de e PDGFRA que também é eficaz na supressão da atividade de
primeira passagem, por isso menos de 10% dos pacientes cinase de BCR-ABL na leucemia mielogênica crônica
apresentam a síndrome carcinoide e é comumente associada
a doença metastática.
Bruna Fernandes, 252.

Local onde acontece uma grande variedade de doenças, É mais comum em homens, porém mais grave em mulheres.
sendo que muitas delas afetam o transporte de nutrientes e Os pacientes geralmente são RNs que não conseguem
de água, com consequente má absorção e diarreia. Além eliminar o mecônio no período pós natal imediato (nas
disso, o intestino é foco de vários MO sendo comum processos primeiras 12 horas seria o ideal) e depois apresentam
inflamatório e infecciosos. Finalmente o colón é o local mais obstipação obstrutiva. As principais ameaças a vida são as
comum de neoplasia do TGI. Enterocolite, distúrbios hidroeletrolíticos, perfuração e
peritonite. A intervenção cirúrgica com ressecção de
Anomalias congênitas segmento aganglionar com anastomose do colón normal
para o reto geralmente ajuda, mas esses pct demoram para
Anomalias congênitas como atrésia e estenose, são raras e
ter a função intestinal normal e a continência.
contribuem para a obstrução intestinal na época neonatal.
Atresia é a obstrução completa da luz intestinal, ao passo que Patogenia: O megacólon aganglionar congênito, ocorre
estenose seria um estreitamento, sem oclusão da luz. quando a migração de células neurais do ceco ao reto é
interrompida, fazendo com que um segmento distal do
DIVERTÍCULO DE MECKEL
intestino não tenha o plexo submucoso de Meissner e o plexo
A malformação congênita mais comum do intestino, que miontérico de Auerbach. Com isso as contrações peristálticas
resulta da persistência do ducto onfalomesentérico que são ausentes e ocorre obstrução funcional. A causa desse
conecta o intestino ao cordão umbilical. É um divertículo defeito de migração ainda não é conhecido, mas mutações
verdadeiro pois tem todas as camadas da parede intestinal. com perda da função da tirosina cinase receptora de PET são
Assintomático, é diagnosticado incidentalmente por ligadas a casos familiares (outros genes também podem
laparoscopia ou necrópsias. influenciar, mas isso ainda é incerto)

Os casos sintomáticos Morfologia: Sempre afeta o reto, porém em extensões


apresentam hemorragia variadas (casos graves envolvem todo colo). A região
digestiva associada a aganglionar pode ter aparência normal ou contraída, mas o
heterotopia de mucosa colón proximal inervado encontra-se distendido como
gástrica. Como resultado da obstrução distal. A ausência de células
complicações temos ganglionares no segmento afetado comprova o diagnóstico.
inflamação, ulcera,
perfuração e etc. Além disso, temos
espessamento das fibras
Obstrução Intestinal não mielínicas conferindo
O delgado é mais acometido que as demais porções por aspecto neuromatoso.
conta da sua luz mais estreita. A principais causas de Essas fibras nervosas
obstrução mecânica são hérnias, aderências intestinais, colinérgicas armazenam
intussuscepção, volvo, câncer e infarto. Os sintomas incluem acetilcolinesterase
dor e distensão abdominal associada a vomito e obstipação, identificada pela
sendo necessária a abordagem cirúrgica. histoquímica.

Obs: Existe outra patologia denominada Megacólon


adquirido que ocorre tipicamente na doença de chagas,
cuja patogênese consiste na destruição dos neurônios dos
plexos miontéricos devido ao T. cruzidilatação tóxica;
distúrbios psicossomáticos.
DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG/MEGACÓLON CONGÊNITO
Também chamada de aganglionose congênita é
caracterizada pela ausência das células ganglionares nos HERNIA ABDOMINAL
plexos nervosos que controlam a motilidade intestinal. Resulta São deslocamentos de porções de vísceras para fora da
de uma interrupção na migração das células ganglionares do cavidade peritoneal em locais de menos resistência da
sistema entérico durante a embriogênese, acometendo parede abdominal. Qualquer fragilidade ou defeito na
principalmente o colón distal e reto. O segmento intestinal parede abdominal pode gerar a protrusão de uma bolsa com
agangliônico torna-se espástico, levando a obstrução revestimento seroso do peritônio chamado saco herniário. As
intestinal funcional e a dilatação proximal ao segmento hérnias adquiridas mais comuns são através dos canais
afetado. inguinais, femorais, umbigo e locais de cicatrizes cirúrgica. É
motivo de preocupação por causa da protrusão visceral suprimento colateral (com a pudendo e a ilíaca) faz com que
(hérnia externa). Fatores que diminuem a resistência da o intestino tolere bem a perda progressiva do suprimento
parede abdominal como anomalias congênitas, sanguíneo de uma artéria. Porém, o comprometimento
enfraquecimento da musculatura e fatores hereditários, agudo total de um vaso principal pode levar a infartos de
predispõe a formação de hérnia. Outros fatores vários metros do intestino.
desencadeantes são os que aumentam pressão intra-
abdominal como esforço, gravidez, tosse e etc . DOENÇA INTESTINAL ISQUÊMICA

