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S Í F I L I S N A G E S TA Ç Ã O

E S Í F I L I S C O N G Ê N I TA
P R O F S . H E L E N A S C H E T I N G E R E N ATA L I A C A R V A L H O

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PEDIATRIA Prof. Natália Carvalho e Prof. Helena Schetinger| Sífilis na Gestação e Sífilis Congênita 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. NATALIA
CARVALHO E
PROF. HELENA
SCHETINGER

Futuro Residente
Iniciaremos aqui, no Estratégia MED, o curso preparatório de
Obstetrícia para Residência Médica acesso direto!

/estrategiamed Estratégia Med

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@ profnataliacarvalho @ drahelenaschetinger

Estratégia
MED
PEDIATRIA Sífilis na Gestação e Sífilis Congênita Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 INTRODUÇÃO 5
2.0 DEFINIÇÃO DE SÍFILIS 7
3.0 ETIOLOGIA DA SÍFILIS 7
4.0 EPIDEMIOLOGIA DA SÍFILIS 8
5.0 TRANSMISSÃO DA SÍFILIS 9
5.1 TRANSMISSÃO VERTICAL 9

6.0 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO 11


6.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 11

7.0 DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO 16


7.1 EXAMES DIRETOS 16

7.2 TESTES IMUNOLÓGICOS 16

7.3 DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS 17

8.0 TRATAMENTO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO 23


8.1 TRATAMENTO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO 23

8.2 REAÇÃO DE JARISH-HERXHEIMER 28

8.3 TRATAMENTO DAS PARCERIAS SEXUAIS 30

8.4 MONITORIZAÇÃO PÓS TRATAMENTO 31

9.0 COINFECÇÃO SÍFILIS E HIV 36


10.0 SÍFILIS CONGÊNITA 37
10.1 DEFINIÇÃO 37

10.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 37

10.3 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 40

10.4 DIAGNÓSTICO PÓS NATAL 43

10.5 CONDUTA 45

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10.5.1 TRATAMENTO DA SÍFILIS CONGÊNITA 46

10.6 SEGUIMENTO AMBULATORIAL 57

11.0 RESUMINDO 60
12.0 VERSÕES DAS AULAS 62
13.0 LISTA DE QUESTÕES 63
14.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 64
15.0 LISTA DE FIGURAS E TABELAS 65
16.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 66

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CAPÍTULO

1.0 INTRODUÇÃO
Sífilis na gestação e sífilis congênita são temas que vêm sendo cobrados nas provas de Residência Médica de todo o país, uma vez que
essa doença está em destaque devido a sua reemergência nos últimos anos. Apesar de ter tratamento eficaz e de baixo custo, a sífilis na
gestação e a sífilis congênita continuam sendo grandes problemas de saúde pública.
Em um levantamento feito pela equipe de Obstetrícia do Estratégia MED, observamos que esse é um dos dez temas de obstetrícia mais
cobrados nas provas de Residência Médica, englobando mais de 50% das questões de Obstetrícia dos últimos 5 anos. Veja a seguir os temas
TOP 10 de Obstetrícia e as estatísticas:

TOP 10 OBSTETRÍCIA

1º Distúrbios hipertensivos da gestação

2º Sangramento da primeira metade

3º Assistência ao pré-natal

4º Sangramento da segunda metade

5º Doenças infecciosas na gestação

6º Vitalidade fetal

7º Diabetes na gestação

8º Assistência ao trabalho de parto e ao parto

9º Trabalho de parto prematuro

10º Rotura prematura de membranas

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QUESTÕES DE DOENÇAS ASSOCIADAS


OBSTETRÍCIA POR TEMA À GESTAÇÃO
2%
4% 2%
6%
7% 3%
4%
11% 25%
6%
39%

13%
18%

25%
15% 20%

Outras doenças
Intercorrências Distúrbios hipertensivos Infecção urinária
Parto Pré-natal endocrinológicas
obstétricas
Cardiopaas e
Doenças associadas Doenças infecciosas Doenças hematológicas
Medicina fetal Puerpério gestação
à obstetrícia
Diabetes na gestação Doenças ginecológicas Outras doenças
Obstetrícia fisiológica

Para você ganhar tempo, selecionamos tudo o que precisa saber sobre sífilis na gestação, dando atenção especial aos tópicos mais
cobrados, que são: diagnóstico e tratamento.
Na Pediatria, as questões costumam trazer as características clínicas da sífilis congênita e a conduta frente a um RN exposto. Das
infecções congênitas, essa é a doença mais cobrada. Observe no gráfico abaixo:

DISTRIBUIÇÃO DE TEMAS DAS INFECÇÕES


CONGÊNITAS NA PEDIATRIA

11%

10%

6%

67% 6%

Citomegalovirose Toxoplasmose Rubéola Infecções em geral

Sífilis

Então, estude com atenção, reveja nossos resumos, construa mapas mentais e resolva todos os exercícios que selecionamos para você!

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CAPÍTULO

2.0 DEFINIÇÃO DE SÍFILIS


A sífilis é uma doença infectocontagiosa, sexualmente transmissível, de acometimento sistêmico e evolução crônica, cujo tratamento
é fácil, acessível e, acima de tudo, curativo. Quando não tratada, porém, pode acometer praticamente todos os órgãos e sistemas, levando a
sequelas graves, inclusive à morte.
Na gestação, a sífilis pode ser transmitida para o feto, levando a consequências ainda mais severas, como abortamento, malformações
fetais, prematuridade e, ainda, óbito fetal ou neonatal.

CAPÍTULO

3.0 ETIOLOGIA DA SÍFILIS


A sífilis é causada pelo Treponema pallidum, bactéria espiroqueta gram-negativa. O T. pallidum tem forma de espiral, não possui
membrana celular e apresenta flagelos que ajudam na sua movimentação (figura 1).

Figura 1. Treponema pallidum. A: Desenho esquemático. B: Fotomicrografia eletrônica

O T. pallidum é patógeno exclusivo do ser humano. A penetração do treponema ocorre por pequenas escoriações ocasionadas pela
relação sexual e dissemina-se sistemicamente por via hematogênica, depositando-se em qualquer órgão, onde se multiplica e sobrevive por
longos períodos. Por fim, vale lembrar que essa bactéria não é cultivável em meio artificial.

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CAPÍTULO

4.0 EPIDEMIOLOGIA DA SÍFILIS


Apesar de a sífilis ser uma doença que apresenta transmissão todos os casos de sífilis adquirida, sífilis congênita e sífilis na
controlável e tratamento eficaz e acessível, o número de casos vem gestação.
aumentando consideravelmente nos últimos anos. Entre 2010 e Além disso, a sífilis congênita é considerada um evento
2018, a sífilis adquirida aumentou 7,9 vezes, enquanto a sífilis sentinela da qualidade de assistência pré-natal, pois é uma doença
na gestação aumentou 6,1 vezes e a sífilis congênita 3,8 vezes. que pode ser evitada por práticas efetivas realizadas rotineiramente
Por isso, existe um esforço do governo na tentativa de frear esse na assistência ao pré-natal e, quando não evitada, é responsável
crescimento.1 por desfechos desfavoráveis, tais como óbito fetal ou perinatal,
Lembre-se de que a sífilis é uma doença de notificação prematuridade, baixo peso ao nascer e lesões neurológicas ao
compulsória em todo o território nacional, devendo-se notificar recém-nascido.

CAI NA PROVA

(UNIGRANRIO 2016) De acordo com o que preconiza o Ministério da Saúde, a infecção congênita considerada evento sentinela é:
A) Zika.
B) Varicela.
C) Sífilis.
D) Citomegalovírus.

Comentários:

Incorreta alternativa "A": Zika vírus não é um evento sentinela de assistência ao pré-natal, pois a transmissão para o feto ainda não é
totalmente evitável com medidas rotineiras de assistência ao pré-natal.
Incorreta alternativa "B": varicela não é um evento sentinela de assistência ao pré-natal, pois a transmissão para o feto não é totalmente
evitável com medidas rotineiras de assistência ao pré-natal.

Correta alternativa "C": a sífilis congênita é considerada um evento sentinela da qualidade da assistência pré-natal, pois é uma
doença que pode ser evitada por práticas realizadas rotineiramente na assistência pré-natal que são efetivas para prevenção de casos.
Incorreta alternativa "D": citomegalovírus não é um evento sentinela de assistência ao pré-natal, pois a transmissão para o feto não é
totalmente evitável com medidas rotineiras de assistência ao pré-natal.

1
Boletim Epidemiológico, Ministério da Saúde, 2019

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CAPÍTULO

5.0 TRANSMISSÃO DA SÍFILIS


A principal forma de transmissão da sífilis é por via sexual, mas pode ocorrer também transmissão vertical e por transfusão sanguínea.
A transmissão é maior nos estágios iniciais da doença (sífilis primária e secundária) e menor nos estágios mais tardios (sífilis latente tardia e
sífilis terciária). Isso se deve à maior presença de espiroquetas nas lesões primárias e secundárias da doença.

5.1 TRANSMISSÃO VERTICAL

A transmissão da sífilis congênita ocorre durante a gestação rara e ocorre apenas se a gestante apresentar lesão sifilítica no
principalmente por via transplacentária. Sabe-se que a taxa de canal do parto (cancro duro). Além disso, a transmissão durante a
transmissão vertical gira em torno de 80%, sendo maior na sífilis amamentação só ocorre se houver lesão sifilítica mamária, uma vez
recente (70 a 100%) e menor na sífilis tardia (10 a 30%). que o leite materno não transmite sífilis da mãe para o recém-
Além disso, observa-se que há maior comprometimento nascido.
fetal quando a transmissão vertical ocorre no início da gestação Como não existe vacina para sífilis e a infecção prévia não
e nos estágios mais recentes das doenças. Ao final da gestação, confere imunidade protetora, a gestante pode ser reinfectada a
isso se inverte: apesar da transmissão vertical ser maior em cada vez que for exposta. Sendo assim, o rastreamento recorrente
decorrência da maior permeabilidade da barreira placentária, o durante a gestação é essencial para instituir o tratamento rápido e
comprometimento fetal é menor. evitar a transmissão vertical.
A transmissão durante o parto, por sua vez, é extremamente

Figura 2. Gráfico ilustrativo do risco de transmissão e gravidade da sífilis na gestação conforme a idade gestacional.

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CAI NA PROVA

(UNIFESP 2017) Gestante com sorologias negativas para sífilis no primeiro trimestre apresenta, no trabalho de parto com 39 semanas, exame
realizado na semana anterior com o seguinte resultado: VDRL 1:8, FTA-Abs positivo. Sobre o caso, pode-se AFIRMAR que o
A) Aleitamento materno aumentará a chance de transmissão para o recém-nascido.
B) Uso de penicilina benzatina 7.200.000 U intraparto representa profilaxia adequada da transmissão vertical.
C) Risco de transmissão vertical é de 70 a 100%.
D) Parto cesariano protegerá o concepto da sífilis neonatal.
E) Tratamento do recém-nascido dependerá da sorologia em sangue de cordão umbilical.

Comentário:

Incorreta alternativa "A": o leite materno não transmite sífilis da mãe para o recém-nascido.
Incorreta alternativa "B": o tratamento da sífilis intraparto não previne a transmissão vertical, pois essa ocorre via transplacentária e não
no momento do parto.

Correta alternativa "C": o risco de transmissão vertical da sífilis é de 70 a 100%, sendo maior quanto mais recente for a infecção e
maior for a idade gestacional.
Incorreta alternativa "D": a cesárea não protege o feto da sífilis congênita, pois a transmissão é transplacentária e não intraparto. A
transmissão durante o parto é extremamente rara e ocorre apenas se a gestante apresentar cancro duro no canal do parto.
Incorreta alternativa "E": como a mãe não foi tratada, o recém-nascido, obrigatoriamente, receberá tratamento para sífilis congênita,
independentemente dos exames laboratoriais

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CAPÍTULO

6.0 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍFILIS NA


GESTAÇÃO
6.1 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas da sífilis nas gestantes são semelhantes àquelas encontradas na população geral com sífilis adquirida.
Observa-se que a maioria das pessoas com sífilis é assintomática ou apresenta quadro clínico vago. Todavia, quando não tratadas, podem
evoluir com quadro grave de comprometimento do sistema nervoso e cardiovascular.
Com base nos achados clínicos, a sífilis é dividida em estágios que orientam o tratamento da doença.1

A sífilis primária é caracterizada pela presença de úlcera


única, indolor, endurecida, com bordas regulares, bem definidas
e de fundo limpo, denominada cancro duro ou protossifiloma,
acompanhada de linfadenopatia regional (não supurativa, indolor,
sem sinais flogísticos, unilateral, múltipla e móvel). As manifestações
ocorrem em média 3 semanas após o contato e desaparecem
espontaneamente sem tratamento em 3 a 8 semanas. (figura 3). Figura 3: sífilis primária - cancro duro

A sífilis secundária ocorre de 6 semanas a 6 meses após desaparecimento do cancro duro e caracteriza-se por roséola (erupção
maculopapular eritematosa pouco visível) em tronco e raiz de membros, que progride para todo o corpo e fica mais evidente atingindo região
plantar e palmar, com descamação característica e não pruriginosa. Em seguida, surgem os condilomas planos (lesões vegetantes e úmidas),
alopécia em clareiras e madarose. Ocorre micropoliadenopatia, febre baixa, mal-estar, cefaleia e adinamia. Os sintomas desaparecem
espontaneamente, mesmo sem tratamento (figura 4).

2
Até 2019, o Ministério da Saúde (MS) considerava 2 anos o tempo para definição de sífilis recente e tardia. A partir de 2020, a classificação do MS igualou-se à OMS, CDC e FEBRASGO, passando para 1 ano.

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LESÕES PLANTARES LESÕES PALMARES PLACAS MUCOSAS

ROSÉOLA LESÃO LABIAL ALOPÉCIA

Figura 4: sífilis secundária- roséola.

Após esse período, a sífilis pode ficar latente por alguns anos, sem sinais ou sintomas da doença. O diagnóstico da sífilis latente faz-se
pelos exames laboratoriais e a maioria dos casos são diagnosticados nesse estágio. A sífilis latente ainda é classificada em latente recente ou
tardia, se menos ou mais de um ano de duração, respectivamente. Quando a duração é ignorada, a sífilis é sempre considerada latente tardia.
Cerca de 15 a 25% das infecções não tratadas podem evoluir para sífilis terciária, acometendo o sistema nervoso (neurossífilis) e o
cardiovascular, além de formação de gomas sifilíticas (tumorações que podem liquefazer) causando lesões incapacitantes.

Toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada com teste para sífilis.

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A Tabela 1 resume o estadiamento clínico da sífilis adquirida.

ESTADIAMENTO QUADRO CLÍNICO

Primária Cancro duro e linfadenopatia regional.

Lesões cutaneomucosas (roséola, placas mucosas,


sifílides palmoplantares, condiloma plano, alopécia em
RECENTE Secundária
clareira, madarose e rouquidão);
Micropoliadenopatia e sinais constitucionais.

Latente recente (<1 ano) Assintomática.

Latente tardia (> 1 ano) ou duração


Assintomática.
ignorada

Cutâneas e ósseas: gomas sifilíticas;


Terciária Cardiovasculares: estenose de coronárias, aortite e
TARDIA aneurisma da aorta.

Meningite, gomas do cérebro ou da medula, atrofia do


nervo ótico, lesão do sétimo par craniano,
Neurossífilis
manifestações psiquiátricas, tabes dorsalis e quadros
demenciais como o da paralisia geral.

ATENÇÃO!
A maioria das gestantes encontra-se no estágio de sífilis latente e o tempo cronológico da infecção é difícil de ser determinado,
uma vez que são diagnosticadas pelos testes de rotina do pré-natal e do parto. Por isso, esses casos são classificados como sífilis
latente tardia de duração ignorada.

