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GINECOLOGIA Prof.

Alexandre Melitto | Síndrome dos Ovários Policísticos 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. ALEXANDRE
MELITTO

Meu nome é Alexandre Santos Melitto, somos colegas de


profissão. Fiz minha graduação na Escola Paulista de Medicina
– UNIFESP e, após a graduação, fui aprovado para a Residência
Médica em Ginecologia e Obstetrícia na mesma Instituição. Na
época, fui aprovado, também, na UNICAMP, FCMSCSP (Santa
Casa), Santos (Lusíadas) e FMABC. Após o término da Residência
em Ginecologia e Obstetrícia, fui aprovado para a Residência
Médica em Mastologia, na Escola Paulista de Medicina – UNIFESP.
Tendo concluído as duas Residências, continuei a pós-graduação
defendendo minha tese de Mestrado, também na UNIFESP. Fiz o
MBA em Gestão de Saúde, na Fundação Getúlio Vargas, e, hoje
em dia, estou cursando o Doutorado.

@prof.alexandremelitto
Estratégia
MED
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Atualmente, sou docente e coordenador da disciplina performance para as provas de Residência Médica.
de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Aqui, neste curso, minha missão é fazer você conquistar sua
Universidade Anhembi Morumbi – Laureate Universities. Leciono vaga de Residente! O seu sonho é a minha meta! Conte comigo
há mais de 10 anos, e ocupo cargo efetivo de médico assistente como um parceiro nesta jornada!!! Todos os que passaram na
do Centro de Referência em Saúde da Mulher – Hospital Pérola prova de Residência lembram-se desse período como um tempo
Byington. Também já fui preceptor da Residência Médica de de privação de tempo livre, lazer, hobbies, viagens, descanso
Mastologia da UNIFESP – EPM durante cinco anos. Minha e, até mesmo, de convivência familiar. Posso afirmar que isso
formação e exercício profissional proporcionam-me competência é temporário, passageiro e que, no final, a conquista supera
e experiência para desenvolver este curso e garantir a melhor qualquer sacrifício!!!

/estrategiamed Estratégia MED

@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
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SUMÁRIO

METODOLOGIA DO CURSO 6
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 8
1.0 INTRODUÇÃO 9
2.0 EPIDEMIOLOGIA 9
3.0 FISIOPATOLOGIA 11
3 .1 FISIOPATOGENIA 11

3 .2 ETIOLOGIA 21

4.0 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS 22


4 .1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA AS ADOLESCENTES 27

5.0 QUADRO CLÍNICO 30


6.0 DIAGNÓSTICO 33
6 .1 DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO 33

6 .2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 33

6.2.1 HIPERANDROGENISMO LABORATORIAL 35

6 .3 FENÓTIPOS DA SOP 36

7.0 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 37


7 .1 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE DISFUNÇÃO OVULATÓRIA (ANOVULAÇÃO CRÔNICA) 39

7.1.1 HIPERTIREOIDISMO E HIPOTIREOIDISMO 39

7.1.2 HIPERPROLACTINEMIA 39

7.1.3 HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO 39

7.1.4 INSUFICIÊNCIA OVARIANA PREMATURA 40

7 .2 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE HIPERANDROGENISMO 40

7.2.1 HIPERPLASIA SUPRARRENAL CONGÊNITA DE INÍCIO TARDIO 41

7.2.2 TUMOR OVARIANO SECRETOR DE ANDROGÊNIO 45

7.2.3 TUMOR DA SUPRARRENAL SECRETOR DE ANDROGÊNIO 45

7.2.4 SÍNDROME DE CUSHING 46

7.2.5 USO DE ANDROGÊNIOS EXÓGENOS OU MEDICAÇÕES 47

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8.0 DISTÚRBIOS METABÓLICOS 51


8 .1 RESISTÊNCIA INSULÍNICA 51

8 .2 DISLIPIDEMIA 55

8 .3 SÍNDROME METABÓLICA 55

9.0 TRATAMENTO 58
9 .1 TRATAMENTO DAS MULHERES QUE NÃO DESEJAM ENGRAVIDAR 60

9.1.1 TRATAMENTO DA IRREGULARIDADE MENSTRUAL 60

9.1.2 TRATAMENTO DO HIPERANDROGENISMO 63

9.1.2.1 ANTIANDROGÊNIOS 67

9.1.3 TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS 68

9.1.3.1 TRATAMENTO DA RESISTÊNCIA INSULÍNICA 68

9.1.3.2 TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA 70

9 .2 TRATAMENTO DAS MULHERES QUE DESEJAM ENGRAVIDAR 72

9.2.1 PERDA DE PESO 72

9.2.2 MEDICAMENTOS PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO 72

10.0 RESUMO 76
11.0 LISTA DE QUESTÕES 78
12.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 79
13.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 79

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METODOLOGIA DO CURSO
Para cumprirmos nossa missão de prepará-lo para os concursos de Residência Médica e entregar-lhe um material completo, nosso
curso de Ginecologia seguirá a seguinte metodologia:

Estudaremos a TEORIA de Ginecologia por completo;

Resolveremos QUESTÕES de provas recentes e inéditas,


comentadas alternativa por alternativa;

Demonstraremos o posicionamento da BANCA;

E realizaremos SIMULADOS;

Assim sendo, você terá um curso que contemplará o que o candidato, realmente, precisa saber para obter sua aprovação: teoria (com
as mais recentes atualizações científicas), muitas questões resolvidas e alguns simulados para testar seu progresso. Tudo isso da maneira mais
prática possível, através de textos escritos e videoaulas.

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Por meio de uma análise ampla das questões de concursos de Residência Médica em todo o país nos últimos 5 anos, fizemos um
levantamento dos temas cobrados em Ginecologia. O gráfico abaixo mostra os TEMAS MAIS FREQUENTES NAS PROVAS DE RESIDÊNCIA.

PERCENTUAL DE QUESTÕES POR TEMA

Planejamento familiar e anticoncepção


Rastreamento de câncer de colo uterino/ lesões pré-neoplásicas

Climatério e terapia de resposição hormonal


Vulvovaginites

Amenorreia primária e secundária

Endometriose

Sangramento uterino anormal

Câncer de ovário/ avaliação de tumores anexiais


Rastreamento de câncer de mama

Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

Incontinência urinária/ Síndrome da bexiga dolorosa


Infertilidade conjugal e ética em reprodução assistida

ISTs (Infecções sexualmente transmissíveis)


Cervicites e doença inflamatória pélvica

Miomatose uterina

Doenças benignas das mamas

Câncer de colo uterino

Câncer de mama
Hiperplasia endometrial, câncer de endométrio e outros tumores de...

Distopias genitais
Ciclo menstrual

Assistência a vítima de violência sexual


Dor pélvica, dismenorreia e síndrome pré menstraul/ TDPM

Anatomia, fisiologia e embriologia dos órgãos reprodutores femininos

Úlceras genitais

Puberdade normal, precoce e tardia

Pré e pós-operatório

Adenomiose
Lesões benignas da vulva e da vagina

Ética em ginecologia
Pólipos endometriais

Disfunções sexuais
Abdome agudo em ginecologia

Câncer da vagina e vulva

Anatomia do assoalho pélvico

Infecções urinárias

Outras neoplasias genitais

0,00% 1,00% 2,00% 3,00% 4,00% 5,00% 6,00% 7,00% 8,00% 9,00% 10,00%

É fundamental para você, que está se preparando para a prova de Residência Médica, saber a importância de cada tema, para orientar
e focar os seus estudos.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Nesta aula, estudaremos a síndrome dos ovários policísticos (SOP). A SOP, como visto no gráfico acima, é um dos 10 temas mais
frequentes da Ginecologia, em provas de Residência Médica. É muito importante que você saiba tudo sobre esse tema!
Sempre gosto de começar uma aula com algumas perguntas que irão despertar a curiosidade, direcionar o aprendizado e tornar o
entendimento mais intuitivo e lógico.

PROVOCAÇÕES INTRODUTÓRIAS

1. O que é a síndrome dos ovários policísticos?


2. A síndrome dos ovários policísticos é frequente?
3. Por que é importante saber sobre a SOP?
4. Qual é a fisiopatologia da síndrome dos ovários policísticos?
5. Qual é o quadro clínico da síndrome dos ovários policísticos?
6. Quais são os critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos?
7. Quais são os diagnósticos diferenciais da SOP?
8. Como tratar as pacientes com síndrome dos ovários policísticos?
9. Qual é o prognóstico das pacientes com síndrome dos ovários policísticos?

Guarde essas questões e veja se, ao final da aula, você consegue respondê-las.
Ao buscarmos as respostas para essas questões, encadeamos uma sequência lógica de raciocínio, que facilita nosso estudo, com
melhor aproveitamento do tempo. Lembre-se disto: “Quem entende não precisa decorar!”

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CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das doenças endócrinas mais comuns na mulher, durante o período reprodutivo. Pode
manifestar-se com irregularidade menstrual/amenorreia e hiperandrogenismo, além de infertilidade e risco de desenvolvimento de doenças
cardiovasculares, metabólicas e algumas neoplasias durante a vida. A SOP foi descrita, pela primeira vez, por Stein e Leventhal, em 1935.
A produção aumentada de hormônios masculinos, pelo ovário, é a principal característica fisiopatológica da SOP e é esse desequilíbrio
hormonal que leva às alterações da foliculogênese e gera as manifestações clínicas da doença.

SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

Figura 1: Síndrome dos ovários policísticos.

A causa da SOP ainda é desconhecida, mas é importante entender que se trata de uma síndrome, não uma doença, que aparenta ter
múltiplas causas.

CAPÍTULO

2.0 EPIDEMIOLOGIA
Estima-se que a incidência de SOP varie de 4% a 20% das mulheres. Lembre-se de que a SOP é uma das doenças endócrinas mais
comuns que afetam as mulheres.
O consenso de Rotterdam é o mais aceito para o diagnóstico da SOP e, de acordo com os seus critérios diagnósticos, estima-se que a
prevalência da síndrome dos ovários policísticos seja de cerca de 10%.

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CAI NA PROVA

(SES DF 2022) Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua primeira consulta com o ginecologista e
relatou menarca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos menstruais a cada 52 dias, com duração de sete
dias de fluxo intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se também de acne e de pelos escurecidos.
Nega dismenorreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos correlatos, julgue o
item a seguir:
A SOP é um distúrbio no eixo neuroendócrino reprodutor, associado à alteração morfológica ovariana e à
produção androgênica elevada.

C) Certo.
E) Errado.

Comentários:

A afirmativa está correta. A SOP é um distúrbio no eixo neuroendócrino reprodutor, associado à alteração morfológica ovariana e à
produção androgênica elevada.

Gabarito: alternativa C.

(FMABC 2016) Sobre a Síndrome dos ovários policísticos podemos afirmar:

A) Está frequentemente associada à resistência insulínica e consequente hiperinsulinemia.


B) É também conhecida como Síndrome da Anovulação Crônica Hiperandrogênica.
C) É a mais comum endocrinopatia que acomete mulheres em idade reprodutiva.
D) Todas as alternativas estão corretas.

Comentários:

Correta a alternativa A: a síndrome dos ovários policísticos está, frequentemente, associada à resistência insulínica e consequente
hiperinsulinemia.
Correta a alternativa B: a síndrome dos ovários policísticos é também conhecida como síndrome da anovulação crônica hiperandrogênica.
Correta a alternativa C: a síndrome dos ovários policísticos é a endocrinopatia mais comum nas mulheres em idade reprodutiva.

Correta a alternativa D todas as alternativas estão corretas.

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CAPÍTULO

3.0 FISIOPATOLOGIA

3.1 FISIOPATOGENIA

Estrategista, para explicar a fisiopatogenia da SOP vamos, primeiro, revisar a teoria das duas células da esteroidogênese ovariana.

Figura 2: Teoria das duas células da esteroidogênese ovariana.

Os ovários convertem o colesterol nos hormônios masculinos SOP e é um dos seus critérios diagnósticos. Os níveis de testosterona
androstenediona e testosterona, por meio do estímulo do LH nas total, em geral, estão elevados, mas não ultrapassam o dobro do
células da teca. valor normal.
Por sua vez, o FSH faz com que as células da granulosa Existe um distúrbio no feedback do hipotálamo, nas
convertam esses androgênios em estrógenos, pela ação da enzima pacientes com SOP, que não permite que ocorra a diminuição da
aromatase. secreção de LH com o aumento dos níveis androgênicos. Nessas
Na SOP, ocorre o aumento da secreção do LH e a diminuição pacientes, ocorre a perda do padrão cíclico normal de secreção de
da secreção do FSH. Essa é uma das principais características da GnRH pelo hipotálamo, com o aumento da amplitude e frequência
doença. Sabendo disso, podemos entender o que está acontecendo dos pulsos de GnRH. Isso leva à maior produção de LH pela hipófise
nos ovários e por que as pacientes com SOP apresentam o (perpetuando o ciclo vicioso).
hiperandrogenismo. A diminuição dos níveis de FSH nas mulheres com SOP
O LH em excesso leva à maior produção de androstenediona ocorre devido ao aumento dos níveis de inibina B, que é produzida
e testosterona nas células da teca e a deficiência de FSH faz com que pelos folículos ovarianos recrutados. Estes, por sua vez, estão
a conversão desses hormônios em estradiol e estrona, nas células da em número aumentado nos ovários policísticos, mantendo um
granulosa, diminua. Isso possibilita que os andrógenos se acumulem, feedback negativo no hipotálamo/hipófise. Essa diminuição da
elevando seus níveis e provocando o hiperandrogenismo. secreção do FSH leva ao distúrbio do amadurecimento dos folículos
O hiperandrogenismo é uma das principais características da e ao aparecimento dos micropolicistos nos ovários.

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Estrategista, o esquema da teoria das duas células é a chave para o entendimento da


fisiopatologia da SOP. Lembre-se de que, na SOP, ocorre uma secreção aumentada de LH e diminuída
de FSH.
Sendo assim, há um aumento da produção de andrógenos e diminuição da produção de
estrógenos nos ovários, levando ao hiperandrogenismo característico da SOP.
As alterações subsequentes ocorrem devido aos distúrbios do feedback negativo desses
hormônios sobre o eixo HHO, que leva à perda da ciclicidade e à anovulação crônica. Uma coisa leva
à outra. Uma coisa prejudica a outra, em um ciclo vicioso.

CAI NA PROVA

(SCMSP 2022) Uma das principais ações do FSH sobre as células da granulosa para a produção de estrogênio é
induzir a atividade da enzima

A) cicloxigenase.
B) metiltransferase.
C) aromatase.
D) progesteronase.
E) estradioliase.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a enzima ciclooxigenase (COX) está relacionada com a conversão do ácido araquidônico em prostaglandinas
nos processos inflamatórios.
Incorreta a alternativa B, porque a metiltransferase é uma enzima relacionada com a degradação das catecolaminas.

o FSH induz a ação da enzima aromatase para converter andrógenos em estrógenos nas células da
Correta a alternativa C:
granulosa do ovário.

Incorreta a alternativa D, porque a "progesteronase" não existe.


Incorreta a alternativa E, porque a "estradioliase" também não existe.

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(Visão Laser2018) Na Síndrome Dos ovários policísticos, a mais comum alteração de LH e FSH é:

A) LH:FSH = 1:1
B) FSH:LH > 2:1
C) LH:FSH > 2:1
D) FSH:LH = 3:1

Comentários:

a característica da SOP é a hipersecreção de hormônio luteinizante (LH) e secreção de hormônio folículo


Correta a alternativa C
estimulante (FSH) baixa ou no limite inferior da normalidade. Essa secreção aumentada de LH leva a uma
hiperatividade das células da teca, que produzem quantidades aumentadas de androgênios, principalmente testosterona. Sem a conversão
proporcional desse androgênio em estradiol, devido ao desequilíbrio entre as secreções de LH e FSH, desenvolve-se o hiperandrogenismo
característico da doença.

(SMS João Pessoa 2017) Na síndrome dos ovários policísticos a relação LH/FSH está:

A) Inalterada.
B) Diminuída.
C) Aumentada.
D) Na dependência da insulino-resistência.
E) Na dependência do hiperandrogenismo.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: na SOP, a secreção de LH está aumentada e a secreção de FSH está diminuída.
Incorreta a alternativa B: a fisiopatologia da SOP é caracterizada pela secreção aumentada de LH, que produz o hiperandrogenismo.

a relação LH/FSH está aumentada na SOP, devido ao aumento da produção de LH e à diminuição da


Correta a alternativa C
produção de FSH.

Incorreta a alternativa D: o aumento da relação LH/FSH ocorre mesmo que não haja aumento da resistência insulínica, nas pacientes com
SOP. O aumento da secreção de LH é a característica fundamental da SOP.
Incorreta a alternativa E: o hiperandrogenismo é a consequência do aumento da relação LH/FSH, que leva à diminuição da conversão de
androgênios em estrógeno.

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Estrategista, lembre-se, sempre, de que na SOP ocorre aumento do LH e diminuição do FSH. O FSH
é o hormônio folículo estimulante. Ou seja, ocorre a diminuição do estímulo para o desenvolvimento dos
folículos, que ficam “estacionados” no meio do caminho e não chegam a se desenvolver completamente.
Dessa forma, não há a ovulação. Assim, os ovários ficam cheios de folículos imaturos e tornam-se
policísticos.

Figura 3: Ovário policístico.

Os ciclos anovulatórios caracterizam-se por ciclos monofásicos (de uma fase só), em que o endométrio é submetido ao estímulo
proliferativo contínuo do estrogênio, sem oposição da progesterona, que é produzida pelo corpo lúteo após a ovulação. Isso leva ao aumento
do risco de desenvolvimento de hiperplasia e câncer do endométrio nessas pacientes.

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CAI NA PROVA
(UNB 2020) Com relação a patologias ginecológicas benignas, julgue o próximo item. Na síndrome dos
ovários policísticos, o hiperandrogenismo acarreta a diminuição da ação hipotalâmica da dopamina, o que
promove o aumento dos pulsos de hormônio estimulador das gonadotrofinas e de hormônio luteinizante e,
consequentemente, da concentração ovariana de androgênios. Por conseguinte, ocorre o acúmulo de folículos
atrésicos no ovário.

A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

O hiperandrogenismo provoca alterações na regulação do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A sensibilidade do hipotálamo ao feedback


exercido pelo estrogênio e pela progesterona de origem ovariana está alterada e prejudicada. Por causa disso, ocorre uma secreção irregular
de GnRH, com pulsos desorganizados de gonadotrofinas, caracterizados pela hipersecreção de LH, levando a ciclos anovulatórios.

A afirmativa está certa: o hiperandrogenismo da SOP acarreta a diminuição da ação hipotalâmica da dopamina, o que promove o aumento
dos pulsos de hormônio estimulador das gonadotrofinas e de hormônio luteinizante e, consequentemente, da concentração ovariana de
androgênios, pela conversão de colesterol em androgênios nas células da teca.
O acúmulo de folículos atrésicos ocorre devido aos níveis insuficientes de FSH, que não permitem o desenvolvimento completo dos
folículos, recrutando-os e mantendo-os “parados” e imaturos, deixando os ovários com a característica micropolicística.