As alças do intestino delgado são as mais frequentemente A lesão isquêmica no intestino pode ser: infarto da mucosa (só
herniadas e essa pressão prejudica a drenagem venosa vai ate muscular da mucosa); infarto mural (envolve mucosa
levando a estase e edema que aumentam o volume da alça e submucosa) e infarto transmural (envolve as três camadas
herniada levando a aprisionamento permanente ou da parede). Os dois primeiros são causados principalmente
encarceramento que compromete, com o tempo, a por hipoperfusão aguda ou crônica. Ao passo que o infarto
drenagem arterial e venoso, ou estrangulamento que pode transmural é causado por obstrução vascular aguda causada
resultar em infarto. por exemplo por: arteriosclerose grave, aneurisma de aorta,
estados de hipercoagulabilidade, etc. A hipoperfusão
INTUSSUSCEPÇÃO/ INVAGINAÇÃO intestinal é relacionada a IC, choque, desidratação, fármacos
É a penetração de um segmento do intestino num segmento vasoconstrictores e etc. Outras causas menos comuns são as
imediatamente mais distal. Essa compressão pode gerar ao vasculites sistêmicas, trombose venosa mesentérica,
infarto do seguimento invaginado. É causado por alterações neoplasias invasivas, hipertensão portal e etc.
no peristaltismo intestinal, já que as ondas peristálticas
retrogradas do colón se encontram com as ondas normais do Patogenia: A resposta intestinal a isquemia ocorre em duas
íleo provocando a invaginação. Como fatores fases. 1- A lesão hipóxica inicial, gera pouco dano pois as
desencadeantes podemos citar a quantidade de tecido células epiteliais são relativamente resistentes a hipóxia
linfoide na região (por isso íleo é o local mais acometido- transitória. 2- Lesão de reperfusão, é iniciada pela restauração
placas de Payer) e a presença de uma massa intraluminal que do fluxo e é associada a maiores danos por mecanismos
funciona como ponto de tração, que pode ser um tumor, ainda não conhecidos, mas que envolvem produção de
hemorragia por causar tumefação na área envolvida; radicais livres, infiltração de neutrófilos, liberação de
traumas; espasmos anóxicos; ulceras intestinais; divertículos e mediadores inflamatórios e citocinas. Lembrando que a
corpo estranho. gravidade do comprometimento vascular, o período de
A invaginação agônica é diferente da intussuscepção
tempo durante o qual se desenvolve e vasos afetados são as
porque não possui alterações vasculares e inflamatórias. A
principais variáveis que determinam a gravidade da doença
intussuscepção é a causa principal de obstrução intestinal na
infância e gera dor abdominal em cólica, eliminação de intestinal isquêmica.
sangue e muco nas fezes. Os infartos intestinais são hemorrágicos (vermelhos)
independente da origem do comprometimento devido a
VOLVO reperfusão da área isquêmica pelos ramos colaterais.
Consiste na torção da alça intestinal sobre si mesma, levando Macroscopicamente, a mucosa é vermelho-escura e
a obstrução da luz e compressão do suprimento vascular edemaciada, podendo haver sangue na luz intestinal. A
gerando infarto e gangrena. Caso a alça esteja distendida demarcação da lesão é bem evidente nas oclusões arteriais,
(caso da Chagas), aumenta o risco do volvo. O quadro clinico porém, na venosa, o limite de área isquêmica da com parede
é de um abdome agudo obstrutivo similar a de outras normal é pouco definida. Acontecem mais na flexura
obstruções. esplênica do colón (região limítrofe de irrigação pelas art.
Mesentéricas sup. e inf., sendo uma área mais propícia).
ADERÊNCIAS/ BRIDAS
São traves fibrosas que se desenvolvem entre as alças Capilares intestinais correm ao lado das glândulas, a partir da
intestinais ou entre a parede abdominal. Essas aderências, cripta até a superfície, antes de fazer uma curva fechada na
quando fibrosas podem estrangular alças intestinais e causar superfície esvaziando nas vênulas pós-capilares. Essa
obstrução mecânica. configuração possibilita que sangue oxigenado vá para as
criptas, mas deixa o epitélio da superfície vulnerável a lesão
OBSTRUÇÃO POR ESTRUTURA SOLIDA isquêmica. Essa anatomia protege as criptas, que contêm as
É a obstrução da luz por fecaloma, bolo de áscaris e etc. Por células-tronco epiteliais que são necessárias para repovoar a
fecaloma é mais comum no reto e sigmoide sendo principal superfície. Assim, a atrofia epitelial de superfície, ou até
complicação do megacólon chagásico. Obstrução por bolo mesmo necrose com descamação consequente, com criptas
de áscaris ocorre mais em criança menores de 6 anos. normais ou hiperproliferativas, constitui uma assinatura
morfológica da doença intestinal isquêmica.
MECÔNIO
É o conteúdo intestinal do RN, esverdeado, denso e mucoide Morfologia: Apesar de ter áreas de suscetibilidade, o infarto
que deve ser eliminado espontaneamente no período
da mucosa e mural pode acontecer em qualquer parte. A
neonatal (primeiras 12 horas). Obstrução intestinal por
doença tem distribuição desigual, com mucosa hemorrágica
mecônio – íleo meconial- ocorre em RN com fibrose cística
que gera alterações na composição do mecônio que os e ulcerada. A parede do intestino é espessa por causado
torna mais espesso e de difícil eliminação. A obstrução por edemas que envolve a mucosa. Em casos graves, temos
mecônio se manifesta na primeira semana de vida por falta hemorragia intensa de mucosa e submucosa e necrose (mas
de eliminação do mecônio, distensão abdominal e vômitos. não atinge serosa). Nos casos de trombose arterial aguda e
Principais complicações: volvo, gangrena, perfuração e infarto transmural o quadro é mais grave. Muco corada de
peritonite meconial. sangue ou o próprio sangue se acumula na luz intestinal, e a
necrose coagulativa muscular está associada a serosite
purulenta e perfuração.
Distúrbios vasculares do intestino Na trombose venosa mesentérica o sangue flui por um tempo,
A maior parte do TGI é suprido pelas art. celíaca, mesentérica gerando transição menos abrupta do intestino acometido
superior e inferior que formam arcadas mesentéricas na para o normal.
parede intestinal. As interligações entre as arcadas e o
O exame microscópico do intestino isquêmico mostra atrofia Morfologia: Os vasos colaterais do plexo hemorroidal inferior
ou descamação de epitélio de superfície, criptas estão abaixo da linha anorretal e são chamados de
hiperproliferativas. No início as células inflamatórias estão hemorroidas externa; já aquelas que resultam da dilatação
ausentes, mas após horas os neutrófilos são recrutados após a do plexo hemorroidal superior no reto distal são chamadas de
reperfusão. A isquemia crônica é acompanhada de hemorroida interna. Na histologia, vemos vasos submucosos
cicatrização fibrosa na LP. Nas fases agudas de lesão dilatados, de paredes finas, projetados sob a mucosa anal ou
isquêmica, superinfecção bacteriana e liberação de retal. Como ficam expostos, estão sujeitos a trauma, ficando
enterotoxinas podem induzir formação de pseudomembrana inflamadas, trombosadas e recanalizadas com o tempo. Pode
que pode assemelhar-se a colite pseudomembranosa ocorrer ulceração
associada a Clostridium difficile
Clinica: São comuns dor e sangramento retal de cor
vermelha-viva observada no papel higiênico. Geralmente
acomete pessoas com mais de 30 anos (exceto grávidas –
qualquer idade). Caso decorra de hipertensão portal as
implicações são mais graves. O sangramento hemorroidal
não é emergência e pode ser tratado com escleroterapia,
ligadura elástica, coagulação por infravermelho. Em casos
graves: hemorroidectomia.

Doença diarreica
DIARREIA DISABSORTIVA

A diarreia é um sintoma comum em varias doenças intestinais.


Aqui iremos falar da diarreia decorrente da má absorção que
Clínica: Tende a ocorrer em pessoas mais velhas com doença
se manifesta de forma crônica, gerando defeitos na absorção
cardíaca ou vascular. O infarto agudo transmural manifesta-
de gorduras, vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis, proteínas,
se com dor abdominal intensa e súbita, vomito, náusea,
carboidratos e etc.
diarreia sanguinolenta ou fezes melanoticas, podendo o
paciente evoluir para choque em horas. Os sons peristálticos Essa má absorção crônica provoca perda de peso, anorexia,
diminuem e o espasmo muscular cria rigidez na parede distensão abdominal, borborigmo e perda de massa
abdominal. À medida que a barreira de muco é rompida, muscular. Outra marca é esteatorrea. Os mais comuns
bactérias entram na circulação podendo causar uma sepse. distúrbios crônicos de má absorção decorrem da insuficiência
Como esses sinais se confundem com outros quadros pancreática, doença celíaca e Crohn. A enteropatia tropical
intestinais, o diagnóstico pode ser negligenciado. (espru tropical) é outra causa comum.

A diarreia é definida como aumento da massa, frequência ou


ISQUEMIA INTESTINAL CRONICA fluidez das fezes. Quando é dolorosa, sanguinolenta e de
Ocorre devido a lesões vasculares isquêmicas de evolução pequeno volume é conhecida como disenteria. A diarreia
prolongada. A lesão é segmentar e acomete principalmente pode ser classificada como:
a flexura esplênica do cólon. Essa isquemia crônica provoca
inflamação e ulceração de mucosa similar a Enterocolite, • Diarreia Secretora: Fezes isotônicas e persiste durante jejum;
cuja cicatrização pode provocar estenose da luz intestinal. • Diarreia Osmótica: Ocorre devido a solutos luminais não
Quadro clinico: angina abdominal, intermitente, de duração absorvidos. Diminui com o jejum;
variada e em geral após refeição.
• Diarreia Disabsortiva: Causada pela absorção inadequada
de nutriente, associada a esteatorrea, alivia com jejum
ANGIODISPLASIA
• Diarreia Exsudativa: Causada por doença inflamatória.
Veias dilatadas e tortuosas na submucosa. São lesões
geralmente múltiplas que quando mais branda podem passar Fezes purulenta, sanguinolenta, que continuam com o jejum
despercebida ao exame macroscópico. Na histologia os
A má absorção resulta de um problema em uma das fazes da
vasos são dilatados e com paredes finas com fibras
absorção: 1) digestão intraluminal, em que proteínas,
musculares pouco evidentes. A patogênese da angiodisplasia
é atribuída a fatores mecânicos relacionados com distensão carboidratos e gorduras são degradados em formas
e contração intermitentes da parede intestinal, que causam absorvíveis, (2) digestão terminal, que envolve a hidrólise de
obstrução das veias que atravessam a camada muscular e carboidratos e peptídeos por dissacaridases e peptidases,
dilatação progressiva das veias da submucosa, que acontece respectivamente, na borda em escova da mucosa do
principalmente no ceco por ser a área mais dilatada do intestino delgado; (3) transporte transepitelial, em que
intestino. É rara, mas gera 20% dos casos de hemorragia nutrientes, líquido e eletrólitos são transportados pelo epitélio
intestinal baixa em idosos, com sangramento pouco intenso e do intestino delgado e processados nele e (4) transporte
intermitente. Dx é feito por angiografia ou colonoscopia. linfático de lipídios absorvidos.