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CAI NA PROVA
(SMS PIRA 2017) A infecção da sífilis caracteriza-se por estágios, e a definição precisa do estágio é fundamental para se determinar o
tratamento adequado. Acerca desses estágios, associe as colunas abaixo. (Conforme imagem do caderno de questões). Assinale a alternativa
que apresenta a sequência CORRETA:

Coluna 1 Coluna 2

( ) Tem manifestações variáveis, mas em geral inclui lesões cutaneomucosas maculares,


1.Sífilis primária papulosa, papuloescamosas, ou pustulosas simétricas, associadas à linfoadenopatia indolor
generalizada.

( ) É diagnosticada em pessoas com evidências sorológicas de infecção da sífilis sem outras


2. Sífilis secundária
evidências da doença.

( ) Caracteriza-se pelo aparecimento de uma úlcera endurada e indolor- cancro- que ocorre
3. Sífilis latente
10 dias a 3 meses após a infecção por Treponema pallidum.

( ) Diagnosticada em pacientes com aortite sifilítica e naqueles com uma ou mais gomas,
4. Sífilis terciaria
um granuloma sifilítico.

A) 2 / 3 / 1 / 4
B) 3/2/4/1
C) 1/4/3/2
D) 4 / 1 / 2 / 3
E) 2/4/1/3

Comentários:

Correta alternativa "A": é a única que classifica os estágios clínicos da sífilis de maneira correta.
2 - Sífilis secundária: manifestações variáveis, mas, em geral, inclui lesões mucocutâneas e papuloescamosas ou pústulas simétricas
associadas à linfoadenopatia indolor generalizada. As lesões podem ser roséola, placas mucosas, sifílides palmoplantares, condiloma
plano, alopécia em clareira e madarose.
3 - Sífilis latente: diagnosticada em pessoas com evidência sorológica da infecção da sífilis, sem outras evidências da doença.
1 - Sífilis primária: úlcera de bordos endurecidos e indolor – cancro - que ocorre 10 dias a 3 meses após a infecção pelo Treponema
pallidum.
4 - Sífilis terciária: paciente com aortite sifilítica e, naqueles com uma ou mais gomas, um granuloma sifilítico.
Incorretas as alternativas B, C, D e E: não classificam adequadamente os estágios clínicos da sífilis.

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(UEL 2017) No Brasil, estima-se que cerca de 50 mil parturientes tenham o diagnóstico de sífilis, com taxa de transmissão vertical de 25%.
Relativo às manifestações mais comuns da sífilis secundária, assinale a alternativa correta.

A) As lesões são muito pobres em treponemas.


B) Associa-se à adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla.
C) Evidencia-se presença de artropatia de Charcot.
D) Manifesta-se de 4 a 5 semanas após o desaparecimento espontâneo do cancro duro.
E) Nota-se alopecia e madarose, achados comuns nessa fase.

Comentários:
Incorreta alternativa "A": as lesões da sífilis secundária são ricas em treponemas.
Incorreta alternativa "B": a adenopatia regional não supurativa, móvel, indolor e múltipla está presente na sífilis primária. No caso da
sífilis secundária, podemos encontrar adenopatia difusa.
Incorreta alternativa "C": a artropatia de Charcot é uma doença crônica progressiva e agressiva com destruição dos ossos e articulações e
deformidade subsequente, em pessoas com neuropatia sensorial, com um elevado risco de amputação. A neuropatia diabética é a causa
mais frequente, mas outras condições também estão relacionadas com essa patologia, como o alcoolismo, a hanseníase, tabes dorsalis,
sífilis terciária e mielomeningocele.
Incorreta alternativa "D": manifesta-se de 6 semanas a 6 meses após o desaparecimento espontâneo do cancro duro.

Correta alternativa "E": na sífilis secundária surgem os condilomas planos (lesões vegetantes e úmidas), alopecia em clareiras e
madarose.

(PUC - SP 2015) Uma paciente que não está fazendo pré-natal desenvolveu quadro intenso de pápulas eritematosas em todo o tegumento,
especialmente em tronco, com ausência de prurido nessas lesões, alopécia, roséola palmar e plantar, adenopatia difusa, hepatoesplenomegalia
e condiloma plano vulvar no 4°mês da gestação. Assinale a alternativa CORRETA.
A) Pode ser paciente portadora de infecção viral pelo HPV de baixo risco oncogênico em sua fase de disseminação sistêmica.
B) Sabe-se que esse processo mórbido determina acometimento fetal que pode levar a prematuridade, óbito intraútero e lues congênita.
C) A suspeita clínica do quadro clínico apresentado será confirmada pela identificação do Haemophilus ducreyi em esfregaços da borda das
lesões.
D) A primeira hipótese a ser considerada será a contaminação pelo Mycoplasma hominis cujo diagnóstico se faz com teste de fixação de
complemento.

Comentários:
Trata-se de um caso de sífilis secundária na gestação, pois a gestante apresenta pápulas eritematosas, alopécia, roséola palmar e plantar,
adenopatia difusa, hepatoesplenomegalia e condiloma plano vulvar.
Incorreta alternativa "A": a infecção pelo HPV de baixo grau caracteriza-se pela presença de condilomas acuminados.

Correta alternativa "B": o quadro clínico corresponde a sífilis secundária na gestação, que pode levar a prematuridade, óbito in-
traútero e sífilis congênita.
Incorreta alternativa "C": a infecção pelo Haemophilus ducreyi (cancro mole) caracteriza-se pela presença de úlceras dolorosas associadas
à linfoadenopatia inguinal inflamatória (bulbão).
Incorreta alternativa "D": o Mycoplasma hominis está presente no trato genital inferior, podendo causar doença inflamatória pélvica.

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CAPÍTULO

7.0 DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO


Os métodos de diagnósticos para sífilis podem ser divididos
Fonte: Ministério da Saúde
em duas categorias: exames diretos e testes imunológicos.

7.1 EXAMES DIRETOS


Os exames diretos são aqueles que detectam o Treponema
pallidum diretamente na lesão suspeita (lesão primária e
secundária). Podem ser feitos por meio do exame em campo
escuro (figura 5) ou da pesquisa direta com material corado
(imunofluorescência direta) (figura 6).
Figura 5. Exame em campo escuro.
Os exames diretos positivam primeiro que os testes
Fonte: Ministério da Saúde
imunológicos. Porém, quando houver ausência de detecção do
treponema nos exames diretos, isso pode sugerir que a lesão não
é sifilítica, mas também pode indicar que o número de organismos
presentes na amostra não é suficiente devido a coleta inadequada,
lesão próxima da cura natural ou tratamento sistêmico/tópico. Por
isso, diante de uma lesão suspeita de sífilis primária ou secundária
deve-se, também, fazer os testes imunológicos. Na prática médica,
porém, os exames diretos são pouco utilizados devido à falta de
acesso a eles. Figura 6. Pesquisa direta com material corado.

7.2 TESTES IMUNOLÓGICOS


Os testes imunológicos são aqueles que identificam os anticorpos em amostra de sangue, soro ou plasma. Eles podem ser testes
treponêmicos ou não treponêmicos (tabela 3).
Tabela 3: Testes imunológicos.

TESTES IMUNOLÓGICOS TIPOS3 CARACTERÍSTICAS

VDRL
Quantificáveis;
RPR
Não treponêmico Diagnóstico;
TRUST
Monitoramento da resposta ao tratamento.
USR

FTA-Abs
Primeiro a ficar reagente;
ELISA/EQL
Permanecem reagentes após o tratamento;
Treponêmico TPHA/TPPA
Diagnóstico;
MHA-TP
Não servem para monitoramento do tratamento.
Teste Rápido

3
VDRL- Venereal Disease Research Laboratory, RPR- Rapid Test Reagin, TRUST- Toluidine Red Unheated Serum Test, USR- Unheated Serum Reagin, FTA-Abs- Fluorescent Treponemal Antibody-absorption, ELISA- Enzyme
Linked Immunono Sorbent Assay, TPHA - T. pallidum Haemagglutination test, TPPA- T. pallidum Passive Particle Agglutination test, MHA-TP- Micro-Haemagglutination Assay for T. pallidum.

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Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos controle da cura.


contra o Treponema pallidum e são os primeiros testes Atenção, Estrategista! É importante memorizar quais são os testes
imunológicos a ficarem reagentes. Em mais de 85% dos casos, treponêmicos e os não treponêmicos.
esses testes permanecem positivos durante toda a vida, mesmo Embora os testes não treponêmicos falsos-reagentes
após tratamento e cura da doença. Por isso, são utilizados como sejam muito raros, podem ocorrer em decorrência de algumas
primeiro teste diagnóstico, mas não servem para monitorização doenças que também produzem anticorpos anticardiolipina,
da resposta ao tratamento. como lúpus, síndrome do anticorpo antifosfolípide, hanseníase,
Existem vários tipos de testes treponêmicos: teste rápido, malária, tuberculose, doença de Chagas e outras doenças febris.
teste de hemaglutinação (TPHA), teste de aglutinação de partículas Uma vez que os testes não treponêmicos não são específicos da
(TPPA), ensaio de micro-hemaglutinação (MHA-TP), teste de sífilis e demoram em torno de 3 semanas após o aparecimento do
imunofluorescência indireta (FTA-Abs) e ensaios imunoenzimáticos cancro duro para positivar, é importante sempre realizar o teste
(ELISA). treponêmico para confirmar o diagnóstico.
Já os testes não treponêmicos detectam anticorpos Observa-se que, em fases tardias da doença, o teste não
anticardiolipina não específicos para o Treponema pallidum, sendo treponêmico permanece positivo com títulos baixos por muitos
os mais utilizados o VDRL, RPR e USR. Esses testes são expressos em anos, e, se não houver tratamento documentado, a pessoa deve
títulos, permitindo a análise qualitativa e quantitativa. Por isso, são ser considerada com sífilis latente tardia ou de duração ignorada
utilizados para monitorização da resposta ao tratamento e para e deve ser tratada.

7.3 DIAGNÓSTICO DA SÍFILIS

O diagnóstico da sífilis é feito por meio da correlação entre os dados clínicos, os exames laboratoriais, o histórico de infecção passada
e exposição recente. Como a maioria das pessoas com sífilis é assintomática ou apresenta quadro clínico vago, os exames laboratoriais são
imprescindíveis para o diagnóstico correto.
Então, para o diagnóstico da sífilis, deve-se realizar um teste treponêmico e um não treponêmico. Recomenda-se sempre que possível
realizar primeiro o teste treponêmico (teste rápido), que é o primeiro que positiva, e depois fazer o não treponêmico.

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Sendo assim, o diagnóstico de sífilis é confirmado quando ambos os testes treponêmico e não treponêmico estiverem reagentes e
for afastada cicatriz sorológica (tratamento anterior para sífilis com documentação da queda da titulação em pelo menos duas diluições).
Lembrar que qualquer titulação do teste não treponêmico é considerada positiva para sífilis.
Na gestação, é obrigatório realizar exames para sífilis na primeira consulta do pré-natal (preferencialmente no 1º trimestre da gestação),
no início do 3º trimestre (28ª semana), no momento do parto ou aborto (independentemente de exames anteriores) e a qualquer momento
após exposição de risco/violência sexual.

A Tabela 4 resume a interpretação dos testes imunológicos:

TREPONÊMICO NÃO TREPONÊMICO INTERPRETAÇÃO

Reagente Reagente Sífilis confirmada ou cicatriz sorológica.

Repetir teste treponêmico com metodologia diferente.


Reagente: infecção recente ou cicatriz sorológica.
Reagente Não reagente
Não-reagente: primeiro teste falso-reagente, descartar
diagnóstico de sífilis.

Repetir teste treponêmico com metodologia diferente.


Reagente: sífilis ou cicatriz sorológica.
Não reagente Reagente
Não reagente: teste não treponêmico falso-reagente, descartar
diagnostico de sífilis.

Ausência de infecção ou período de incubação


Não reagente Não reagente
(janela imunológica).

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Apesar de a confirmação diagnóstica ser feita apenas com a solicitação dos dois testes, recomenda-se que,
na gestação, o tratamento deve ser imediato após um único teste para sífilis positivo, seja ele treponêmico
ou não treponêmico. Quanto mais semanas uma gestante com sífilis passa sem tratamento, maior é tempo de
exposição e risco de infecção para o concepto.
Assim, não se deve adiar o tratamento na gestação a fim de aguardar a confirmação com outro teste, pois
essa demora para o início do tratamento aumenta o risco de transmissão vertical.
Todavia, apesar de já haver indicação de tratamento imediato, ainda assim é necessário realizar um segundo teste diagnóstico, fazer
monitoramento laboratorial (controle de cura) e também tratar os parceiros (as) sexuais (interrupção da cadeia de transmissão).

CAI NA PROVA
(PMSO 2019) Durante o acompanhamento pré-natal, uma gestante de 12 semanas traz resultado de VDRL 1:4, FTA-
Abs (+). Nega qualquer sintoma atual ou prévio sugestivo de sífilis, ou parceiro sabidamente infectado. Não recorda de
qualquer tratamento prévio com penicilina. Diante desse quadro, sua conclusão é que:
A) Não se trata de sífilis porque o título é inferior 1:8.
B) O tratamento deve ser imediato com penicilina benzatina.
C) A idade gestacional precoce impede conduta terapêutica imediata.
D) Não há risco de infecção congênita com esse título.
E) Devo repetir o exame em 30 dias.

Comentário:
Incorreta alternativa "A": como a gestante nunca foi tratada, qualquer titulação do teste treponêmico deve ser considerada reagente para
sífilis e o tratamento instituído imediatamente.
Correta alternativa "B": o tratamento deve ser instituído imediatamente com penicilina benzatina 2,4 milhões UI por semana, por
3 semanas, pois trata-se de sífilis latente de duração indeterminada.
Incorreta alternativa "C": não existe idade gestacional mínima para o início do tratamento da sífilis. Assim que for feito o diagnóstico, deve
ser imediatamente instituído o tratamento, de preferência ainda no primeiro trimestre para diminuir os riscos de sífilis congênita.
Incorreta alternativa "D": qualquer título do teste não treponêmico deve ser considerado positivo para sífilis na gestação e, se a gestante
nunca foi tratada para sífilis, ela deve receber tratamento para evitar a transmissão da sífilis congênita.
Incorreta alternativa "E": o tratamento deve ser imediato e o teste não treponêmico repetido mensalmente para monitorização da
resposta ao tratamento.

(AMP 2019) A sífilis é uma infecção sistêmica crônica com incidência no Brasil de aproximadamente 4% na população geral e de 2% nas
gestantes. Sobre essa infecção, assinale a alternativa incorreta.
A) O FTA-Abs é utilizado para confirmação diagnóstica quando o VDRL é positivo.
B) O tratamento da gestante deve ocorrer a partir de qualquer valor positivo do VDRL.
C) A transmissão vertical da sífilis primária e secundária ocorre em menos de 5% dos casos não tratados.
D) Em aproximadamente 30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito fetal, 10% para óbito neonatal e 40% para
retardo mental.
E) O VDRL é utilizado, durante o pré-natal, como rastreamento da doença e deve ser coletado na primeira consulta pré-natal, entre 28 e 32
semanas de gestação e no período periparto.

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Comentário:
Atenção, o examinador quer a alternativa incorreta.
Correta alternativa "A": para o diagnóstico da sífilis, deve-se realizar um teste treponêmico (FTA-Abs) e um não treponêmico (VDRL).
Correta alternativa "B": qualquer titulação do teste não treponêmico é considerada positiva para sífilis e o tratamento deve ser instituído
imediatamente.