Correta a alternativa A

A insulina também é importante na fisiopatologia da SOP. A maioria das mulheres com SOP tem uma resistência aumentada à insulina,
que parece estar relacionada a um defeito pós-receptor de insulina nessas pacientes. Na tentativa de vencer essa resistência, o pâncreas
aumenta a produção de insulina e isso leva à intolerância à glicose e, possivelmente, ao diabetes. A insulina e o fator de crescimento
semelhante à insulina I (IGF-I) têm ação semelhante ao LH nas células da teca interna e do estroma ovariano e contribuem, também, para o
aumento da produção de androgênios.

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Ou seja, a SOP é uma doença em que observamos o desequilíbrio de muitos hormônios. Além
da hipersecreção de LH, as mulheres com SOP têm uma resistência aumentada à insulina.
A insulina liga-se ao receptor, mas não “funciona”, sendo necessária mais insulina para “cumprir
a missão” de fazer a glicose entrar na célula. Essa insulina também age junto do LH nas células da
teca, estimulando a produção dos androgênios, causando maior desequilíbrio e piorando, ainda
mais, a situação.

A hiperinsulinemia faz com que o fígado diminua a produção o risco de desenvolver a hiperplasia e o câncer. O aumento da
de SHBG e outras proteínas carreadoras de fatores de crescimento. fração livre de fatores de crescimento também aumenta o risco
Isso aumenta a fração livre de andrógenos e de fatores de da paciente para outros tipos de câncer, como o câncer de mama,
crescimento, como o IGF-1. Com o aumento da fração livre de pâncreas, fígado e outros.
andrógenos, ocorre a piora do hiperandrogenismo, já que a fração Além de tudo isso, a hiperinsulinemia favorece a disfunção
livre é a forma ativa do hormônio e o IGF-1, juntamente à insulina, endotelial e o maior risco de doença cardiovascular, obesidade,
exerce um efeito proliferativo sobre o endométrio, aumentando apneia do sono e doença hepática gordurosa não alcoólica.

Aumenta fração livre


Piora do Junto à insulina tem ação
dos androgênios
hiperandrogenismo sinérgica com o LH na
(forma ativa)
teca.
Diminui SHBG e
Proteínas carreadoras de Aumenta IGF-1
fatores de crescimento

Aumento do risco de Ação proliferativa sobre o


Intolerânica à glicose/ endométrio
câncer de mama,
diabetes
pâncreas, fígado e outros.

Aumento do risco de Aumento do risco de


Disfunção Endotelial doença cardiovascular hiperplasia e câncer de
endométrio
Resistência
Hiperinsulinemia
à insulina
Aumento do risco de
obesidade

Aumento do risco de
apneia do sono

Aumento do risco de
doença hepática
gordurosa não alcoólica

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Consequências precoces e tardias da síndrome dos ovários policísticos

Obesidade

Infertilidade

Menstruação irregular

Dislipidemia

Hirsutismo/acne

Intolerância à glicose/acantose nigricans

Diabetes mellitus

Hiperplasia e câncer de endométrio

Doença cardiovascular
Tabela 1: Consequências precoces e tardias da SOP (Fonte: Ginecologia de Williams, 2014).

CAI NA PROVA
(UFES 2017) Observe as afirmativas abaixo e assinale qual não está relacionada à Síndrome dos ovários policísticos
(SOP):

A) Aumento do risco relativo para câncer de mama.


B) Aumento do risco relativo para diabetes.
C) Aumento do risco relativo para câncer de ovário.
D) Aumento do risco relativo para doenças cardiovasculares.
E) Aumento do risco relativo para câncer de endométrio.

Comentários:

Correta a alternativa A: pacientes com síndrome dos ovários policísticos possuem fatores de risco em comum com o câncer de mama, de
tal forma que observamos um aumento do risco relativo para câncer de mama nessas mulheres.

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Correta a alternativa B: as pacientes com SOP têm um aumento do risco relativo para diabetes. A fisiopatologia da síndrome dos ovários
policísticos ainda não foi completamente esclarecida, mas está associada ao aumento da resistência à insulina e, consequentemente, ao
risco de diabetes.

a síndrome dos ovários policísticos não aumenta o risco relativo para câncer de ovário. Os estudos
Incorreta a alternativa C
apresentam resultados controversos na correlação entre o câncer de ovário e a SOP.

Correta a alternativa D: as pacientes com SOP apresentam um aumento do risco relativo para doenças cardiovasculares. A dislipidemia
na SOP acontece por vários motivos, a resistência aumentada à insulina e o excesso de androgênios interferem no metabolismo lipídico.
Além disso, os fatores de risco para SOP são os mesmos das doenças cardiovasculares.
Correta a alternativa E: as pacientes com SOP têm aumento do risco relativo para câncer de endométrio, devido ao aumento nos níveis
de IGF-1 (resistência aumentada à insulina) e à hiperglicemia. Tanto o IGF-1 quanto a hiperglicemia possuem uma ação proliferativa sobre
o endométrio, aumentando o risco de desenvolvimento de neoplasias.

A fisiopatologia da SOP é complexa e ainda não foi completamente esclarecida. Ou seja, é um


assunto difícil. Mas, vamos juntos e com calma. Tudo vai dar certo!
Este é um momento para parar e revisar os conceitos que foram aprendidos até agora. Eles são
muito importantes porque são a base para o entendimento de toda a SOP e, principalmente, porque
irão ajudá-lo a acertar todas as questões sobre esse tema. Tendo esses conceitos em mente, o resto vai
ficar fácil e as questões vão parecer bem mais simples.

O que aumenta e o que diminui na SOP...

LH Aumenta

FSH Diminui

Resistência insulínica Aumenta

SHBG Diminui

Testosterona Aumenta
Tabela 2: Alterações hormonais da SOP.

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Figura 4: Fisiopatologia da síndrome dos ovários policísticos. Fonte: Nestler JE. Metformin for the treatment of the polycystic ovary syndrome. N Engl J Med. 2008;
358(1):47-54.

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CAI NA PROVA
(SURCE 2016) Mulher de 25 anos, chega ao consultório com amenorreia secundária, hirsutismo e acne. Ao exame,
verifica-se presença de acantose nigricans vulvar, obesidade abdominal e pontuação de Ferriman-Gallwey de 9.
Dentro do diagnóstico mais provável para esse caso, assinale a assertiva correta quanto a sua fisiopatologia.

A) Níveis reduzidos de globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG)


B) Secreção inadequada de gonadotrofinas
C) Aumento dos níveis de progesterona
D) Aumento da proporção de FSH/LH

Comentários:

Essa paciente apresenta amenorreia secundária (anovulação crônica), acne e hirsutismo (hiperandrogenismo), que são os critérios
diagnósticos para a síndrome dos ovários policísticos. Além disso, apresenta obesidade abdominal e acantose nigricans vulvar (manchas
escuras e espessas na pele), que são sinais de resistência insulínica e hiperinsulinemia, sugerindo uma síndrome metabólica, comumente
associada à SOP.
Vamos analisar as alternativas:

a SOP cursa com resistência insulínica e hiperinsulinemia. A insulina aumentada provoca a redução da
Correta a alternativa A
produção de SHBG pelo fígado. Com isso, aumentam os níveis de testosterona livre e piora o
hiperandrogenismo.

na síndrome dos ovários policísticos ocorre uma secreção atípica de GnRH, que leva à secreção de pulsos
Correta a alternativa B
desordenados de gonadotrofinas, caracterizados pela hipersecreção de LH e hiposecreção de FSH, típicas
da SOP. Esse desequilíbrio promove ciclos anovulatórios, com o recrutamento inicial de múltiplos folículos, porém sem o amadurecimento
completo de nenhum.

Incorreta a alternativa C: a síndrome dos ovários policísticos cursa com anovulação crônica. A consequência dessa anovulação crônica é a
diminuição da produção de progesterona, porque ela é produzida pelo corpo lúteo, após a ovulação.
Incorreta a alternativa D: na síndrome dos ovários policísticos ocorre diminuição da proporção FSH/LH, com aumento da secreção do
LH atingindo valores duas ou três vezes maiores que o FSH. Essa alteração promove o hiperandrogenismo na medida que provoca maior
conversão de andrógenos na teca folicular, em detrimento da conversão desses andrógenos em estradiol na granulosa.
Questão anulada! (A questão foi anulada por ter 2 alternativas corretas).

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3 .2 ETIOLOGIA

A síndrome dos ovários policísticos aparenta ter múltiplas causas para justificar todas as alterações observadas em sua fisiopatologia.
Assim como a fisiopatologia, a etiologia da síndrome dos ovários policísticos ainda não está completamente esclarecida. Existe a possibilidade
de causas genéticas e epigenéticas (com interferências do meio ambiente).
Sabemos que problemas durante a gestação podem ter repercussões na recém-nascida. A exposição intrauterina a elevadas
concentrações de androgênios pode levar a alterações da regulação do eixo HHO e a uma tendência à hipersecreção de LH. Como dissemos
antes, as mulheres com SOP têm o hipotálamo menos sensível ao feedback negativo dos androgênios. Os neurônios secretores de GnRH
apresentam uma “resistência” em relação a esses hormônios e continuam aumentando os pulsos de GnRH, estimulando a secreção de LH
pela hipófise.

CAI NA PROVA
(UFS 2020) A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) acomete mulheres no mundo inteiro e cursa com quadro
de hiperandrogenismo. Qual das afirmativas abaixo é CORRETA?

A) A morfologia policística se deve ao estímulo da testosterona livre.


B) Meninas com baixo peso ao nascer têm risco elevado de desenvolver SOP na adolescência.
C) Pacientes com SOP não apresentam hiperinsulinismo compensatório, apenas resistência à insulina.
D) A presença de acne é o melhor marcador físico para o diagnóstico de SOP na adolescência.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: a morfologia policística se deve ao recrutamento folicular excessivo e à menor atresia desses folículos. Isso
acontece por causa da diminuição da secreção do FSH, que dificulta o amadurecimento desses folículos iniciais, deixando-os "parados"
nessa fase.

as meninas com baixo peso ao nascer têm risco elevado de desenvolver SOP na adolescência. A exposição
Correta a alternativa B
intrauterina a elevadas concentrações de androgênios pode levar a alterações da regulação do eixo HHO,
com tendência à hipersecreção de LH.

Incorreta a alternativa C: as pacientes com SOP apresentam hiperinsulinismo compensatório devido à resistência insulínica.
Incorreta a alternativa D: a presença de acne não é o melhor marcador físico de hiperandrogenismo para o diagnóstico de SOP na
adolescência, pois, nessa época, a prevalência de acne na população é elevada. O melhor sinal de hiperandrogenismo na adolescência é
o hirsutismo.

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CAPÍTULO

4.0 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS


Os critérios de diagnóstico mais aceitos seguem o consenso de Rotterdam:

Critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos (Consenso de Rotterdam)

Hiperandrogenismo clínico (hirsutismo/acne) e/ou laboratorial

Anovulação crônica (irregularidade menstrual/amenorreia)

Alterações ultrassonográficas (ovários policísticos)

São necessários, pelo menos, dois dos três critérios acima e exclusão de outras causas de hiperandrogenismo ou
anovulação
Tabela 3: Critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos (Rotterdam).

Estrategista, muitas das questões sobre a SOP envolvem a fisiopatologia e os critérios


diagnósticos.
Para fixar os critérios de Rotterdam, basta lembrar-se das principais características da
síndrome dos ovários policísticos: o excesso de androgênios, a anovulação crônica e os ovários
policísticos (que dão o nome à síndrome!).
O hiperandrogenismo pode ser diagnosticado clinicamente (hirsutismo/acne) ou
laboratorialmente (aumento dos níveis de testosterona ou SDHEA).
Mais uma informação importantíssima: os consensos de diagnóstico indicam que, para
fazer o diagnóstico de SOP, outras causas de disfunção ovulatória e hiperandrogenismo devem
ser excluídas. Ou seja, a SOP é um diagnóstico de exclusão!

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São necessários, pelo menos, dois dos três primeiros critérios e exclusão de outras causas de hiperandrogenismo ou anovulação,
para fechar o diagnóstico de SOP.

Figura 5: Critérios de Rotterdam para o diagnóstico da SOP.

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CAI NA PROVA

(HAC PR 2022) São critérios para o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos:

A) O diagnóstico é feito pela história de irregularidade menstrual e obesidade


B) O diagnóstico é feito pela presença de hirsutismo e obesidade
C) O diagnóstico é feito pela presença de dois dos três critérios seguintes: presença de ovários policísticos na
ultrassonografia, sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo e oligoanovolução ou anovulação
D) O diagnóstico é feito pela presença de dois dos três critérios seguintes: presença de ovários policísticos na
ultrassonografia, sinais clínicos ou bioquímicos de resistência insulínica e oligoanovolução ou anovulação
E) O diagnóstico é feito pela presença de obesidade, hirsutismo e acne.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a obesidade não é um dos critérios diagnósticos da SOP.


Incorreta a alternativa B, porque a obesidade não é um dos critérios diagnósticos da SOP.

o diagnóstico da SOP é feito pela presença de dois dos três critérios seguintes: presença de ovários
Correta a alternativa C:
policísticos na ultrassonografia, sinais clínicos ou bioquímicos de hiperandrogenismo e oligoanovolução
ou anovulação. É importante frisar que o diagnóstico da SOP é um diagnóstico de exclusão e só pode ser confirmado definitivamente após
afastar outras causas de anovulação e hiperandrogenismo.

Incorreta a alternativa D, porque apesar da resistência insulínica ser muito frequente nas mulheres com SOP, não é um dos critérios
diagnósticos para a doença.
Incorreta a alternativa E, porque a obesidade não é um dos critérios diagnósticos para a SOP.

(USP RP 2009) Paciente, 32 de idade, G3P1A2, com queixa de irregularidade menstrual desde a menarca, caracterizada por ciclos oligo ou
amenorreicos, intercalados por episódios de sangramento uterino disfuncional. Referiu aumento progressivo de peso, intensificado há 10
anos, após o parto (aproximadamente 30 Kg), associado ao aumento de pelos em face e dorso. Ao exame físico: peso = 105 Kg; altura =1,65
m; IMC = 38,6 Kg/m²; cintura = 147 cm; índice de Ferriman = 10; exame ginecológico sem alteração. Qual a hipótese mais provável para o
quadro anovulatório dessa paciente?

A) Síndrome de ovários policísticos.


B) Anovulação de origem central.
C) Falência ovariana precoce.
D) Deficiência isolada de gonadotrofinas.

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Comentários:

Trata-se de paciente com irregularidade menstrual e episódios de sangramento uterino disfuncional (anovulação crônica), associados
a aumento de pelos (hirsutismo - índice de Ferriman >8), caracterizando hiperandrogenismo clínico. Ou seja, essa paciente apresenta os
critérios para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos.
A SOP é a causa mais frequente de hiperandrogenismo no menacme. Porém, a SOP é um diagnóstico de exclusão! Como a paciente
apresenta dois critérios de Rotterdam (oligo/amenorreia e sinais clínicos de hiperandrogenismo), pode-se concluir pelo diagnóstico de SOP,
após descartar as outras causas de hiperandrogenismo (4º critério de Rotterdam).
Dentre as doenças mais prevalentes e que justificam pesquisa ativa de rotina para diagnóstico diferencial estão: hiperprolactinemia,
disfunções tireoidianas, tumores produtores de androgênios (ovariano e adrenal) e hiperplasia adrenal congênita de início tardio.
Vamos analisar as alternativas:

trata-se de quadro de anovulação crônica associada a hiperandrogenismo, caracterizando dois critérios


Correta a alternativa A
necessários para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos, segundo o consenso de Rotterdam.
Lembre-se de que a SOP é a causa mais frequente de hiperandrogenismo no menacme. Por isso a banca considerou essa alternativa como
sendo a correta.

Incorreta a alternativa B: em casos de anovulação de origem central, a paciente cursaria com outros sintomas. São causas de
anovulação de origem central: insuficiência hipotálamo-hipofisária (síndrome de Sheehan/isquemia de hipófise); deficiência isolada de
gonadotrofinas ou síndrome de Kallmann (anosmia, hipogonadismo/hipoestrogenismo); tumores de hipófise; síndrome da sela túrcica
vazia; hiperprolactinemia e disfunção hipotálamo-hipofisária.
Incorreta a alternativa C: nos casos de falência ovariana precoce, ou menopausa precoce, a paciente referiria, provavelmente, fogachos e
secura vaginal, características do climatério.
Incorreta a alternativa D: no caso de deficiência isolada de gonadotrofinas ou síndrome de Kallmann, a paciente apresentaria sintomas de
anosmia e hipogonadismo (hipoestrogenismo).

(HALVORADA 2015) Paciente de 20 anos, G0P0, ciclos menstruais oligomenorreicos desde a menarca, aos 14 anos, nega coitarca, refere acne
e aumento de pilificação em região de face e tronco, refere aumento de pigmentação em região de dobras de axila, cervical e virilha há 2 anos,
nega doenças e medicações. Qual é o diagnóstico mais provável?

A) Gravidez.
B) Hiperprolactinemia.
C) Menopausa precoce.
D) Síndrome dos ovários policísticos.

Comentários:

Trata-se de paciente com ciclos oligomenorreicos, sugestivos de anovulação crônica, acne e hirsutismo. Ou seja, essa paciente apresenta
os critérios para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos. Repare que a questão quer saber o diagnóstico mais provável.

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Incorreta a alternativa A: a paciente refere não ter iniciado a vida sexual.


Incorreta a alternativa B: a paciente não apresenta quadro de galactorreia e apresenta hirsutismo.
Incorreta a alternativa C: a paciente nega fogachos e secura vaginal.

a paciente preenche dois de três critérios para o diagnóstico de SOP (Consenso de Rotterdam). A realização
Correta a alternativa D
de exame ultrassonográfico pélvico pode evidenciar ovários de aspecto policístico completando todos os
critérios diagnósticos.

(SES RJ 2019) Na síndrome dos ovários policísticos, é critério diagnóstico:

A) hiperinsulinemia
B) hipertrigliceridemia
C) dosagem de LH maior do que FSH
D) sinais clínicos de hiperandrogenismo

Comentários:

Incorreta a alternativa A: a hiperinsulinemia não é um critério diagnóstico para a síndrome dos ovários policísticos.
Incorreta a alternativa B: a hipertrigliceridemia não é um critério diagnóstico para a síndrome dos ovários policísticos.
Incorreta a alternativa C: a dosagem de LH maior que a de FSH não é um critério diagnóstico para a síndrome dos ovários policísticos.

o hiperandrogenismo (hirsutismo, acne, índice de Ferriman e Gallwey >8) é um dos critérios diagnósticos
Correta a alternativa D
para a síndrome dos ovários policísticos.

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Figura 6: Ilustração dos critérios diagnósticos da SOP.

4.1 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA AS ADOLESCENTES

Os critérios diagnósticos para SOP em adultos não se aplicam muito bem a adolescentes, por alguns motivos:
• a irregularidade menstrual e os ciclos anovulatórios são frequentes nos primeiros anos após a menarca;
• os sinais de hiperandrogenismo não são confiáveis ​​nas adolescentes porque é comum encontrar acne nessa fase da vida e o
crescimento dos pelos ainda está em fase de desenvolvimento;
• o achado ultrassonográfico de ovários policísticos é comum nas adolescentes.
Por isso, os critérios diagnósticos da SOP na adolescência são um pouco diferentes dos critérios diagnósticos da SOP nas mulheres
adultas.