Nos distúrbios Disabsortiva predomina um desses processo,


HEMORROIDAS mas mais de um contribuem. Os sinais e sintomas são diarreia
(devido à má absorção de nutrientes e secreção intestinal
São vasos colaterais anais e perianais dilatados que
excessiva), flatulência, dor abdominal e perda de peso. A
conectam o sistema venoso portal e cava aliviando a pressão
absorção inadequada de vitaminas pode ainda resultar em
venosos do plexo hemorroidário. São mais comuns e menos
anemia, mucosite devido a falta de vitamina B12;
graves que as varizes esofágicas, mas tem patogenias
sangramento por falta de vit K; osteopenia por falta de vit F e
semelhantes. Fatores que predispõem hemorroidas:
etc.
obstipação e esforço associado que aumenta a pressão intra-
abdominal e venosa, além da estase venosa na gravidez e
hipertensão portal.
DOENÇA CELIACA
Espru celíaco ou enteropatia sensível ao glúten, é uma
enteropatia imunomediada causada pela ingestão do glúten
e por esse motivo o principal tratamento é a dieta sem glúten.

Patogenia: A doença celíaca é uma reação imune ao glúten.


O glúten normalmente é digerido por enzimas luminais da
borda em escova em aminoácidos e peptídeos, como a
gliadina que é resistente a ação de proteases gástricas e
pancreáticas. A gliadina é desamidada pela tranglutaminase
e é capaz de interagir com o HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 em células
APC, sendo apresentada ao TCD4 que vai então produzir
citocinas que contribuem para o dano tecidual. Temos ainda
acúmulos de CD8+ especificas para gliadina: A gliadina
desamidada induz a célula epitelial a produzir IL-5 que
provoca ativação e proliferação de linfócitos intraepiteliais
CD8 que se tornam citotóxicos e matam o enterócito. Os
danos causados por esse mecanismo aumentam o
movimento do peptídeo gliadina através do epitélio, que Clínica: No adulto é mais comum entre os
serão desamidados por transglutaminase, perpetuando o 30 – 60 anos. Alguns pacientes têm
ciclo da doença. doença celíaca silenciosa, definida
como sorologia positiva e atrofia das
A célula B produz anticorpo antitransglutaminase, antigliadina
vilosidades sem sintomas, ou doença
e antiendomísio que são uteis para o diagnóstico, mas ainda
celíaca latente, em que a sorologia
não sabemos se esses anticorpos auxiliam no processo
positiva não é acompanhada por atrofia
patológico.
das vilosidades. A doença celíaca
Quase todas as pessoas são expostas ao glúten e à gliadina e sintomática do adulto é frequentemente
não desenvolve doença celíaca. Isso mostra que há fatores associada a anemia (devido à
relacionados ao hospedeiro que determinam a presença da deficiência de ferro e, menos
doença, entre elas, as proteínas HLA-DQ2 e HLA-DQ8 pa- comumente, deficiência de B12 e folato),
recem ser críticas, além de outros fatores genéticos ainda não diarreia, distensão abdominal e fadiga.
definidos.
A doença celíaca pediátrica, manifesta-
Morfologia: Biopsia da 2ª porção do duodeno e jejuno se entre 6 (quando inclui glúten na dieta)
proximal (porção do TGI mais exposta ao glúten) são e 24 meses com sintomas clássicos de
diagnósticas. Na histologia vemos aumento dos linfócitos irritabilidade, distensão abdominal,
TCD8 intraepiteliais com linfocitose intraepitelial, hiperplasia anorexia, diarreia, déficit de
de criptas e atrofia das vilosidades que resultam, crescimento, perda de peso ou perda de
provavelmente, na má absorção devido a diminuição da massa muscular.
superfície de contato. Além disso, a velocidade mitótica da Crianças com sintomas não clássicos apresentam em idade
cripta pode limitar a capacidade de absorção por formar mais avançada: dor abdominal, náuseas, vômitos,
enterócitos que ainda não se diferenciaram completamente. flatulências ou obstipação. Dermatite herpetiforme (lesão
Temos ainda aumento de células plasmáticas, mastócitos, pruriginosa) é bem comum!
eosinófilos principalmente na LP.
Os testes mais sensíveis são: Presença de IgA a
OBS: A atrofia de vilosidades e linfocitose epitelial não é tranglutaminase tecidual ou anticorpos IgA ou IgG para
específico de doença celíaca, já que outras doenças gliadina desamidada. O anticorpo antiendomísio é altamente
também podem causar isso. Por isso é importante unir os específico. Ausência de HLA-DQ2 e DQ8 tem grande valor
achados histológicos aos sorológicos preditivo negativo, mas não confirma diagnóstico.

Pct com doença celíaca tem taxa maior


de malignidade, sendo o linfoma de
célula T associado a enteropatia o mais
comum, seguindo do adenocarcinoma
do intestino delgado. Então mesmo com
dieta 0 glúten os sintomas persistirem, o
câncer deve ser considerado.

ESPRU TROPICAL

Também chamada de Enteropatia


tropical, é uma síndrome de atrofia do
crescimento e de comprometimento da
função intestinal comum em países em
desenvolvimento. A desnutrição contribui
para o desenvolvimento da síndrome,
mas não é a causa principal.
Acessos repetidos de diarreia acometem crianças de 2 a 3 perianal, incontinência urinária e hemorragia. Causada por
anos, sem relação com nenhum patógeno, mas com agentes infecciosos como E.coli, que variam com a idade,
características histológicas semelhantes a doença celíaca nutrição e estado imunológico do hospedeiro ou do meio
grave. Uma hipótese é que a diarreia recorrente estabelece ambiente (ex.: epidemia de cólera comum em regiões com
um ciclo de lesão da mucosa, desnutrição, infecção e saneamento precário; diarreia infecciosa pediátrica que
inflamação. pode causar desidratação grave e acidose metabólica é
geralmente causada por vírus entéricos, etc. – ver mais pagina
DOENÇA DE WIPPLE 581 do robbinho)
Acomete o intestino delgado, sistema nervoso central e as
articulações. Clinicamente, manifesta-se sobretudo por má CÓLERA
absorção intestinal e artralgia. O achado morfológico Vibrio cholerae são bactérias gram negativas que causam
característico é justamente grande número de macrófagos cólera e é transmitido por água contaminada. Apesar de
na lâmina própria da mucosa do intestino delgado contendo causar uma diarreia grave, os Vibrios não invadem as células
grânulos PAS-positivos no citoplasma. As vilosidades intestinais e permanecem no lúmen intestinal, sendo a toxina da cólera,
tornam-se alargadas e encurtadas pelo acúmulo de
que causa a doença. Uma subunidade A dessa toxina vai
macrófagos na lâmina própria.
interagir com ADP e ativar a proteína G que vai estimular o
DEFICIENCIA DE LACTASE (DISSACARIDASE) cAMP a abrir o regulador de condutância transmembrana de
As dissacarídases estão localizadas na membrana apical da fibrose epitelial (CFTR) que libera íons cloreto no lumem do
borda em escova. O defeito é bioquímico, então a biopsia intestino criando um gradiente osmótico que atrai agua
não é marcante. A deficiência de lactase pode ser de 2 tipos: levando a uma diarreia secretora maciça. Muitos são
assintomáticos, mas os graves tem inicio abrupto de diarreia
• Congênita – Transtorno autossômico recessivo causado por aquosa e vomito que podem levar a desidratação,
mutação no gene que codifica lactase. É rara e manifesta- hipotensão, caibras, anuria, choque e morte nas primeiras 24
se com diarreia explosiva, fezes aquosas, espumantes e horas.
distensão abdominal após ingerir leite. Sintomas diminuem
conforme diminui exposição ao leite. ENTEROCOLITE POR CAMPYLBACTER
Campylobater jejuni é uma causa comum da diarreia do
• Adquirida- Causada por infrarregulação da expressão
viajante. A patogenia ainda é incerta, mas essa bactéria
gênica da lactase que ocorre no intestino após a infância,
possui 4 fatores de virulência importantes: mobilidade,
refletindo o fato de que antes da criação de animais
aderência, produção de toxinas e invasão. Os flagelos deixam
leiteiros, a lactase era desnecessária após bebê parar de ser
elas moveis facilitando a aderência e colonização para que
amamentado.
assim possam invadir a mucosa. As toxinas geram um dano
ABETALIPOPROTEINA epitelial com posterior invasão. A disenteria está associada a
É uma doença autossômica recessiva caracterizada pela invasão, mas só ocorre em algumas cepas. Ocorre febre
incapacidade de secretar lipoproteínas ricas em triglicérides, entérica quando as bactérias se proliferam na LP e linfonodos
sendo um defeito de transporte transepitelial que leva a má mesentéricos. Pode causar artite reativa em pct com HLA-B27
absorção. Uma mutação na proteína microssomal de trans-
Morfologia: A infecção por bactérias como Campylobacter,
ferência de triglicerídeos torna os enterócitos incapazes de ex-
shigella, salmonella induzem histologia semelhante
portar lipoproteínas e ácidos graxos livres. Como resultado, os
denominada colite aguda autolimitada que é caracterizada
monoglicerídeos e triglicerídeos acumulam-se dentro das
por proeminente infiltrado de neutrófilos intraepiteliais; criptite
células epiteliais que ficam cheias de vacúolos lipídicos
(infiltrado de neutrófilos na cripta) e abscessos de cripta
evidentes na microscopia. A abetalipoproteinemia manifesta-
(acumulo de neutrófilos luminais), mas continua preservada a
se na lactância, e o quadro clínico é dominado por falhas de
arquitetura da cripta diferentemente de outras patologias.
crescimento, diarreia e esteatorrea, deficiência de vitaminas
Esses patógenos não são vistos na biopsia sendo a cultura de
e defeitos nas membranas plasmáticas (produzindo por ex.
fezes essencial para o diagnóstico.
glóbulos vermelhos acantocíticos – cel spur).