Incorreta alternativa "C": a taxa de transmissão vertical gira em torno de 80% e ocorre principalmente na sífilis primária e secundária.
Correta alternativa "D": aproximadamente 30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito fetal, 10% para óbito
neonatal e 40% para retardo mental.
Correta alternativa "E": na gestação, é obrigatório realizar exames para sífilis na primeira consulta do pré-natal (de preferência no 1º
trimestre), no início do 3º trimestre (28ª semana), no momento do parto ou aborto (independentemente de exames anteriores) e a
qualquer momento após exposição com risco/violência sexual.

(FAMEMA 2019) Durante o pré-natal, o médico generalista recebe a informação de que o teste rápido para sífilis deu positivo. Frente a esse
resultado, ele deve
A) encaminhar a gestante a pré-natal de alto risco, para receber as orientações e condutas pertinentes.
B) pedir as sorologias laboratoriais para sífilis, ou seja, o VDRL e FTA-Abs, para confirmação.
C) pedir VDRL e FTA-Abs para o companheiro.
D) prescrever o tratamento com Benzetacil para a gestante e seu companheiro.

Comentário:
Incorreta alternativa "A": a gestante deve ser tratada imediatamente após um único teste positivo para sífilis (treponêmico ou não
treponêmico), não se deve adiar o tratamento na espera de atendimento no pré-natal de alto risco.
Incorreta alternativa "B": deve-se solicitar o teste não treponêmico, mas isso não deve adiar o tratamento, que deve ser imediato. O FTA-
Abs não é necessário, pois a gestante já fez um teste treponêmico (teste rápido).
Incorreta alternativa "C": não há necessidade de pedir sorologia para o companheiro antes do tratamento, que deve ser simultâneo ao
da gestante.

Correta alternativa "D": gestante com um único teste positivo para sífilis deve receber tratamento imediato com benzilpenicilina
benzatina e o parceiro deve ser tratado concomitantemente.

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(UNESP 2018) Gestante de 25 anos, 13ª semana de gestação, apresenta os seguintes resultados de teste convencional para sífilis: Não
apresenta sinais e sintomas clínicos de sífilis. Refere nunca ter feito tratamento para essa doença. O diagnóstico e a conduta CORRETA são:

A) Sífilis latente tardia e tratamento do casal.


B) Sífilis latente tardia e tratamento da gestante.
C) Sífilis latente com duração indeterminada e tratamento do casal.
D) Sífilis latente com duração indeterminada e tratamento da gestante.
O que o examinador quer saber: sobre o diagnóstico de sífilis na gestação.

Comentário:
Gestante de 13 semanas com teste treponêmico positivo e não treponêmico negativo. Menciona nunca ter tratado sífilis e não apresentar
sintomas. Repetido teste treponêmico com outra metodologia, que continua positivo. Como a gestante não tem tratamento documentado
para sífilis, não é possível afirmar que seja uma cicatriz sorológica, por isso a principal hipótese é que estamos diante de um caso sífilis
recente (primária, secundária ou latente) e o tratamento deve ser instituído. Como a gestante não apresenta sintomatologia, devemos
considerar sífilis latente.
Incorreta alternativa "A": não se trata de sífilis latente tardia, pois nesses casos o teste não-treponêmico estaria positivo.
Incorreta alternativa "B”: não se trata de sífilis latente tardia, pois nesses casos o teste não-treponêmico estaria positivo.

Correta alternativa "C": a situação mais provável é de sífilis recente, em que ainda não deu tempo do teste não-treponêmico posi-
tivar, como a gestante não apresenta sintomatologia, consideramos um caso de sífilis latente e a gestante e o parceiro devem ser tratados.
Incorreta alternativa "D": a situação mais provável é de sífilis recente, em que ainda não deu tempo do teste não treponêmico positivar,
como a gestante não apresenta sintomatologia, consideramos um caso de sífilis latente e a gestante e o parceiro devem ser tratados.

(USP- RP 2018) Secundigesta, 29 anos, G2P1A0 (1 parto vaginal prévio há 3 anos), 38 semanas de gestação. Comparece a consulta de pré-natal
para checar resultados de exames do 3° trimestre e apresenta resultado de teste treponêmico reagente. Os demais exames estão normais.
Neste caso, a conduta correta é:
A) Solicitar teste não treponêmico
B) Repetir a sorologia em duas semanas
C) Tratamento materno com eritromicina
D) Solicitar titulação do teste treponêmico

Comentário:

Correta alternativa "A": após obter um teste treponêmico reagente, deve-se sempre confirmar o diagnóstico com um teste não
treponêmico, porém vale lembrar que não se deve retardar o início do tratamento para a gestante, a fim de aguardar o resultado do se-
gundo exame. O tratamento para a gestante deve se iniciar com apenas um teste positivo para diminuir o risco de transmissão vertical.

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Incorreta alternativa "B": após um teste para sífilis positivo (treponêmico ou não treponêmico, deve-se imediatamente solicitar o segundo
teste confirmatório e iniciar o tratamento.
Incorreta alternativa "C": o tratamento de escolha para sífilis na gestação é benzilpenicilina benzatina. A gestante é considerada como não
tratada quando submetida a tratamentos feitos com outras medicações.
Incorreta alternativa "D": o teste treponêmico não apresenta titulação. A titulação só pode ser feita em testes não treponêmicos .

(SURCE 2018) Luciana , primeira gestação, iniciou pré-natal numa UBASF, com 16 semanas, onde realizou teste rápido para Sífilis que foi
reagente. Diante desse resultado, qual a melhor conduta para Luciana?
A) Solicitar teste treponêmico (FTA-ABS) para confirmação e posterior tratamento do casal.
B) Tratar gestante e parceiro com três doses de penicilina benzatina e fazer controle com FTA-ABS mensal.
C) Iniciar penicilina benzatina, colher VDRL da gestante, testar e tratar parceiro sexual se positivo para sífilis.
D) Aguardar confirmação de VDRL reagente para iniciar tratamento do casal e controle com VDRL mensal.

Comentário:
Incorreta alternativa "A": o teste rápido já é um teste treponêmico e o tratamento do casal deve ser imediato.
Incorreta alternativa "B": o tratamento deve ser feito com 3 doses de penicilina benzatina, mas o controle do tratamento é feito com o
teste não treponêmico (VDRL).

Correta alternativa "C":


deve-se iniciar imediatamente o tratamento com penicilina benzatina diante de apenas um teste positivo
para sífilis na gestação, além de colher teste não-treponêmico. Não se deve adiar o tratamento do parceiro na espera do resultado do teste
para sífilis. A primeira dose do tratamento do parceiro deve ser concomitante à da gestante no momento do diagnóstico. Caso o teste do
parceiro venha negativo posteriormente, pode-se suspender o tratamento.
Incorreta alternativa "D": não se deve aguardar um segundo teste positivo para iniciar o tratamento. Para sífilis na gestação, o tratamento
deve ser imediato diante de apenas um teste positivo.

Já estudamos até aqui tópicos muito importantes sobre sífilis na gestação! Então, agora que terminamos essa
parte, permita-se respirar, tomar uma água, um café e voltar daqui a alguns minutos! Com a cabeça mais leve vamos
estudar tudo sobre tratamento, o tópico mais cobrado sobre esse tema nas provas de Residência Médica! Vamos lá?

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CAPÍTULO

8.0 TRATAMENTO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO


8.1 TRATAMENTO DA SÍFILIS NA GESTAÇÃO

O único tratamento seguro e eficaz para sífilis na gestação A dosagem da benzilpenicilina benzatina a ser utilizada
é a benzilpenicilina benzatina intramuscular, pois essa é a única na gestante vai depender do estadiamento da doença (tabela
droga com eficácia comprovada que passa a barreira placentária e 5). Na sífilis recente, a gestante deve receber uma dose única de
previne a sífilis congênita. Qualquer outra medicação usada para benzilpenicilina benzatina de 2,4 milhões UI, intramuscular. Já na
tratar sífilis na gestação é considerada tratamento inadequado. sífilis tardia, a gestante deve receber três doses de benzilpenicilina
Além disso, não existe evidência de resistência à penicilina pelo benzatina de 2,4 milhões UI, intramuscular, uma vez por semana,
Treponema Pallidum no Brasil e no mundo. por 3 semanas, totalizando 7,2 milhões UI.

ESTADIAMENTO TRATAMENTO

Primária
Benzilpenicilina benzatina
RECENTE Secundária 2,4 milhões UI, IM, dose única
(1,2 milhão UI/ glúteo)
Latente recente (<1 ano)

Latente tardia (>1 ano) ou duração Benzilpenicilina benzatina


ignorada 2,4 milhões UI, IM, semanal, (1,2 milhão UI/glúteo) por 3
semanas
Terciária Dose total: 7,2 milhões UI, IM
TARDIA

Benzilpenicilina procaína (cristalina)


Neurossífilis 18-24 milhões UI/dia, EV,
3-4 milhões UI, 4/4 horas ou infusão contínua por 14 dias

Vale destacar que a maioria das gestantes é diagnosticada durantes os exames de rotina de pré-natal, por isso grande parte delas é
estadiada como sífilis latente de duração ignorada/tardia e deve receber o tratamento para sífilis tardia, no total de 7,2 milhões UI, dividido
em 3 doses. O intervalo entre uma dose e outra é de 7 dias e não deve ultrapassar 14 dias, senão o esquema de tratamento deve ser reiniciado.
Caso a gestante seja comprovadamente alérgica à penicilina, ela deve ser dessensibilizada com penicilina oral em ambiente hospitalar e
em seguida tratada com penicilina benzatina na dose adequada. Considera-se alergia prévia à penicilina se houver reação anafilática ou lesões
cutâneas graves como a síndrome de Stevens-Johnson.
A dessensibilização deve ser feita em ambiente hospitalar, preferencialmente com solução via oral de penicilina dada em doses
crescentes. Após a dessensibilização, a paciente deve iniciar imediatamente o tratamento indicado com penicilina.

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TRATAMENTO SÍFILIS

PENICILINA ALERGIA À
BENZATINA PENICILINA

SÍFILIS RECENTE SÍFILIS TARDIA


DESSENSIBILIZAÇÃO
2,4 milhões UI, dose única 2,4milhões UI/3 semanas

PENICILINA
BENZATINA

Lembre-se de que a sífilis é uma infeção sexualmente transmissível (IST) e, por isso, o parceiro (a) deve ser sempre tratado
concomitantemente à gestante. Em situações em que o diagnóstico da sífilis é feito no momento do parto, a puérpera e o seu parceiro devem
receber tratamento, de preferência com início ainda na mesma internação.
Considera-se que o tratamento para sífilis foi adequado na gestação quando ele não só cura a doença na gestante, mas também previne
a sífilis congênita no recém-nascido. Sendo assim, a gestante é considerada adequadamente tratada se presentes, concomitantemente, os
seguintes fatores:

Tratamento com penicilina benzatina

Início do tratamento até 30 dias antes do parto

Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis

Respeito ao intervalo recomendado das doses

Documentação de queda dos títulos do teste não treponêmico em pelo


menos duas diluições em três meses ou quatro diluições em 6 meses

Avaliação quanto ao risco de reinfecção

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Em todos os casos em que a gestante não foi tratada ou foi tratada inadequadamente, o recém-nascido receberá tratamento imediato
para sífilis congênita e será acompanhado com exames complementares, além de ser obrigatória a notificação desses casos.
Note que o tratamento do parceiro não entra mais nos critérios de gestante adequadamente tratada.

MEMORIZANDO

TESTE POSITIVO SÍFILIS


(treponêmico ou não-treponêmico)

TRATAMENTO CONCOMITANTE DO CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA


TRATAMENTO IMEDIATO DA GESTANTE
PARCEIRO COM SEGUNDO TESTE
(Penicilina Benzatina IM)
(Penicilina Benzatina IM) (treponêmico ou não-treponêmico)

SÍFILIS RECENTE SÍFILIS TARDIA / INDETERMINADA ATENÇÃO: não aguardar confirmação


2,4 milhões UI, dose única 2,4 milhões UI, por 3 semanas diagnóstica para iniciar tratamento

CAI NA PROVA
(ABC-SP 2020) 58) Maria procurou a UBS assim que descobriu a gestação. Passou na primeira consulta com a
enfermeira, que fez o teste rápido para sífilis, que veio positivo. Foi solicitado VDRL após, que veio com resultado
de 1:32. A paciente não tem úlcera genital e nem sinal de sífilis secundária. De acordo com Ministério da Saúde,
qual a classificação do teste rápido e qual a melhor conduta a ser tomada?
A) Teste não treponêmico. Tratar a paciente para sífilis recente, notificar e não tratar as parcerias sexuais, já
que a paciente é assintomática
B) Teste não treponêmico. Tratar a paciente para sífilis recente, notificar e tratar as parcerias sexuais dos
últimos 3 meses para sífilis recente.
C) Teste treponêmico. Não é necessário o tratamento, já que a paciente é assintomática.
D) Teste treponêmico. Tratar a paciente para sífilis tardia, notificar e tratar as parcerias sexuais dos últimos 3 meses para sífilis recente.

Comentários:
Incorretas alternativas "A" e "B": o teste rápido é um teste treponêmico, os testes não treponêmicos são o VDRL e o RPR. Como a gestante
é assintomática e apresenta sífilis latente de duração indeterminada, deve ser tratada para sífilis tardia. Os parceiros sexuais dos últimos
3 meses devem ser tratados.
Incorreta alternativa "C": a gestante deve ser tratada imediatamente para sífilis latente de duração indeterminada. A maioria das gestantes
com sífilis está no estágio latente da doença e por isso é assintomática.

Correta alternativa "D": o teste rápido é um teste treponêmico. A gestante deve ser tratada imediatamente na presença de um
único teste positivo para sífilis. Como a gestante não apresenta sintomas, deve ser considerada com sífilis latente de duração indetermi-
nada. Os parceiros sexuais devem ser tratados com pelo menos uma dose de penicilina benzatina, mesmo se os testes para sífilis forem
não reagentes.

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(AMS - APUCARANA 2020) Primigesta, 29 semanas de gestação, tem diagnóstico clínico e laboratorial de sífilis secundária. Esta paciente será
considerada adequadamente tratada quando:
A) Receber Doxiciclina 100 mg, VO, 2xdia, por 15 dias.
B) Seus parceiros não forem tratados adequadamente para a fase clínica da doença.
C) Receber Ceftriaxona 1 g, IV ou IM, 1xdia, por 8 a 10 dias.
D) Receber Penicilina Benzatina, dose única de 2,4M UI IM, até 30 dias antes do parto.

Comentário:
Incorretas as alternativas "A" e "C": o tratamento para sífilis na gestação deve ser obrigatoriamente com penicilina benzatina, única droga
com comprovação científica que ultrapassa a barreira placentária.
Incorreta alternativa "B": para a gestante ser considerada adequadamente tratada, seus parceiros sexuais devem ser tratados
adequadamente também.

Correta alternativa "D": o tratamento para sífilis secundária na gestação é feito com penicilina benzatina 2,4 milhões de UI, dose
única.

(UNIRIO 2020) Gestante, G1 P0, iniciou o pré-natal com 10 semanas no HUGG. Na primeira consulta, foram realizados testes rápidos para
Sífilis, hepatite B, hepatite C e HIV, sendo todos os resultados não reativos. Na 28ª semana, o teste rápido para sífilis foi repetido e o resultado
foi reativo. De acordo com o achado, qual a melhor conduta terapêutica?
A) Três doses de penicilina benzatina, 2.400.000 UI cada, com intervalo de 7 dias entre elas.
B) Dose única de penicilina benzatina, 2.400.000 UI, intramuscular.
C) Solicitar VDRL e tratar com penicilina benzatina, somente se a titulação for > 1:4.
D) Realizar punção lombar e, caso positiva, tratar com penicilina cristalina por 7 dias.
E) Realizar um teste treponêmico para confirmar o diagnóstico e excluir cicatriz sorológica.

