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Carla Bertelli – 4° Período

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A definição de DRGE engloba um conjunto de distúrbios


que têm em comum o fato de que são causados pelo • Relaxamentos transitórios do EEI (reflexo vasovagal,
refluxo gastroesofágico, que acarreta sintomas no qual o relaxamento do EEI é estimulado pela
incômodos ou diversas manifestações esofágicas e distensão do estômago);
extraesofágicas potenciais. A doença pode ser dividida • Hipotensão do EEI;
em: ç ã . • Distorção anatômica da junção esofagogástrica,
Com relação ao esôfago, o espectro das lesões inclui inclusive por hérnia de hiato.
esofagite, estenose, esôfago de Barret e - Pirose e regurgitação são os sintomas típicos
adenocarcinoma. da DRGE. Disfagia e dor torácica são manifestações
Um fator particularmente importante é a incidência clínicas um pouco menos comuns. Em cada caso, vários
crescente do adenocarcinoma de esôfago, mecanismos potenciais atuam de forma a produzir os
representando uma tendência epidemiológica compatível sintomas e estendem-se muito além dos conceitos
com a incidência de DRGE. básicos de erosão da mucosa e ativação dos nervos
sensitivos aferentes.
As síndromes extraesofágicas comprovadamente
associadas à DRGE incluem tosse crônica, laringite, asma
e erosões dentárias. Vários outros distúrbios, inclusive
faringite, bronquite crônica, fibrose pulmonar, rinossinusite
crônica, arritmias cardíacas, apneia do sono e pneumonia
de aspiração repetida, também foram supostamente
associados à DRGE. Entretanto, nos dois casos é
importante enfatizar o termo associação em vez
de causalidade.

O subgrupo mais bem definido de pacientes com DRGE,


embora represente a minoria dos casos totais, tem
esofagite. A ocorre quando o ácido gástrico e ó - Quando a DRGE está associada a sinais e
a pepsina refluídos causam necrose da mucosa esofágica sintomas típicos, como pirose ou regurgitação ácida, que
que acarreta em õ ú . É importante respondem à terapia antissecretora, nenhuma avaliação
diagnóstica é necessária.
salientar que é normal encontrar algum grau de refluxo
gastroesofágico, que fisiologicamente está associado ao Utiliza-se os exames de Endoscopia diagnóstica,
mecanismo de erucação (relaxamento transitório do EEI), manometria esofágica e pHmetria.
mas a esofagite resulta do refluxo excessivo, em geral
acompanhado da eliminação reduzida do suco gástrico
reduzido.
Existem descritos três mecanismos principais
responsáveis pela incompetência da junção
esofagogástrica:
Carla Bertelli – 4° Período