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Critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos para as adolescentes

Padrão de sangramento uterino anormal

Sangramento uterino anormal para a idade (de acordo com o desenvolvimento ginecológico)

Sintomas persistentes por um a dois anos

Evidência de hiperandrogenismo

A elevação persistente da testosterona acima das normas adultas é a melhor evidência

Hirsutismo moderado a grave é uma evidência clínica de hiperandrogenismo

Acne inflamatória moderada a grave é uma indicação para testar a hiperandrogenemia


Tabela 4: Critérios diagnósticos da síndrome dos ovários policísticos nas adolescentes (Fonte: Pediatrics, Vol 136, pages 1154-65, AAP, 2015).

CAI NA PROVA

(SES DF 2022) Uma paciente de 15 anos de idade compareceu à sua primeira consulta com o ginecologista e
relatou menarca aos 14 anos de idade. Refere que tem ciclos menstruais a cada 52 dias, com duração de sete
dias de fluxo intenso, com uso de absorventes noturnos. Queixa-se também de acne e de pêlos escurecidos.
Nega dismenorreia. Acerca desse caso clínico e tendo em vista os conhecimentos médicos correlatos, julgue o
item a seguir.
O diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos (SOP) é mais fácil nessa fase.

C) Certo.
E) Errado.

Comentários:

A afirmativa está incorreta, porque o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos (SOP) é mais difícil nas adolescentes e segue
critérios diferentes das adultas.

Gabarito:alternativa E.

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(IAMSPE 2016) Com relação à síndrome dos ovários policísticos na adolescência, assinale a alternativa INCORRETA

A) Há irregularidade menstrual.
B) Presença de acne e hirsutismo.
C) Confirmação diagnóstica pela ultrassonografia pélvica, TC de crânio, dosagem de gonadotrofinas.
D) Além dos cistos ovarianos, existe oligo/anovulação.
E) Existe maior chance de desenvolver síndrome metabólica.

Comentários:

Correta a alternativa A: a irregularidade menstrual também é um dos critérios diagnósticos para a SOP na adolescência (desde que
persista por um a dois anos).
Correta a alternativa B: a acne (desde que moderada a grave) e o hirsutismo (moderado a grave) também são critérios diagnósticos para
a SOP em adolescentes.

a ultrassonografia pélvica, a TC de crânio e a dosagem de gonadotrofinas não são indicadas para a


Incorreta a alternativa C
investigação diagnóstica da SOP na adolescente.

Correta a alternativa D: a existência de cistos é comum nos ovários das adolescentes e oligo/anovulação é um dos critérios diagnósticos
para a SOP na adolescência (desde que persistente de um a dois anos).
Correta a alternativa E: a maioria das pacientes com SOP (mesmo as adolescentes) apresenta resistência periférica à insulina aumentada e
hiperinsulinemia, devido a um defeito no receptor de insulina. Com isso, o risco de desenvolver síndrome metabólica é aumentado nessas
pacientes.

O tratamento da SOP nas adolescentes também pode ser um pouco diferente do tratamento das adultas. Em geral, reavaliamos a
paciente após cinco anos (após o completo desenvolvimento ginecológico) ou após uma perda de peso significante e verificamos se há
necessidade de continuar com o tratamento.

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CAPÍTULO

5.0 QUADRO CLÍNICO


A maioria das manifestações clínicas da SOP ocorre devido ao hiperandrogenismo, que costuma manifestar-se, clinicamente, com o
hirsutismo e acne. A anovulação manifesta-se, clinicamente, com a irregularidade menstrual ou amenorreia e a infertilidade.

Figura 7: Hiperandrogenismo e fisiopatologia da SOP (Fonte: Síndrome dos ovários policísticos. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e
Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. 103p. (Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, n.4, Comissão Nacional de Ginecologia Endócrina).

O excesso de androgênios provoca hirsutismo, acne, pele oleosa, queda de cabelo e, nos casos mais graves, os sinais de virilização com
clitoromegalia, engrossamento da voz, alopecia e aumento de massa muscular.

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O diagnóstico do hiperandrogenismo pode não ser muito A resposta depende da etnia da paciente. Se a paciente for oriental,
objetivo. O hirsutismo é o crescimento de pelos em locais em que consideramos o valor de corte como sendo 4 e, se a paciente for
as mulheres não costumam tê-los e seu diagnóstico pode ser difícil, hispânica, do Oriente Médio ou outras regiões do Mediterrâneo,
sobretudo se levarmos em consideração a diferença entre as raças consideramos o valor de corte como sendo 6.
e etnias. Por isso, usamos o índice de Ferriman-Gallwey. Esse índice De acordo com outras bibliografias (Bereck & Novack, 2020;
é uma escala para quantificação de pelos em algumas áreas do Williams, 2014), consideramos como hirsutismo os valores maiores
corpo da mulher. Cada área pode somar de 0 a 4 pontos, sendo que ou iguais a 8.
0 corresponde à ausência completa de pelos e 4 ao crescimento Mesmo que o escore seja normal, se a paciente apresentar
excessivo de pelos. crescimento de pelos em áreas como a face (bigode e barba),
De acordo com a FEBRASGO, podemos considerar hirsutismo devemos considerar hirsutismo.
os valores acima de 4-6. Você deve estar se perguntando: “4 ou 6?”.

Figura 8: Índice de Ferriman-Gallwey para avaliação do hirsutismo.

CAI NA PROVA
(UNICAMP 2020) Mulher, 18a, nuligesta, procura atendimento médico com ciclos menstruais irregulares de 90
-120 dias desde a menarca. Antecedente pessoal: menarca aos 11 anos. Exame físico: IMC= 26,7Kg/m², índice
Ferriman-Gallwey= 9. PARA REALIZAR O DIAGNÓSTICO É NECESSÁRIO:

A) Elevação sérica de insulina e teste de tolerância à glicose alterado.


B) Presença da relação LH/FSH > 2 e medida da circunferência abdominal > 88 cm.
C) Padrão menstrual de anovulação crônica e hiperandrogenismo clínico e/ou bioquímico.
D) Aumento do volume ovariano com presença de folículos periféricos à ultrassonografia.

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Comentários:

Incorreta a alternativa A: a elevação sérica de insulina e o teste de tolerância à glicose alterado podem indicar a resistência insulínica
aumentada, comum na SOP, mas não são critérios diagnósticos da SOP.
Incorreta a alternativa B: a presença da relação LH/FSH > 2 e medida da circunferência abdominal > 88 cm também são sugestivas da SOP
e da síndrome metabólica, mas não fazem parte dos critérios diagnósticos da doença.

o padrão menstrual de anovulação crônica com ciclos menstruais irregulares e hiperandrogenismo


Correta a alternativa C
clínico (índice de Ferriman-Gallwey > 8) são critérios diagnósticos para a síndrome dos ovários policísticos,
fazendo parte dos critérios de Rotterdam.

Incorreta a alternativa D: o aumento do volume ovariano com presença de folículos periféricos à ultrassonografia é somente um dos
critérios de Rotterdam. São necessários dois critérios para confirmar o diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos (e afastar outras
causas de anovulação e hiperandrogenismo).

(UFES 2019) Em relação ao hirsutismo, é incorreto afirmar:

A) Hirsutismo tem como definição o crescimento excessivo de pelos terminais em áreas de distribuição feminina.
B) Hirsutismo pode resultar do excesso de androgênio produzido pelos ovários e/ou adrenais.
C) Hirsutismo pode resultar do aumento da sensibilidade cutânea aos androgênios.
D) A causa mais comum de hirsutismo é a síndrome do ovário policístico.

Comentários:

o hirsutismo é o crescimento excessivo de pelos terminais em áreas em que as mulheres não deveriam
Incorreta a alternativa A
tê-los.

Correta a alternativa B: o hirsutismo pode resultar do excesso de androgênio produzido pelos ovários e/ou adrenais.
Correta a alternativa C: o hirsutismo pode resultar do aumento da sensibilidade cutânea aos androgênios.
Correta a alternativa D: a causa mais comum de hirsutismo é a síndrome dos ovários policísticos.

(SES DF 2020) Uma paciente de 23 anos de idade refere que vem manifestando ciclos menstruais muito irregulares há três anos, com ausência
total de menstruação nos últimos seis meses. Está bastante incomodada, pois vem apresentando aumento de peso e muitas espinhas e
notou, também, presença de pelos em áreas não usuais para mulheres. Quanto a esse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Caso a paciente apresente índice de Ferriman igual a 9, deverá ser solicitada ecografia pélvica transvaginal,
para confirmar a presença de ovários policísticos à USG, achado imprescindível para confirmação diagnóstica.

A) CERTO
B) ERRADO

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Comentários:

A afirmativa está errada: a presença de ovários policísticos à USG não é imprescindível para confirmação diagnóstica de SOP nesse caso,
tendo em vista que a paciente já apresenta os critérios de anovulação crônica e hiperandrogenismo.

Correta a alternativa B

CAPÍTULO

6.0 DIAGNÓSTICO

6.1 DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO

Nos casos em que as manifestações clínicas não são muito aparentes, devemos lembrar do terceiro critério de Rotterdam e avaliar a
aparência ultrassonográfica dos ovários.
Veja, abaixo, os critérios ultrassonográficos para o diagnóstico da SOP, segundo a ASRM/ESHRE:

CRITÉRIOS ULTRASSONOGRÁFICOS DA SÍNDROME


DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
» 20 ou mais folículos com diâmetro médio de 2 a
9 mm (antes se considerava 12 ou mais folículos);
e/ou
» Volume ovariano total > 10 cm3.

Figura 9: Ovário policístico ao ultrassom.

6.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Aprendemos que na SOP ocorre hipersecreção do LH e diminuição da secreção do FSH e que esse desequilíbrio é uma das principais
características fisiopatológicas da síndrome. Sendo assim, podemos imaginar que basta solicitar esses exames para fazer o diagnóstico da
doença. Mas, não é bem assim... Em geral, não dosamos o LH e o FSH porque menos da metade das pacientes com SOP mostram elevação de
LH e o FSH se apresenta, em geral, no limite inferior da normalidade.

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MED

Exames a serem solicitados para as pacientes com suspeita de SOP

Beta-hCG, FSH, LH, TSH, testosterona total, SDHEA, prolactina, 17-hidroxi-progesterona

TTGO 75g 2 horas

Perfil lipídico

Medida da pressão arterial, IMC e circunferência abdominal


Tabela 5: Rotina de exames a serem solicitados para as pacientes com suspeita de SOP (Fonte: Ginecologia de Williams, 2014).

CAI NA PROVA
(SES DF 2020) Uma paciente de 23 anos de idade refere que vem manifestando ciclos menstruais muito irregulares
há três anos, com ausência total de menstruação nos últimos seis meses. Está bastante incomodada, pois vem
apresentando aumento de peso e muitas espinhas e notou, também, presença de pelos em áreas não usuais
para mulheres. Quanto a esse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos correlatos, julgue o item
a seguir. A paciente apresenta amenorreia secundária com quadro clínico sugestivo de síndrome dos ovários
policísticos. A investigação inicial da amenorreia deve ser feita com dosagem de beta-hCG, prolactina e TSH.

A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

A afirmativa está certa: a investigação inicial da amenorreia secundária deve ser feita com dosagem de beta-hCG, prolactina e TSH.
Sempre devemos pensar na possibilidade de uma gravidez nas pacientes com amenorreia secundária. O diagnóstico da síndrome dos
ovários policísticos é de exclusão.

Correta a alternativa A

Os exames laboratoriais têm o objetivo de confirmar o hiperandrogenismo e afastar diagnósticos diferenciais da SOP.
Como dissemos, a maioria das pacientes com SOP apresenta resistência aumentada à insulina e risco de desenvolver DM II. Além disso,
sabemos que a SOP também pode estar relacionada à obesidade. Portanto, precisamos solicitar exames de glicemia e colesterol para essas
pacientes. As mulheres com SOP têm um risco aumentado para o desenvolvimento da síndrome metabólica e doenças cardiovasculares e, por
isso, devem ser rastreadas para essas doenças.

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6.2.1 HIPERANDROGENISMO LABORATORIAL

Dosamos a testosterona total nas pacientes que apresentam sintomas hiperandrogênicos, porque ela fornece a melhor estimativa
geral da produção de androgênio nessas mulheres. Apesar da testosterona livre (que é a fração ativa do hormônio) ser o melhor exame para
a presença do hiperandrogenismo, sua dosagem não é muito precisa.
A androstenediona também pode estar elevada nas mulheres com SOP, porém seu papel na avaliação da SOP ou do hirsutismo ainda
não está muito bem definido.

PRODUÇÃO DOS ANDROGÊNIOS NA MULHER

A produção de androgênios nas mulheres acontece, principalmente, nos ovários e na suprarrenal. Os androgênios também
podem ser produzidos através da conversão periférica no tecido adiposo, pele e fígado.

Figura 10: Produção dos androgênios pelos ovários e pelas suprarrenais. Fonte: Ginecologia de Williams 2014.

Na síndrome dos ovários policísticos, temos o hiperandrogenismo devido à produção aumentada de androgênios pelos
ovários. Os principais andrógenos, nesses casos, são a testosterona e a androstenediona.
Devemos dosar a testosterona nas mulheres com hipótese de SOP. Lembre-se de que a SOP é um diagnóstico de exclusão e
um dos diagnósticos diferenciais da SOP são os tumores produtores de androgênios. Valores muito elevados de testosterona são
sugestivos desses tumores. A testosterona total pode apresentar-se em níveis normais ou pouco aumentados na SOP. O fígado
apresenta uma redução da produção de SHBG devido à hiperinsulinemia e, por isso, ocorre a elevação da testosterona livre, que
é a forma ativa do hormônio, causando os sintomas de hiperandrogenismo. Você deve estar pensando: “deveríamos dosar a
testosterona livre então!” O problema é que a dosagem de testosterona livre é difícil e pouco confiável, de modo que acabamos
utilizando apenas a dosagem de testosterona total.
A dosagem dos outros androgênios, tais como a DHEA e o SDHEA, tem o objetivo de fazer o diagnóstico diferencial com
tumores da suprarrenal, já que esses hormônios são produzidos, quase exclusivamente, por essa glândula.

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6 .3 FENÓTIPOS DA SOP

A Síndrome dos Ovários Policísticos pode ser classificada em fenótipos. Veja a tabela abaixo:

Fenótipos da Síndrome dos Ovários Policísticos

Fenótipos Critérios diagnósticos Distúrbios reprodutivos e metabólicos

Fenótipo A Hiperandrogenismo + anovulação + Ovários Policísticos +++

Fenótipo B Hiperandrogenismo + anovulação +++

Fenótipo C Hiperandrogenismo + Ovários Policísticos ++

Fenótipo D Anovulação + Ovários Policísticos +/-


Fonte: Protocolos FEBRASGO 2021.

CAI NA PROVA

(UNIFESP 2022) Mulher, 21 anos de idade, nuligesta, refere menstruações irregulares, sem cólica, com intervalos bimestrais e com duração
de 5 dias desde a menarca. Também refere acne e obesidade há 6 anos e não iniciou atividade sexual. Procurou a UBS e foi solicitada uma
ultrassonografia que mostrou útero sem alterações e ovários com cisto simples à direita medindo 18 mm e ovário esquerdo normal. Qual é
o diagnóstico mais provável?

A) Síndrome dos ovários policísticos fenótipo A.


B) Síndrome do folículo luteinizado não roto.
C) Síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hause.
D) Síndrome dos ovários policísticos fenótipo B.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a nossa paciente não apresenta ovários policísticos no ultrassom.
Incorreta a alternativa B, porque a nossa paciente preenche os critérios diagnósticos de SOP. O cisto apresentado pela paciente é um cisto
simples funcional, originado de um folículo.
Incorreta a alternativa C, porque a Sd. Mayer-Rokitansky-Kuster-Hause é uma causa de amenorreia primária, e não secundária, caracterizada
por ausência do útero devido a malformação dos ductos de Muller.

esta paciente apresenta hiperandrogenismo (acne) e anovulação crônica (irregularidade menstrual), de


Correta a alternativa D,
tal forma que apresenta o fenótipo B.

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CAPÍTULO

7.0 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


O diagnóstico diferencial da síndrome dos ovários policísticos deve ser feito com as outras causas de hiperandrogenismo e anovulação.
As doenças mais prevalentes, que precisam de investigação de rotina para o diagnóstico diferencial, são os distúrbios da tireoide, a
hiperprolactinemia, os tumores produtores de androgênios (ovariano e adrenal) e a hiperplasia adrenal congênita de início tardio.

Estrategista, lembre-se de que a SOP é um diagnóstico de exclusão. Mesmo havendo a presença de dois
dos três critérios, só podemos concluir que se trata de SOP após afastar outras patologias.
Não se esqueça do quarto critério de Rotterdam: exclusão de outras causas de hiperandrogenismo e
anovulação.
Questões sobre o diagnóstico diferencial da SOP são muito frequentes nos concursos para a Residência
Médica. A tabela abaixo irá ajudá-lo a acertar todas essas questões!

Diagnóstico diferencial de hiperandrogenismo e disfunção ovulatória


Causas de disfunção ovulatória Exames laboratoriais Resultados indicativos

SOP Proporção de LH/FSH Em geral > 2:1

Hipertireoidismo primário Nível de TSH Reduzido

Hipotireoidismo primário Nível de TSH Elevado

Hiperprolactinemia Nível de PRL Elevado

Hipogonadismo hipogonadotrófico Níveis de FSH, LH, E2 Todos reduzidos


Níveis de FSH, LH Elevados
Insuficiência ovariana prematura
Nível de E2 (estradiol) Reduzidos
Causas de hiperandrogenismo Exames laboratoriais Resultados indicativos
Geralmente elevado
Testosterona total
SOP Pode ser levemente
SDHEA
elevado
Hiperplasia suprarrenal congênita de início tardio Nível de 17-OH-P Elevado

Tumor ovariano secretor de androgênio Nível de testosterona total Elevado

Tumor suprarrenal secretor de androgênio Nível de SDHEA Elevado

Síndrome de Cushing Nível de cortisol Elevado

Uso de androgênios exógenos Rastreamento toxicológico Elevado


Tabela 6: Diagnóstico diferencial de disfunção ovulatória e hiperandrogenismo. Fonte: Ginecologia de Williams, 2014.

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Como eu disse, as questões sobre os diagnósticos diferenciais da SOP são muito frequentes nos concursos de Residência Médica. Por
isso, falaremos um pouco de cada uma delas. Primeiro, vamos abordar os diagnósticos diferenciais de disfunção ovulatória e, depois, os
diagnósticos diferenciais de hiperandrogenismo.

CAI NA PROVA
(SURCE 2019) Mulher de 24 anos procura consultório médico com história de ciclos menstruais longos desde
a menarca, chegando a passar até 6 meses sem sangrar. Ao exame físico, apresenta Índice de Massa Corpórea
(IMC) 28 kg/m², acne moderada e hirsutismo. Qual a conduta mais adequada?