Comentário:

Incorreta alternativa "A": como trata-se de sífilis recente, o tratamento não precisa ser com três doses de penicilina benzatina, apenas
uma dose é suficiente.

Correta alternativa "B": deve-se iniciar tratamento imediato com penicilina benzatina, dose única, pois trata-se de sífilis recente,
uma vez que no início da gestação o teste rápido era negativo.
Incorreta alternativa "C": o tratamento de sífilis na gestação deve ser iniciado com apenas um teste para sífilis positivo, independentemente
se ele é treponêmico ou não treponêmico, caso seja um teste não treponêmico, deve-se iniciar o tratamento para qualquer titulação
positiva, a não ser que a gestante tenha comprovação de cicatriz sorológica.
Incorreta alternativa "D": não há necessidade de se investigar neurossífilis através da punção lombar, uma vez que a sífilis é recente e a
neurossífilis (sífilis terciária) aparece somente quando a sífilis é tardia.
Incorreta alternativa "E": o teste rápido já é um teste treponêmico, para confirmar o diagnóstico; deve-se solicitar um teste não
treponêmico, mas o tratamento deve ser iniciado, independentemente desse segundo teste confirmatório.

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(PSU -MG 2020) Gestante de 29 anos, G1P0A0, com 30 semanas de gestação, comparece à consulta de pré-natal na UBS com teste de VDRL
com titulação 1:16 e teste treponêmico positivo. Exames de rotina do pré natal no início da gravidez estavam normais. Assinale a conduta
MAIS ADEQUADA.
A) Prescrever doxiciclina para a gestante
B) Prescrever penicilina benzatina para a gestante
C) Solicitar teste de sensibilidade à penicilina na gestante
D) Solicitar teste rápido de sífilis na gestante

Comentário:
Incorreta alternativa "A": o tratamento de escolha para sífilis na gestação é a penicilina benzatina, qualquer outra medicação utilizada
considera a gestante como não tratada adequadamente.

Correta alternativa "B": diante de apenas um teste diagnóstico para sífilis na gestação (treponêmico ou não treponêmico) a condu-
ta é iniciar imediatamente o tratamento com penicilina benzatina. No caso em questão a gestante já apresenta ambos os testes positivos
(treponêmico e não treponêmico).
Incorreta alternativa "C": o teste de sensibilidade deve ser feito somente se a gestante apresentar histórico de alergia a penicilina.
Incorreta alternativa "D": no caso em questão, a gestante já apresenta ambos os testes positivos (treponêmico e não treponêmico), então
não há necessidade de mais exames para confirmar o diagnóstico.

(PUC - SP 2020) Gestante que inicia seu pré-natal com 23 semanas e que ao retornar com 27 semanas apresenta o resultado do VDRL positivo
até 1:64. Assinale a alternativa INCORRETA entre as abaixo relacionadas sobre a situação clínica desta gestante e seu concepto.
A) Diante de uma gestante com diagnóstico confirmado, em que não é possível inferir a duração da infecção (sífilis de duração ignorada),
classifica-se e trata-se o caso como sífilis latente tardia.
B) Testes não treponêmicos devem ter seu resultado expresso em fração e são importantes para o diagnóstico e monitoramento da resposta
ao tratamento, uma vez que a queda, manutenção ou elevação das titulações indicam a evolução terapêutica.
C) Ela deverá já receber o tratamento, pois em todos os casos de gestantes, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente,
treponêmico ou não treponêmico, sem aguardar o resultado do segundo teste.
D) Os estudos recentes controlados em gestantes determinaram a eficácia da ceftriaxone no tratamento do feto, e por isso esta é uma
medicação recomendada para o tratamento de sífilis na gravidez.

Comentário:
Atenção, o examinador quer a alternativa incorreta.
Correta alternativa "A": quando não se sabe a duração da sífilis, considera-se sífilis latente tardia e faz-se o tratamento como tal.
Correta alternativa "B": os testes não treponêmicos são qualitativos, por isso são usados para o diagnóstico e acompanhamento da
resposta ao tratamento.
Correta alternativa "C": o tratamento para sífilis na gestação deve ser iniciado com apenas um teste positivo, pois não se deve adiar o
início do tratamento pelo risco aumentado de transmissão vertical.

Incorreta alternativa "D": o único tratamento recomendado para sífilis na gestação é a penicilina benzatina, pois é o único que com-
provadamente ultrapassa a barreira placentária.

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(UNB 2019) Julgue o item a seguir, relativo ao pré-natal, parto e puerpério. A droga de escolha para o tratamento da sífilis na gravidez é
a penicilina benzatina nas seguintes doses: 2.400.000 UI em dose única na condição primária, 4.800.000 UI dividida em duas doses com
intervalo semanal na sífilis secundária e 7.200.000 UI dividida em três doses com intervalos semanais na lues terciária.
A) CERTO
B) ERRADO
O que o examinador quer saber: se você sabe fazer o diagnóstico e tratar sífilis primária.

Comentários:

Correta alternativa "B" A afirmativa da questão está errada, pois o tratamento de sífilis na gestante é dividido em sífilis recente e
tardia. Quando a sífilis é recente (sífilis primária, secundária e latente recente) o tratamento é com dose única de penicilina benzatina 2,4
milhões UI. Na sífilis tardia (latente tardia, terciaria ou latente de tempo indeterminado), o tratamento é com 3 doses de penicilina benza-
tina 2,4 milhões UI/semana. Por isso, o tratamento proposto está incorreto e a alternativa B é a resposta a ser assinalada.

(AMRIGS-RS 2019) 59) A gestante com sífilis e que possui história de reação alérgica evidente à penicilina deverá ser:
A) Tratada com eritromicina.
B) Tratada com doxiciclina.
C) Dessensibilizada para penicilina.
D) Tratada com penicilina apenas após o parto.

Comentários:

Correta alternativa "C" Quando a gestante é comprovadamente alérgica à penicilina, deve ser dessensibilizada e depois tratada
com essa medicação, pois a penicilina é a única medicação efetiva pra tratar sífilis na gestação, sendo a única que comprovadamente
ultrapassa a barreira placentária e trata a sífilis congênita. Considera-se alergia prévia à penicilina se houver reação anafilática ou lesões
cutâneas graves como a síndrome de Stevens-Johnson.

8.2 REAÇÃO DE JARISH-HERXHEIMER

A reação de Jarisch-Herxheimer é uma reação benigna e autolimitada que ocorre dentro das 24 horas após a aplicação da primeira
dose de penicilina benzatina para o tratamento da sífilis, principalmente nas fases primária e secundária da doença.
Caracteriza-se por quadro de exacerbação das lesões cutâneas da sífilis, com eritema, dor e prurido, associado à febre, mal-estar,
artralgia e cefaleia que regride espontaneamente entre 12 a 24 horas. Esses sintomas ocorrem devido à liberação elevada de proteínas e
outras estruturas na corrente sanguínea pela grande quantidade de espiroquetas mortas pela penicilina.
Visto isso, é importante lembrar que essa reação não configura alergia à penicilina e o tratamento não deve ser interrompido. Algumas
gestantes que apresentam essa reação podem entrar em trabalho de parto prematuro em decorrência do aumento das prostaglandinas.
Porém, os riscos de abortamento e morte fetal pela sífilis superam esse risco e, por isso, o tratamento não deve ser adiado.

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MED

MEMORIZANDO

CAI NA PROVA

(HOS 2019) Quanto à reação de Jarisch-Herxheimer, é CORRETO afirmar que:


A) Significa uma reação alérgica à penicilina.
B) Necessita de tratamento intensivo para a sua cura.
C) É mais frequente quando é alto o nível de espiroquetemia materna.
D) Aparece dias após a administração de penicilina.
E) Aparece geralmente na sífilis terciária.

Comentário:

Incorreta alternativa "A": a reação de Jarisch-Herxheimer não é uma reação alérgica à penicilina, mas sim uma resposta do corpo à
quantidade de substâncias liberadas na corrente sanguínea pelas espiroquetas mortas pela penicilina.
Incorreta alternativa "B": essa reação é benigna e autolimitada, resolvendo-se espontaneamente em 12 a 24 horas.

Correta alternativa "C": quanto maior o nível de espiroqueta, mais espiroquetas serão mortas e mais substâncias serão liberadas
na corrente sanguínea causando a reação. Por isso, essa reação é mais frequente em casos de sífilis primária e secundária em que a quan-
tidade de espiroquetas é maior.
Incorreta alternativa "D": aparece dentro de 24 horas após a primeira dose de penicilina benzatina.
Incorreta alternativa "E": essa reação é mais frequente na fase primária e secundária da doença, em que a quantidade de espiroquetas
é maior.

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MED

(PSU - MG 2018) A sífilis voltou a ser prevalente no Brasil nos últimos anos e, por este motivo, é grande a preocupação dos obstetras durante
a assistência pré-natal com a possível transmissão vertical. Em gestantes não tratadas ou tratadas inadequadamente para a sífilis, a taxa de
transmissão pode ser de até 80%, sendo, mais frequentemente, intraútero, apesar de também poder ocorrer na passagem do feto pelo canal
do parto. Em relação à sífilis, assinale a alternativa ERRADA:
A) A reação de Jarisch-Herxheimer é definida como um quadro autolimitado de exacerbação das lesões cutâneas e que pode ocorrer após
a início do uso de penicilina, não sendo necessário descontinuar o tratamento.
B) A transmissão vertical é maior quando a gestante tem sífilis primária ou secundária.
C) Testes treponêmicos são testes que detectam anticorpos reativos a antígenos do T. pallidum, sendo os primeiros a se tornarem detectáveis,
sendo importantes na confirmação do diagnóstico.
D) Em caso de alergia à penicilina, é uma boa opção tratar com ceftriaxone.

Comentário:
Atenção, o examinador quer a alternativa errada!
Correta alternativa "A": a reação de Jarisch-Herxheimer é uma reação benigna, autolimitada e ocorre nas primeiras 24 horas após a
aplicação da primeira dose de penicilina benzatina para o tratamento da sífilis, principalmente nas fases primária e secundária da doença.
Essa reação não configura alergia à penicilina e o tratamento não deve ser interrompido.
Correta alternativa "B": quanto mais recente for o estágio da sífilis e mais tardia for a gestação, maior a chance de transmissão fetal.
Correta alternativa "C": os testes treponêmicos são os primeiros a positivarem e permanecem reagentes mesmo após o tratamento, por
toda a vida.

Incorreta alternativa "D": caso a gestante seja comprovadamente alérgica à penicilina, ela deve ser dessensibilizada.

8.3 TRATAMENTO DAS PARCERIAS SEXUAIS

As parcerias sexuais dos últimos 6 meses das gestantes com sífilis devem ser tratadas com pelo menos uma dose de penicilina benzatina
IM de 2,4 milhões UI, mesmo que apresentem testes imunológicos não reagentes. Caso o teste seja reagente para sífilis, o tratamento deve
ser conforme o estágio clínico da infecção como nas gestantes e de preferência com penicilina benzatina.

CAI NA PROVA
(SES-DF 2017) 88) Paciente de 19 anos de idade, primigesta, com 35 semanas de gestação, tabagista de 10 cigarros/dia, com má adesão
ao pré-natal, apresenta exames solicitados de terceiro trimestre, entre eles VDRL 1:16, e demais sorologias não reagentes. Paciente nega
tratamento prévio para sífilis e desconhece o diagnóstico da doença; não realizou sorologias de primeiro e segundo trimestre. Considerando
essa situação e os conhecimentos médicos a ela relacionados, julgue o item a seguir. Não é necessário tratar o parceiro.
A) CERTO
B) ERRADO

Comentários:
Correta alternativa "B" Como a sífilis é uma doença sexualmente transmissível, deve-se tratar obrigatoriamente todos os par-
ceiros sexuais dos últimos 6 meses. Portanto, a alternativa que deve ser assinalada é a B

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(SCMSP 2017) No pré-natal de uma multípara, a sorologia para sífilis (VDRL) veio positiva com título de 1/16. A mulher nega a doença e nunca
foi tratada. Frente a esse resultado, assinale a alternativa correta.
A) Tratar e pedir que o marido venha na próxima consulta para fazer sorologia.
B) Pedir FTA-Abs e repetir a sorologia.
C) Tratar a gestante e o marido mesmo sem pedir sorologia.
D) Que sendo o pai dessa criança o segundo marido, e que está com ele somente há poucos meses, chamar o primeiro marido para tratar.
E) Tratar somente a gestante e encaminhar o marido para o ambulatório de DST.

Comentário:
Incorreta alternativa "A": o tratamento da gestante e do parceiro deve ser concomitante, independentemente da sorologia do parceiro.
Incorreta alternativa "B": não há necessidade de aguardar teste treponêmico para iniciar o tratamento.

Correta alternativa "C": a gestante deve ser tratada imediatamente junto com o parceiro, sem necessidade de aguardar teste
treponêmico para iniciar o tratamento e sem aguardar sorologia do parceiro.
Incorreta alternativa "D": o tratamento deve ser feito a todos os parceiros atuais.
Incorreta alternativa "E": o tratamento da gestante e do parceiro deve ser concomitante, independentemente da sorologia do parceiro.

8.4 MONITORIZAÇÃO PÓS TRATAMENTO

A monitorização pós-tratamento deve ser feita mensalmente retratamento (reativação e/ou reinfecção).
para gestantes com teste não treponêmico (VDRL ou RPR). Já após Considera-se resposta imunológica adequada se o teste não
o parto, o seguimento é trimestral no primeiro ano e semestral no treponêmico for não reagente ou ocorrer a queda da titulação em
segundo ano. duas diluições (4 vezes) dentro de 6 meses para sífilis recente e até
É importante lembrar que a monitorização do tratamento é 12 meses para sífilis tardia na gestação (exemplo: de 1:64 para 1:16)
fundamental para classificar a resposta ao tratamento e diagnosticar Caso não haja resposta imunológica adequada, os critérios
possíveis reinfecções. Assim, a resposta ao tratamento pode ser de retratamento (reativação ou reinfecção) são:
classificada em: resposta imunológica adequada ou critérios de

Ausência de redução da titulação em duas diluições (4 vezes) no


intervalo de 6 meses para sífilis recente e 12 meses para sífilis tardia

Aumento da titulação em duas diluições (4 vezes) ou mais

Persistência ou recorrência de sinais e sintomas clínicos

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Em relação à cicatriz sorológica, considera-se somente se houve tratamento anterior para sífilis documentado com queda da titulação
em pelo menos 2 diluições (4 vezes) e descartada nova exposição de risco.

Muitas vezes é difícil diferenciar reinfecção, reativação e cicatriz sorológica. Para isso, é preciso avaliar os sinais e sintomas clínicos,
a possibilidade de reexposição, as características do tratamento realizado e os exames laboratoriais. Caso seja excluída cicatriz sorológica,
suspeita-se de reativação ou reinfecção e recomenda-se investigar neurossífilis por punção lombar, retratando com esquema de três doses
de benzilpenicilina benzatina até se obter o resultado do exame.