SINDROME DO INTESTINO IRRITÁVEL


Caracterizada por dor abdominal crônica, redicivante,
distensão abdominal e alterações nos hábitos intestinais com
diarreia e obstipação; mas apesar dos sintomas, alterações
macroscópicas não são encontradas. A patogenia não é
bem definida, mas envolve estressores psicológicos, dieta e
motilidade gastrointestinal anormal.

COLITE MICROSCÓPICA
Temos duas entidades: a colite colagenosa e a linfocítica que
se manifestam com diarreia crônica, não sanguinolenta,
aquosa, sem perda de peso e com achados endoscópicos
normais. A colagenosa é caracterizada pela presença de
uma camada de colágeno densa e aumento do número de
linfócitos intraepiteliais e infiltrado inflamatório misto dentro da
lâmina própria. A colite linfocítica é histologicamente
semelhante, mas a camada de colágeno subepitelial é de es-
pessura normal, e o aumento de linfócitos intraepiteliais pode
ser maior, estando associado a doença celíaca e autoimune

Enterocolite infecciosa Clínica: Diarreia aquosa, aguda, com inicio após podromo
semelhante a jipe. A doença é autolimitada e portanto,
Pode manifestar-se com ampla gama de sinais e sintomas, antibioticoterapia geralmente não é necessário e o
como diarreia, dor abdominal, urgência, desconforto diagnóstico é geralmente por cultura de fezes
SHIGELOSE para necrose e ulceração, especialmente sobre as placas de
Peyer. As úlceras são ovais, dispõem-se longitudinalmente,
São bacilos gram negativos anaeróbicos não encapsulados, apresentam bordas elevadas e têm fundo granular com restos
não moveis. São transmitidos pela via fecal-oral ou através de de material necrótico.
ingestão de água e alimento contaminado e afetam
principalmente crianças em creches, moradores de asilo e Gastroenterite: Deve-se a ingestão de água ou alimentos
viajantes. contaminados por S. enteritidis. A infecção manifesta-se após
curto período de incubação com náuseas, vômitos, diarreia,
Patogenia: A shigella é resistente ao ambiente acido do febre e prostração durante dois a quatro dias.
estomago. No intestino elas são fagocitadas pelas células M,
mas escapam e vão para a LP infectando as células epiteliais Salmonelose Septicêmica prolongada: causada por vários
do intestino delgado e do colón. Alternativamente, as shigella tipos de salmonelas geralmente se associa com
luminais modulam as junções celulares expondo receptores esquistossomose. Tem início insidioso com febre, diarreia,
bacterianos. Algumas outras cepas liberam a toxina Shiga Stx emagrecimento, adenomegalia, hemorragia e ascite, se
assemelhando com a leishmaniose visceral.
que inibe a síntese proteica eucariótica causando morte da
célula hospedeira.
COLITE PSEUDOMEMBRANOSA
Morfologia: São mais comuns do colón e íleo. Nos casos iniciais
a aparência histológica é semelhante a outras colites agudas. É um tipo de inflamação da mucosa colonica que acomete
Em casos mais graves a mucosa é hemorrágica e ulcerada, indivíduos em tratamento por ATB que geram um desequilíbrio
podendo haver presença de pseudomembranas. Ulceras de da microbiota favorecendo predomínio de MO anaeróbicos
aparência aftosa podem ocorrer devido a afinidade com as como o Clostridium difficile que produz citocinas que causam
células M. Para diagnóstico é necessário cultura de fezes. lesões epiteliais (perda de junções intimas, alterações e
apoptose); Histologicamente temos áreas de necrose na
Clinica: Provoca uma doença autolimitada com diarreia mucosa que fica recoberto por placas (pseudomembranas) .
inicialmente aquosa depois disentérica, febre e dor Na LP temos infiltrado purulento que pode fazer erupções na
abdominal. O tto com ATB reduz a evolução clínica, mas superfície da mucosa formando uma lesão em vulcão
medicamentos antidiarreicos são contraindicados porque característica da doença. As pseudomembranas são
prolongam os sintomas. formadas por acumulo exsudato e células destruídas.

E.COLI
São gram-negativas que colonizam o TGI saudável sendo a
maioria não patogênica, exceto por algumas cepas:

• E. Coli Enterotoxigênicos (ECET)- principal causa da diarreia


do viajante. Transmissão oro-fecal;
• E. Coli Entero-hemorrágicos (ECEH) – Produzem toxina
semelhante a shiga e pode causar disenteria.
• E.coli Enteroinvasiva (ECEI)- assemelha-se a shigella mas não
produz toxina. Ela entra na célula epitelial e causa uma TUBERCULOSE
diarreia sanguinolenta Hoje é incomum podendo
• E. Coli Enteroagregativos (ECEA) – Se anexam nos ser primaria (ingestão de leite
enterócitos por fimbrias de aderência e apesar de ou derivados contaminados
produzirem toxinas, causam um dano histológico mínimo pelo M. tuberculorsis) ou
secundária é associada a
tuberculose pulmonar e
SALMONELOSE resulta da deglutição de
São bacilos gram negativos. Tem dois tipos: a typhi, o agente secreções contendo o
causador da febre tifoide (discutido na próxima seção) e bacilo, nesse caso, mais
cepas de Salmonella não tifoide que causam gastrenterite comum hoje em dia, as
mais comum em crianças sendo a transmissão por lesões são múltiplas e
contaminação alimentar acometem mais o íleo e
ceco, iniciando nas placas
Patogenia: Possui genes de virulência que codifica um sistema de Peyer como pequeno
de secreção tipo III que transferem as proteínas bacterianas nódulos e disseminam-se
para a célula M e enterócitos que vão ativar a GTPformando para as demais camadas.
um arranjo de actina propicio para o crescimento bacteriano. Esses focos de inflamação podem confluir e levar a ulceração
Além disso elas secretam uma molécula que induz a liberação da mucosa que são caracteristicamente transversais
podendo ocupar toda a circunferência da alça e por isso,
de molécula quimioatraente que leva neutrófilos para a luz e
quando cicatrizam podem causar estenose ou aderências
potencializa a lesão da mucosa. Co-proculturas são essenciais
com outras alças, ambos os casos levando a obstrução
para o diagnóstico. intestinal.
Febre tifoide: é causada pela s. typhi transmitida por água e
alimentos contaminados. A infecção se inicia no intestino
delgado e se dissemina sistemicamente. A clínica é com Enterocolites virais
febre, cólicas abdominais, diarreia as vezes alternada com Infecção por rotavírus é a causa mais comum, de RNA, ele
constipação intestinal; em seguida, surge o torpor. A S. typhi dissemina-se por via orofecal infecta e destrói a célula epitelial
invade as células epiteliais da mucosa do intestino delgado e da mucosa do delgado causando hipotrofia das vilosidades
dissemina-se para os órgãos linfoides (placas de Peyer, comprometendo a absorção e gerando diarreia aquosa.
linfonodos mesentéricos, baço) e para a circulação sistêmica. Adenorvius e norovirus também causam muita gastroenterite.
Na mucosa intestinal, há reação inflamatória com infiltrado A transmissão ocorre por contato interpessoal gerando
rico em células mononucleadas e raros neutrófilos que evolui náuseas, vômitos, diarreia aquoso e dor abdominal. As lesões
da mucosa intestinal incluem vacuolização das células Em pacientes imunodeprimidos pode haver emagrecimento
epiteliais, encurtamento das vilosidades, hiperplasia das e comprometimento da absorção
criptas e infiltrado de mononucleares na lâmina própria da
mucosa.

ENTEROCOLITE NECROSANTE
É uma entidade grave com muita mortalidade ocorrendo em
RN de baixo peso. Etiopatogênese multifatorial e associada a
isquemia, colonização, imaturidade funcional e fatores
alimentares (aleitamento artificial). Histologicamente, as
lesões caracterizam-se por necrose e hemorragia da mucosa,
com exsudação de neutrófilos, fibrina e muco; o material
necrótico misturado com fibrina e muco forma
pseudomembranas. As lesões evoluem rapidamente para
perfuração intestinal, peritonite e septicemia sendo uma
emergência gastrointestinal. Manifesta-se com distensão
abdominal, diarreia e hemorragia que evolui para choque e
óbito se não tratado.
CRIPTOSPORIDIOSE
Parasitose intestinais O Cryptosporidium causa Enterocolite grave em pacientes
AMEBÍASE imunossuprimidos. A mucosa do íleo é o local de colonização
É causada pela Entamoeba histolytica ocorrendo em locais do protozoário, que adere à superfície das células epiteliais,
com condições precárias de higiene por contato com agua mas não invade a mucosa. O quadro clínico em
e alimentos contaminados. A patogênese depende da imunocompetentes é de diarreia aquosa, de evolução
produção de enzimas líticas que dão ao parasita a autolimitada; em imunodeprimidos, a diarreia é prolongada e
capacidade de invadir a mucosa. A doença pode ser pode ser a primeira pista da doença de base, a AIDS.
assintomática ou gerar um quadro grave de diarreia
mucossanguinolenta. O parasita pode ainda se disseminar
para outros órgãos, formando abcessos (os hepáticos são os
mais comuns).
As lesões são causadas por
trofozoítos que aderem as células
epiteliais e liberam enzimas líticas
levando a apoptose e digestão
da mucosa. As úlceras são
características: apresentam colo
estreito e base larga, assumindo
aspecto de casa de botão;
frequentemente, comunicam-se
por túneis na submucosa. Os
trofozoítos (com citoplasma
amplo e vacuolado) são ESTRONGILOIDIASE
encontrados nas bordas das O Strongyloides stercoralis é um nematódeo intestinal, com
úlceras ou no interior de vasos habitat no duodeno e na primeira porção do jejuno. A maioria
adjacentes às lesões. dos indivíduos infectados é assintomática. As manifestações
compreendem dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia.

GIARDÍASE ANTIOSTOMIASES (NECATORIASE)


causada pela G. lamblia, um protozoário flagelado, cuja Os vermes fixam-se à mucosa do
transmissão se dá por ingestão de cistos do parasita na água intestino delgado por cápsulas
ou alimento, porém o mecanismo de lesão é poco bucais cortantes (necator) ou em
conhecida. Fatores patogenéticos relacionados com o forma de dentes (ancilóstoma),
parasito compreendem: (1) adesão dos trofozoítos à de onde sugam sangue e
superfície epitelial sendo que nas infecções maciças, o espoliam o hospedeiro, levando a
grande número de parasitos na superfície da mucosa pode anemia ferropriva. A infecção tem
comprometer a absorção de nutrientes; (2) agressão à borda início com a penetração das
em escova (microvilosidades) dos enterócitos, onde existem larvas na pele, geralmente nos
enzimas essenciais à digestão, como dissacarídases. (3) De pés. Caso ocorra em indivíduos
sais biliares pelo parasito. A falta de absorção de gorduras por bem nutridos ou com poucos MO,
distúrbios na sua emulsificação intestinal pode explicar a é assintomático, porém, em
esteatorreia e a diarreia; (4) associação de outros infecções maciças ocorre
microrganismos; (5) competição por nutrientes entre o náuseas, vomito, diarreia,
hospedeiro e o parasito. Fatores do hospedeiro, como anorexia, anemia, fraqueza e dor
imunidade humoral mediada por IgA, são fundamentais na abdominal.
defesa do organismo. Deficiência de IgA secretora associa-se
a giardíase persistente e intensa. ASCARIDIASE
A morfologia é variável, mas observamos discreto infiltrado Infecção por Ascaris lumbricoides. infecção inicia-se com a
inflamatório com hipotrofia de vilosidades. Os trofozoítos são ingestão de ovos do parasito, que se rompem no intestino
encontrados livres na luz ou aderidos a superfície epitelial. delgado e originam larvas que penetram na mucosa e
Folículos linfoides hiperplásicos e escassez de plasmócitos na disseminam-se por via linfo-hematogênica para os pulmões e
lâmina própria são encontrados nos casos de deficiência de o fígado. As larvas caem na luz dos alvéolos, migram para a
IgA. A maioria dos indivíduos parasitados é assintomática. As traqueia, são deglutidas e chegam ao intestino delgado,
principais manifestações clínicas compreendem distensão onde amadurecem e vivem como vermes adultos, sem
abdominal, cólicas e diarreia com fezes amolecidas e claras. causar sintomas.
As manifestações clínicas da infecção por Ascaris Os divertículos são geralmente arredondados, pequenos e
lumbricoides estão relacionadas com a migração das larvas múltiplos com comunicação com a luz intestinal. Esses
para os pulmões ou com a suas complicações. Pode levar a divertículos são falsos pois são constituídos apenas de
obstrução intestinal caso a infestação seja maciça. mucosa e submucosa que invaginam pela parede
muscular.
TRICOCEFALOSE A estase fecal pode levar a contaminação e inflamação
A transmissão ocorre pela ingestão de ovos embrionados que (diverticulite) que pode evoluir para perfuração e
liberam larvas no intestino delgado, onde permanecem por
peritonite ou pode reparar causando uma estenose da luz
cerca de três meses. Em seguida, os vermes adultos migram
intestinal similar ao câncer obstrutivo do colón.
para o ceco, apêndice e cólon, onde se fixam à mucosa por
Os pct são assintomáticos, sendo os divertículos
sua extremidade cefálica. O parasito tem baixo poder
patogênico, e suas lesões são discretas. As manifestações identificados por acaso em exames ou peças cirúrgicas
clínicas consistem em cefaleia, insônia, anorexia, dor retiradas por outra patologia. Quando sintomáticos,
abdominal e eosinofilia periférica causam os sintomas da diverticulite, ou seja, dor e
desconforto abdominal, diarreia intercalada por períodos
ENTEROBIOSE (OXIURÍASE) de constipação, sangramento digestivo e abdome
Causada por E. vermicularis e é caracterizado por prurido anal agudo.
intenso. Apensar da vida curta, a infecção pode ser
prolongada devido a condições precárias de higiene, já que
a transmissão é boca-anus e roupas contaminadas. Os ovos
ingeridos eclodem no duodeno e originam larvas rabditoides
que viram adultos. As fêmeas migam para os anus para pôr os
ovos o que leva a prurido intenso.