A) Iniciar metformina 1g/dia para controle dos ciclos menstruais e hirsutismo.


B) Orientar teste de progesterona para descartar causas uterinas de amenorreia.
C) Dosar TSH, prolactina e 17hidroxiprogesterona para descartar patologias sistêmicas.
D) Iniciar anticoncepcional oral com ciproterona pelo diagnóstico de síndrome de ovários micropolicísticos.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: a primeira conduta terapêutica para a SOP é orientar a paciente a perder peso e praticar exercícios físicos. A
primeira linha do tratamento medicamentoso da SOP, com sintomas de hiperandrogenismo, é a prescrição de anticoncepcionais hormonais
orais combinados.
Incorreta a alternativa B: o diagnóstico da SOP é feito através dos critérios de Rotterdam, não estando indicado o teste da progesterona. O
teste da progesterona é feito com a administração de progesterona por 7 dias. Após esse período, a paciente para de tomar a medicação e
espera-se que a menstruação ocorra em até 7 dias. Se a paciente menstruar, considera-se o teste positivo e confirma-se o diagnóstico de
anovulação crônica. Se a paciente não menstruar, deve-se pensar em hipoestrogenismo ou obstrução anatômica. O teste da progesterona
verifica se o endométrio está proliferando ou não, ou seja, se está sendo exposto ao estrógeno. O teste da progesterona costuma ser
positivo na SOP, já que é uma doença relacionada à anovulação crônica.

o diagnóstico da SOP é, fundamentalmente, de exclusão! Essa é uma pegadinha comum das provas de
Correta a alternativa C
Residência. Preste atenção no quarto critério de Rotterdam! Deve-se afastar outras causas de irregularidade
menstrual, bem como de hiperandrogenismo. Devemos afastar o hipotiroidismo (TSH), a hiperprolactinemia (PRL) e a hiperplasia congênita
de adrenal através da dosagem de 17-hidroxiprogesterona, que se encontra aumentada devido ao defeito da 21-hidroxilase.

Incorreta a alternativa D: apesar do anticoncepcional com ciproterona ser uma das opções medicamentosas na SOP, devemos sempre
lembrar que a SOP é um diagnóstico de exclusão e que a primeira conduta terapêutica é a orientação quanto à perda de peso e à prática
de exercícios físicos. Atualmente, prefere-se a drospirenona à ciproterona.

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7.1 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE DISFUNÇÃO OVULATÓRIA (ANOVULAÇÃO CRÔNICA)

7.1.1 HIPERTIREOIDISMO E HIPOTIREOIDISMO

Os distúrbios da tireoide são muito prevalentes e são uma possível causa de irregularidade menstrual ou amenorreia, devido à
anovulação.
Devemos examinar as pacientes procurando sinais dessas doenças e solicitar exames de função da tireoide (TSH e T4 livre), para afastar
essas hipóteses nos casos de suspeita de SOP.
As doenças da tireoide são abordadas, de forma completa, em outro livro digital.

7.1.2 HIPERPROLACTINEMIA

Os sintomas da hiperprolactinemia são a irregularidade menstrual (ou amenorreia), a galactorreia (saída de leite pelas mamas) e a
infertilidade. A hiperprolactinemia é fisiológica na gravidez e, obviamente, durante a amamentação.
As principais causas de hiperprolactinemia são alguns medicamentos, como alguns tipos de antidepressivos, anti-hipertensivos e
neurolépticos e os adenomas de hipófise.
O tratamento de escolha para a hiperprolactinemia é feito com agonistas dopaminérgicos, como a cabergolina.
A hiperprolactinemia é abordada, de forma completa, em outro livro digital.

7.1.3 HIPOGONADISMO HIPOGONADOTRÓFICO

O hipogonadismo hipogonadotrófico é a diminuição do funcionamento dos ovários devido à falta de estímulo da hipófise e pode
ocorrer por uma disfunção no hipotálamo ou na própria hipófise.
O principal sintoma é a amenorreia (primária ou secundária). O hipogonadismo hipogonadotrófico pode ocorrer em várias patologias:
Patologias do hipotálamo: puberdade tardia constitucional ou fisiológica, deficiência de GnRH, incluindo a síndrome de Kallmann.
Patologias da hipófise: hiperprolactinemia, tumores hipofisários, doença de Cushing, meningioma, glioma e causas genéticas de
hipopituitarismo.
Patologias do SNC: craniofaringiomas, trauma do SNC, secundárias à radioterapia craniana.
O hipogonadismo hipogonadotrófico também pode ocorrer devido a doenças crônicas, distúrbios alimentares (anorexia ou bulimia),
perda de peso, desnutrição, estresse, exercício físico intenso (nas atletas, por exemplo) e na pseudociese (gravidez psicológica).
O diagnóstico do hipogonadismo-hipogonadotrófico é feito por meio da dosagem das gonadotrofinas (FSH e LH) e do estradiol (E2).
Esses hormônios apresentam-se diminuídos nesses casos.
O hipogonadismo hipogonadotrófico é abordado de forma completa em outro livro digital.

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7.1.4 INSUFICIÊNCIA OVARIANA PREMATURA

A insuficiência ovariana prematura é a perda da atividade ovariana antes dos 40 anos de idade. Ocorre devido ao esgotamento dos
folículos.
Os sintomas da falência ovariana prematura são os fogachos, a secura vaginal, a irregularidade menstrual ou a amenorreia secundária.
Podemos confirmar o diagnóstico da insuficiência ovarina prematura por meio da dosagem do FSH, LH e estradiol (E2). Os níveis de FSH
e LH apresentam-se elevados e o nível de estradiol apresenta-se baixo, mostrando que a hipófise está tentando estimular o funcionamento
dos ovários, mas sem sucesso. Ou seja, trata-se de um hipogonadismo hipergonadotrófico.
As possíveis causas de insuficiência ovariana prematura são: idiopáticas (50% dos casos); doenças autoimunes (30%); síndromes
genéticas (15%); doenças infecciosas; causas iatrogênicas ou medicamentosas.
A insuficiência ovariana prematura é abordada, de forma completa, em outro livro digital.

7.2 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE HIPERANDROGENISMO

Estrategista, para falarmos dos diagnósticos diferenciais de hiperandrogenismo precisamos


aprofundar um pouco o estudo sobre a esteroidogênese e a produção de androgênios.
Como tinha dito anteriormente, os androgênios são produzidos, principalmente, pelos ovários e
pelas suprarrenais no organismo feminino. Vamos analisar o esquema abaixo:

Figura 11: Esteroidogênese.

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Imagino que você esteja pensando na complexidade desse esquema. Você tem razão, ele é bastante complexo! Vou ajudá-lo
a concentrar-se nos pontos principais dele para que você saiba o que, realmente, é importante saber para acertar as questões sobre
esse assunto.
Lembra-se da teoria das duas células no ovário? A teoria das duas células é um resumo simplificado da parte à esquerda
desse esquema. O LH estimula a conversão de colesterol em androstenediona e testosterona nas células da teca e o FSH estimula a
conversão dessa androstenediona e testosterona em estradiol e estrona nas células da granulosa.
A parte à direita do esquema representa a adrenal, que converte colesterol em testosterona e androstenediona. Além disso,
a adrenal produz cortisol e aldosterona.
Repare nas enzimas “pré-hormônios” e no passo a passo para que essas conversões ocorram. Agora, imagine que a falta de
uma única enzima no “meio do caminho” faz com que todo o processo de conversão seja interrompido ou desviado, causando o
acúmulo do hormônio precursor e a parada da produção do hormônio final. Diversas doenças são caracterizadas pela falta de uma
dessas enzimas.

7.2.1 HIPERPLASIA SUPRARRENAL CONGÊNITA DE INÍCIO TARDIO

A hiperplasia suprarrenal congênita de início tardio é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, porque também se manifesta com
hiperandrogenismo.
Na hiperplasia adrenal congênita, geralmente, ocorre a deficiência de uma enzima chamada 21-hidroxilase e, com isso, ocorre a deficiência
da produção de cortisol. A 21- hidroxilase converte a 17-OH-progesterona em 11-desoxicortisol (precursor do cortisol) e a progesterona em
desoxicorticosterona (precursor da aldosterona). Sendo assim, na deficiência dessa enzima ocorre o acúmulo da 17-hidroxiprogesterona.

COLESTEROL

CCL *
17α*
PREGNENOLONA 17 - HIDROXIPREGNENOLONA DHEA DHEAS

3β-HSD 3β-HSD 3β-HSD


17α*
PROGESTERONA 17 - HIDROXIPREGESTERONA ANDROSTENEDIONA

21 * 21 *
17β-HSD

DESOXICORTICOSTERONA
11 - DESOXICORTISOL TESTOSTERONA
11β *
11β *
CORTICOSTERONA 21 *: 21 HIDROXILASE
3β: 3β HIDROXILASEHIDROXISTEROIDE
CORTISOL DESIDROGENASE
18
11β: 11β HIDROXILASE
ALDOSTERONA
17α: 17α HIDROXILASE

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Por isso, o diagnóstico da HSRC de início tardio é feito pela clássicas e são, normalmente, diagnosticadas mais tardiamente.
observação de valores elevados de 17-OH-Progesterona. Manifestam-se por sinais de hiperandrogenismo como a acne,
Repare que nos casos de hiperplasia suprarrenal congênita oligomenorreia e/ou amenorreia e hirsutismo. Como o quadro
de início tardio, a produção de androgênios em excesso ocorre na clínico é muito parecido com o da SOP, toda paciente na suspeita
suprarrenal, e na SOP, ocorre, principalmente, nos ovários. clínica de ovários policísticos deve ter dosagem de 17-OH-
Essa patologia tem a forma clássica e a não clássica. Como progesterona para exclusão da hiperplasia adrenal congênita. O
estamos falando da SOP, é mais importante considerarmos a forma tratamento é realizado através da reposição de corticoides.
não clássica (de início tardio), pois a forma clássica evolui com A hiperplasia suprarrenal congênita é abordada, de forma
genitália ambígua e tem diagnóstico ao nascimento. completa, em outro livro digital.
As formas não clássicas são mais comuns que as formas

Estrategista, as bancas adoram a síndrome dos ovários policísticos e gostam mais ainda das questões sobre
seus diagnósticos diferenciais, principalmente a hiperplasia suprarrenal congênita de início tardio. Lembre-se de
que essa é uma doença genética e que, na maioria dos casos, sua fisiopatologia é a deficiência da 21-hidroxilase.
Seu diagnóstico é feito pela observação de níveis elevados da 17-hidroxiprogesterona.

CAI NA PROVA
(SUS SP 2017) A dosagem elevada de 17-hidroxiprogesterona (acima de 1.000 ng/dl) revela a seguinte causa de
hirsutismo:

A) Hiperplasia adrenal congênita.


B) Hipertecose.
C) Síndrome dos ovários policísticos.
D) Tumor ovariano.
E) Doença de Cushing.

Comentários:

níveis de 17-hidroxiprogesterona acima de 1.000 ng/dL fecham o diagnóstico de hiperplasia suprarrenal


Correta a alternativa A
congênita de início tardio.

Incorreta a alternativa B: a hipertecose é um distúrbio ovariano caracterizado pelo aumento de produção de androgênios pelas células da
teca e que se manifesta com quadro clínico de hirsutismo severo ou virilização. Seu diagnóstico deve ser suspeitado quando os níveis de
testosterona se apresentam muito elevados (acima de 200 ng/dL).

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Incorreta a alternativa C: o enunciado da questão dirige-nos, diretamente, para o diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita devido
aos valores muito altos de 17-hidroxiprogesterona (acima de 1000 ng/dL). Para pensarmos em síndrome dos ovários policísticos, além de
valores normais de 17-hidroxiprogesterona, seria necessária a presença de irregularidade menstrual ou amenorreia secundária e valores
de testosterona < 200ng/dL.
Incorreta a alternativa D: para haver a suspeita de tumor ovariano deve existir, além do hirsutismo, a virilização ou níveis de testosterona
> 200 ng/dL.
Incorreta a alternativa E: na doença de Cushing, os níveis de 17-hidroxiprogesterona estão normais. Nesses casos, temos níveis aumentados
de cortisol, devido ao estímulo do ACTH elevado produzido por um adenoma de hipófise.

(SES GO 2017) A Síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio no eixo neuroendócrino reprodutor, associado à alteração morfológica
ovariana e à produção androgênica elevada. A característica mais marcante nesta afecção é o hiperandrogenismo associado ao estado de
anovulação crônica que, também, pode ser encontrado em outras doenças. Em relação ao diagnóstico diferencial de SOP e a deficiência de
21-hidroxilase de manifestação tardia, o exame auxiliar mais importante é a dosagem de:

A) 17-hidroxiprogesterona.
B) Testosterona.
C) Cortisol.
D) Deidroepiandrosterona.

Comentários:

no diagnóstico diferencial de SOP com a deficiência de 21-hidroxilase (hiperplasia adrenal congênita) de


Correta a alternativa A
manifestação tardia, o exame auxiliar mais importante é a dosagem de 17-hidroxiprogesterona.

Incorreta a alternativa B: a dosagem de testosterona deve ser realizada para fazer o diagnóstico diferencial entre a SOP e os tumores
ovarianos ou suprarrenais, produtores de androgênio.
Incorreta a alternativa C: o teste do cortisol somente deve ser feito para a confirmação do diagnóstico de hiperplasia adrenal congênita
após a dosagem de 17-hidroxiprogesterona.
Incorreta a alternativa D: a dosagem de dehidroepiandrosterona deve ser realizada para fazer o diagnóstico diferencial entre a SOP e o
tumor de adrenal. A dehidroepiandrosterona é um hormônio produzido, quase exclusivamente, pela suprarrenal.

(SES GO 2019) No diagnóstico diferencial do hirsutismo, se decorrente da síndrome dos ovários micropolicísticos ou das suprarrenais, é
fundamental a dosagem de:

A) pregnenolona.
B) ACTH.
C) testosterona.
D) 17-hidroxiprogesterona.

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Comentários:

Incorreta a alternativa A: a dosagem de pregnenolona não faz parte da investigação diagnóstica diferencial do hirsutismo.
Incorreta a alternativa B: a dosagem de ACTH não faz parte da investigação diagnóstica diferencial do hirsutismo. O teste do ACTH pode ser
realizado quando há dúvida quanto ao diagnóstico de hiperplasia suprarrenal congênita com valores limítrofes de 17-hidroxiprogesterona.
Incorreta a alternativa C: a dosagem de testosterona está indicada quando há suspeita de tumores ovarianos e suprarrenais.

a dosagem de 17-hidroxiprogesterona é o exame indicado para diferenciar a SOP da hiperplasia suprarrenal


Correta a alternativa D
congênita de início tardio.

(UFES 2017) Paciente de 22 anos atendida com amenorréia primária, hirsutismo e dosagens elevadas de testosterona total, sulfato de
dehidroepiandrosterona (SDHEA) e 17- hidroxiprogesterona. Qual a principal hipótese diagnóstica?

A) Tumor ovariano produtor de androgênios.


B) Tumor de supra-renal.
C) Macroadenoma hipofisário.
D) Hiperplasia congênita da supra-renal.
E) Síndrome dos ovários policísticos.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: o tumor ovariano produtor de androgênios também é um dos diagnósticos diferenciais no hirsutismo, mas não
cursa com aumento dos níveis de 17-hidroxiprogesterona, que é um precursor da produção de esteroides na suprarrenal. A investigação
diagnóstica desses tumores deve ser feita pela dosagem de testosterona total. Valores acima de 200ng/dL são indicativos de neoplasia.
Incorreta a alternativa B: nos casos de tumor de suprarrenal, a paciente geralmente manifesta sinais de virilização (hipertrofia do clitóris
e alopecia). Além disso, os níveis de 17-hidroxiprogesterona costumam estar inalterados nesses casos.
Incorreta a alternativa C: no macroadenoma hipofisário, em geral, ocorre aumento dos níveis de prolactina, causando descarga papilar
láctea na paciente.

Correta a alternativa D níveis elevados de 17-hidroxiprogesterona fecham o diagnóstico de hiperplasia congênita da suprarrenal.

Incorreta a alternativa E: a síndrome dos ovários policísticos não apresenta elevação dos níveis de 17-hidroxiprogesterona. Além disso,
a SOP pode cursar com aumento dos níveis de testosterona, porém em níveis menores do que 200 ng/dL. A SOP é uma das causas de
amenorreia secundária e não primária.

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7.2.2 TUMOR OVARIANO SECRETOR DE ANDROGÊNIO

Alguns tumores ovarianos são secretores de androgênio e causam o hiperandrogenismo e seus sintomas, sendo um possível diagnóstico
diferencial para a SOP. Esses tumores são raros, porém graves. Vários tipos de neoplasias ovarianas, benignas e malignas, podem produzir
testosterona e levar à virilização. Os tumores do cordão do estroma sexual, como o tumor das células de Leydig, são um exemplo desses
tumores de ovário produtores de androgênio.
Esses tumores costumam manifestar-se, clinicamente, com hiperandrogenismo severo e virilização. Os sintomas de virilização são o
engrossamento da voz, a calvície frontal, acne ou hirsutismo severos, aumento da massa muscular e clitoromegalia.

Características clínicas da virilização

Acne severa

Hirsutismo severo

Amenorreia

Clitoromegalia

Alopecia androgênica

Redução do tamanho das mamas

Engrossamento da voz

Aumento da massa muscular


Tabela 7: Características clínicas da virilização.

O diagnóstico diferencial entre a SOP e esses tumores pode ser feito com a dosagem da testosterona total. Em geral, encontramos
valores pouco elevados de testosterona na SOP. Valores de testosterona total > 200 ng/mL são suspeitos para esses tumores de ovário e
indicam a necessidade de prosseguir a investigação com a USG ou a tomografia ou a ressonância magnética.

7.2.3 TUMOR DA SUPRARRENAL SECRETOR DE ANDROGÊNIO

Da mesma forma que os tumores de ovário secretores de androgênio, os tumores da suprarrenal secretores de androgênio também
fazem parte dos diagnósticos diferenciais da SOP e manifestam-se, clinicamente, com sintomas de virilização.
Lembre-se de como os androgênios são produzidos na mulher. O sulfato de dehidroepiandrosterona é um androgênio produzido,
quase exclusivamente, pela suprarrenal. Sendo assim, a dosagem de SDHEA acima de 700 mg/dL sugere a presença de tumor da suprarrenal
e ajuda a fazer o diagnóstico diferencial com a SOP. Ao observarmos níveis elevados de SDHEA, devemos prosseguir com a investigação
diagnóstica e solicitar exames de imagem, como a tomografia computadorizada ou a ressonância magnética da suprarrenal.

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(EINSTEIN 2018) Uma mulher de 32 anos de idade queixa-se de acne e aumento de pelos. A avaliação clínica
mostra índice de Ferriman e Gallwey de 9. A dosagem de sulfato de dehidroepiandrosterona é elevada, o que
sugere que a causa do problema esteja:

A) na suprarrenal.
B) no ovário.
C) no hipotálamo.
D) na adenoipófise.
E) na neurohipófise.