MEMORIZANDO

VDRL OU RPR MENSAL

Queda de 2 diluições Ausência de queda de 2 Persistência ou


VDRL OU RPR Aumento da titulação
(4x) em 6 meses titulações (4x) em até 6 recorrência de sinais
não reagente em 2 diluições (4x)
(sifilis recente) ou meses (sífilis recente) ou e sintomas clínicos
12 meses (sifilis tardia). 12 meses (sífilis tardia)

RESPOSTA IMUNOLÓGICA CRITÉRIOS DE RETRATAMENTO


ADEQUADA (reativação ou reinfecção)

Investigar sinais ou
Tratar com 2,4 milhões
sintomas neurológicos
UI por 3 semanas
ou oftalmológicos

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CAI NA PROVA
(USP/RP-SP 2020) Gestante G3P1A1, 27 anos, 16 semanas de gravidez, veio encaminhada de unidade básica por diagnóstico de sífilis. Referia
início recente de uma nova parceria sexual e história de que há dois meses apresentou lesão genital única, ulcerada e indolor (pequeno lábio),
a qual desapareceu sem tratamento. Há duas semanas iniciou o pré-natal, verificando-se que a quimioluminescência para sífilis era positiva
e o Rapid Plasm Reagin (RPR) era de 1;128. Demais exames da rotina laboratorial pré-natal sem alterações. Ela e o parceiro foram tratados
corretamente com penicilina benzatina e receberam todas as orientações para evitar novas infecções. Qual é a dinâmica prevista para a
redução dos anticorpos reagínicos da sífilis no controle deste tratamento?
A) Duas diluições em 90 dias.
B) Três diluições em 120 dias.
C) Cinco diluições em 180 dias.
D) Uma diluição em 60 dias.

Comentários:
Correta alternativa "A" Para uma resposta imunológica correta é esperado que, após o tratamento de sífilis na gestação, ocorra
a queda da titulação do teste não treponêmico em duas diluições (4 vezes) dentro de 3 meses para sífilis recente e em até 6 meses para
sífilis tardia. Portanto, está correta a alternativa A.

(FBHC-SE 2020) Gestante de 22 anos foi tratada por sífilis com Penicilina Benzatina. Sobre o seguimento dessa paciente, segundo o protocolo
clínico e diretrizes para atenção às pessoas com infecções sexualmente transmissíveis do Ministério da Saúde, é CORRETO afirmar que:
A) Se após um ano a paciente apresentar títulos baixos de VDRL, significa que ela deve ser tratada novamente por ter sido reinfectada, pois
a possibilidade desse exame não pode ser duradora para paciente adequadamente tratada.
B) Deve-se realizar teste não treponêmico mensal e uma queda de 2 diluições em três meses indica sucesso de tratamento.
C) Os testes treponêmicos são os melhores parâmetros para monitoramento da resposta ao tratamento.
D) Se a gestante apresentar elevação do título de VDRL de 1:4 para 1:8, ou seja, elevação de duas diluições, deverá ser considerada a
possibilidade de reinfecção.
E) FTA-ABS positivo após o tratamento indica, certamente, falha de tratamento.

Comentários:
Incorreta alternativa "A": algumas pacientes podem manter títulos Incorreta alternativa "C": os testes utilizados para o
baixos de VDRL por muito tempo e isso não significa reinfecção. monitoramento da resposta ao tratamento são os testes não
Se a gestante foi adequadamente tratada, com documentação do treponêmicos que permitem a titulação dos seus valores.
tratamento e queda de pelo menos duas titulações do teste não Incorreta alternativa "D": o aumento de 1:4 para 1:8 constitui
treponêmico após o tratamento, sem nova exposição de risco, os a elevação em uma diluição (2 vezes) e ainda não se considera
títulos baixos podem indicar apenas cicatriz sorológica. possibilidade de reinfecção. Somente um aumento em duas
Correta alternativa "B": A monitorização pós-tratamen- diluições (4 vezes) que é considerado reinfecção ou reativação.
to deve ser feita mensalmente para gestantes com teste não Incorreta alternativa "E": FTA-Abs positivo pós-tratamento pode
treponêmico (VDRL ou RPR). Considera-se resposta imunológica indicar cicatriz sorológica, pois os testes treponêmicos podem
adequada se o teste não treponêmico for não reagente ou ocor- ficar positivo por muitos anos ou até por toda a vida, mesmo após
rer a queda da titulação em duas diluições (4 vezes) dentro de 6 tratamento e cura da doença.
meses para sífilis recente e até 12 meses para sífilis tardia.

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(UFF-RJ 2020) Gestante, com história documentada de tratamento de sífilis em gestação anterior, realiza, em sua primeira consulta de pré-
natal, teste rápido para pesquisa da doença. O resultado do teste rápido é positivo, e o médico assistente solicita teste não treponêmico
(VDRL). O resultado do teste não treponêmico é negativo. Esses dados devem ser interpretados como
A) resultado do teste treponêmico falso positivo.
B) sífilis anterior tratada e cicatriz sorológica.
C) resultado do teste não treponêmico falso negativo.
D) sífilis latente indeterminada.
E) sífilis anterior não tratada adequadamente.

Comentários:
Incorreta alternativa "A": a especificidade do teste treponêmico é muito alta, então, quando ele é positivo, a chance de o exame estar
errado é muito pequena.

Correta alternativa "B": como a gestante já foi tratada anteriormente, com tratamento documentado e o VDRL é negativo, trata-se
de cicatriz sorológica.
Incorreta alternativa "C": quando o teste não treponêmico é negativo a chance de o exame estar errado é mínima, pois a sensibilidade do
exame é muito alta, chegando a 100%. A única situação em que isso pode acontecer é na sífilis primária, pois o VDRL demora em torno de
3 semanas para positivar depois do aparecimento do cancro duro, o que consideramos janela imunológica.
Incorreta a alternativa "D": na sífilis latente indeterminada ambos os testes treponêmicos e não treponêmicos são positivos.
Incorreta alternativa "E": como o VDRL é negativo e o tratamento foi documentado, a gestante é considerada como adequadamente
tratada na gestação anterior.

(UNESP 2019) Gestante de 23 anos, com 26 semanas de gravidez, foi diagnosticada com sífilis na 9ª semana de gestação (exame treponêmico
reagente e VDRL reagente com título de   1/128). Tem comprovante de que seu tratamento e do parceiro foram realizados adequadamente.
O acompanhamento pós-tratamento é apresentado no quadro a seguir. A conduta recomendada é

A) repetir a sorologia para sífilis (VDRL) em um mês para determinar se é necessário tratar novamente essa paciente.
B) punção lombar para investigar neurossífilis e, se VDRL do líquor for reagente, tratar novamente com penicilina benzatina, com dose total
de 7200000 UI.
C) tratar novamente com penicilina benzatina, com dose total de 7200000 UI, e não investigar neurossífilis nesse momento.
D) tratar novamente com penicilina benzatina, com dose total de 7200000 UI, e punção lombar para investigar neurossífilis.

Comentário:
Gestante foi adequadamente tratada para sífilis, juntamente com o parceiro com 9 semanas, fez então monitorização pós-tratamento com
queda dos títulos de VDRL por dois meses consecutivos, porém no terceiro mês pós-tratamento apresentou elevação da titulação de VDRL
em duas diluições, apresentando critério para retratamento, por reinfecção ou reativação da sífilis. A conduta para esse caso é repetir o

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tratamento com três doses de benzilpenicilina benzatina e investigar neurossífilis por punção lombar.
Incorreta alternativa "A": a gestante já apresenta critérios para retratamento da sífilis na gestação, não sendo necessário repetir o exame
para confirmar.
Incorreta alternativa "B": a conduta frente a um caso de reinfecção ou reativação deve ser repetir o tratamento com três doses de
benzilpenicilina benzatina e investigar neurossífilis por punção lombar ao mesmo tempo.
Incorreta alternativa "C": a conduta frente a um caso de reinfecção ou reativação deve ser repetir o tratamento com três doses de
benzilpenicilina benzatina e investigar neurossífilis por punção lombar.

Correta alternativa "D": a conduta frente a um caso de reinfecção ou reativação deve ser repetir o tratamento com três doses de
benzilpenicilina benzatina e investigar neurossífilis por punção lombar.

(UERJ 2019) Mulher de 26 anos comparece à consulta pré-natal apresentando sorologia para sífilis positiva. Após o tratamento com penicilina
benzatina na dose recomendada, o acompanhamento com VDRL deve ser realizado com repetição do exame a cada:
A) 7 dias.
B) 15 dias.
C) 30 dias.
D) 60 dias.

Comentário:
Correta alternativa "C" A monitorização pós-tratamento de sífilis na gestação deve ser feita mensalmente até o parto.

(USP 2017) Gestante de 16 anos procura atendimento ambulatorial especializado, na 12ª semana, devido a resultado de VDRL positivo 1/64.
A paciente recebeu tratamento com penicilina benzatina 2.400.000 Ul intramuscular semanal, por 3 semanas. Com 32 semanas de gestação,
o VDRL apresentou resultado de 1/128. Qual o significado clínico?
A) Resistência à penicilina.
B) Dose inadequada.
C) Reinfecção.
D) Cicatriz sorológica.

Comentários:
Incorreta alternativa "A": no Brasil e no mundo não existe evidência de resistência do Treponema pallidum à benzilpenicilina benzatina.
Incorreta alternativa "B": a paciente em questão apresentava sífilis latente de duração ignorada (descobriu no pré-natal, em exame de
rotina) e recebeu tratamento adequado para esse estadiamento, que consiste em benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões Ul intramuscular
semanal, por 3 semanas (total de 7,2 milhões UI).

Correta alternativa "C": os exames mostram aumento da titulação do teste não treponêmico (VDRL) em uma diluição (duas vezes),
de 1/64 para 1/128, causado possivelmente por uma reinfecção ou reativação, uma vez que não se menciona nada acerca do tratamento
do parceiro.
Incorreta alternativa "D": para se configurar quadro de cicatriz sorológica, a gestante deveria ter tratamento documentado com queda de
titulação em duas diluições e sido afastada chance de reinfecção. No caso, não foi documentada queda da titulação, mas sim seu aumento,
e não se mencionou acerca do tratamento do parceiro.

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MED

CAPÍTULO

9.0 COINFECÇÃO SÍFILIS E HIV


A coinfecção com HIV pode alterar o curso da sífilis causando manifestações atípicas e mais agressivas, além de comprometer a
resposta sorológica e a efetividade do tratamento. Já está bem estabelecido que a sífilis pode aumentar a transmissão vertical do HIV.

CAI NA PROVA
(PMSO 2017) São fatores implicados no aumento de risco de falência terapêutica na sífilis gestacional, com consequente risco de nascimento
de crianças com sífilis congênita, EXCETO:
A) Coinfecção sífilis-HIV.
B) Gestante com sífilis latente tardia.
C) Tratamento da gestante com ceftriaxone.
D) Instituição de tratamento dentro dos 30 dias que antecedem o parto.

Comentário:
Lembre-se: falência terapêutica na gestação não está relacionada apenas com ausência de cura da doença na gestante, mas principalmente
com aumento de transmissão da sífilis congênita.
Incorreta alternativa "A": a coinfecção sífilis-HIV compromete a efetividade do tratamento para sífilis, aumentando o risco de falência
terapêutica.

Correta alternativa "B": gestante com sífilis latente tardia não tem risco maior de falência no tratamento se esse for feito de forma
adequada.
Incorreta alternativa "C": somente considera-se tratamento adequado para sífilis na gestação se for utilizada penicilina benzatina, a única
que comprovadamente ultrapassa a barreira placentária. Outros tratamentos aumentam o risco de falência terapêutica.
Incorreta alternativa "D": quando o tratamento é feito com menos de 30 dias do parto ele é considerado inadequado, uma vez que pode
não ser efetivo na prevenção da sífilis congênita.

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CAPÍTULO

10.0 SÍFILIS CONGÊNITA


A sífilis congênita é presença constante nas provas de Residência, assim como no dia a dia dos pediatras que trabalham em maternidades.
Vamos começar definindo o que é considerado sífilis congênita.

10.1 DEFINIÇÃO

Apresentam sífilis congênita todos as crianças expostas à doença materna se:


• Filhos de mães não tratadas na gestação ou inadequadamente tratadas, independentemente dos exames clínico e laboratoriais;
• Alterações no exame físico, líquor ou radiografia compatíveis com a doença e VDRL reagente em qualquer titulação,
independentemente do tratamento materno;
• VDRL em sangue periférico reagente em duas ou mais titulações acima do VDRL materno, independentemente do tratamento
da mãe.
Apresentam neurossífilis congênita todos as crianças com VDRL em sangue periférico reagente em qualquer titulação e
• Líquor com VDRL reagente ou apresentando celularidade maior que 25 células/mm e proteinorraquia maior que 150mg/dL.
Dito isso, vamos analisar os sinais e sintomas da doença.

10.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Como já dito anteriormente, as manifestações fetais da sífilis • Hepatoesplenomegalia: principal sinal em crianças
congênita são variadas e dependem muito do estágio da doença e sintomáticas;
da idade gestacional em que ocorreu a transmissão. Sabe-se que • Lesões ósseas: periostite, metafisite, osteíte,
osteocondrite;
30% dos conceptos de gestantes não tratadas evoluem para óbito
• Rinite sifilítica, caracterizada por secreção nasal
fetal, 10% para óbito neonatal e 40% apresentam deficiência no
serossanguinolenta contendo treponemas;
desenvolvimento neuropsicomotor.
• Icterícia colestática com hiperbilirrubinemia direta;
As principais repercussões fetais da sífilis congênita vistas • Anemia hemolítica. Lembrando que o valor de referência
através da ultrassonografia pré-natal são: restrição de crescimento para hematócrito de RN é de 44 a 62%;
fetal, hepatoesplenomegalia, hidropisia, alterações neurológicas e • Trombocitopenia;
lesões ósseas. • Adenopatia, principalmente epitroclear;
No pós-natal, a infecção é geralmente assintomática, porém • Petéquias difusas;
• Síndrome nefrótica ou nefrite;
a criança pode apresentar sintomas precoces ou tardios.
• Meningoencefalite;
MANIFESTAÇÕES PRECOCES
• Lesões oculares: coriorretinite, glaucoma e catarata;
Os sinais e sintomas que ocorrem em menores de dois anos
• Fissura peribucal e
como resultado de uma inflamação por infecção ativa são: • Pneumonite, caracterizada por fibrose pulmonar difusa,
• Prematuridade; causando desconforto respiratório intenso e progressivo.
• Baixo peso ao nascer;

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A B

C D E

A: Petéquias em face. B: Rinite sifilítica C:Hepatoesplenomegalia. D: Icterícia. E: Lesões ósseas em metáfises e diáfises bilaterais.

Agora, atenção aqui! Analisando as infecções congênitas em geral, percebemos que muitas características
são comuns a várias delas, sendo assim os examinadores precisam diferenciá-las nas questões e é aí que entram as
características-chaves! Busque por elas nas provas e você estará mais próximo da sua aprovação!

CARACTERÍSTICAS-CHAVES DA SÍFILIS CONGÊNITA

LESÃO CUTÂNEA PALMOPLANTAR E PSEUDOPARALISIA DE PARROT

• Lesão cutânea - pênfigo palmoplantar. São lesões


bolhosas com conteúdo seroso ou hemorrágico contendo
treponemas em seu interior e que podem descamar. Ocorre
principalmente nas palmas das mãos e plantas dos pés.
» A presença desse sinal ou da rinite sifilítica indica
a necessidade de isolamento de contato dessas crianças, visto
que muitos treponemas estão presentes nessas secreções.