No intestino surge
Enterocolite e pequenas DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
ulceras. Nas formas graves,
formam-se granulomas com A doença inflamatória intestinal é uma condição crônica
necrose em torno de ovos ou resultante da ativação imune inadequada. Engloba Crhon e
parasitos, com infiltrado de colite ulcerativa, que se diferenciam pelo local e morfologia
mononuclears e rico em das lesões. A doença de Crohn acomete mais comumente
eosinófilos. A pele da região o íleo terminal e o ceco, mas qualquer local dentro do trato
perineal e anal apresenta gastrointestinal pode ser envolvido; lesões salteadas e
dermatite eczematoide e granulomas não caseosos são comuns. Ao passo que a colite
infecção secundária à ulcerativa está limitada ao cólon, é contínua a partir do reto
coceira. e varia em extensão desde apenas doença retal até
pancolite; nem lesões salteadas nem granulomas estão
TENÍASE presentes.
A larva da Taenia solium ou T saginata presente na carne de
porco ou de boi, quando ingeridas, são liberadas no intestino
onde se deselvolve um verme adulto que se fixa a parede
intestinal pelo escólex.Vivem sozinhos e por isso são chamados
de solitária. Pode causar dor abdominal, diarreia e perda de
peso.
Os humanos podem ser hospedeiros definitivos ou
intermediários (a infecção pode ocorrer por três mecanismos:
(1) autoinfecção interna, em que um proglote, que contém
milhares de ovos, libera alguns ovos que vão para o
estômago, onde liberam as larvas; (2) autoinfecção externa,
quando crianças ou deficientes mentais, por coprofagia,
levam proglotes à boca, permitindo sua deglutição e
liberação de larvas no estômago; (3) heteroinfecção, na qual
os ovos são ingeridos com água ou alimentos contaminados.

Doença inflamatória intestinal


DIVERTICULITE DO SIGMOIDE
Dilatações saculares (divertículos) na mucosa e
submucosa. Os divertículos são múltiplos e mais comuns no
colo sigmoide. A patogênese é associada a dois fatores:
fraqueza local da parede e aumento da pressão
intraluminal. Devido a isso, acontece mais vezes na borda
mesentérica onde a menor resistência muscular contribui
para herniação da mucosa. O aumento da pressão
intestinal está muito relacionado ao consumo de poucas
fibras e vegetais pois: Quando o conteúdo fecal é
pequeno, ocorrem contrações segmentares, anômalas,
que provocam grande aumento da pressão na luz e levam
a herniação da mucosa nos pontos de fraqueza da Epidemiologia: Mais comuns em mulheres e em brancos. Está
parede intestinal. em ascenção e uma das teorias propõe que uma redução da
frequência das infecções entéricas devido à higiene
melhorada resultou em desenvolvimento inadequado de em que um estímulo em qualquer local pode ser suficiente
processos regulatórios que limitam respostas imunes das para iniciar a DII.
mucosas no início da vida.
DOENÇA DE CROHN
Patogenia: As causas das DII permanecem incertas, porém, Acontece em qualquer parte do TGI. A presença de múltiplas
acredita-se que resulte de uma serie de combinações áreas separadas, resulta em lesões salteadas, típica da
errantes do hospedeiro com microbiota intestinal disfunção doença de Crohn e pode ajudar na diferenciação de colite
epitelial e resposta imune aberrante. ulcerativa. A lesão mais antiga, a úlcera aftosa, pode evoluir,
e lesões múltiplas frequentemente coalescem em úlceras
Genética- risco de doença é aumentado quando há um alongadas, serpentiformes, orientadas ao longo do eixo do
membro da família acometido. Isso é mais valido para crohn intestino. Edema e perda de pregas mucosas normais são
do que para colite ulcerativa. Estudos mostram o NOD2 como comuns. Poupar a mucosa intercalada resulta em aparência
um gene de susceptibilidade para a doença de Crohn, esses grosseiramente texturizada, em pedra de calçamento, em
NOD2 mutados são menos eficientes para reconhecer e que o tecido doente é deprimido abaixo do nível da mucosa
normal. Fissuras frequentemente desenvolvem-se entre as
combater os micróbios luminais. juntamente com NOD2, dois
pregas da mucosa e podem estender-se profundamente,
genes relacionados com a doença de Crohn de interesse
tornando-se locais de perfuração ou tratos fistulares. A parede
particular são ATGI6LI (relacionado com autofagia intestinal é espessada como consequência do edema
semelhante a 16-I), uma parte da via do autofagossomo que transmural, inflamação, fibrose da submucosa e hipertrofia da
é essencial para as respostas das células para as bactérias muscular própria, sendo que todos contribuem para a
intracelulares, e IRGM (GTPaseM relacionada com a formação de estenose.
imunidade), que também está envolvido na autofagia e
eliminação de bactérias intracelulares. Porém seus papeis
exatos na doença de crohn ainda não foram definidos., no
entanto, percebe-se que Como o NOD2, ATGI6LI e IRGM estão
relacionados com o reconhecimento e a resposta a agentes
patogênicos intracelulares, sustentando a hipótese de que
reações imunológicas inapropriadas a bactérias luminais são
importantes na patogenia da DII

Resposta Imunes da Mucosa – O mecanismo pelo qual a


imunidade contribui para a patologia ainda é indefinida,
porém, agentes imunossupressores e moduladores
permanecem como pilares do tratamento de DII, mostrando Microscopicamente temos neutrófilos abundantes que se
infiltram e danificam o epitélio da cripta. Aglomerações de
que a resposta imune contribui para a patogenia da doença
neutrófilos dentro de uma cripta são chamados de abcesso
principalmente relacionada com as respostas Th1 e TH17.
de cripta e muitas vezes são associados à destruição da
Compatível com isso, determinados polimorfismos do receptor cripta. A ulceração é comum na doença de Crohn e pode
de IL-23 conferem proteção contra a doença de Crohn e haver transição abrupta entre mucosa ulcerada e normal.
colite ulcerativa (IL- 23 está envolvida na regulação e controle Ciclos repetidos de destruição e regeneração levam a uma
da resposta Th17). Resumidamente, em geral, é provável que distorção da arquitetura da mucosa; as criptas normalmente
uma combinação de desarranjos que ativam a imunidade da retas e paralelas assumem estranhas formas de ramificação e
mucosa e suprimem a imunorregulação contribuem para o orientações incomuns em direção umas as outras.
desenvolvimento tanto da colite ulcerativa como da doença Uma consequência pode ser a metaplasia epitelial
de Crohn. pseudopilorica, pois assume a forma de glândula gástrica. A
metaplasia de células de Paneth também pode ocorrer no
Defeitos Epiteliais- Por exemplo, os defeitos na função da cólon, onde as células de Paneth normalmente estão
barreira da junção íntima estão presentes em pacientes com ausentes. Atrofia da mucosa, com perda de criptas, pode
doença de Crohn. Em modelos experimentais demonstram ocorrer após anos da doença. Granulomas não caseosos são
que a disfunção da barreira pode ativar imunidade inata e muito comuns, mas a ausência de granulomas não exclui o
adaptativa da mucosa e sensibilizar os indivíduos à doença. diagnóstico de doença de Crohn.
Curiosamente, os grânulos de células de Paneth, que contêm
peptídeos antimicrobianos que podem afetar a composição
da microbiota luminal, são anormais em pacientes com
doença de Crohn portadores de mutações de ATG I 6LI,
proporcionando assim um potencial mecanismo em que uma
alça de feedback defeituosa entre o epitélio e a microbiota
poderia contribuir para a patogenia da doença.