Comentários:

quando o hirsutismo (índice de Ferriman e Gallwey > 8) está associado a sinais de virilização (hirsutismo
Correta a alternativa A
grave associado à calvície, engrossamento da voz e clitoromegalia), deve ser sempre investigada a hipótese
de um tumor secretor de androgênios. O sulfato de dehidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido, quase exclusivamente, pela suprarrenal.

Incorreta a alternativa B: a dehidroepiandrosterona (SDHEA) é produzida, quase exclusivamente, pela suprarrenal. Assim, valores
aumentados desse hormônio nos direcionam para alteração na suprarrenal.
Incorreta a alternativa C: o hipotálamo atua no eixo hipotálamo-adenohipófise-adrenal secretando CRH, que estimula a secreção de ACTH
pela hipófise Essa secreção, por sua vez, estimula a secreção de cortisol pela adrenal. No córtex adrenal, os androgênios são precursores
da síntese dos glicocorticoides (cortisol) e mineralocorticoides. O nível elevado de SDHEA sugere que o problema esteja na suprarrenal e
não no hipotálamo.
Incorreta a alternativa D: a adenohipófise é responsável pela secreção do ACTH, que estimula a produção de cortisol pela suprarrenal. Em
casos de tumores da suprarrenal secretores de androgênios, o ACTH estará suprimido.
Incorreta a alternativa E: a neuro-hipófise não está relacionada ao metabolismo da adrenal e à síntese de SDHEA.

7.2.4 SÍNDROME DE CUSHING

A síndrome de Cushing é o resultado de exposição prolongada a níveis elevados de corticoides endógenos ou exógenos. A síndrome é
causada, com maior frequência, pela administração de corticoides exógenos (medicamentos).
Os sintomas mais característicos da síndrome de Cushing são a face em “lua cheia” e a obesidade central com estrias, mas ela também
pode apresentar alguns sintomas semelhantes à SOP, que são a irregularidade menstrual, a acne e o hirsutismo.
Essa síndrome é abordada, de forma completa, em outro livro digital.

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7.2.5 USO DE ANDROGÊNIOS EXÓGENOS OU MEDICAÇÕES

O uso de androgênios exógenos, para práticas esportivas, ou de alguns medicamentos também pode causar sintomas hiperandrogênicos,
sendo um diagnóstico diferencial com a SOP.
São exemplos de medicamentos que podem causar hirsutismo: danazol, metoclopramida, metildopa, reserpina, ciclosporina, diazóxido,
hidrocortisona, minoxidil, penicilamina, fenitoína e estreptomicina.
A anamnese detalhada é fundamental nesses casos e a a interrupção do uso é indicada, para ocorrer a regressão do quadro.

Fluxograma: Diagnóstico diferencial da SOP (Fonte: Síndrome dos ovários policísticos. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(FEBRASGO); 2018. 103p. (Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, n.4, Comissão Nacional de Ginecologia Endócrina).

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(UFRGS 2022) Paciente de 22 anos consultou por piora importante da acne na face e no dorso nos últimos 6
meses e por amenorreia há 4 meses. Inicialmente, atribuiu o quadro à dieta inadequada. Submeteu-se a um
programa de educação alimentar e perdeu 6 kg, no entanto a acne não melhorou. Negou doenças crônicas ou
cirurgias prévias. O pai tem diabetes melito tipo 2, e a mãe, hipertensão e obesidade. Referiu não ser usuária
de drogas ilícitas, álcool ou tabaco. A pressão arterial era de 135/75 mmHg, e o IMC, de 42 kg/m². Vinha
apresentando pelos mais grossos no mento, lábio superior e queixo e acne nodular na face, nas costas e no
tórax. A inspeção pélvica mostrou clitóris hipertrófico; o restante do exame não revelou alterações. O toque
bimanual foi prejudicado devido à obesidade. Exames laboratoriais indicaram testosterona total de 7,13 ng/ml
(valor de referência: 0,14-0,76 ng/ml) e sulfato de DHEA de 127 µg/dl (valor de referência: 35 430 µg/dl). Que
diagnóstico, dentre os abaixo, é o mais provável?

A) Síndrome dos ovários policísticos.


B) Deficiência de 21-hidroxilase.
C) Carcinoma de adrenal.
D) Tumor de células de Leydig.

Comentários:

Estrategista, esta paciente apresenta um quadro de hiperandrogenismo (com hirsutismo, acne e hipertrofia do clitóris) e amenorréia.
Ou seja, esta paciente apresenta 2 critérios diagnósticos para a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP).
Mas cuidado! O diagnóstico da SOP é de exclusão! E só pode ser fechado após exclusão de outras causas de hiperandrogenismo ou
anovulação.
Agora preste atenção em um detalhe muito importante desta questão: esta paciente apresenta clitoromegalia. E isto é um sinal de
virilização (hiperandrogenismo acentuado), que foi confirmado com a dosagem de testosterona muito elevada. Por isto devemos pensar que
o diagnóstico desta paciente na verdade é de tumor ovariano produtor de androgênio. Em geral, na SOP, não ocorre virilização e os níveis de
testosterona são pouco elevados (ou no limite superior da normalidade). Vamos analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A, porque o diagnóstico da SOP é de exclusão e esta paciente apresenta virilização e níveis muito elevados de
testosterona, sugerindo o diagnóstico de tumor ovariano secretor de andrógeno.
Incorreta a alternativa B, porque a deficiência de 21 hidroxilase é a causa mais comum da hiperplasia suprarrenal congênita de início tardio,
que é investigada através da dosagem de 17 hidroxiprogesterona. O enunciado não nos informa sobre o nível de 17 OH progesterona e,
por isto, não podemos pensar nesta hipótese diagnóstica.
Incorreta a alternativa C, porque o nível de DHEA da paciente está normal. O DHEA é um andrógeno produzido quase exclusivamente pela
adrenal, de tal forma que quando encontramos níveis elevados deste hormônio precisamos investigar tumores da suprarrenal.

Correta a alternativa D: o diagnóstico mais provável para esta paciente é de tumor ovariano secretor de andrógeno.

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(UFS2015) A Síndrome de ovários policísticos apresenta alguns diagnósticos diferenciais, EXCETO:

A) Hipotireoidismo.
B) Falência ovariana precoce.
C) Hiperplasia adrenal congênita.
D) Hipoprolactinemia.

Comentários:
Correta a alternativa A: o hipotireoidismo é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, porque pode cursar com anovulação crônica e
irregularidade menstrual ou amenorreia.
Correta a alternativa B: a falência ovariana precoce é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, sendo uma das causas de amenorreia
secundária.
Correta a alternativa C: a hiperplasia adrenal congênita é um dos diagnósticos diferenciais clássicos da SOP. Diversas provas de Residência
Médica perguntam sobre o diagnóstico diferencial entre a SOP e a HAC.

Incorreta a alternativa D a hipoprolactinemia não é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, mas sim a hiperprolactinemia.

(Visão Laser 2018) Paciente com quadro clínico de Hirsutismo, Acne e Sobrepeso. A patologia mais provável é:

A) Acromegalia.
B) Síndrome de Cushing.
C) Insuficiência Supra-renal Congênita.
D) SOP.

Comentários:
Incorreta a alternativa A: a acromegalia não é um diagnóstico diferencial de SOP. A acromegalia apresenta manifestação clínica distinta.
O quadro clínico da acromegalia apresenta alargamento do rosto, das mãos e dos pés, artralgia, deformidade física, aumento dos órgãos,
língua anormalmente grande e maxilar saliente.
Incorreta a alternativa B: a síndrome de Cushing apresenta sinais de ação glicocorticoide como hipertensão, estrias violáceas e depósito
de gordura na "giba".
Incorreta a alternativa C: o enunciado não refere sinais de virilização ou alteração dos níveis de 17-hidroxiprogesterona. Ou seja, nada no
enunciado nos sugere o diagnóstico de HSRC de início tardio.

paciente com quadro clínico de hirsutismo, acne e sobrepeso (sugerindo síndrome metabólica e resistência
Correta a alternativa D
insulínica) sugere o diagnóstico de SOP, com critério de hiperandrogenismo clínico. Provavelmente,
apresenta irregularidade menstrual, com ciclos anovulatórios, sendo esse o segundo critério, de acordo com o Consenso de Rotterdam, e
“fechando” o diagnóstico. Lembre-se: a SOP é a endocrinopatia mais frequente do menacme!

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(SUS SP 2016) Mulher de 25 anos de idade refere ter menstruação irregular, com intervalos superiores a 6 meses desde a menarca. Refere
ter dificuldade para emagrecer e vem notando pele oleosa e manchas escuras na pele. Ao exame, observa-se índice de Ferriman de 14. Nas
regiões de dobras existe coloração marrom da pele. O IMC é de 30 kg/m². O diagnóstico é de:

A) Insuficiência ovariana de causa lúpica.


B) Disgenesia gonadal pura.
C) Síndrome de feminização testicular.
D) Síndrome dos ovários policísticos com resistência insulínica.
E) Síndrome da resistência androgênica periférica.

Comentários:

Essa paciente apresenta quadro clínico de irregularidade menstrual associada a manchas na pele (acantose nigricans - hiperinsulinemia)
e obesidade. O índice de Ferriman de 14 (normal < 8) denota hiperandrogenismo. Com essas informações, podemos concluir que se trata de
paciente com anovulação crônica e hiperandrogenismo, “fechando” os critérios para a síndrome do ovários policísticos e síndrome metabólica
associada.
Vamos analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A: o lúpus, por si só, não é uma causa direta de insuficiência ovariana. Em alguns casos, a insuficiência ovariana
pode ser causada pelo uso de ciclofosfamida para o tratamento do lúpus. Além disso, a paciente não apresenta nenhum sintoma ou sinal
que sugira o diagnóstico de lúpus, de acordo com os critérios diagnósticos do SLICC 2012.
Incorreta a alternativa B: a disgenesia gonadal pura é uma das causas de amenorreia primária. Essa paciente apresenta quadro de
irregularidade menstrual que se iniciou após a menarca.
Incorreta a alternativa C: a síndrome de feminização testicular ou insensibilidade androgênica é uma das causas de amenorreia primária,
não secundária, como na SOP. Ocorre em indivíduos 46 XY, com níveis normais de FSH, que apresentam fenótipo feminino e ausência do
útero.

a paciente apresenta dois dos três critérios de Rotterdam para o diagnóstico de síndrome dos ovários
Correta a alternativa D
policísticos (anovulação crônica e hiperandrogenismo). Além disso, trata-se de paciente obesa, que
refere dificuldade para emagrecer e apresenta manchas marrons (acantose nigricans) nas regiões das dobras, sugestivas de aumento da
resistência insulínica, que também é uma característica comum da SOP.

Incorreta a alternativa E: a síndrome da resistência androgênica periférica é um sinônimo da síndrome de feminização testicular.

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CAPÍTULO

8.0 DISTÚRBIOS METABÓLICOS

Estrategista, falamos da resistência insulínica na fisiopatologia da SOP. Essa resistência insulínica está
associada a uma série de distúrbios que levam à síndrome metabólica e ao aumento do risco de doenças
cardiovasculares.

8.1 RESISTÊNCIA INSULÍNICA

Cerca de 70% das pacientes com SOP apresentam resistência Existe uma relação entre os níveis de androgênios e a
à insulina. resistência insulínica. Quanto maior for a concentração androgênica,
Sabemos que os fetos PIG têm um risco maior de desenvolver maior a chance da mulher com SOP desenvolver resistência
a SOP, quando adultas. Entendemos que isso deve acontecer insulínica, intolerância à glicose e diabetes tipo 2. Da mesma forma,
porque o feto PIG precisa de mais glicose para se desenvolver, o o aumento dos níveis de insulina faz com que o fígado diminua
que leva a uma produção maior de insulina. Ou seja, o estresse do a produção de SHBG e carreadores de fatores de crescimento.
período intraútero faz com que o feto se “acostume” a precisar de Todos esses fatores aumentam a fração livre de androgênios e IGF-
mais insulina para permitir que os tecidos absorvam a glicose. 1 (insulin like growth factor 1), que, juntamente com o LH, pode
Hábitos de vida como o sedentarismo e a dieta desequilibrada estimular a produção de androgênios pelas células da teca interna
também levam à obesidade e, consequentemente, ao aumento da no ovário. Ou seja, o hiperandrogenismo e a hiperinsulinemia estão
resistência periférica à insulina. bastante interligados!

OBESIDADE E HIPERANDROGENISMO
Estrategista, vamos recordar. A produção de androgênios nas mulheres acontece, principalmente, nos
ovários e na suprarrenal. Os androgênios também podem ser produzidos por meio da conversão periférica no
tecido adiposo, pele e fígado.
A maior parte da testosterona circulante é produzida no tecido adiposo, a partir da DHEA e DHEAS que
vêm da adrenal. Por isso, as mulheres obesas têm maiores níveis de testosterona do que as não obesas.
Além disso, a paciente obesa apresenta uma maior resistência insulínica e hiperinsulinemia, que levam à
redução da produção de SHBG pelo fígado, aumentando a fração livre da testosterona, que é a fração ativa do
hormônio.
O hiperandrogenismo, assim como a hiperinsulinemia, estão relacionados às seguintes alterações lipídicas: elevação do colesterol
total e LDL, diminuição do HDL e elevação dos triglicérides. Os androgênios estão relacionados à obesidade androide (central) e ao
aumento do risco de doença cardiovascular.
Resumindo, a obesidade piora o hiperandrogenismo e, na síndrome dos ovários policísticos, tudo está interligado!

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É importante saber que, mesmo as mulheres não obesas com SOP, podem apresentar resistência periférica à insulina.
A glicemia e a insulinemia na mulher com SOP devem ser avaliadas desde o momento do seu diagnóstico, devido ao risco de ela
desenvolver diabetes. Existem diferentes técnicas para avaliar a resistência insulínica:
» Insulina de jejum, glicemia de jejum, relação G/I de jejum
» Índice HOMA (insulina x glicemia/22,5)
» Teste QUICKI (1/[log insulina de jejum + log glicemia de jejum)
» Teste de tolerância oral à glicose

CAI NA PROVA
(UFES 2020) Paciente de 22 anos, com ciclos oligomenorreicos desde a menarca, acne e hirsutismo, em que
a avaliação laboratorial mostra LH (Hormônio Luteinizante) duas vezes o valor do FSH (Hormônio Folículo
Estimulante) e índice de HOMA (Homeostatic Model Assessment) compatível com hiperinsulinemia. O provável
diagnóstico é:

A) Síndrome do ovário policísticos (anovulação crônica).


B) Hiperplasia adrenal congênita.
C) Tumor ovariano produtor de androgênios.
D) Tumor de células da granulosa.

Comentários:
As pacientes com SOP apresentam resistência à insulina e, consequentemente, hiperinsulinemia. Devido à hiperinsulinemia, a paciente
com SOP apresenta um risco aumentado para o diabetes e dislipidemia e, consequentemente, risco aumentado, também, para a síndrome
metabólica e doenças cardiovasculares.
O índice de HOMA é uma das técnicas para a investigação da hiperinsulinemia e resistência insulínica. É feito através da medida
da insulina em mUI/L x glicemia em mmol/dL / 22,5 (normal, se inferior a 3,0). Porém, a resistência insulínica pode ser mais facilmente
investigada através da observação da acantose nigricans (manchas escuras na pele).
Vamos analisar as alternativas:

trata-se de um caso de síndrome dos ovários policísticos, caracterizado pela anovulação crônica
Correta a alternativa A
(irregularidade menstrual), hiperandrogenismo e resistência insulínica aumentada. Lembre-se: a SOP é a
doença endócrina mais comum da mulher no período reprodutivo.

Incorreta a alternativa B: essa paciente apresenta resistência insulínica aumentada. A hiperplasia adrenal congênita é um dos
diagnósticos diferenciais da SOP, mas não costuma cursar com hiperinsulinemia. Além disso, a questão não cita valores aumentados de
17-hidroxiprogesterona, característicos da HSRC.
Incorreta a alternativa C: o tumor ovariano produtor de androgênios também é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, mas não cursa
com hiperinsulinemia. A investigação diagnóstica desses tumores deve ser feita pela dosagem de testosterona total. Valores acima de
200ng/dL são sugestivos de neoplasia.
Incorreta a alternativa D: o tumor de células da granulosa, em geral, não causa sintomas de hiperandrogenismo. Esse tumor causa
sintomas de hiperestrogenismo, com hiperplasia endometrial e hipermenorragia, e sua investigação deve ser feita pela ultrassonografia.

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Existem várias técnicas laboratoriais para a avaliação da


resistência insulínica e aumento dos níveis de insulina, mas a
acantose nigricans é o sinal clínico da hiperinsulinemia e pode,
inclusive, substituir os testes laboratoriais.
A acantose nigricans é uma alteração da pele, caracterizada
por manchas escuras e espessas, que costuma aparecer nas regiões
de “dobras”.

Foto: Acantose nigricans. Fonte: Shutterstock.

CAI NA PROVA
(UFMT 2016) A acanthosis nigricans observada em paciente portadoras de Síndrome de ovários policísticos é um
marcador confiável de:

A) Hiperprolactinemia.
B) Resistência periférica à insulina.
C) Hiperandrogenismo.
D) Hiperestrogenismo.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: a hiperprolactinemia não está associada à acantose nigricans.

a principal condição que está associada ao desenvolvimento da acantose nigricans é a resistência insulínica.
Correta a alternativa B
A acantose nigricans é uma alteração da pele, caracterizada por hiperpigmentação e espessamento com
um aspecto “aveludado”.

Incorreta a alternativa C: o hiperandrogenismo é um dos critérios para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos e é, assim como
a acantose nigricans, uma das manifestações clínicas dessa doença.
Incorreta a alternativa D: o hiperestrogenismo não está associado à síndrome dos ovários policísticos e sim o hiperandrogenismo.

(SES DF 2015) Com relação aos distúrbios endócrinos e metabólicos, julgue o item que se segue. Em pacientes com Síndrome dos Ovários
Policisticos (SOP), a presença de acantose nigricans nas regiões inguinais, axilares e no pescoço é um indicativo da resistência à insulina.

A) CERTO.
B) ERRADO.

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Comentários:

A afirmativa está certa. em pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP), a presença de acantose nigricans nas regiões inguinais,
axilares e no pescoço é um indicativo da resistência à insulina.

Correta a alternativa A

A síndrome HAIR-AN é um acrônimo e é caracterizada pelo hiperandrogenismo (HA), resistência insulínica (IR) e a acantose nigricans
(AN).

Síndrome HAIR-AN
» (HA) - Hiperandrogenismo
» (IR) – Resistência Insulínica
» (AN) – Acantose Nigricans

CAI NA PROVA
(HALVORADA 2018) Não faz parte da chamada Síndrome de HAIR-AN:

A) Hiperandrogenismo.
B) Hipertiroidismo.
C) Aumento da Resistência Insulínica.
D) Síndrome dos ovários policísticos.

Comentários:

Quadro de hiperandrogenismo (HA), resistência insulínica (IR) e acantose nigricans (AN), na síndrome dos ovários policísticos
(SOP), denomina-se síndrome de HAIR-AN. A síndrome de HAIR-AN está relacionada ao aumento do risco para diabetes mellitus e doença
cardiovascular.
Vamos analisar as alternativas:

Correta a alternativa A: o hiperandrogenismo (HA) é um dos critérios para a definição da síndrome de HAIR-AN.