Pênfigo plantar

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• Pseudoparalisia de Parrot. Ocorre por lesão óssea, • Tíbia em lâmina de sabre e deformação óssea nas
principalmente osteocondrites e metafisites em membros pernas, deixando-as encurvadas;
superiores e pode estar presente mesmo com radiografias • Articulações de Clutton, uma sinovite de joelhos;
normais. • Fronte olímpica e nariz em sela, tornando a face plana
A criança sente dor à mobilização, então ela evita mexer o pelo espessamento dos ossos do crânio;
membro afetado, mimetizando uma paralisia. • Tríade de Hutchinson: ceratite intersticial, surdez
(relacionado ao VIII par craniano) e dentes de Hutchinson - dentes
Como diagnósticos diferenciais, temos que considerar a
incisivos e molares deformados;
lesão de plexo braquial, na qual a paralisia é verdadeira, ocorre
• Arco palatino elevado;
após partos difíceis, principalmente com distócia de ombros; não
• Sinal de Higoumenaki, característica de um alargamento
há dor à mobilização e há fratura de clavícula, que é dolorosa, mas ósseo esternoclavicular;
traz ao exame físico crepitação óssea. • Úlcera gomosa, lesões granulomatosas em qualquer
MANIFESTAÇÃO TARDIA tecido do corpo;
Ocorre após o segundo ano de vida e é caracterizada por • Surdez; e
sequelas das lesões precoces. • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Tíbia em sabre Dentes de Hutchinson Fronte olímpica e nariz em sela

RESUMINDO!

MANIFESTAÇÕES DA SÍFILIS CONGENITA


PRECOCE TARDIA
Hepatoesplenomegalia Tíbia em sabre
Icterícia colestática Articulações de Clutton
Rinite sifilítica Tríade de Hutchinson

Pênfigo palmoplantar Dentes de Hutchinson

Fissura peribucal Fronte olímpica


Pseudoparalisia de Parrot Nariz em sela
Lesões ósseas Surdez
Síndrome nefrótica/nefrite Retardo no desenvolvimento neuropsicomotor
Lesões oculares Úlceras gomosas

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10.3 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS

Você precisa saber diferenciar a sífilis das outras infecções congênitas através dos sinais e sintomas. As principais cobradas em prova
são: toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes, varicela, Zika e HIV. Elas são vistas detalhadamente em capítulos próprios, então aqui
vamos focar nas características-chaves de cada uma delas.

INFECÇÃO CONGÊNITA CARACTERÍSTICAS CHAVES

Tétrade de Sabin: calcificações intracranianas difusas, coriorretinite, hidro ou


Toxoplasmose
microcefalia e retardo mental.

Rubéola Cardiopatia congênita, catarata e surdez.

Citomegalovírus Calcificações intracranianas periventriculares, petéquias e surdez.

Herpes simples Vesículas cutâneas, hiperemia conjuntival e acometimento neurológico.

Varicela Lesões cicatriciais cutâneas e malformações de membros.

Zika vírus Microcefalia, microftalmia, pé torto congênito e artrogripose.

HIV Assintomático ao nascer e sinais de imunodepressão tardios.

CAI NA PROVA
(HCRP/SP/2020 ) Menino de 15 dias, com história de diminuição da movimentação do membro superior direito e irritabilidade há uma
semana. O exame físico mostra, adicionalmente, icterícia, discreto rashmaculopapular, petéquias isoladas e hepatoesplenomegalia. O menino
nasceu de parto cesárea a termo, apresentação pélvica, com 3000 g, Apgar 9/10 e recebeu alta hospitalar no terceiro dia de vida. A mãe relata
acompanhamento de pré- natal, mas não trouxe cartão. Qual é o mais provável agente infeccioso causador do quadro?
A) Treponema pallidum.
B) Citomegalovírus.
C) Toxoplasma gondii.
D) Vírus da rubéola.

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Comentários
Correta alternativa "A": Infecção congênita com diminuição de movimento em membro superior é sífilis congênita; aqui, temos
descrita uma pseudoparalisia de Parrot.
Incorreta alternativa "B": A infecção por citomegalovírus traz petéquias, déficit auditivo e calcificações cerebrais periventriculares.
Incorreta alternativa "C": A característica-chave da toxoplasmose congênita é a tétrade de Sabin: calcificações cerebrais difusas,
coriorretinite, hidro ou microcefalia e retardo mental.
Incorreta alternativa "D":A rubéola congênita é caracterizada por cardiopatia, catarata e déficit auditivo.

( PUC SOROCABA/SP/2019) 12. Recém-nascido apresenta, ao exame, falta de movimentação em membro superior direito, semiflexionado e
doloroso à movimentação. Essa condição está frequentemente associada a:
A) Sífilis congênita.
B) Toxoplasmose congênita.
C) Fratura de clavícula.
D) Torcicolo congênito.

Comentários
Correta alternativa "A": Mais uma: membro imóvel e doloroso é pseudoparalisia de Parrot, vista na sífilis congênita.
Incorreta alternativa "C": A toxoplasmose pode levar a lesões ósseas, mas essas não são comuns e são indolores.
Incorreta alternativa "D": A fratura de clavícula traz, além da dor, crepitação no exame físico.
Incorreta alternativa "E": O torcicolo congênito é resultado de uma contratura muscular no pescoço, não afeta os membros.

(AMRIGS/RS/2016) Um lactente de 40 dias de vida é trazido pela primeira vez à unidade básica de saúde devido ao seu baixo peso. A avó,
preocupada, informa que a mãe da criança tem 15 anos, fez 2 consultas de pré-natal, sem ter realizado nenhum exame laboratorial. A criança
usou leite materno por 15 dias e fez somente a BCG. Diariamente, há 1 semana, tem apresentado febre de até 39°C e choro muito forte. Ao
exame físico, está eupneica, emagrecida, com mucosas pálidas, ictérica até o umbigo e com diversas lesões papulares e marrons em tórax e
abdome. Sua ausculta torácica é normal. O abdome é distendido, observando-se hepatoesplenomegalia. Ao exame neurológico, mostra-se
irritada, com reflexo de Moro assimétrico e diminuição de movimentos do braço esquerdo. As manifestações clínicas são, provavelmente,
decorrentes de:
A) Sífilis congênita.
B) Hipomagnesemia.
C) Hipotireoidismo.
D) Osteogênese imperfeita.
E) Paralisia do plexo braquial.

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Comentários
Correta alternativa "A": Observe como o examinador traz a história obstétrica materna: ele está querendo induzi-lo a pensar em
algo relacionado à gestação! Aqui temos um lactente que, novamente, tem movimento diminuído de membro superior, então ele só pode
estar falando de sífilis congênita!
Incorreta alternativa "B": Não há relato de diarreia ou uso de diuréticos para pensarmos em hipomagnesemia.
Incorreta alternativa "C": Hipotireoidismo não traria diminuição de movimentos isolada e sim uma letargia generalizada.
Incorreta alternativa "D": A osteogênese imperfeita causa fragilidade óssea e fraturas de repetição, o que poderia explicar a diminuição
do movimento do braço da criança, mas não os outros sintomas como lesões de pele, febre, hepatoesplenomegalia.
Incorreta alternativa "E": Falta na história um relato de parto difícil ou distócias para pensarmos em paralisia do plexo braquial. Além
disso, ela não causa dor.

(AMP/PR/2016) Um recém nascido que manifesta-se ao nascimento com comprometimento difuso de pele e mucosas, caracterizado por
exantema maculopapular e bolhoso, que atinge as extremidades com presença de lesões bolhosas mais intensas na palma das mãos e na
planta dos pés, além de hepatomegalia e esplenomegalia, mais provavelmente terá infecção congênita por:
A) Staphylococcus aureus.
B) Herpes varicela-zoster.
C) Treponema pallidum.
D) Citomegalovírus.
E) Herpes simples.

Comentários

Correta alternativa "C": Lembre-se das característica-chaves: a lesão palmoplantar é relacionada à sífilis congênita.
Incorreta alternativa "A": Não é uma infecção congênita, mas pode ser causa de infecção pós-natal tardia e o comprometimento cutâneo
pode trazer descamação da pele.
Incorreta alternativa "B": Varicela congênita traz cicatrizes cutâneas e malformações de membros.
Incorreta alternativa "D": O comprometimento cutâneo não é comum na citomegalovirose.
Incorreta alternativa "E": A herpes simples traz vesículas cutâneas, hiperemia conjuntival ou comprometimento neurológico.

(AMS APUCARANA/ PR/ 2020) Em relação às manifestações clínicas da sífilis congênita precoce é correto afirmar:
A) A esplenomegalia ocorre isoladamente em aproximadamente 80% de crianças com sífilis congênita.
B) A rinite sero-sanguinolenta pode ser um sinal precoce e ocorre na maioria das crianças com sífilis congênita.
C) A hepatomegalia ocorre em praticamente todos os casos de crianças com sífilis congênita e está associada à icterícia e colestase.
D) A pseudoparalisia de Parrot é bilateral, está presente ao nascimento, e tem alta correlação com anormalidades radiográficas.

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Comentários

Correta alternativa "C": A hepato e a esplenomegalia andam juntas como manifestações precoces e são o principal sinal nas cri-
anças sintomáticas, associadas à icterícia colestática.
Incorreta alternativa "A":
Incorreta alternativa "B": A rinite serossanguinolenta é um sintoma precoce, mas a maioria das crianças é assintomática ao nascimento.
Incorreta alternativa "D": A pseudoparalisia de Parrot pode ser uni ou bilateral. É um sintoma precoce, mas pode estar presente mesmo
sem alterações radiológicas.

(MEDICINA ABC/SP/ 2015) A sífilis congênita ocorre quando a mãe infectada passa a doença para o bebê através da placenta. As consequências
da sífilis no bebê podem variar conforme a gravidade da doença da mãe. Todos os sinais e sintomas da sífilis congênita precoce são possíveis:
A) Deformações nos dentes (dentes de Hutchinson), surdez, dificuldades de visão, dificuldade de aprendizagem, retardo mental,
deformidades ósseas (tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, mandíbula curta, arco palatino elevado).
B) Rinite com coriza sero-sanguinolenta, obstrução nasal, osteocondrite, periostite ou osteíte, choro ao manuseio, hepatoesplenomegalia.
C) Prematuridade e baixo peso, deformidades ósseas (tíbia em lâmina de sabre, fronte olímpica, nariz em sela, mandíbula curta, arco
palatino elevado), hepatoesplenomegalia.
D) Hepatoesplenomegalia, deformações nos dentes (dentes de Hutchinson), osteocondrite, periostite osteíte, retardo mental,
surdez, coriorretinite.

Comentários

Correta alternativa "A": Vamos pensar para não precisar decorar! Os sinais tardios são aqueles que precisam de tempo para apa-
recer. A criança primeiro apresenta lesões ósseas inflamatórias que após um tempo evoluem para deformações – dentes de Hutchinson,
deformidades ósseas, como tíbia em sabre, fronte olímpica, nariz em sela, entre outros. Outros sinais também são visíveis apenas com o
avançar da idade, como surdez, dificuldade na visão e retardo mental.
Incorreta alternativa "B": Todos os sinais da alternativa são precoces.
Incorreta alternativa "C": Prematuridade, baixo peso e hepatoesplenomegalia são precoces. Deformidades ósseas são tardias.
Incorreta alternativa "D": Hepatoesplenomegalia, osteocondrite, periostite, osteíte e coriorretinite são precoces. Deformações nos
dentes, retardo mental e surdez são tardias.

10.4 DIAGNÓSTICO PÓS NATAL

A triagem diagnóstica deve ser feita em todos os neonatos filhos de mães com sífilis gestacional, gestantes sem pré-natal ou com sinais
e sintomas compatíveis com a infecção congênita.
Os bebês devem realizar o teste não treponêmico, geralmente o VDRL, logo ao nascerem, coletado de sangue periférico.
Os testes treponêmicos não devem ser utilizados, pois o IgM permanece positivo por pouco tempo no sangue e, portanto, resulta em
muitos falsos negativos. Enquanto isso, o IgG tem passagem placentária, levando a falsos-positivos.

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MED

ATENÇÃO! Não é recomendado utilizar sangue do cordão umbilical pelo risco de contaminação com o
sangue da mãe, além da baixa sensibilidade e especificidade.

CAI NA PROVA
(UFT/TO/2020) Recém-nascido, com 15 horas de vida, cuja mãe realizou pré- natal sem intercorrência, apresenta um teste de VDRL do cordão
umbilical positivo, com resultado 1:4. A mãe não apresenta reação no VDRL, em nenhum momento na gestação, e o exame do pós-parto está
em andamento. Neste caso, responda a alternativa CORRETA:
A) O sangue do cordão umbilical não deve ser utilizado para a realização de teste de VDRL, pois pode apresentar resultados falso positivos.
B) Deve ser colhido um exame do recém-nascido para afastar sífilis, mesmo que o exame da mãe venha negativo, pois pode estar ocorrendo
um efeito de prozona na mãe.
C) O exame da mãe sendo positivo confirma a doença no recém-nascido, indicando o tratamento da criança, não sendo necessários mais
exames na criança.
D) A conduta, neste caso, deve ser aguardar o exame da mãe. Se o VDRL da mãe vir positivo e maior que o do sangue do cordão, não há
necessidade de investigação.
E) A melhor conduta, neste caso, é iniciar o tratamento até a chegada do resultado da mãe, e, em seguida, decidir conforme o fluxograma
para tratamento da sífilis.

Comentário

Correta alternativa "A": O sangue do cordão não deve ser utilizado, pois há baixa sensibilidade e especificidade, podendo ocorrer
contaminação com o sangue materno.
Incorreta alternativa "B": O fenômeno de prozona ocorre nas amostras de sangue de pessoas com sífilis que possuem grande quantidade
de anticorpos presentes, gerando um falso-negativo. Para driblar esse fenômeno, o laboratório deve realizar teste qualitativo da amostra.
Não há necessidade de coletar sangue do RN caso a mãe tenha os exames negativos.
Incorretas alternativas "C e D": Caso o exame materno venha positivo, significa que a mãe está infectada e não realizou tratamento. Nesse
caso, é mandatório coletar exames do RN: hemograma, VDRL, radiografia de ossos longos e líquor, como veremos adiante.
Incorreta alternativa "E": A melhor conduta é aguardar os exames maternos para confirmar ou não a infecção, não há necessidade de
tratar o RN sem a confirmação diagnóstica.

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Além do teste não treponêmico, todo RN com sífilis congênita deve realizar a avaliação complementar com:
• Hemograma completo, para pesquisa de anemia hemolítica e trombocitopenia;
• Testes de função hepática, para pesquisa de colestase neonatal;
• Radiografia de ossos longos, em busca de lesões ósseas;
• Radiografia de tórax. As alterações características são opacificações dos campos pulmonares ou infiltrados difusos;
• Avaliação oftalmológica com fundo de olho;
• Triagem auditiva neonatal; e
• Coleta de líquor para a busca de neurossífilis.
O VDRL no líquor tem alta especificidade, porém baixa sensibilidade, portanto, além dele outros parâmetros diagnosticam a neurossífilis:
celularidade aumentada e hiperproteinorraquia.
Observe a tabela abaixo.

PARÂMETROS LCR NORMAL LCR SUGESTIVO DE NEUROSSÍFILIS CONGÊNITA

Pré-termo: 0-29 células/mm3


Leucócitos Maior que 25 células/mm3
Termo: 0-32 células/mm3

Pré-termo: 65-150mg/dL
Proteínas Maior que 150mg/dL
Termo: 20-170mg/dL

VDRL Não reagente Reagente

10.5 CONDUTA

Agora pare, faça um expresso duplo, mexa o corpo e vamos partir para a parte queridinha dos examinadores.

Como dica, eu digo para você seguir sempre uma sequência!

Primeira coisa, ao nos depararmos com um neonato, cuja mãe teve sífilis gestacional, é questionar:

A MÃE FOI ADEQUADAMENTE TRATADA?

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Relembrando...

MÃE ADEQUADAMENTE TRATADA


Utilizou penicilina benzatina e não outros antibióticos.
Realizou tratamento adequado para a fase clínica da doença.
Primeira dose realizada 30 dias antes do parto.
Teve queda de títulos.

A partir daí, duas respostas são possíveis.