Microbiota- A quantidade de MO na luz intestinal é enorme.


Estudos relatam uma variação nesses MO em indivíduos com
a DII sugeridno que a microbiota intestinal contribui para a
patogenia. Em consonância com isso, alguns antibióticos,
como metronidazol, podem ser úteis na manutenção da
remissão da doença de Crohn.

Um modelo que unifica as funções de microbiota intestinal,


função epitelial e imunidade da mucosa sugere um ciclo pelo
qual o fluxo transepitelial de componentes bacterianos
luminais ativa respostas imunes inatas e adaptativas. Em um
hospedeiro geneticamente suscetível, a liberação
subsequente de TNF e outros sinais imunomediados levam os
epitélios a aumentar a permeabilidade da junção íntima, o
que aumenta ainda mais o fluxo de material luminal. Esses
eventos podem estabelecer um ciclo de autoamplificação
Clínica: Os sintomas são variados, na maioria dos pacientes, a pct podem ser tratados de maneira eficaz mas seria mais
doença começa com ataques intermitentes de diarreia interessante categorizá-los para um tto cirúrgico correto.
relativamente leve, febre e dor abdominal. Alguns
apresentam-se agudamente com dor no quadrante inferior Neoplasia Associada à Colite: Uma das complicações da
direito, febre e diarreia sanguinolenta, que pode mimetizar colite ulcerativa e Crohn é a evolução para neoplasia. Esse
apendicite aguda ou perfuração intestinal. processo começa com a displasia que é um passo comum
Períodos sintomáticos são intercalados por intervalos para o carcinoma completo. Para facilitar a detecção
assintomáticos que duram semanas ou meses. A anemia precoce da displasia, os pacientes são observados 8 anos
ferropriva pode se desenvolver em pessoas com doenças do após o diagnóstico de DII através de biopsia regular e extensa
cólon, enquanto a doença extensa do intestino delgado da mucosa. A displasia associada à DII é classificada
pode resultar em perda de proteína sérica e hipoalbumine- histologicamente como de baixo ou alto grau. A displasia de
mia, má absorção generalizada de nutrientes ou má alto grau pode ser associada a carcinoma invasivo no mesmo
absorção de vitamina B12 e sais biliares. As manifestações local ou em outro local no cólon e, portanto, frequentemente
extraintestinais da doença de Crohn incluem uveíte, poliartrite exige colectomia, particularmente quando as alterações são
migratória, sacroileíte, espondilite anquilosante, eritema multifocais. A displasia de baixo grau pode ser tratada com
nodoso e baqueteamento das pontas dos dedos das mãos, colectomia ou monitorada com rigor, dependendo de uma
sendo que qualquer um deles pode se desenvolver antes de variedade de fatores clínicos
a doença intestinal ser reconhecida
Como discutido adiante, o risco de adenocarcinoma do
cólon é aumentado em pacientes Crohn de longa duração.
Pólipos colônicos e neoplasias
COLITE ULCERATIVA Pólipos sem pedúnculo são chamados de sésseis ao passo
É limitada ao cólon e reto. Mas pode ter manifestações que com pedúnculos são chamados de pedunculados.
extraintestinais semelhantes as da doença de crohn. As lesões Podem ser não neoplásicos (inflamatórios, hemartomatosos
salteadas não são observadas. Se for em todo o colo é ou hiperplásicos) ou podem ser neoplásicos sendo o
denominada pancolite, no reto é proctite ulcerativa, no adenoma o mais comum e que pode evoluir para neoplasia.
retossigmoide é proctossigmoidite ulcerativa.
Na macroscópica temos uma mucosa do colón ligeiramente PÓLIPO INFLAMATÓRIO
vermelha, de aparência granular, exibindo ulceras extensas, Um exemplo é o pólipo que se forma da síndrome da ulcera
sendo a transição entre mucosa doente e normal abrupta. retal solitária. Os pacientes apresentam a tríade clínica de
Ilhas isoladas de mucosa em regeneração frequentemente sangramento retal, secreção de muco e lesão inflamatória da
incham, criando elevações pequenas, denominadas parede retal anterior. A causa é o comprometimento do
pseudopólipos. A doença crônica pode levar a atrofia da relaxamento do esfíncter anorretal. Isso leva a abrasão
mucosa, e a uma superfície plana, lisa, sem pregas normais. recorrente e ulceração da mucosa retal sobrejacente. Esses
Ao contrário da doença de Crohn, há ausência de ciclos de lesão e cicatrização produzem uma massa polipoide
espessamento mural, a superfície serosa é normal e não composta de tecido mucosal inflamado e reativo.
ocorrem estreitamentos, ao contrário, a inflamação e
mediadores podem destruir a muscular própria causando POLIPOS HAMARTOMATOSOS
dilatação colônica e megacólon tóxico, com consequente Acontecem esporadicamente e são frutos de várias
risco de perfuração. síndromes genéticas determinantes ou adquiridas.
Na histologia é semelhante a crohn, temos infiltrados Hamartomas são crescimentos desorganizados, semelhantes
inflamatórios, abcessos de cripta e distorções e metaplasia a tumores compostos por células maduras presentes no lugar
epitelial, no entanto, as lesões salteadas estão ausentes e a onde o pólipo se desenvolve. São raros, mas devem ser
inflamação em geral está limitada à mucosa e submucosa reconhecidos devido as manifestações intestinais e a
superficial e granulomas não estão presentes. necessidade de triagem dos demais membros da família.

Clínica: é uma doença recidivante caracterizada por


ataques de diarreia sanguinolenta com expulsão de material
viscoso, mucoide, e dor abdominal inferior e cólicas que são
aliviadas temporariamente pela defecação. Estes sintomas
persistem por dias e podem levar o pct para emergência
medica-cirurgica. O fator desencadeante da colite ulcerativa
ainda não é conhecida, mas enterite infecciosa precede a
doença em alguns casos.

OBS: Existe ainda a Colite Indeterminada que seria uma


sobreposição entre colite ulcerativa e chron, ou seja, o
paciente possui o quadro clinico característico das DII mas • Pólipos Juvenis: Tipo mais comum de pólipos
não é possível diferenciar se é colite ulcerativa ou Crohn. Os hamartomatoso. Podem ser esporádicos (ou inflamatórios
pois tem grande infiltrado inflamatório) ou pólipos
sindrômicos. Os pólipos juvenis são caracteristicamente façam colonoscopia de vigilância. Tem consistência
localizados no reto e causam sangramento retal. São semelhante a veludo ou framboesa. Histologicamente, a
solitários, exceto nos casos de pessoas com síndrome da marca deles é a displasia epitelial com a hipercromasia,
polipose juvenil. Geralmente são lesões pedunculadas, de alongamento e estratificação nuclear. Adenomas
superfície lisa, avermelhadas, que têm menos de 3 cm de pedunculados têm pedúnculos fibromusculares finos que
diâmetro e exibem espaços císticos típicos em cortes. O contêm vasos sanguíneos proeminentes derivados da
exame microscópico mostra os espaços que são glândulas submucosa.
dilatadas preenchidos com mucina e detritos inflamatórios

• Síndrome de Peutz-Jeghers: É um transtorno autossômico


dominante raro definido pela presença de múltiplos pólipos
hamartomatoses e hiperpigmentação mucocutânea que
carrega risco aumentado para diversas neoplasias. Na
macroscopia os pólipos são grandes e pediculados, com
contorno lobulado. Na histologia temos uma rede
arborizada típica de tecido conjuntivo, musculo liso, LP e
glândulas revestidas por epitélio intestinal

PÓLIPOS HIPERPLÁSICOS Os adenomas podem ser classificados como tubulares (pequenos,