O diagnóstico de DRGE se faz inicialmente com uma


anamnese detalhada, com identificação dos sintomas, sua
intensidade, duração e frequência. É importante observar
os fatores desencadeantes e de alívio e o impacto dos
sintomas na qualidade de vida dos pacientes.
Deve-se também considerar a idade e a presença ou
ausência de manifestações de alarme, que incluem:
disfagia, odinofagia, perda de peso, hemorragia digestiva,
náuseas ou vômitos e história familiar de câncer
Os principais sintomas de DRGE são pirose, dor torácica,
disfagia, odinofagia, eructações e regurgitação. Outras
manifestações menos frequentes são sialose, náuseas,
hemorragia crônica e anemia, globus faringeus, asma,
tosse crônica, fibrose pulmonar idiopática, apneia do sono,
otite média, rouquidão e desgaste do esmalte dentário.
Tanto a pirose como a dor são mais frequentes após as
refeições e à noite, com o paciente deitado.
Entende-se como pirose a sensação de queimação
retroesternal que se irradia para epigástrio e para base
do pescoço.
A palpação suave e leve promove relaxamento
abdominal e possibilita a detecção de resistência muscular • çã é definida como a percepção do
(defesa), dor à palpação do abdome e massas superficiais conteúdo gástrico refluído para boca ou hipofaringe.
na parede abdominal ou no abdome. A palpação mais
profunda dos órgãos abdominais (fígado, baço, rins, aorta) • A ocorre principalmente com alimentos
e da cavidade abdominal pode detectar aumento ou sólidos e, na maioria das vezes, resulta de alterações
massas anormais. As massas superficiais ou profundas motoras do esôfago distal; apenas em pequeno
devem ser avaliadas quanto as dimensões, localização, número de casos se deve à estenose secundária à
mobilidade, conteúdo (sólido, líquido ou ar) e ocorrência esofagite. Em geral, é episódica e de leve intensidade,
ou não de dor à palpação não impedindo o paciente de alimentar-se
Segundo o Livro Porto, A esofagite ocorre quando o normalmente.
refluxo excessivo promove necrose de camadas
superficiais da mucosa esofágica, causando erosão e • A (dor ao engolir) resulta de
úlcera. hipersensibilidade da mucosa esofágica inflamada ou
de contrações espasmódicas da musculatura e
A gravidade da esofagite é relacionada com duração, manifesta-se principalmente após a ingestão de
tempo de exposição ácida e pH do conteúdo gástrico alimentos irritantes da mucosa.
refluído.
As causas do refluxo gastresofágico são múltiplas. A • A çã pode acompanhar-se de refluxo com
principal é o relaxamento transitório do esfíncter inferior agravamento da pirose. A regurgitação ocorre quase
do esôfago não associado à deglutição. sempre após as refeições ou com mudanças
posturais que facilitem o refluxo gravitacional.
Outros fatores patogênicos incluem redução na
capacidade de depuração esofágica, agressividade do
material refluído (ácido, álcalis, pepsina) e a natureza do
refluxo (líquido ou gasoso). Outro fator de risco para o
surgimento de DRGE é a hérnia hiatal.
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O médico deve investigar a natureza da queixa, inclusive se é mobilidade, conteúdo (sólido, líquido ou ar) e ocorrência
recente, sua intensidade, sua localização, se existe ou não irradiação, ou não de dor à palpação
sua duração, seu padrão, relação com alimentos, refeições e
defecação.

A maioria das doenças GI não cirúrgicas manifesta-se com sintomas


leves a moderados que se desenvolvem gradualmente e não
exigem atenção imediata. Os sintomas agudos que demandam
avaliação urgente são dor abdominal intensa e hemorragia digestiva
evidente

Dor abdominal intensa que se desenvolve agudamente em minutos


a horas exige avaliação urgente para determinar se é necessária
intervenção cirúrgica. Vômitos intensos ou diarreia com sinais de
desidratação também exigem atenção urgente.

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Exame Não Abdominal
O exame não abdominal deve avaliar o estado nutricional
e quaisquer sinais de condições sistêmicas que possam
causar sinais/sintomas GI ou que devam ser considerados
na avaliação dos riscos e benefícios de exames adicionais,
especialmente endoscopia. Os sinais vitais devem ser
obtidos em todos os pacientes.

Exame Abdominal
O exame abdominal começa com uma inspeção visual
do abdome e da região inguinal à procura de cicatrizes
(decorrentes de cirurgias anteriores ou traumatismo),
assimetria (sugerindo massa ou organomegalia), distensão
(decorrente de obesidade, ascite ou íleo paralítico ou
obstrução intestinal), veias periumbilicais proeminentes
(sugerindo hipertensão portal) ou hérnias (umbilicais,
ventrais, inguinais). O exame prossegue com ausculta
seguida de percussão e termina com palpação leve e
profunda.
A percussão leve superficial inicial das regiões superior,
média e inferior do abdome é útil para denotar áreas de
macicez e tímpano, bem como para induzir áreas
imprevistas de dor ou aumento da sensibilidade antes da
palpação
A palpação suave e leve promove relaxamento
abdominal e possibilita a detecção de resistência muscular
(defesa), dor à palpação do abdome e massas superficiais
na parede abdominal ou no abdome. A palpação mais
profunda dos órgãos abdominais (fígado, baço, rins, aorta)
e da cavidade abdominal pode detectar aumento ou
massas anormais. As massas superficiais ou profundas
devem ser avaliadas quanto as dimensões, localização,

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