Incorreta a alternativa B o hipertireoidismo não está relacionado com a síndrome de HAIR-AN.

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Correta a alternativa C: um dos critérios para o diagnóstico da síndrome de HAIR-AN é a acantose nigricans (AN), que é um sinal de
aumento da resistência insulínica.
Correta a alternativa D: a síndrome de HAIR-AN é definida como hiperandrogenismo (HA), resistência insulínica (IR) e acantose nigricans
(AN) na síndrome dos ovários policísticos (SOP).

8.2 DISLIPIDEMIA

O aumento da insulina contribui para a dislipidemia, assim como risco aumentado para síndrome metabólica. A dislipidemia na
síndrome dos ovários policísticos (SOP) ocorre por várias causas. A resistência à insulina e o excesso de androgênios estão relacionados com
a dislipidemia. A obesidade e a dieta desequilibrada são outros fatores importantes que podem piorar a situação.
O padrão lipídico da paciente com SOP é caracterizado pela diminuição do HDL (“colesterol bom”) e aumento do LDL (“colesterol ruim”)
e dos triglicerídeos.
A dislipidemia contribui para a síndrome metabólica, que é mais grave, além de ser um fator de risco importante para doença
cardiovascular.

8.3 SÍNDROME METABÓLICA

A síndrome metabólica é caracterizada por alterações clínicas e laboratoriais associadas ao aumento do risco de desenvolver doenças
cardiovasculares.
A síndrome metabólica tem muitas semelhanças com a SOP, incluindo a obesidade e a resistência à insulina.

CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DA SÍNDROME METABÓLICA


(são necessários três critérios para fechar o diagnóstico)
» Obesidade central – Cintura > 88 cm;
» Hipertensão arterial – PA > 130 x 85 mmHg;
» Triglicérides > 150 mg/dL;
» HDL < 50 mg/dL;
» Glicemia de jejum entre 110 e 126 mg/dL ou DM II;
» TTGO 2h 75g – 140 a 199 mg/dL.
Fonte: Bereck & Novak, 2020.

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CAI NA PROVA

(FAMERP 2022) Paciente com 20 anos de idade, referindo ciclos menstruais a cada 28 dias, fluxo normal,
menarca aos 11 anos, acne facial inflamatória, hirsutismo e índice de massa corpórea de 28 kg/m². Realizou
ultrassonografia pélvica transvaginal que revelou ovário esquerdo com 11 cm³ e presença de 24 folículos
antrais dispersos no tecido gonadal. Qual é o diagnóstico?
A) Síndrome metabólica.
B) Síndrome de Cushing.
C) Síndrome adrenal congênita.
D) Síndrome dos ovários policísticos.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a paciente não preenche os critérios diagnósticos para Síndrome metabólica, tais como: cintura > 88 cm,
hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, dislipidemia e alterações da glicemia ou da tolerância a glicose.
Incorreta a alternativa B, porque a Síndrome de Cushing é causada pelo excesso de corticóides endógenos ou exógeno e pode apresentar
alguns sintomas semelhantes com a SOP, tais como a irregularidade menstrual, a acne e o hirsutismo, mas os sintomas mais característicos
da Sd. de Cushing são a face em “lua cheia” e a obesidade central com estrias.
Incorreta a alternativa C, porque a Sd. adrenal congênita também é um dos diagnósticos diferenciais da SOP, mas é uma patologia rara e
é diagnosticada pelo encontro de níveis elevados de 17 hidroxi progesterona.

trata-se de uma paciente com hiperandrogenismo e ovários policísticos ao ultrassom, que preenche os
Correta a alternativa D:
critérios diagnósticos para SOP.

(USP RP 2008) Paciente com Síndrome de ovários policísticos apresenta os seguintes dados clínicos e laboratoriais: I -Índice de massa corpóreo
> 30 kg/m²; II - Medida de cintura = 91 cm; III- Pressão arterial = 120x85 mmHg; IV- Glicemia de jejum = 85 mg/dl; V- Colesterol = 204 mg/dl;
VI- HDL colesterol = 34 mg/dl; VII- LDL colesterol = 170 mg/dl; VIII Triglicerídeos = 200 mg/dl. Quais desses achados são necessários para o
diagnóstico de Síndrome Metabólica nessa paciente?

A) I, III e V.
B) II, VI e VIII.
C) II, IV e VII.
D) I, III e VII.

Comentários:

Nessa questão, considerando-se o quadro clínico e laboratorial da paciente, observamos que estão
Correta a alternativa B
alterados os seguintes critérios: medida da cintura (II), HDL (VI) e triglicerídeos (VIII). Portanto, está correta
a alternativa B.

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(SES DF 2018) Mulher de 36 anos de idade, G1P1, refere atraso menstrual de 5 meses sem outras queixas associadas. Faz uso de camisinha
como método contraceptivo. Nega doenças crônicas e uso de medicações. É tabagista há 10 anos e apresenta um índice de massa corporal
de 28,5 kg/m². Considerando essa situação e os conhecimentos médicos a ela relacionados, julgue o item a seguir. Se houver sinais de
hiperandrogenismo, devem-se dosar SDHEA, 17 (OH) progesterona e testosterona. Se for firmado o diagnóstico de síndrome dos ovários
policísticos, o rastreamento de síndrome metabólica é indispensável na paciente.

A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

A afirmativa está certa: deve-se dosar SDHEA, 17-OH-progesterona e testosterona para afastar outras causas de hiperandrogenismo. A
síndrome dos ovários policísticos é um diagnóstico de exclusão e está associada à síndrome metabólica e ao aumento do risco de doença
cardiovascular e diabetes. O rastreamento de síndrome metabólica é indispensável nessas pacientes.

Correta a alternativa A

(UNB 2019) Uma mulher com trinta e dois anos de idade, casada, obesa, hirsuta, sem filhos e portadora da síndrome de anovulação crônica,
buscou orientação médica contraceptiva. A paciente também apresentava ciclos oligomenorreicos, porém com fluxo intenso. Ela informou
que desejava muito ter um filho, mas que se sentia velha demais para a gestação. Nesse caso clínico, a estratégia terapêutica farmacológica
e não farmacológica deve considerar que a condição clínica da paciente é de risco para hiperplasia endometrial, doença cardiovascular e
diabetes melito do tipo II.
A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

Nas pacientes com SOP, os androgênios, principalmente a androstenediona e a testosterona, são a principal fonte de estrogênios.
A obesidade promove, ainda, um estímulo adicional sobre a conversão periférica de androgênios em estrogênios. A anovulação crônica,
associada ao hiperandrogenismo, leva a ciclos monofásicos, em que o endométrio é, constantemente, estimulado pelo estrógeno, sem
oposição da progesterona. Além disso, a insulina e o IGF-1 têm um efeito proliferativo sobre o endométrio. Tudo isso leva a um aumento do
risco de desenvolver hiperplasia e câncer de endométrio.

A afirmativa está certa: as mulheres com SOP têm um risco aumentado para hiperplasia endometrial, doença cardiovascular e diabetes
mellitus do tipo II.

Correta a alternativa A

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CAPÍTULO

9.0 TRATAMENTO
Os objetivos do tratamento da SOP são:
• reduzir os níveis de androgênios (melhora do hirsutismo e acne);
• tratar os distúrbios metabólicos, reduzir o risco de DM II e doenças cardiovasculares;
• prevenir a hiperplasia e o câncer do endométrio;
• oferecer opções de métodos contraceptivos para as mulheres que não desejam engravidar (já que as pacientes ovulam
esporadicamente e podem engravidar inesperadamente);
• induzir a ovulação nas mulheres que desejam engravidar.

Estrategista, a perda de peso através da prática de exercícios físicos e dieta, é a primeira orientação
de terapêutica para a síndrome dos ovários policísticos.
A perda de peso pode “equilibrar” a situação hormonal da paciente, restaurando os ciclos ovulatórios
e diminuindo o risco metabólico. É a primeira orientação terapêutica que deve ser dada às mulheres com
SOP.

Os contraceptivos orais combinados de estrogênio e progesterona são a primeira escolha no tratamento medicamentoso da SOP.
Servem para o tratamento do hiperandrogenismo e da disfunção menstrual e ainda são anticoncepcionais.
Outras opções terapêuticas são o tratamento cíclico ou contínuo com progestágeno exclusivo ou o DIU de levonorgestrel.

O tratamento das mulheres com SOP que não desejam engravidar é, basicamente:
» perda de peso (prática de atividades físicas e dieta);
» uso de anticoncepcionais.

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(SMS SP2019) Mulher, 27 anos, refere aumento de oleosidade e acne, além de ciclos menstruais alternando com
episódios de amenorréia. Apresenta dislipidemia, glicemia jejum normal e obesidade. Em uso de anticoncepcional
oral combinado há 3 meses. Qual a melhor conduta para essa paciente?

A) Parar o uso do anticoncepcional e indicar tratamento com azitromicina dose diária por 30 dias.
B) Solicitar FSH, LH e SHBG para avaliar se houve falha do tratamento clínico.
C) Orientar perda de peso e praticar exercícios físicos.
D) Trocar anticoncepcional por falha do tratamento e indicar DIU de levonogestrel.
E) Iniciar clonidina em associação

Comentários:

Incorreta a alternativa A: essa paciente apresenta anovulação crônica e hiperandrogenismo, caracterizando a síndrome dos ovários
policísticos. O tratamento medicamentoso indicado para esses casos são os anticoncepcionais hormonais combinados orais. Não existe
indicação de azitromicina para esse caso.
Incorreta a alternativa B: os exames de FSH, LH e SHBG estão indicados, somente, para fins de complementação diagnóstica. Na síndrome
dos ovários policísticos, os níveis de LH, em geral, estão duas a três vezes maiores que o de FSH, provocando o hiperandrogenismo
característico da doença. A SHBG está diminuída em resposta à hiperinsulinemia. A paciente apresenta, no momento, clínica característica
da SOP e síndrome metabólica associada e esses exames não estão indicados para avaliar falha no tratamento clínico. O objetivo central
dessa questão é avaliar a percepção do candidato em relação à síndrome metabólica desenvolvida por essa paciente. Não houve falha de
tratamento porque o tratamento da síndrome metabólica dessa paciente ainda não teve início. Estão indicadas a perda de peso e a prática
de atividades físicas.

as medidas fundamentais, que interferirão na fisiopatologia da SOP e na síndrome metabólica associada,


Correta a alternativa C
são a prática de exercícios físicos, a dieta e a perda de peso. Com isso, haverá diminuição da resistência
insulínica e melhora do quadro clínico dessa paciente.

Incorreta a alternativa D: não se deve trocar o anticoncepcional. Deve-se orientar a perda de peso e a prática de exercícios físicos. A
pílula anticoncepcional combinada é preferível ao DIU de levonorgestrel para esse caso, porque contém o estradiol, que apresenta maior
benefício para o tratamento do hiperandrogenismo.
Incorreta a alternativa E: a clonidina é um anti-hipertensivo, sendo um agonista adrenérgico de ação direta do receptor adrenérgico α2.
Estaria indicada somente se a paciente estivesse apresentando quadro de hipertensão associada à síndrome metabólica.

(SURCE 2018) Paciente feminina, 25 anos, com quadro clínico sugestivo de síndrome de ovários micropolicísticos. Usa anticoncepcional há 3
anos e vem para consulta de rotina. Qual a melhor conduta para essa paciente?
A) Solicitar FSH e LH para avaliar o eixo hipotálamo-hipófise-ovário.
B) Orientar sobre manutenção de peso adequado e praticar exercícios físicos rotineiramente.
C) Associar metformina para prevenção da anovulação crônica mesmo com taxas glicêmicas normais.
D) Parar o anticoncepcional devido ao uso prolongado, sem necessidade de outro contraceptivo devido a associação com infertilidade.

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Comentários:

Incorreta a alternativa A: não há indicação de solicitação de FSH e LH para essa paciente, porque ela está tomando anticoncepcional há
3 anos. Os níveis de FSH ou LH estarão normais ou suprimidos, devido ao uso do ACHO. Mesmo em pacientes que não estejam usando
anticoncepcional, sua solicitação não está indicada. Os valores de FSH nas pacientes com SOP estarão, provavelmente, próximos ao
limite inferior da normalidade, em resposta ao grande número de folículos recrutados, característico da doença. Apesar da característica
hormonal da SOP ser a hipersecreção do LH, não há indicação de dosar esse hormônio, uma vez que menos de metade das mulheres
portadoras de SOP apresenta níveis elevados em uma dosagem isolada.

as medidas terapêuticas de primeira linha para a síndrome dos ovários policísticos é a perda de peso e a
Correta a alternativa B
prática de exercícios físicos. Essas medidas contribuem para diminuição da resistência insulínica,
interferindo, diretamente, na fisiopatologia da doença.

Incorreta a alternativa C: não há indicação de associar metformina para prevenção da anovulação crônica com taxas glicêmicas normais.
Incorreta a alternativa D: não há indicação de interromper o uso de anticoncepcional se a paciente não deseja engravidar nesse momento.
Apesar da SOP cursar com anovulação crônica e infertilidade associada, ainda pode ocorrer a gestação porque pode haver uma ovulação
esporádica.

9.1 TRATAMENTO DAS MULHERES QUE NÃO DESEJAM ENGRAVIDAR

9.1.1 TRATAMENTO DA IRREGULARIDADE MENSTRUAL

As mulheres com SOP sofrem de anovulação crônica. O desequilíbrio hormonal característico da síndrome faz com que o eixo hipotálamo–
hipófise–ovários não “funcione”, levando a ciclos menstruais que chamamos de monofásicos. Ou seja, a ovulação não ocorre porque os
folículos não chegam a amadurecer completamente e, com isso, a fase lútea do ciclo menstrual não acontece. Nos ciclos anovulatórios ocorre
a exposição contínua do endométrio ao estímulo proliferativo do estrogênio e, assim, aumenta o risco de hiperplasia e câncer do endométrio.
Lembre-se de que a progesterona é produzida na segunda fase do ciclo menstrual, após a ovulação pelo corpo lúteo. Sendo assim,
podemos entender que “está faltando progesterona para as pacientes com SOP” e que o tratamento pode ser feito com os anticoncepcionais
combinados (estrógeno + progesterona) ou com os progestágenos isolados.

Os anticoncepcionais orais combinados (estrógeno + progestágeno) são o tratamento


medicamentoso de primeira escolha para a irregularidade menstrual e proteção do endométrio.

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CAI NA PROVA

(FMABC 2019) Segundo a teoria de duas células, proposta para explicar a produção de esteroides sexuais pelo folículo ovariano e sua relação
com os efeitos da pílula anticoncepcional combinada no tratamento da síndrome dos ovários policísticos, é correto dizer que:

A) O bloqueio da liberação hipofisária de FSH, promovida pela pílula, leva à maior produção da globulina transportadora de esteroides
sexuais (SHBG), levando à menor secreção de androgênios pelo ovário.
B) O bloqueio da liberação hipofisária de FSH, promovida pela pílula, leva à menor produção androgênica pelas células da granulosa no
ovário.
C) O bloqueio da liberação hipofisária de LH, promovida pela pílula, leva à menor produção androgênica pelas células da teca no ovário.
D) A ação direta da pílula no folículo ovariano promove menor atividade da enzima aromatase, com consequente redução da produção
androgênica ovariana.

Comentários:

Incorreta a alternativa A: o bloqueio da liberação hipofisária de FSH, promovido pela pílula, leva a menor produção de estrógenos pelo
ovário.
Incorreta a alternativa B: o bloqueio da liberação hipofisária de FSH, promovido pela pílula, leva a menor produção estrogênica pelas
células da granulosa no ovário.

o bloqueio da liberação hipofisária de LH, promovido pela pílula, leva a menor produção androgênica
Correta a alternativa C
pelas células da teca no ovário.

Incorreta a alternativa D: a enzima aromatase é a maior responsável pela conversão de androgênios em estrógenos no tecido periférico
(gordura).

(PSU AL 2018) Paciente com 25 anos de idade, com vida sexual ativa, não desejando engravidar no momento, procura o ginecologista com
quadro clínico e laboratorial de anovulação crônica. Assinalar o TRATAMENTO IDEAL para essa paciente:

A) Anticoncepcional oral combinado


B) Citrato de Clomifeno
C) DIU T de cobre
D) Progesterona cíclica

Comentários:

Nessa questão, não foram descritos sintomas de hiperandrogenismo na paciente ou alterações ultrassonográficas. Não podemos,
portanto, concluir o diagnóstico de SOP, de acordo com os critérios de Rotterdam. Entretanto, como dissemos, a síndrome dos ovários
policísticos é a causa mais frequente de anovulação crônica nas pacientes em idade reprodutiva; sendo assim, vamos tratar essa paciente
como se esse fosse seu diagnóstico.

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Vamos analisar as alternativas:

o anticoncepcional oral combinado (estrógeno + progesterona) é a primeira escolha de tratamento para a


Correta a alternativa A
reposição de estrógeno e progesterona dessas pacientes, que apresentam níveis diminuídos desses
hormônios devido à anovulação crônica. Damos preferência a pílulas que contenham progesterona antiandrogênica (drospirenona) para
mitigar os sintomas do hiperandrogenismo.

Incorreta a alternativa B: o citrato de clomifeno é um SERM (agonista parcial do estrogênio) e está indicado para a indução da ovulação
em pacientes com SOP.
Incorreta a alternativa C: o DIU T de cobre não está indicado para o tratamento da anovulação crônica.
Incorreta a alternativa D: embora seja possível pensar que a progesterona cíclica poderia ajudar nos casos de anovulação crônica, repondo
a progesterona que não está sendo produzida, devido à anovulação, devemos lembrar que o estrógeno contido nas pílulas combinadas
ajudará no tratamento dos sintomas de hiperandrogenismo.

Os anticoncepcionais orais combinados oferecem vários benefícios às mulheres com SOP:


• O estrógeno tem um efeito de supressão dos andrógenos ovarianos.
• O estrógeno estimula a produção de SHBG pelo fígado, diminuindo a testosterona livre.
• O estrógeno inibe a ação da 5-alfa-redutase, diminuindo a conversão de testosterona em di-hidrotestosterona na pele e tratando
o hirsutismo.
• O progestágeno inibe a secreção de LH, diminuindo a produção de andrógenos pelas células da teca.
• O progestágeno faz oposição ao efeito proliferativo do estrogênio no endométrio, prevenindo a hiperplasia e o câncer de
endométrio.
• Efeito contraceptivo.

Os anticoncepcionais combinados também afetam a Progestágenos Exclusivos


sensibilidade à insulina, o metabolismo dos carboidratos e o Uma outra opção é o tratamento com progestágeno
lipídico. Esses efeitos dependem da dose do estrogênio e do efeito exclusivo. Esse tratamento pode ser cíclico ou contínuo, porém é
androgênico do progestágeno. importante frisar que o tratamento com progestágeno exclusivo
Como estamos tratando da SOP, é obvio que queremos o não diminuirá os sintomas de acne ou hirsutismo.
progestágeno menos androgênico possível. Atualmente, a primeira Uma outra opção de progestágeno que fornece proteção
escolha é a drospirenona. endometrial e, também, contracepção é o DIU de levonorgestrel.
Os tipos de anticoncepcionais, seus mecanismos de ação, É uma alternativa para as mulheres sexualmente ativas que
suas indicações e contraindicações são abordados, de forma são hipertensas, diabéticas ou que têm risco aumentado de
completa, em outro livro digital. tromboembolismo e não podem tomar a pílula combinada.

