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INFECTOLOGIA Prof.

Clarissa Cerqueira | HIV 2

INTRODUÇÃO

PROF. CLARISSA
CERQUEIRA

Olá, futuro(a) Residente, tudo bem?


Este aqui é um resumo de um dos temas mais
quentes da infectologia: a infecção pelo HIV. Quero
reforçar que isso aqui é um resumo! Ou seja, não
falarei de tudo que cai nas provas, mas sim dos tópicos
mais frequentes dos temas mais cobrados. Se quiser se
aprofundar no assunto, é só ler o livro digital completo
na área do aluno e assistir às videoaulas.
Meu objetivo com esse resumo é fazer você
acertar a maioria das questões de provas de Residência
Médica sobre a infecção pelo HIV. Tudo o que está
descrito aqui é de importância para a prova.
Sobre a infecção pelo HIV, os tópicos mais
quentes e que resumirei aqui para você são:

1. Infecções oportunistas, com destaque para


neurotoxoplasmose, pneumocistose e
neurocriptococose;
2. Prevenção da transmissão vertical;
3. Tratamento;
4. Profilaxia pós-exposição e pré-exposição;
5. Epidemiologia e história natural da doença;
6. Diagnóstico.

Preparado (a)? Vamos lá!

@draclarissacerqueira

/estrategiamed Estratégia Med

@estrategiamed t.me/estrategiamed

Estratégia
MED
INFECTOLOGIA HIV Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 ASPECTOS GERAIS 4


1 .1 TRANSMISSÃO 4

2.0 EPIDEMIOLOGIA 5
3.0 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E QUADRO CLÍNICO 5
4.0 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 6
5.0 TRATAMENTO 7
5 .1 TRATAMENTO EM GESTANTES 9

5 .2 TRATAMENTO EM PACIENTES COINFECTADOS COM TUBERCULOSE 9

6.0 INFECÇÕES OPORTUNISTAS 10


6 .1 PNEUMOCISTOSE 10

6 .2 NEUROTOXOPLASMOSE 12

6 .3 NEUROCRIPTOCOCOSE 13

6 .4 CANDIDÍASE ORAL E ESOFÁGICA 14

6 .5 ÚLCERAS ESOFÁGICAS POR HERPESVÍRUS 15

6 .6 PROFILAXIA DAS DOENÇAS OPORTUNISTAS 16

7.0 PREVENÇÃO 16
7 .1 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP) 16

7 .2 PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PREP) 17

7 .3 PROFILAXIA DE TRANSMISSÃO VERTICAL 18

8.0 MAPA MENTAL 20


9.0 LISTA DE QUESTÕES 21
10.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 22
11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

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CAPÍTULO

1.0 ASPECTOS GERAIS


A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) é a pelo HIV com consequente redução dessas células, leva o paciente a
responsável por causar a síndrome da imunodeficiência adquirida uma imunossupressão com risco aumentado de diversas infecções.
(sida ou aids). É uma doença que leva a uma redução dos linfócitos É por esse motivo que o acompanhamento dos pacientes é feito
T CD4+, também chamados de linfócitos T auxiliares ou T helper. com a contagem dos linfócitos TCD4+ (valor normal de 500 células/
Eles exercem um papel central na imunidade adaptativa. A infecção mm3 a 1.400 células/mm3) e a carga viral (CV).

1 .1 TRANSMISSÃO

A respeito da transmissão do HIV, o que você precisa saber são quais materiais biológicos podem transmitir ou não:

Pode transmitir HIV Não pode transmitir

Sangue Suor

Sêmen Lágrima

Secreções vaginais Fezes

Líquidos de serosas Urina

Líquido amniótico Vômitos

Líquor Saliva

Líquido articular

Leite materno

Figura 1. Tabela comparando materiais biológicos com risco de transmissão do HIV daqueles que não têm risco.

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2.0 EPIDEMIOLOGIA
A respeito da epidemiologia da doença, há algumas tendências no Brasil que são cobradas em provas. Elas são as seguintes:

Tendência de aumento ↑ Tendência de queda ↓

Taxa de detecção em homens. Taxa de detecção em mulheres.