NÃO
1) ELA NÃO FOI ADEQUADAMENTE TRATADA OU ELA NÃO FOI TRATADA.

Nesse caso, meu caro aluno, o RN é portador de sífilis congênita.


Precisamos examiná-lo detalhadamente, coletar exames e sempre tratar com antibióticos.

FILHOS DE MÃES INADEQUADAMENTE TRATADAS/NÃO TRATADAS


1) Notificar caso como sífilis congênita;
2) Coletar VDRL da mãe e do RN, em sangue periférico;
3) Exame físico detalhado; e
4) Realizar exames complementares no RN – hemograma, líquor e radiografia de ossos longos.
5) Tratamento imediato com benzilpenicilina benzatina ou benzilpenicilina cristalina.

10.5.1 TRATAMENTO DA SÍFILIS CONGÊNITA

SE
Exames físicos e complementares normais;
Líquor negativo; e
VDRL não reagente.
UTILIZAR
Benzilpenicilina benzatina 50.000UI/Kg intramuscular em dose única e encaminhar para seguimento ambulatorial.

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SE
Alterações nos exames físico e/ou complementares; e/ou
líquor positivo; e
VDRL reagente em qualquer titulação.
UTILIZAR
Benzilpenicilina cristalina na dose de 50.000UI/Kg/dose endovenosa a cada 12 horas até 7 dias de vida, e a cada 8 horas a partir
dessa idade, por 10 dias.
Alternativa: benzilpenicilina procaína na dose 50.000UI/Kg/dose intramuscular, em dose única diária por 10 dias. Mas, atenção, só
podemos utilizar esse esquema na ausência de neurossífilis!

Pontos importantes a serem considerados:


• Na impossibilidade de coletar líquor, sempre considerar o caso como neurossífilis.
• Na falta da penicilina, o tratamento deve ser com ceftriaxona na dose de 25 a 50mg/Kg/dia por 10 dias. Porém,
ressalto que não há comprovação de eficácia do tratamento não-penicilínico.
• Se a terapia com penicilina for interrompida por mais de 24 horas, o tratamento deverá ser reiniciado.
• O Tratado de Pediatria do Nelson - 21ª edição traz o tratamento de sífilis congênita com penicilina cristalina na
dose 50.000 UI/Kg/dose a cada quatro a seis horas, por 10 dias. Fique sempre atento caso a questão traga a fonte literária.
• Algumas literaturas sugerem estender o tratamento para 14 dias.
Ficou confuso? Então, para facilitar, vamos transformar o que falamos em um fluxograma!

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CAI NA PROVA
(PSU/MG/2020) Recém-nascido a termo e adequado para a idade gestacional está no alojamento conjunto em
investigação para sífilis congênita. O recém-nascido é assintomático. Exame físico sem alterações. Peso de nascimento
de 2.900g. Realizados os seguintes exames complementares: Hemograma: sem alterações. VDRL sérico 1:8; Radiografia
de ossos longos: dentro da normalidade. Líquor: celularidade de 6 células/mm³ (valor de referência de 0 a 32 cels/mm³);
proteínas de 250mg/dL (valor de referência de 20 a 170mg/dL); VDRL não reator. A mãe do recém-nascido realizou

tratamento para sífilis 10 dias antes do parto com Penicilina Benzatina (2.400.000 UI) por apresentar VDRL 1:16. A CONDUTA em relação a
este recém-nascido, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente
Transmissíveis, do Ministério da Saúde (2019), é:
A) acompanhamento clínico e sorológico, sem tratamento.
B) tratamento com dose única de penicilina benzatina, via intramuscular.
C) tratamento com penicilina cristalina por 10 dia, via endovenosa.
D) tratamento com penicilina procaína por sete dias, via intramuscular.

Comentários
Correta alternativa "C"
Vamos seguir os passos: a mãe foi adequadamente tratada? No caso da questão, o tratamento iniciou
menos de 30 dias antes do parto, então a resposta é não. O examinador já traz os resultados dos exames, o RN é assintomático, mas temos
o VDRL do RN positivo e proteinorraquia no líquor. Portanto, devemos considerar esse RN como portador de sífilis congênita com neurossí-
filis. Então, o tratamento só poderá ser realizado com penicilina cristalina endovenosa por 10 dias.

(UNIFESP/SP/2020) Você atende um recém-nascido de mãe com sífilis na gestação, que não foi tratada, e apresenta VDRL com título de 1/32
e TPHA (Treponema Pallidum Hemagglutination Test) positivo no momento do parto. A sorologia da criança ao nascimento mostra VDRL com
título de 1/128 e TPHA positivo. Ela deverá ser tratada obrigatoriamente com penicilina cristalina caso apresente:
A) pênfigo palmo-plantar
B) impossibilidade da coleta de líquor
C) anemia
D) hepatoesplenomegalia
E) osteocondrite

Comentários

Correta alternativa "B" A questão parece confusa, mas a pergunta do examinador é: que achado nos obriga tratar o RN com
penicilina cristalina? Sabemos que filhos de mães não tratadas, com o VDRL positivo e exame físico alterado podem usar a cristalina ou a
procaína, exceto se houver alterações liquóricas. A impossibilidade de coletar líquor leva-nos a considerar a criança como portadora de
neurossífilis e, nesse caso, devemos sempre tratá-la com penicilina cristalina.

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(UNIFESP/SP/2020) Você atende um recém-nascido de mãe com sífilis na gestação, que não foi tratada, e apresenta VDRL com título de 1/32
e TPHA (Treponema Pallidum Hemagglutination Test) positivo no momento do parto. A sorologia da criança ao nascimento mostra VDRL com
título de 1/128 e TPHA positivo. Ela deverá ser tratada obrigatoriamente com penicilina cristalina caso apresente:
A) pênfigo palmo-plantar
B) impossibilidade da coleta de líquor
C) anemia
D) hepatoesplenomegalia
E) osteocondrite

Comentários
Correta alternativa "B" A questão parece confusa, mas a pergunta do examinador é: que achado nos obriga tratar o RN com
penicilina cristalina? Sabemos que filhos de mães não tratadas, com o VDRL positivo e exame físico alterado podem usar a cristalina ou a
procaína, exceto se houver alterações liquóricas. A impossibilidade de coletar líquor leva-nos a considerar a criança como portadora de
neurossífilis e, nesse caso, devemos sempre tratá-la com penicilina cristalina.

(UFRJ/RJ/2020 e SES/GO/2020) Gestante com 40 semanas é admitida em trabalho de parto. Consultando o cartão de pré-natal, na sala
de parto, o pediatra identifica apenas uma consulta no primeiro trimestre, sem realização de sorologias para HIV e sífilis. O bebê nasce
chorando, Apgar 9/9, peso de nascimento de 3.500g. As sorologias da mãe na admissão evidenciam anti- HIV negativo e VDRL= 1/128.
A conduta recomendada para este recém-nascido é realizar punção lombar, radiografia de ossos longos, hemograma e VDRL no sangue
periférico e se:
A) apresentar alteração liquórica, administrar penicilina procaína 10 dias ambulatorialmente
B) todos exames normais e VDRL negativo, administrar uma dose de penicilina procaína e garantir acompanhamento ambulatorial na alta
C) todos exames normais e VDRL negativo, administrar uma dose de penicilina G benzatina e garantir acompanhamento ambulatorial na
alta
D) todos exames normais e VDRL negativo, administrar penicilina cristalina endovenosa 10 dias

Comentários

Correta alternativa "C" Aqui temos uma mãe que não foi tratada para sífilis. Então, nesse caso, o RN precisa ser avaliado clinica-
mente, com exames complementares, coletar VDRL, líquor e ser tratado com penicilina. A decisão de que penicilina usar depende dos
exames do bebê. Se alterados, com VDRL positivo, precisamos tratar com cristalina ou procaína, na ausência de neurossífilis. Se todos os
exames, inclusive o VDRL, forem negativos, é só fazer a benzatina em dose única e acompanhar.

(CERMAM/AM/ 2017) Como trato um recém-nascido com sífilis congênita diagnosticada na primeira semana de vida:
A) Penicilina benzatina 50.000 U\kg\dia dose única IM.
B) Penicilina procaina 100.000 U\kg\dia por 12\12h IM.
C) Penicilina G cristalina 25.000-50.000 U\kg\dia - 6\6h dia EV.
D) Penicilina G cristalina aquosa 100.000-150.000 U\kg\dia - 12\12h EV.

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Comentários

Correta alternativa "D" RNs com sífilis congênita devem receber penicilina cristalina de 50.000UI/Kg/dose (100.000 UI/kg/dia),
endovenosa, de 12 em 12 horas, na primeira semana de vida e depois de 8 em 8 horas, por 10 dias.

Certo, não desista agora! Vamos para a próxima situação e preste muita atenção, pois ela é um pouco mais complicada, mas tenho
certeza de que você irá tirar de letra!

E se a resposta for SIM ?


2) SIM, A MÃE FOI ADEQUADAMENTE TRATADA.
Aí, meu caro Estrategista, a chance de o neonato ter sido infectado é menor e é considerado primeiramente apenas exposto à sífilis. O
diagnóstico e o tratamento dependerão dos exames físico e do VDRL.

FILHOS DE MÃES ADEQUADAMENTE TRATADAS


1) Não notificar ainda;
2) Fazer exame físico detalhado; e
3) Coletar VDRL da mãe e do RN no sangue periférico.

Com os resultados, três situações podem ocorrer:


I. O VDRL é maior que o materno em duas ou mais titulações, independentemente do exame físico.
OU
VDRL menor que o materno em menos de duas titulações, mas com exame físico alterado.
Caracterizamos, então, como sífilis congênita e seguimos os passos já detalhados: notificar, realizar exames complementares, coletar
líquor e tratar com penicilina cristalina ou procaína.
II. O VDRL é positivo, menor ou igual ao materno ou maior em até uma titulação.
OU
VDRL negativo
E
Exame físico é normal.
Nesses casos, não há sífilis congênita e podemos apenas realizar o seguimento da criança.
III. VDRL negativo e exame físico alterado.
Descarta-se a doença, mas devemos realizar avaliação para outras infecções congênitas.

Prof. Natália Carvalho e Prof. Helena Schetinger| Curso Extensivo |Março 2021 50
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SÍFILIS CONGÊNITA
VDRL do RN maior que o materno em 2 ou mais titulações
OU
VDRL positivo e exame físico alterado.
Coletar exames complementares e líquor.
Tratar com penicilina cristalina ou procaína (na ausência de neurossífilis)

EXPOSTO À SÍFILIS
VDRL do RN não reagente; OU
VDRL menor ou igual ao materno; OU
VDRL até uma titulação maior que o materno
E
Exame físico normal.
Seguimento ambulatorial

EXPOSTO À TORCHS
VDRL do RN não reagente
E
Exame físico alterado.
Avaliar outras infecções congênitas

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Segue o fluxograma!
Mãe adequadamente
tratada

VDRL Mãe e RN

VDRL RN maior que o VDRL do RN menor


materno em duas ou que o materno ou maior VDRL negativo
mais titulações em até uma titulação

Sífilis congênita. Exame Exame Exame Exame


Investigar e tratar físico físico físico físico
alterado normal normal alterado

Investigar
Seguimento
TORCHS

CAI NA PROVA
(IAMSPE/SP/ 2020) Recém-nascido do sexo masculino, de termo e adequado para idade gestacional, está em alojamento
conjunto. A mãe refere que recebeu o diagnóstico de sífilis durante a gestação, pois tinha a primeira sorologia com
VDRL negativo e a segunda sorologia com VDRL 1/64. Ela e o parceiro receberam uma dose de penicilina benzatina.
Neste momento, a mãe tem VDRL 1/2. Colhidos exames do recém-nascido, com VDRL negativo, hemograma, líquor e
radiografia de ossos longos normais. A criança está assintomática e o exame físico é normal. A conduta indicada para o
recém-nascido é:
A) apenas realizar seguimento clínico e laboratorial após a alta hospitalar.
B) receber penicilina benzatina 50.000 UI/kg intramuscular em dose única.
C) receber penicilina procaína 50.000 UI/kg/dia intramuscular por 10 dias.
D) receber penicilina cristalina 50.000 UI/kg/dose endovenosa por 10 dias.
E) colher teste treponêmico da mãe e do recém-nascido para definir conduta.

Comentários
Correta alternativa "A" A mãe foi adequadamente tratada? Sim! Inclusive com queda de títulos. Então, o que deve ser feito é a
avaliação clínica do RN e VDRL dele e da mãe. O examinador já traz que a criança é assintomática e o VDRL é negativo. Nesse caso devemos
apenas realizar acompanhamento ambulatorial.

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Esse esquema seguido até aqui é o preconizado pelo Ministério da Saúde no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para prevenção
da transmissão vertical de HIV, sífilis e hepatites virais de 2019, como você pode observar abaixo.

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Agora, preste muita atenção, a Sociedade Brasileira de Pediatria segue um fluxo diferente, também utilizado de 2006 a 2019 pelo
Ministério da Saúde. Observe logo abaixo.

Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria.

Mas não se assuste, eles são muito semelhantes, a mudança é apenas em relação à conduta frente a filhos de mães adequadamente
tratadas.
Em casos de mães adequadamente tratadas assintomáticas, a conduta do Ministério da Saúde atual depende da titulação do VDRL
dos neonatos, e a da Sociedade Brasileira de Pediatria, da relação entre o VDRL materno e neonato. Para as sintomáticas, o tratamento é
mandatório.
ASSINTOMÁTICOS
• Se VDRL RN > Materno: Investigar com hemograma, líquor e radiografia de ossos longos e tratar com penicilina cristalina ou
procaína.
• Se VDRL RN < ou = Materno: Investigar com hemograma, líquor e radiografia de ossos longos. Se normais, tratar com penicilina
benzatina em dose única. Se alterados, com penicilina cristalina ou procaína.
• Se VDRL do RN negativo: encaminhar para seguimento; se houver impossibilidade de seguimento, tratar com penicilina benzatina.
SINTOMÁTICOS
• Tratar sempre.
Vamos comparar os dois para facilitar!

Prof. Natália Carvalho e Prof. Helena Schetinger| Curso Extensivo |Março 2021 54
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FILHOS DE MÃES ADEQUADAMENTE TRATADAS

MINISTÉRIO DA SAÚDE SPB

VDRL POSITIVO Tratamento.


Sintomáticos Tratar SEMPRE!
VDRL NEGATIVO Buscar TORCHS.

Seguimento ou benzilpenicilina
VDRL NEGATIVO Seguimento. benzatina na impossibilidade de
seguimento.

Investigar e tratar.
VDRL POSITIVO Se exames normais: benzilpenicilina
MENOR OU IGUAL Seguimento. benzatina.
Assintomáticos AO MATERNO Se alterados: benzilpenicilina
cristalina ou procaína.

Em até uma diluição:


Seguimento.
MAIOR QUE O Investigar e tratar com
Em duas ou mais
MATERNO benzilpenicilina cristalina ou procaína.
diluições: benzilpenicilina
cristalina ou procaína.

Felizmente, desde que o protocolo do Ministério da Saúde mudou, as questões têm cobrado pouco essa divergência, porém,
recentemente, em 2019/2020, a AMP do Paraná trouxe esta questão, então atente-se se esse local for seu objetivo.

CAI NA PROVA
(AMP/PR/2020) Recém nato de mãe com sífilis diagnosticada na gestação, adequadamente tratada, VDRL materno 1:4.
Bebê nasceu assintomático com VDRL de 1:4, colhidos hemograma e líquor que se mostraram normais. Raio X de ossos
longos sem alterações. Qual a conduta a ser tomada?
A) Liberar com orientações.
B) Iniciar penicilina cristalina por 7 dias.

C) Iniciar penicilina cristalina por 10 dias.