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9.1.2 TRATAMENTO DO HIPERANDROGENISMO

Os anticoncepcionais orais combinados (estrógeno + progestágeno) também são o


tratamento medicamentoso de primeira escolha para o hirsutismo.

A primeira opção de tratamento para o hirsutismo também é o anticoncepcional oral combinado. O etinilestradiol (estrógeno) tem um
efeito de supressão dos andrógenos ovarianos e está presente em quase todas as pílulas. Se observarmos os anticoncepcionais combinados,
podemos perceber que o que varia entre as formulações é o progestágeno utilizado. Ou seja, a escolha do progestágeno é o principal fator a
ser observado para o tratamento da SOP.
Estamos querendo tratar o hiperandrogenismo, por isso a escolha do anticoncepcional envolve a escolha do progestágeno menos
androgênico (ou até mesmo antiandrogênico).

NÍVEL DE ATIVIDADE ANDROGÊNICA DOS PROGESTÁGENOS NOS ANTICONCEPCIONAIS

Nível de atividade androgênica Medicamento

Norgestrel
Alta
Levonorgestrel

Noretisterona / Noretisterona
Média
Acetato de Noretindrona

Etonogestrel

Norgestimato
Baixa
Desogestrel

Gestodeno

Dienogeste

Acetato de medroxiprogesterona

Antiandrogênico Clormadinona

Drospirenona

Ciproterona
Tabela 8: Nível de atividade androgênica dos progestágenos (Fonte: Tratado de Ginecologia FEBRASGO 2019).

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Os progestágenos menos androgênicos são o acetato de ciproterona e a drospirenona, mas todos foram associados a um possível
maior risco de tromboembolismo venoso.

A primeira escolha de anticoncepcional combinado para o tratamento da SOP é o etinilestradiol +


drospirenona. A ciproterona não é mais a primeira escolha por apresentar maior risco de hepatotoxicidade e
tromboembolismo.

Estrategista, aqui cabe uma regra prática: quanto mais androgênico, menor o risco de
tromboembolismo, e quanto menos androgênico, maior o risco de tromboembolismo.
Considerando os progestágenos isolados, o levonorgestrel é a progesterona menos
trombogênica e a ciproterona é a progesterona mais trombogênica.
Observação: todos os anticoncepcionais combinados têm um efeito antiandrogênico, porque
inibem a secreção das gonadotrofinas e elevam a globulina carreadora de hormônios sexuais
(SHBG), diminuindo os níveis dos androgênios circulantes e de testosterona livre.

Teoricamente, os contraceptivos transdérmicos ou os anéis vaginais também são opções de tratamento para o hirsutismo, mas ainda
não estão bem estabelecidos. Esses anticoncepcionais apresentam uma eficácia menor, porque exercem menor ação na função hepática e
na produção de globulinas (SHBG).

CAI NA PROVA
(USP RP 2016) Paciente de 24 anos, nuligesta, DUM = há 45 dias, procura atendimento ginecológico, pois está
muito incomodada com o aumento de pelos em face, abdome e pernas, que piorou há 2 anos. Além disso, refere
irregularidade menstrual desde a menarca. Também apresentou ganho de peso importante com aumento de 20
quilos nos últimos 3 anos. Nega outras queixas. Refere vida sexual ativa, em uso regular de preservativo como
método contraceptivo. Nega vícios ou outras doenças concomitantes. Ao exame físico: BEG; corada; peso = 81 kg;
altura = 1,65 m; IMC = 29,75 kg/m²; PA = 120 x 80 mmHg; FC = 88 bpm; CA = 98 cm. Índice de Ferriman-Gallwey = 13. Exame físico das mamas
e ginecológico: sem alterações. Foram solicitados exames hormonais para diagnóstico: TSH = 2,2 mlU/ml (VN = 0,5 a 4,0 mlU/ml); FSH = 3,1
mlU/ml (VN = 2,8 a 10, 5 mlU/ml); prolactina = 18,0 ng/ml (VN < 25,0 ng/ml); testosterona = 118 ng/dl (VN < 80 ng/dl); 17OH-progesterona =
78 ng/dl (VN < 150 ng/dl); DHEA-S = 101 g/dl (VN < 350 µg/dl). Lipidograma normal e TOTG em tempo 0 = 89 mg/dl e em tempo 120min = 130
mg/dl. US transvaginal = útero AVF com 98 cm³; eco endometrial = 7 mm de espessura; Ovário D = 11,2 cm³, com 14 folículos antrais iniciais
e Ovário E = 8,8 cm³, com 10 folículos antrais iniciais. A melhor conduta para o controle da doença, nesse caso, é prescrever:

A) Metformina, pois a melhora da intolerância à glicose reduzirá o distúrbio metabólico.


B) Contraceptivo combinado oral para melhora do hiperandrogenismo clínico.

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C) Progestógeno de segunda fase para controle do ciclo menstrual.


D) Espironolactona entre o 5° e o 14° dia do ciclo, associado à orientação de dieta e atividade física.

Comentários:

Trata-se de paciente com aumento de pelos (hirsutismo - índice de Ferriman = 13), caracterizando hiperandrogenismo clínico. Apresenta
testosterona elevada, confirmando hiperandrogenismo laboratorial. Além disso, a paciente refere ciclos menstruais irregulares, sugestivos de
anovulação crônica. Ou seja, essa paciente apresenta os critérios para o diagnóstico da síndrome dos ovários policísticos.
Vamos analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A: a paciente apresenta níveis glicêmicos normais. A indicação para o tratamento da resistência insulínica e da
síndrome metabólica dessa paciente é a mudança de hábitos de vida e perda de peso, por meio da reeducação alimentar e prática de
atividades físicas aeróbicas. A metformina está indicada para um segundo tempo, caso a paciente apresente alterações laboratoriais ou
não melhore com o tratamento não medicamentoso.

a primeira opção para o tratamento da paciente com síndrome dos ovários policísticos com hirsutismo
Correta a alternativa B
(hiperandrogenismo clínico) é o uso de anticoncepcional oral combinado, pela ação estrogênica, e, de
preferência, com progestágeno antiandrogênico (drospirenona).

Incorreta a alternativa C: nos casos de SOP com hirsutismo há benefício na administração de estrogênios contidos nos anticoncepcionais
combinados.
Incorreta a alternativa D: a espironolactona está indicada para o tratamento de hirsutismo em pacientes com SOP refratários ao tratamento
com anticoncepcional combinado.

(USP RP 2019) Menina de 16 anos queixa-se de pele oleosa e acne, principalmente em face, acompanhada de aumento de pilificação pelo
corpo desde o início dos ciclos menstruais. Teve telarca e pubarca aos 10 anos e menarca aos 13 anos. Apresenta ciclos menstruais com
intervalos entre 40 a 90 dias. Nega coitarca. Nega comorbidades e não há relato de doenças crônicas na família. Exame físico: IMC = 23 kg/
m², PA = 100 x 80 mmHg, mucosas coradas, acne em face e região do dorso, Índice de Ferriman = 9. Desenvolvimento dos caracteres sexuais:
mamas M5 e pelos P5. Genitália externa feminina, com hímen íntegro e sem anormalidades. Exames complementares colhidos no 3ª dia do
ciclo menstrual: FHS = 5,6 Ul/ml (VN: 2,8 a 14,4 mlU/mL); testosterona = 98 ng/dL (VN: 20 a 80 ng/dL); 17 OH Progesterona = 156 ng/dL (VN:
30 a 200 ng/dL); Prolactina = 10 ng/mL (VN: 5-25 ng/mL); TSH = 2,8 mU/L (VN: 0,3 a 4,0 mU/L) , Glicemia de 85 mg/dL. Qual a primeira opção
de tratamento?

A) Metformina.
B) Isotretinoina.
C) Anticoncepcional de progesterona.
D) Anticoncepcional hormonal combinado.

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Comentários:

Incorreta a alternativa A: apesar de a metformina ser uma das opções medicamentosas para o tratamento da SOP, não é a melhor opção
quando o objetivo é tratar o hiperandrogenismo com hirsutismo. A metformina é a melhor indicação para o reequilíbrio metabólico das
pacientes com SOP, principalmente aquelas que apresentam sinais de resistência insulínica (acantose) ou sinais de intolerância à glicose
ou diabetes.
Incorreta a alternativa B: a isotretinoína é um ótimo medicamento para o tratamento da acne, porém não está indicada para o tratamento
da SOP, pois não interfere na fisiopatologia da doença.
Incorreta a alternativa C: o anticoncepcional de progesterona é uma das opções de tratamento medicamentoso para a SOP, mas não é a
melhor opção para o tratamento do hiperandrogenismo (acne e hirsutismo).

a primeira opção de tratamento para casos de SOP com hirsutismo é a prescrição de método anticoncepcional
Correta a alternativa D
hormonal combinado, devido ao estrógeno. A escolha do anticoncepcional deve ser, preferencialmente,
por aqueles que contenham progesterona antiandrogênica (drospirenona).

(SURCE 2017) Paciente feminina, de 18 anos, menarca aos 10 anos, com vida sexual ativa e sobrepeso, vem à consulta médica com relato
de acne severa e hirsutismo, desejando uma melhora do quadro. Apresenta ciclos menstruais irregulares, variando entre 20-60 dias. Traz
ultrassonografia transvaginal com ovários aumentados de volume contendo mais de 12 folículos entre 5-10 mm. Qual a conduta mais
adequada, além de orientação para perda de peso?

A) Prescrever contraceptivo oral combinado.


B) Indicar inserção de Sistema Intrauterino (SIU) liberador de levonorgestrel.
C) Encaminhar ao dermatologista para tratamento cosmético, medida de primeira linha.
D) Orientar calendário menstrual durante 6 meses, imaturidade do eixo hipotálamo- hipófise-ovários.

Comentários:

trata-se de quadro de síndrome dos ovários policísticos, com a paciente preenchendo 3 critérios de
Correta a alternativa A
Rotterdam (anovulação crônica, hiperandrogenismo e ovários policísticos ao ultrassom). O tratamento
medicamentoso de primeira linha para esses casos é o anticoncepcional hormonal combinado oral. É necessário frisar que a principal
medida a ser tomada para essas pacientes é orientar a perda de peso, através da prática de atividades físicas e dieta.

Incorreta a alternativa B: o SIU de levonorgestrel não é a melhor opção para esse caso porque não contém estrógeno. O estrógeno é uma
das formas de tratamento para o hirsutismo.
Incorreta a alternativa C: o dermatologista pode auxiliar no tratamento cosmético da paciente como medida complementar, mas não é a
medida de primeira linha. O principal é tratar a causa do hiperandrogenismo, que é a síndrome dos ovários policísticos, recomendando-se,
principalmente, a perda de peso e a prática de atividades físicas, interferindo dessa maneira na fisiopatologia da doença.
Incorreta a alternativa D:trata-se de paciente de 18 anos com quadro típico de SOP. Não se trata de caso de imaturidade do eixo hipotálamo-
hipófise-ovários.

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(UNB 2019) Uma mulher com trinta e dois anos de idade, casada, obesa, hirsuta, sem filhos e portadora da síndrome de anovulação crônica,
buscou orientação médica contraceptiva. A paciente também apresentava ciclos oligomenorreicos, porém com fluxo intenso. Ela informou
que desejava muito ter um filho, mas que se sentia velha demais para a gestação. Nesse caso clínico, o DIU liberador de levonorgestrel deve
ser indicado, por ter elevada eficácia e diminuir o fluxo menstrual, podendo, até, conduzir a amenorreia.

A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

A afirmativa está errada: o DIU de levonorgestrel não é a melhor indicação terapêutica para essa paciente. A paciente com síndrome dos
ovários policísticos, em geral, apresenta um quadro de hiperandrogenismo e esse é, inclusive, um dos critérios diagnósticos para a doença
(Consenso de Rotterdam). Nesses casos, a melhor progestina a ser indicada seria uma progestina antiandrogênica, como a drospirenona.
O levonorgestrel não apresenta essa ação antiandrogênica, por isso não é a melhor opção de tratamento para esse caso. Além disso, as
pacientes com SOP beneficiam-se do tratamento com estrógeno, devido à deficiência de produção pelos baixos níveis de FSH. Ou seja, a
indicação terapêutica para esse caso é a pílula anticoncepcional combinada.

Correta a alternativa B

9.1.2.1 ANTIANDROGÊNIOS

Se, após seis meses de tratamento, não houver uma melhora satisfatória do hirsutismo com o uso de anticoncepcionais combinados,
adicionamos um medicamento antiandrogênico. Os antiandrogênios agem bloqueando a ação dos androgênios nos tecidos alvo.
São opções de antiandrogênios:
Espironolactona: a primeira opção de antiandrogênio é a espironolactona. Ela age inibindo a produção de testosterona no ovário e na
suprarrenal e também ocupa os receptores de androgênios, impedindo que esses hormônios se liguem aos seus receptores.
Acetato de ciproterona: possui ação central e periférica. Bloqueia a liberação de gonadotrofinas hipofisárias, reduzindo a produção
androgênica pelo ovário e atua no folículo piloso, impedindo a ligação da di-hidrotestosterona com os seus receptores. Além disso, inibe a
atividade da enzima 5-alfarredutase, reduzindo a produção local de di-hidrotestosterona, que é o hormônio que estimula o crescimento dos
pelos.
Finasterida: é um inibidor da 5-alfa-redutase tipo 2, que é a enzima que converte testosterona em di-hidrotestosterona. Causa poucos
efeitos colaterais e é bem tolerada pelas pacientes.
Flutamida: não é empregada frequentemente em pacientes com SOP porque pode ser hepatotóxica. Mas, pode ser usada em doses
mais baixas para o hirsutismo mais acentuado, associada ao contraceptivo oral combinado. Age inibindo a interação da testosterona com seus
receptores.
Tratamento local – medidas cosméticas e remoção dos pelos: o hirsutismo também pode ser tratado removendo-se os pelos por
meios mecânicos, como barbear, depilação, eletrólise ou laser. Uma opção eficiente é o uso do creme de eflornitina tópico, que age inibindo
o crescimento dos pelos.

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Os antiandrogênios são medicamentos que podem apresentar efeitos colaterais importantes, tais
como a trombose e a redução da libido. Por isso, devem ser indicados com bom senso.
Além disso, nunca nos devemos esquecer de indicar o uso de um método anticoncepcional juntamente
com os antiandrogênios, devido ao risco de malformação fetal, com distúrbio no desenvolvimento dos
genitais externos masculinos.

9.1.3 TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS METABÓLICOS

9.1.3.1 TRATAMENTO DA RESISTÊNCIA INSULÍNICA

A perda de peso por meio da prática de exercícios físicos e dieta pode restaurar os ciclos ovulatórios e reduzir o risco metabólico,
diminuindo a resistência insulínica característica da SOP. Como dito anteriormente, é o primeiro tratamento que deve ser indicado para as
mulheres com SOP.

A perda de peso é a principal medida terapêutica a ser tomada na SOP.

A perda de peso, além de melhorar o perfil metabólico da paciente, resulta em uma diminuição nas concentrações séricas de androgênio
graças à diminuição da produção desses hormônios através da conversão periférica na gordura, com possível melhora do hirsutismo.

Tratamento medicamentoso
Nem todas as pacientes com SOP têm indicação de tratamento medicamentoso para a resistência insulínica:

Indicações para o tratamento medicamentoso da resistência insulínica:


» Dificuldade para a perda de peso
» Piora da resistência insulínica
» Piora da intolerância à glicose
» Diabetes tipo 2
» Acantose nigricans
» Pacientes obesas com antecedentes familiares de diabetes tipo II

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Metformina: é a primeira opção terapêutica indicada para esses casos.


A metformina é um sensibilizador da insulina. Age facilitando a absorção de glicose e reduzindo os níveis de insulina. Além disso, mais
da metade do seu efeito deve-se à perda de peso devido ao seu efeito anorexígeno.
A metformina pode restabelecer a ciclicidade menstrual, porque restaura a ovulação em, aproximadamente, 40% das mulheres com
SOP e pode ajudar no tratamento da infertilidade.
O mioinositol age da mesma forma que a metformina, sensibilizando a ação da insulina, e pode ser uma opção para o tratamento da
resistência insulínica.

CAI NA PROVA
(SURCE 2015) Mulher de 25 anos de idade, virgem, vem ao ambulatório com queixa de períodos de sangramento
irregulares com intervalos que chegam até 60 dias. Exame físico: IMC – 29 kg/m2, PA – 140 x 100 mmHg, cintura –
100 cm, acne na face e no dorso. Exames complementares: Glicemia – 120 mg/dL, HDL – 40 mg/dL, TGL – 200 mg/
dL e Ultrassonografia pélvica – aumento bilateral dos volumes ovarianos e endométrio espessado. Considerando
a prevenção de agravos e o quadro clínico acima descrito, qual a melhor conduta para essa paciente?

A) Prescrever indutor da ovulação associado a cloridrato de metformina.


B) Prescrever espironolactona e em seguida ressecção ovariana em cunha.
C) Prescrever análogo de GnRH e em seguida ressecção ovariana em cunha
D) Prescrever contraceptivo oral combinado associado a cloridrato de metformina.

Comentários:
Essa paciente apresenta espessamento endometrial, devido à hiperinsulinemia. O endométrio possui receptores sensíveis à insulina
e níveis aumentados desse hormônio promovem sua proliferação. Por isso, a SOP é um fator de risco para o desenvolvimento de hiperplasia
endometrial e, consequentemente, câncer de endométrio.
Vamos analisar as alternativas:

Incorreta a alternativa A: trata-se de paciente virgem, sem desejo de engravidar no momento. Sendo assim, não está indicado indutor da
ovulação nesse caso.
Incorreta a alternativa B: a espironolactona, através do seu mecanismo de ação de antagonismo competitivo com o receptor de androgênio,
é uma opção terapêutica para o tratamento do hirsutismo em pacientes com hiperandrogenismo, que não melhoraram com o tratamento
com os anticoncepcionais combinados. Essa paciente não refere hirsutismo, por isso a medicação não está indicada. A ressecção ovariana
em cunha é um procedimento cirúrgico diagnóstico e terapêutico para a SOP que foi abandonado.
Incorreta a alternativa C: os análogos agonistas do GnRH podem ser indicados para casos muito específicos de SOP em que a paciente não
pode usar os anticoncepcionais combinados.
essa paciente apresenta quadro clínico de síndrome dos ovários policísticos (irregularidade menstrual e
Correta a alternativa D
hiperandrogenismo) associada à síndrome metabólica (sobrepeso, hipertensão, hiperglicemia e
hipertrigliceridemia).

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O tratamento indicado para esse caso são os anticoncepcionais orais combinados associados com a metformina. O anticoncepcional
tratará a irregularidade menstrual, além de tratar também o espessamento endometrial, por meio do seu progestágeno. A metformina
diminuirá a resistência insulínica dessa paciente interferindo na fisiopatologia da síndrome metabólica.
Obs.: Está indicada a investigação e biópsia do endométrio dessa paciente através da histeroscopia diagnóstica, para afastar a possibilidade
de câncer de endométrio.