São proliferações cuja patogenia ainda não é pedunculados, com glândulas arredondadas), vilosos (maiores e
compreendida, acredita-se que a formação dessa lesão sesseis, são cobertos de vilosidades) ou tubulovilosos (mistura) com
resulte de um turnover de células epiteliais e do atraso da base na sua arquitetura. Embora a maioria dos adenomas
eliminação dessas células da superfície levando a um colorretais seja de lesões benignas, pequena proporção pode
amontoado de células caliciformes. Eles não têm potencial abrigar câncer invasivo no momento da detecção. O tamanho é
maligno, mas devem ser diferenciados dos adenomas sesseis a característica mais importante que se correlaciona com o risco
serrilhados, potencialmente malignos. São geralmente de malignidade.
encontrados no colon e tem menos de 5mm de diâmetro. São Além do tamanho, displasia de alto grau é fator de risco para o
protrusões nodulares lisas sobre as cristas das pregas da câncer se estiver em somente um pólipo do paciente.
mucosa. Podem ocorrer isoladamente ou múltiplos.
Histologicamente são compostos por células caliciformes e
absortivas maduras. A eliminação tardia dessas células leva à
aglomeração que cria a arquitetura de superfície serrilhada,
que é a marca morfológica dessas lesões
Obs.: o que difere o pólipo hiperplásico do adenoma séssil
serrilhado é que o ultimo possui a arquitetura serrilhada em
toda a glândula, incluindo base de criptas.

SINDROME FAMILIAR
Várias síndromes estão associadas a pólipos colônicos e
aumento da taxa de câncer de cólon.

• Polipose Adenomatosa Familiar (PAF): Marcada pelo


surgimento de inúmeros adenomas colorretais na
adolescência. É causada por mutações do gene de
polipose adenomatosa coli (APC). Uma contagem de
pelo menos 100 pólipos é necessária para o diagnóstico
de PAF clássica. O adenocarcinoma colorretal se
desenvolve em 100% dos pacientes com PAF não tratados,
ADENOMAS
por isso, a colectomia profilática é a terapia padrão para
São os pólipos mais comuns. São pólipos benignos que dão
pessoas com PAF (porem eles ainda têm riscos de
origem a maioria dos adenocarcinomas colorretais, mas a
neoplasia extraintestinais). Além de pólipos intestinais, as
maioria dos adenomas, no entanto, não evolui para
características clínicas da síndrome de Gardner, uma
adenocarcinoma. São caracterizados pela presença de
variante da PAF, podem incluir osteomas de mandíbula,
displasias epiteliais. Podem ser pequenos ou grandes, sesseis
crânio e ossos longos; cistos epidérmicos; tumores
ou pedunculados. Como são precursores de câncer
desmoides e da tireoide; e anormalidades dentárias,
colorretal, a recomendação é que todos acima dos 50 anos
como dentes não erupcionados e supranumerários. A
síndrome de Turcot é mais rara e caracterizada por em adenomas, sugerindo que mutações de TP53 também
adenomas intestinais e tumores do sistema nervoso central. ocorrem em fases tardias da progressão do tumor.

Via de Instabilidade de Microssatélites: Em pacientes com


deficiência de reparo de DNA (devido à perda de genes de
reparo, como discutido anteriormente), as mutações se
acumulam em repetições microssatélites, uma condição
chamada de instabilidade microssatélite. Essas mutações
geralmente são silenciosas e podem estar localizadas em
regiões não codificadoras ou em regiões codificadoras de
genes envolvidos no crescimento celular como os genes
codificadores de receptor TGF-B II ou BAX. Pelo fato de o TGF-
b inibir a proliferação de células epiteliais do cólon, mutantes
• Câncer Colorretal Não Polipose Hereditário (CCNPH), ou do receptor TGF-b tipo IIpodem contribuir para o crescimento
síndrome de Lynch, é descrita como agregação familiar de celular descontrolado, enquanto a perda de BAXpode
câncer em vários locais, incluindo cólon, endométrio, aumentar a sobrevida de clones geneticamente anormais.
estômago, ovário, ureteres, cérebro, intestino delgado, trato
hepatobiliar e pel. O CCNPH é causado por mutações
herdadas da linha germinativa em genes que codificam
proteínas responsáveis pela detecção, excisão e reparo de
erros que ocorrem durante a replicação do DNA. Pelo
menos cinco desses genes de reparo foram reconhecidos,
mas a maioria dos casos de CCNPH envolve MSB2 ou MLH1.

ADENOCARCINOMA
É a neoplasia maligna mais comum do TGI e com grande
morbimortalidade. A incidência é maior entre os 60 – 70 anos
e em homens é mais comum. Baixa ingestão de fibra vegetal
não absorvível e o alto consumo de carboidratos refinados e
gordura aumentam o risco. Vários estudos mostram que o Morfologia: São distribuídos de maneira igual ao longo do
AINES tem um efeito protetor já que inibe a COX-2, enzima que colón. Os tumores no cólon proximal geralmente crescem
promove proliferação epitelial. como massas polipoides, exofíticas e raramente causam
Pelo menos duas vias genéticas distintas de via APC/b- obstruções. Em contrapartida, os carcinomas do cólon distal
catenina foram descritas. Em termos mais simples, esses são os tendem a ser lesões anulares que produzem constrições em
distúrbios que levam ao aumento da sinalização de WNT, e a “anel de guardanapo” e estreitamento luminal.
via de instabilidade microssatélite que está associada a Histologicamente é compsto por composta de células
defeitos no reparo de DNA. Ambas as vias envolvem o colunares altas que se assemelham ao epitélio displásico
acumulo gradual de mutações, mas os genes envolvidos são encontrado em adenomas, podendo formas glândulas.
diferentes. Outros podem produzir mucina abundante que se acumula
na parede intestinal, e estes têm prognóstico sombrio. Os
Via APC/B- catenina: É a sequência clássica do adeno- tumores também podem ser compostos por células em anel
carcinoma (80% dos tumores). O APC é um regulador de sinete, que são semelhantes àquelas dos cânceres
negativo importante de b-catenina, um componente da via gástricos.
de sinalização WNT. A proteína APC normalmente se liga à
degradação de b-catenina e a promove. Com a perda da
função de APC, a b-catenina se acumula e transloca para o
núcleo, onde ativa a transcrição de genes, como os que
codificam MYC e ciclina Dl, que promovem a proliferação.
Isso é acompanhado por mutações adicionais, como
mutações de ativação em KRAS, que também promovem o
crescimento e evitam a apoptose. A progressão neoplásica
também está associada a mutações em outros genes
supressores de tumor, como os que codificam SMAD2 e
SMAD4, que são efetores de sinalização de TGF-b. Pelo fato
de a sinalização do TGF-b normalmente inibir o ciclo celular, a
perda desses genes pode possibilitar crescimento celular
descontrolado. O gene supressor de tumor TP53 está mutado
por deleções cromossômicas ou por metilaões em 70-80% dos
cânceres do cólon, mas é pouco frequentemente afetado
Clínica: Se desenvolvem insidiosamente passando
despercebido por muito tempo. Os cânceres de ceco e ou-
tros tipos de câncer do lado direito do cólon na maioria das
vezes chamam a atenção dos médicos pela aparência de
fadiga e fraqueza devido à anemia ferropriva, por isso, é uma
máxima medica: anemia ferropriva em homem mais velo ou
mulher no pos menopausa é ca gastrointestinal até provaro o
contrario. Adenocarcinomas colorretais do lado esquerdo
podem produzir sangramento oculto, mudanças nos hábitos
intestinais ou desconforto no quadrante inferior esquerdo,
com cólicas. Os dois fatores progn´´osticos mais importantes
são profundidade de invação e presença ou ausência de
células linfonodais (as metástases podem ocorrer em fígado,
ossos, pulmões e etc). Esses fatores foram originalmente
reconhecidos por Dukes e Kirklin, e formam o núcleo da
classificação TNM (tumor-linfonodo-metástase) e o sistema de
estadiamento.

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