D) Liberar após dose única de penicilina benzatina.
E) Manter em observação hospitalar e tratar se desenvolver clínica.

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Comentários

Correta alternativa "D"


Temos aqui uma mãe adequadamente tratada, com RN assintomático e VDRL igual ao materno. Pelo
Ministério da Saúde, a conduta seria apenas seguimento, mas não temos essa alternativa! “Liberar com orientações” não seria o mais
adequado, pois não fala de acompanhamento. Lembre-se, então, do fluxo da SPB; nele, se o VDRL neonatal é igual ao materno, devemos
investigar com exames. Se normais, tratar com penicilina benzatina.

(Hospital Infantil Sabará/SP/ 2019) Uma gestante adolescente, em trabalho de parto, apresenta o seguinte histórico: diagnóstico de sífilis
no segundo mês de gestação, com VDRL 1:2048, tratada adequadamente, sem tratamento do parceiro, que, no mês seguinte, a abandonou.
Na consulta de pré-natal, no quarto mês, apresentava VDRL 1:16, recebendo novo tratamento adequado. Na maternidade, o VDRL é de 1:4.
Recém-nascido (RN) assintomático e VDRL não reagente. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa correta.
A) Trata-se de RN de mãe com sífilis adequadamente tratada e com VDRL não reagente. Deve-se realizar apenas o seguimento clínico-
laboratorial. Na impossibilidade de garantir o seguimento, tratar o RN com penicilina G benzatina, em dose única.
B) Trata-se de RN de mãe com sífilis tratada ou não. Independentemente do resultado do VDRL do RN, deve-se realizar hemograma, raio-X
de ossos longos, líquor e iniciar tratamento com penicilina cristalina por dez dias.
C) Deve-se fazer sempre o tratamento, independentemente da situação sorológica da mãe e do RN.
D) Não se pode considerar essa mãe como tratada, independentemente do VDRL do RN, pois ela mantém VDRL positivo (1:4), apesar do
tratamento.
E) Deve-se tratar novamente a mãe (VDRL 1:4) e o RN com penicilina cristalina ou penicilina procaína por dez dias.

Comentários
Correta alternativa "A" A mãe foi adequadamente tratada? Sim! Inclusive com queda de títulos! Nesses casos, examinamos o RN
e coletamos o VDRL. O examinador traz que está tudo normal e o exame VDRL é negativo, então a conduta é seguimento clínico. No fluxo
antigo e da SPB, na impossibilidade do seguimento aplica-se penicilina benzatina.

(UERJ/RJ/2019) Ao nascimento, em 31/07/2018, recém-nascido (RN) a termo (39 semanas) apresentou peso adequado para idade gestacional,
Apgar 9/9, não sendo necessário ser reanimado na sala de parto e sem alterações clínicas ao exame físico. Em 26/03/2018, a mãe apresentou
sorologia com VDRL = 1:32 e TPHA positivo. Por isso, foi tratada, junto a seu parceiro, com penicilina benzatina 7.200.000U (três doses
de 2.400.000U, aplicadas via intramuscular nos dias 02/04/2018, 09/04/2018 e 16/04/2018, comprovadas via receita médica). As demais
sorologias apresentaram resultados negativos. Em 30/07/2018, ao dar entrada na maternidade, a mãe apresentava VDRL = 1:8 e TPHA
positivo. Diante desse caso, a melhor interpretação dos resultados apresentados e conduta a ser tomada em relação ao RN, respectivamente,
são:
A) mãe inadequadamente tratada / realizar VDRL e, caso o titulo esteja menor ou igual ao materno e a punção lombar com VDRL positivo,
tratar com penicilina procaína 50.000U/kg/dose de 24 em 24 horas durante dez dias
B) mãe inadequadamente tratada / realizar VDRL e, em caso positivo, independentemente do titulo e demais exames colhidos, tratar com
neurossífilis com penicilina cristalina 50.000U/kg/dose de 12 em 12 horas durante dez dias
C) mãe adequadamente tratada / realizar VDRL e, em caso negativo, aplicar dose única de penicilina benzatina 50.000U/kg/dose e dar alta
hospitalar, com necessidade de acompanhamento ambulatorial
D) mãe adequadamente tratada / não realizar qualquer outro tipo de exame complementar, já que o RN se apresenta assintomático e dar
alta hospitalar sem necessidade de acompanhamento ambulatorial

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Comentários

Correta alternativa "C" A mãe foi adequadamente tratada? Sim! Observe que houve queda de títulos. Agora, a conduta é exam-
inar e coletar o VDRL do RN. Se for não reagente, apenas fazer o seguimento ambulatorial. O fluxo anterior do Ministério da Saúde e o
da SPB preveem o uso de penicilina benzatina apenas no caso de impossibilidade de seguimento, mas não vamos brigar com a questão.

Para terminar este tópico, você precisa saber que caso a mãe apresente apenas cicatriz sorológica, não há necessidade
de avaliação laboratorial do RN.

RESUMINDO

CONDUTA NA SÍFILIS CONGÊNITA


Primeiro, saber se a mãe foi adequadamente tratada.
Se a resposta for não, sempre investigar e tratar o neonato com penicilina.
Se a resposta for sim, a conduta vai depender da comparação entre o VDRL do RN e o materno e do exame físico neonatal.
Se a mãe apresentar cicatriz sorológica, não há necessidade de avaliação laboratorial do RN.

10.6 SEGUIMENTO AMBULATORIAL

Todo neonato exposto à sífilis gestacional, ossos longos e coleta de líquor, e tratar com penicilina cristalina.
independentemente de ter sido tratado ou não, deverá realizar o Na ausência de neurossífilis, a penicilina procaína pode ser
seguimento ambulatorial. Ele deve ser realizado por pediatra ou utilizada.
• Caso a criança tenha apresentado sífilis congênita
infectologista pediátrico e consiste em:
confirmada, deverá também realizar:
• Consultas mensais até o 6º mês de vida e bimensais até
• Avaliação especializada oftalmológica, neurológica e
o 12º mês;
audiológica, semestralmente por 2 anos;
• Coleta de teste não treponêmico - VDRL com 1º, 3º,
• Em caso de neurossífilis, realizar coleta de líquor a cada
6º, 12º e 18º meses de idade. Interromper o seguimento caso
6 meses, até a normalização; e
a criança apresente dois exames negativos consecutivos.
• Coletar teste treponêmico – FTA Abs após os 18 meses,
Caso haja elevação dos títulos ou a não negativação até o 18º mês
devendo ser não reagentes.
de vida, reinvestigar a criança com hemograma, radiografia de

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CAI NA PROVA
(UFRJ/2014) Lactente, cuja mãe não fez pré-natal e no momento do parto apresentou VDRL reagente, teve alterações liquóricas e foi tratado
com penicilina adequadamente. O acompanhamento ambulatorial deverá contemplar:
A) Acompanhamento audiológico semestral durante 2 anos.
B) Avaliação liquórica a cada 2 meses até a normalização.
C) Realização de VDRL bimensal até 18 meses de idade.
D) Consultas ambulatoriais bimensais no 1º ano de vida.

Comentários

Correta alternativa "A": Em caso de sífilis congênita, a criança deve fazer acompanhamento audiológico semestral por dois anos.
Incorreta alternativa "B": Em casos de neurossífilis, deve-se fazer o seguimento com coletas de líquor semestrais até a normalização.
Incorreta alternativa "C": O VDRL deverá ser realizado ao 1º, 3º, 6º, 12º e 18º mês de vida. Dois resultados negativos não consecutivos
encerram o seguimento.
Incorreta alternativa "D": As consultas deverão ser mensais até os 6 meses e bimensais até 1 ano de vida.

(UFRJ/2016) Lactente, 1 mês, feminino, com história de sífilis congênita, em acompanhamento ambulatorial mensal de puericultura tendo
sido colhido VDRL nesta consulta. Caso seja positivo, devem ser programadas novas coletas com:
A) 3, 6, 12 e 18 meses.
B) 2, 4, 6, 12 e 24 meses.
C) 3, 4, 5, 6 e 12 meses.
D) 2, 6, 12, 18 e 24 meses.

Comentários

Correta alternativa "A": O seguimento com o VDRL deve ser realizado ao 1º, 3º, 6º, 12º e 18º meses de idade. O caso é encerrado
se o bebê apresentar dois títulos negativos não consecutivos.

(UERJ/2017) Lactente de 12 meses, com história de sífilis congênita, apresentou VDRL de 1:8 no nascimento, tratado a partir do 2° dia de
vida com penicilina cristalina por dez dias, assintomático desde o nascimento. A criança vem sendo acompanhada no ambulatório e o VDRL
periódico apresenta os seguintes resultados: primeiro mês VDRL 1:8; terceiro mês VDRL 1:8; sexto mês VDRL 1:8; e décimo-segundo mês
VDRL 1:16. A conduta adequada nesse momento é:
A) Aguardar 18 meses de idade para novo VDRL e avaliar se novo tratamento é necessário.
B) Tratar novamente com penicilina cristalina e reinvestigar comprometimento ósseo e neurológico por exames complementares.
C) Tratar com penicilina procaína sem necessidade de reinvestigar comprometimento ósseo e neurológico por exames complementares.
D) Reinvestigar comprometimento ósseo e neurológico por exames complementares e avaliar se novo tratamento é necessário segundo
resultados.

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Comentários

Correta alternativa "B": A elevação dos títulos do VDRL ou a não negativação até os 18 meses leva à suspeita da sífilis. Nesses
casos, deve-se reinvestigar a criança com hemograma, radiografia de ossos longos e LCR, e tratar com penicilina cristalina.
Incorreta alternativa "A":Em casos de elevação dos títulos a qualquer momento, reinvestigar e tratar novamente.
Incorreta alternativa "A": O tratamento deve ser feito com penicilina cristalina e é necessário investigar o comprometimento ósseo e
neurológico.
Incorreta alternativa "A": O tratamento é mandatório.

Chegamos ao fim desta aula, você conseguiu! Agora que já sabe tudo sobre sífilis na gestação e sífilis
congênita, você está apto para responder qualquer questão sobre esse assunto! Parabéns pela determinação!
Para você nunca mais esquecer esse tema, preparamos um resumo desta aula! Além disso, não deixe de
resolver as questões desse tema no Sistema de Questões do Estratégia Med!

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CAPÍTULO

11.0 RESUMINDO

• A transmissão da sífilis congênita ocorre durante a gestação por via transplacentária, sendo mais severa quanto mais
precoce o período gestacional e mais recente a sífilis na gestante. No final da gestação, a transmissão vertical é maior, mas o
comprometimento fetal é menor.
• A sífilis é dividida em sífilis recente (primária, secundária e latente recente), se menos de um ano de evolução, ou sífilis
tardia (latente tardia ou de duração ignorada e terciária), se mais de um ano de evolução.
• A maioria das gestantes está no estágio de sífilis latente e o tempo cronológico da infecção é difícil de ser determinado,
por isso esses casos são classificados como sífilis latente tardia ou de duração ignorada.
• As principais repercussões fetais da sífilis congênita são: restrição de crescimento, prematuridade, hepatoesplenomegalia,
hidropisia, hidrocefalia, porencefalia, microcefalia e lesões ósseas.
• Na gestação, é obrigatório realizar exames para sífilis na primeira consulta do pré-natal e no início do 3º trimestre (28ª
semana), no momento do parto ou aborto e a qualquer momento após exposição com risco/violência sexual.
• Os testes treponêmicos são os primeiros testes imunológicos a ficarem reagentes. Por isso, são utilizados como primeiro
teste diagnóstico, mas não servem para monitorização da resposta ao tratamento.
• Os testes não treponêmicos são expressos em títulos e permitem a análise qualitativa e quantitativa. Por isso, são
utilizados para monitorização da resposta ao tratamento e para o controle da cura.
• Para o diagnóstico da sífilis, deve-se realizar um teste treponêmico e um não treponêmico.

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• A gestante é considerada adequadamente tratada se: tratamento com penicilina benzatina na dose correta para o
estadiamento da sífilis e iniciado pelo menos 30 dias antes do parto, e monitoramento adequado com queda dos títulos do teste
não treponêmico.
• A maioria das gestantes é diagnosticada durante os exames de rotina de pré-natal e estadiada como sífilis latente de
duração ignorada/tardia, devendo receber o tratamento total de 7,2 milhões UI, dividido em 3 doses.
• Caso a gestante seja comprovadamente alérgica à penicilina, ela deve ser dessensibilizada.
• A monitorização pós-tratamento deve ser feita com teste não treponêmico (VDRL ou RPR) mensalmente para gestantes.

VDRL OU RPR MENSAL

Queda de 2 diluições Ausência de queda de 2 Persistência ou


VDRL OU RPR Aumento da titulação
em 6 meses (sífilis titulações (4x) em até 6 recorrência de sinais
não reagente em 2 diluições (4x)
recente) ou 12 meses meses (sífilis recente) ou e sintomas clínicos
(sífilis tardia). 12 meses (sífilis tardia)

RESPOSTA IMUNOLÓGICA CRITÉRIOS DE RETRATAMENTO


ADEQUADA (reativação ou reinfecção)

Investigar sinais ou
Tratar com 2,4 milhões
sintomas neurológicos
UI por 3 semanas
ou oftalmológicos

• A sífilis congênita divide-se em precoce (manifestações em menores de 2 anos) e tardias (maiores de 2 anos). As mais
comuns são hepatoesplenomegalia, icterícia e lesões ósseas. As "chaves" são Pseudoparalisia de Parrot e pênfigo palmo-plantar.
• A conduta depende da história materna. Filhos de mães não tratadas ou inadequadamente tratadas: sempre notificar,
triar e tratar com Penicilina. Filhos de mães adequadamente tratadas: aguardar o VDRL do RN para comparar com o materno.
• O seguimento ambulatorial é mandatório. Devemos realizar VDRL seriado com 1, 3, 6, 12 e 18 meses. Dois exames
negativos encerram o acompanhamento. A elevação dos títulos ou a não negativação até o 18o mês indicam a necessidade de
triar e tratar novamente.

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12.0 VERSÕES DAS AULAS


Caro aluno, Para garantir que o curso esteja atualizado, sempre que alguma mudança no conteúdo for necessária, uma nova
versão da aula será disponibilizada.

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CAPÍTULO

14.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais, 2019.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST),
2020.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para atenção Integral às pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST),
2018.

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Testes para diagnóstico da Sífilis- Relatório de
Recomendação, 2015.

5. FEBRASGO. Guia prático: infecções no ciclo grávido-puerperal, 2016.


6. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis. Boletim Epidemiológico Especial- Sífilis, 2019.

7. Zugaib obstetrícia 4 ed. Manole, 2020.


8. Tratado de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria. 4a Edição.
9. Nelson Textbook of Pediatrics. 21a edição.
10. Aspectos epidemiológicos e preventivos da sífilis congênita. Sociedade Paulista de Pediatria. Setembro de 2017.

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CAPÍTULO

15.0 LISTA DE FIGURAS E TABELAS


Figura 1. Treponema pallidum.
Figura 2. Gráfico ilustrativo do risco de transmissão e gravidade da sífilis na gestação conforme a idade gestacional.
Figura 3. Sífilis primária - cancro duro.
Figura 4. Sífilis secundária.
Figura 5. Exame em campo escuro.
Figura 6. Pesquisa direta com material corado.
Tabela 1. Estadiamento clínico da sífilis adquirida.
Tabela 2. Manifestações clínicas da sífilis congênita.
Tabela 3. Testes imunológicos.
Tabela 4. Interpretação dos testes imunológicos.
Tabela 5. Tratamento da sífilis na gestação conforme estadiamento.

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CAPÍTULO

16.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


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Natália Carvalho e Helena Schetinger
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