(SES DF 2020) Uma paciente de 23 anos de idade refere que vem manifestando ciclos menstruais muito irregulares há três anos, com ausência
total de menstruação nos últimos seis meses. Está bastante incomodada, pois vem apresentando aumento de peso e muitas espinhas e
notou, também, presença de pelos em áreas não usuais para mulheres. Quanto a esse caso clínico e com base nos conhecimentos médicos
correlatos, julgue o item a seguir. Entre as medicações usadas no tratamento da anovulação crônica hiperandrogênica, é correto citar os
contraceptivos orais combinados, o citrato de clomifeno para indução da ovulação e a metformina, que deve ser usada em todas as pacientes
pelo alto risco de evolução para diabetes mellitus.

A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:

A afirmativa está errada: o primeiro passo no tratamento da SOP é a prática de exercícios físicos associada à dieta e, consequentemente,
perda de peso. A prática de atividade física moderada juntamente com dieta nutricional adequada tem efeito similar à metformina,
diminuindo a resistência à insulina característica da síndrome dos ovários policísticos. A metformina não está indicada para todas as
pacientes com SOP. Está indicada para os casos de pacientes com intolerância à glicose, níveis glicêmicos alterados ou diabetes diagnosticada.

Correta a alternativa B

Tiazolidinedionas: A pioglitazona é um modulador do receptor de insulina que melhora a sensibilidade à insulina e reduz a
hiperandrogenemia.
Liraglutida: age estimulando as células beta do pâncreas a liberar insulina. Com isso, ocorre um melhor controle dos níveis glicêmicos
da paciente. A liraglutida ajuda tanto na perda de peso quanto na melhora da resistência insulínica. É indicada para pacientes obesas.

9.1.3.2 TRATAMENTO DA DISLIPIDEMIA

O tratamento da dislipidemia em mulheres com SOP é a mesmo que para outras pacientes com dislipidemia. Novamente, a prática de
exercícios físicos e a perda de peso compõem a abordagem de primeira linha, seguida de tratamento medicamentoso, quando necessário.
Quando necessário, esse tratamento pode ser feito com as estatinas, cujo inconveniente é que elas podem piorar a resistência insulínica. Por
isso, as pacientes em uso desses medicamentos precisam ter seus níveis glicêmicos monitorizados com maior atenção.

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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

Tipo Droga Mecanismo Indicações Advertências

Etinilestradiol 30 mcg+ Irregularidade Verificar


Anticoncepcional
drospirenona Supressão ovariana menstrual e contraindicações dos
oral
(1a escolha) hirsutismo ACO

Acetato de Irregularidade Menos eficaz que o


Progestágeno Provera
medroxiprogesterona menstrual ACO

Hirsutismo não controlado após 6 meses de tratamento com ACO

Sempre usar junto


Espironolactona Inibidor competidor
Antiandrogênio Hirsutismo severo com um método
(1a escolha) do androgênio
anticoncepcional

Sempre usar junto


Inibidor competidor
Antiandrogênio Acetato de Ciproterona Hirsutismo severo com um método
do androgênio
anticoncepcional

Sempre usar junto


Inibidor competidor com um método
Antiandrogênio Flutamida do androgênio não Hirsutismo severo anticoncepcional;
esteroidal Monitorizar função
hepática

Sempre usar junto


Inibidor competitivo
Antiandrogênio Finasterida Hirsutismo severo com um método
da 5α redutase
anticoncepcional

Obesidade e resistência insulínica

Obesidade
Pouca eficácia se
Reduz produção e resistência
Biguanida Metformina (1ª escolha) não houver perda de
hepática de glicose insulínica, diabetes
peso
tipo 2

Melhora a ação da Contraindicada para


Tiazolidinediona Pioglitazona insulina no músculo Diabetes tipo 2 hepatopatas ou
e na gordura cardiopatas
Tabela 9: Tratamento da SOP para as pacientes que não desejam engravidar (Fonte: UpToDate).

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9.2 TRATAMENTO DAS MULHERES QUE DESEJAM ENGRAVIDAR

A SOP pode cursar com infertilidade devido à anovulação crônica. Vamos falar do tratamento dessas mulheres:

9.2.1 PERDA DE PESO

Estrategista, imagino que você deva estar pensando: “de novo a perda de peso?!” Eu sei que eu já
mencionei isso algumas vezes. Desculpe-me! Mas, vou continuar repetindo....
Essa repetição tem um ótimo motivo! A perda de peso é a primeira medida para o tratamento da
SOP em todos os seus aspectos, sejam eles o controle da menstruação, a diminuição do risco do câncer
de endométrio, melhora do hiperandrogenismo, controle dos distúrbios metabólicos ou, até mesmo, o
tratamento da infertilidade com retorno da ovulação. Uma modesta perda de peso de 5 a 10% já é suficiente
para observarmos melhora do quadro clínico das pacientes com SOP.
Ou seja, a perda de peso é “tudo de bom para a SOP!!!”.
Em geral, no primeiro momento, orientamos a paciente a perder peso e tentar engravidar. Se a
gravidez não ocorrer em 3 a 6 meses, adicionamos a terapia medicamentosa.

9.2.2 MEDICAMENTOS PARA INDUÇÃO DA OVULAÇÃO

O princípio básico da indução da ovulação é elevar os níveis de FSH. Lembre-se de que o FSH é
o hormônio folículo estimulante, ou seja, ele estimula o crescimento e amadurecimento dos folículos.
Lembre-se também de que o FSH está baixo na SOP.
Temos duas maneiras de elevar os níveis de FSH: podemos usar medicamentos que estimulam a
produção de FSH pela hipófise ou podemos injetar o próprio FSH.

Letrozol: atualmente o letrozol é a primeira escolha de tratamento medicamentoso para a indução da ovulação nas pacientes com SOP.
O letrozol é um inibidor da aromatase, ou seja, ele inibe a conversão de testosterona e androstenediona (androgênios) em estradiol e estrona
(estrógenos). Com isso, não ocorre o feedback negativo de estrogênio na hipófise, levando ao aumento da produção de FSH.

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Você deve estar se perguntando: “a diminuição da produção de estrógenos não vai ser pior para a mulher
com SOP? A produção de estrógenos já não estava diminuída antes, devido à secreção aumentada de LH e
diminuída de FSH?”.
Exato! A resposta está exatamente aí! Vamos voltar para o início, ou seja, na SOP temos aumento do
LH e diminuição do FSH. Com isso, não ocorre o amadurecimento dos folículos e eles ficam “estacionados”,
formando o ovário de aspecto policístico.
O letrozol leva ao aumento da produção do FSH, regulando e equilibrando, novamente, todo o “sistema”.
No primeiro momento ele diminui a produção de estrógeno mais ainda. O mecanismo de feedback mantém-se
funcionando e a hipófise aumenta os níveis de FSH. Com isso, o folículo dominante (que estava “estacionado”) finalmente amadurece
e cresce e os níveis de estrogênio aumentam.
Em um segundo momento (após o uso do letrozol), vai ocorrer a supressão do FSH pelo estrogênio produzido pelo folículo
dominante, com a atresia dos outros pequenos folículos em crescimento, ocorrendo a ovulação apenas desse folículo (um único óvulo).
Isso é ótimo, porque diminui o risco de uma gestação múltipla.
Em resumo, o letrozol “dá um choque no sistema” e faz com que o mecanismo de feedback que estava “parado” volte a funcionar,
adequadamente. Dessa forma, ocorre o reequilíbrio hormonal e a ovulação.

Clomifeno: o citrato de clomifeno era o medicamento de primeira linha para as pacientes com SOP, há muitos anos, com a metformina
sendo usada, apenas, como uma alternativa. No entanto, o clomifeno e a metformina são menos eficazes para o tratamento da infertilidade
do que o letrozol.
O clomifeno é um agonista parcial do estrogênio (SERM) e também age induzindo a hipófise a produzir mais FSH. Seu uso pode resultar
no desenvolvimento de muitos folículos e um risco de gestação múltipla.

Figura 12: Mecanismo de ação do clomifeno para a indução da ovulação.

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Metformina e mioinositol: A metformina age reduzindo a insulina e pode ser usada para promover a ovulação sozinha ou em
combinação com o clomifeno. Mas, como dissemos antes, a metformina tem uma eficácia limitada para o tratamento da infertilidade. O
mioinositol age de maneira semelhante, sensibilizando a ação da insulina.
Gonadotrofinas (FSH e LH): se os outros medicamentos falharem, podemos optar pela indução da ovulação através da injeção das
gonadotrofinas exógenas.
Drilling: a realização de furos no ovário, através da videolaparoscopia, pode ser a segunda opção de tratamento para as pacientes que
não responderam à indução da ovulação com o letrozol ou o clomifeno. Esse procedimento reduz a secreção ovariana de andrógenos e leva
ao aumento da secreção de FSH. Os ovários tornam-se mais sensíveis à estimulação pelo FSH, possibilitando o amadurecimento dos folículos
e a ovulação. A gravidez ocorre em cerca de 80% das pacientes que foram submetidas a esse tratamento. O interessante é que a ovulação
normal continua por muitos anos na maioria das pacientes que foram submetidas a esse procedimento.
Fertilização in vitro (FIV): a fertilização in vitro (FIV) pode ser utilizada nos casos em que a estimulação ovariana não deu certo.
Abordamos o tema da reprodução humana e infertilidade, com descrição detalhada da indução da ovulação e suas possíveis
complicações, em outro livro digital.

Tratamento da infertilidade na SOP

Opção Tratamento

1a opção Perda de peso

Letrozol (mais eficaz)


1a opção (medicamentosa)
Clomifeno

2a opção Gonadotrofinas (FSH)

2a opção Perfuração ovariana (drilling)

3a opção Fertilização in vitro (FIV)


Tabela 10: Tratamento da infertilidade nas pacientes com SOP (Fonte: UpToDate).

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CAI NA PROVA

(USP RP 2022) Nuligesta, 28 anos, deseja engravidar. Refere relações sexuais 3 vezes por semana, sem uso de métodos contraceptivos, há
2 anos. Ciclos menstruais com intervalos variados, geralmente superiores a 45 dias, 6 a 10 dias de duração e fluxo normal. Refere acne e
aumento de pilificação após suspender o uso de anticoncepcional combinado oral. Esposo de 30 anos, saudável.
Ao exame físico: acne em face, abdome e região dorsal.
Peso = 68 Kg; altura = 1,66 m; IMC = 24,7 Kg/m²; cintura = 83 cm; Ferriman = 6.
Exame ginecológico sem alterações. Exames laboratoriais do casal: normais
Qual a melhor conduta?

A) Indução da ovulação com clomifeno para inseminação intrauterina.


B) Estimulação ovariana com gonadotrofinas para fertilização in vitro.
C) Cirurgia laparoscópica ovariana para coito natural.
D) Indução da ovulação com letrozol para coito programado.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a primeira opção medicamentosa é o letrozol que é um pouco mais eficaz que o clomifeno.
Incorreta a alternativa B, porque a estimulação ovariana com gonadotrofinas não é a primeira opção para indução da ovulação nas
mulheres com SOP, devido ao risco de gravidez múltipla e hiperestimulação ovariana. Além disso, a ideia é somente induzir a ovulação,
sem a necessidade de fertilização in vitro em um primeiro momento.
Incorreta a alternativa C, porque o drilling de ovário (perfuração ovariana) não é a primeira opção para indução da ovulação na paciente
com SOP. A realização de furos no ovário, através da videolaparoscopia, pode ser a segunda opção de tratamento para as pacientes que
não responderam à indução da ovulação com o letrozol ou o clomifeno.

Correta a alternativa D: a primeira opção para indução da ovulação nas mulheres com SOP é o letrozol.

(HIAE 2022) Mulher de 35 anos de idade tenta engravidar há 12 meses. O casal foi investigado e constatou-se infertilidade por anovulação
crônica. Ela encontra-se com sobrepeso e tem diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos. A conduta mais adequada, dentre as abaixo, é

A) inseminação artificial.
B) ooforoplastia em cunha.
C) fertilização in vitro.
D) indução de ovulação com letrozol.

Comentários:

Incorreta a alternativa A, porque a inseminação artificial e a FIV são indicadas para os casos em que não houve sucesso com o uso do
letrozol, do clomifeno, do FSH ou do drilling. Ou seja, seria a última opção.

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Incorreta a alternativa B, porque a ooforoplastia em cunha não é uma opção para o tratamento da infertilidade na SOP, e sim o drilling
(perfuração ovariana).
Incorreta a alternativa C, porque a FIV é indicada para os casos em que a indução de ovulação com letrozol, ou clomifeno não deram certo.
Seria a 3a opção de tratamento na infertilidade da paciente com SOP.

o letrozol é a opção medicamentosa de primeira escolha para a indução da ovulação nas pacientes com
Correta a alternativa D:
SOP.

CAPÍTULO

10.0 RESUMO

SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS

• A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é a doença endócrina mais frequente do período reprodutivo
da mulher.
• A SOP é caracterizada pela anovulação (irregularidade menstrual/amenorreia) e hiperandrogenismo
(hirsutismo/acne)​​.
• Estima-se que a prevalência da SOP seja de cerca de 10% das mulheres.
• A fisiopatologia da SOP é complexa e ainda não está completamente esclarecida.
• A principal característica fisiopatológica da SOP é a secreção aumentada de LH e diminuída de FSH.
Lembre-se da teoria das duas células. Com o excesso de LH ocorre muita conversão de colesterol em
androstenediona e testosterona, nas células da teca do ovário. Com a diminuição do FSH, ocorre pouca conversão de
andrógenos em estradiol, nas células da granulosa. Com isso, ocorre o hiperandrogenismo.
• As pacientes com SOP sofrem de anovulação crônica, porque os níveis diminuídos de FSH (hormônio folículo estimulante)
não são suficientes para promover o crescimento e amadurecimento dos folículos ovarianos. Com isso, não ocorre a
ovulação. Os folículos ficam “parados” nas fases iniciais de desenvolvimento e acumulam-se na periferia do ovário,
causando sua aparência policística.
• As pacientes com SOP também apresentam resistência aumentada à insulina. Essa é mais uma característica
fisiopatológica da doença. Por causa disso, ocorre a hiperinsulinemia. A hiperinsulinemia faz com que o fígado diminua
a produção de SHBG e outras proteínas carreadoras de fatores de crescimento. Dessa forma, aumenta a fração livre de
andrógenos e de fatores de crescimento como o IGF-1. Com o aumento da fração livre de andrógenos, ocorre a piora do
hiperandrogenismo, já que a fração livre é a forma ativa do hormônio. Por sua vez, o IGF-1, juntamente com a insulina,
exerce um efeito proliferativo sobre o endométrio, aumentando o risco de desenvolver a hiperplasia e o câncer. O
aumento da fração livre de fatores de crescimento também aumenta o risco da paciente para outros tipos de câncer,
como o câncer de mama, pâncreas, fígado e outros.
• Além da resistência insulínica, as pacientes com SOP costumam cursar com obesidade, dislipidemia e síndrome
metabólica. Por tudo isso, têm um risco aumentado para diabetes e doenças cardiovasculares.

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• O quadro clínico da paciente com SOP é caracterizado pela irregularidade menstrual ou amenorreia secundária e o
hiperandrogenismo, geralmente com hirsutismo e/ou acne.
• Os critérios diagnósticos da SOP são baseados no consenso de Rotterdam. São 4 critérios: 1- anovulação crônica
(irregularidade menstrual/amenorreia); 2- hiperandrogenismo clínico ou laboratorial (hirsutismo e/ou acne, elevação
da testosterona); 3- presença de ovários policísticos ao ultrassom e 4- exclusão de outras causas de anovulação ou
hiperandrogenismo. Para fazer o diagnóstico de SOP precisamos ter dois dos primeiros três critérios. Lembre-se: a
SOP é um diagnóstico de exclusão e sempre devemos afastar outras causas de anovulação ou hiperandrogenismo
para fechar o diagnóstico. Não se esqueça do 4º critério de Rotterdam!
• O hirsutismo clínico pode ser avaliado através do índice de Ferriman-Gallwey. De acordo com a Febrasgo, valores
acima de 4-6 são considerados anormais. Valores > 8 são considerados anormais, de acordo com outras bibliografias.
Lembre-se de que o índice de Ferriman-Gallwey é bastante subjetivo.
• O diagnóstico diferencial da SOP deve ser feito com outras causas de anovulação, tais como as tireoidopatias, a
hiperprolactinemia, o hipogonadismo hipogonadotrófico e a insuficiência ovariana precoce. O diagnóstico diferencial
também deve ser feito com outras causas de hiperandrogenismo, tais como a hiperplasia suprarrenal congênita,
os tumores ovarianos e suprarrenais secretores de androgênios, a síndrome de Cushing e o uso de androgênios
exógenos.
• Lembre-se de que o diagnóstico diferencial da SOP com a hiperplasia suprarrenal congênita de início tardio é feito
pela dosagem da 17-hidroxiprogesterona. Níveis elevados de 17-OH-P fazem o diagnóstico de HSRC.
• A primeira conduta terapêutica para a SOP é a perda de peso através da prática de exercícios físicos e dieta.
• A primeira escolha para o tratamento medicamentoso da SOP são os anticoncepcionais orais combinados. Outras
opções são os progestágenos exclusivos.
• O tratamento do hirsutismo também é feito pelos anticoncepcionais combinados. Para os casos que não oferecem
boa resposta, podemos usar a espironolactona associada. Outras opções de antiandrogênios são o acetato de
ciproterona, a flutamida e a finasterida.
• O tratamento medicamentoso da intolerância à glicose e do diabetes na paciente com SOP deve ser feito com a
metformina. Outras opções são a pioglitazona e a rosiglitazona.

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CAPÍTULO

12.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Tratado de Ginecologia - FEBRASGO - 2019.
3. Ginecologia de WILLIAMS - 2ª Edição - 2014.
5. Berek & Novak's Gynecology - 16ª Edição - 2020.
7. Síndrome dos ovários policísticos. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. 103p.
(Série Orientações e Recomendações FEBRASGO, n.4, Comissão Nacional de Ginecologia Endócrina).

CAPÍTULO

13.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Caro Estrategista, aqui termina nossa aula! Abordamos um tema muito importante da Ginecologia e tenho certeza de que você
encontrará questões sobre esse assunto nas provas. Essa é uma pequena parte do conteúdo que desenvolveremos durante nosso curso.
Estou à disposição para ajudar e responder qualquer questão no Fórum de Dúvidas. Sugestões, críticas e comentários são bem-vindos, o
objetivo é melhorarmos sempre!
Toda a teoria da Ginecologia será abordada, de maneira objetiva e lógica, assim como darei dicas sobre os assuntos que os examinadores
mais gostam de perguntar. Queremos que você se prepare da melhor maneira possível para enfrentar o grande desafio que está a sua frente.
Estude muito! A única maneira de conseguir a tão sonhada vaga de Residente é acertar mais que seus concorrentes. Estamos juntos! Conte
comigo! Até a próxima aula!
Abraços,
Alexandre S. Melitto

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