Razão entre os sexos. Taxa de mortalidade geral.

Número de casos novos em HSH (homens que fazem sexo


com homens), superando a proporção de casos notificados
entre heterossexuais.

Taxa de detecção em gestantes.

CAPÍTULO

3.0 HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E QUADRO


CLÍNICO
Quando uma pessoa se infecta com o HIV, caso o tratamento não seja iniciado, a doença segue seu curso e o paciente pode encontrar-
se em uma dessas três fases:

1. Infecção aguda ou fase sintomática inicial ou síndrome retroviral aguda (SRA).


É uma doença mono-like (semelhante à mononucleose) autolimitada. A carga viral é elevada e os níveis de linfócitos decrescem.
2. Fase de latência clínica.
Essa é a fase de controle parcial da infecção com queda da carga viral (CV) e aumento dos LTCD4+. Com o passar dos anos, os linfócitos
voltam a cair.
3. Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
Nesta fase, a carga viral volta a subir e os LT CD4+ caem bastante. O que define se o paciente está nessa fase é a presença de linfócitos
TCD4 < 200 células/mm3 ou a presença de alguma doença definidora de aids, como a pneumonia por Pneumocystis jiroveci, candidíase
esofágica ou de traqueia, brônquios ou pulmões, tuberculose pulmonar e extrapulmonar, sarcoma de Kaposi, neurotoxoplasmose,
linfoma não Hodgkin de células B ou primário do sistema nervoso central e carcinoma cervical invasivo.

Neste gráfico você consegue visualizar a evolução da carga viral e contagem de linfócitos T CD4+ ao longo de cada uma das fases da
infecção:

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Figura 7. Evolução da carga viral e contagem de linfócitos T CD4+ ao longo da evolução natural do HIV.

CAPÍTULO

4.0 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL


A testagem para o HIV deve ser oferecida a todas as pessoas testes possuem uma janela imunológica maior, que pode variar de
com vida sexual ativa em consulta de rotina independentemente 1 a 3 meses, pois detectam anticorpos.
da presença de sintomas. Para a confirmação da infecção do HIV, precisamos de DOIS
Existem quatro principais tipos de testes realizados que são TESTES consecutivos com resultado reagente. Sabendo quais são
o teste rápido, o imunoensaio (ELISA), o Western blot e o teste os testes disponíveis e que devemos sempre fazer dois exames,
molecular, que é a detecção quantitativa da carga viral. Desses, o podemos fazer as seguintes combinações para diagnosticar a
teste molecular é o primeiro a positivar, seguido do ELISA de 4ª infecção pelo HIV:
geração, que consegue detectar o antígeno p24 do HIV. Os outros

1. Dois testes rápidos com amostra de sangue (de fabricantes diferentes).

2. Um teste rápido usando fluido oral e outro teste rápido usando sangue.

3. Um imunoensaio de 3ª ou 4a geração e um teste molecular (carga viral).

4. Um imunoensaio de 3ª ou 4a geração e um western blot ou imunoblot rápido.

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Se ambos os testes vierem positivos, temos um diagnóstico confirmado de infecção pelo HIV. Se os testes vierem discordantes, temos
que fazer um 3º teste diferente dos anteriores.

CAPÍTULO

5.0 TRATAMENTO

Uma vez que a infecção pelo HIV for confirmada, será indicado o tratamento! Ele independe da contagem de linfócitos TCD4+ e da
carga viral. O esquema atual preconizado pelo Ministério da Saúde contém três drogas e é o seguinte:

Tenofovir Lamivudina Dolutegravir


(TDF) (3TC) (DTG)

Inibidor da transcriptase Inibidor da transcriptase Inibidor de integrase


reversa análogo reversa análogo
nucleosídeo (ITRN) nucleosídeo (ITRN)

Nesse esquema, o paciente toma 2 comprimidos por dia, já que o TDF e 3TC são coformulados em um comprimido único e o DTG em
outro comprimido.
Além de ser cobrado qual é o esquema inicial de tratamento, algumas particularidades de alguns antirretrovirais também podem cair
em prova. Nesta tabela abaixo, anotei somente os pontos mais importantes a respeito das drogas mais cobradas:

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Classificação dos Principais


Observações
antirretrovirais representantes

• Droga do esquema básico inicial;


• Tenofovir
• Também usado para tratamento de hepatite B;
(TDF).
• Efeitos adversos: disfunção renal e perda óssea.
Inibidores da transcriptase
reversa análogos • Zidovudina • Usado para profilaxia da transmissão vertical;
de nucleosídeos e (AZT). • Efeitos adversos: supressão medular, anemia.
nucleotídeos (ITRN).
• Droga do esquema básico inicial;
• Lamivudina
• Bem tolerada com raros efeitos adversos;
(3TC).
• Também usado para tratamento de hepatite B.

Inibidores da transcriptase
reversa não análogos • Efavirenz • Efeitos adversos: terror noturno, sonhos vívidos,
de nucleosídeos e (EFV). ansiedade, depressão.
nucleotídeos (ITRNN).

• Atazanavir • Efeitos adversos associados ao trato gastrointestinal.


(ATV). • Todos os inibidores de protease interagem com
a rifampicina, droga que faz parte do tratamento
• Ritonavir (RTV). da tuberculose. Por isso, devemos trocar uma das
duas medicações caso você esteja em uma situação
Inibidores de protease. • Lopinavir (LPV). em que essas medicações possam ser prescritas
em associação. Damos preferência para substituir
a terapia antirretroviral do paciente, porém, em
• Darunavir
casos em que o esquema não possa ser modificado,
(DRV).
devemos tirar a rifampicina e trocar pela rifabutina.

• Dolutegravir • Droga do esquema básico inicial;


(DTG). • Bem tolerada com poucos efeitos adversos.
Inibidores da integrase.
• Raltegravir • Indicada somente quando o dolutegravir não puder
(RAL). ser usado.

Figura 15. Essa tabela é um resumo com as principais informações de cada antirretroviral. Perceba que o nome de cada classe já diz qual é seu
mecanismo de ação.

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5 .1 TRATAMENTO EM GESTANTES

Em gestantes, o tratamento pode ser diferente do esquema básico, afinal, o dolutegravir não deve ser usado no primeiro trimestre da
gestação por risco de defeito no tubo neural. Veja como é o esquema em gestantes:

Idade gestacional Esquemas iniciais recomendados

Com genotipagem pré-tratamento e ausência de mutação


contra ITRNN (como o efavirenz):
Tenofovir + lamivudina + efavirenz
Até 12 semanas de gestação.
Sem genotipagem pré-tratamento ou com mutação contra
ITRNN:
Tenofovir + lamivudina + atazanavir/ritonavir

A partir de 13 semanas de gestação. Tenofovir + lamivudina + dolutegravir

A genotipagem é um exame usado para investigar mutações no HIV que levam à resistência a alguns antirretrovirais.

5 .2 TRATAMENTO EM PACIENTES COINFECTADOS COM TUBERCULOSE

São dois pontos importantes sobre o tratamento do coinfectado HIV/TB:

• O esquema básico (TDF + 3TC + DTG) pode ser feito em associação com o tratamento da tuberculose, porém
a dose do dolutegravir deve ser dobrada.
• A rifampicina não deve ser feita em associação com inibidores de protease. Caso o paciente já faça uso
de algum, a recomendação é trocar essa classe por outra. Caso isso não seja possível e o IP não possa ser
trocado, devemos trocar a rifampicina pela rifabutina.

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CAPÍTULO

6.0 INFECÇÕES OPORTUNISTAS


Aqui, discutiremos os principais pontos das doenças oportunistas mais cobradas.

6 .1 PNEUMOCISTOSE

A pneumocistose é uma doença causada pelo Pneumocystis pulmonar a presença de candidíase oral, que é um marcador de
jiroveci. Ela, geralmente, manifesta-se quando a contagem de imunossupressão, para sugerir um diagnóstico de pneumocistose.
linfócitos T CD4+ está abaixo de 200 células/microL. Clinicamente, De exames laboratoriais, a elevação do lactato desidrogenase (LDH)
o paciente apresenta um quadro subagudo de tosse seca, febre, é bem característica.
dispneia e hipoxemia. Geralmente, a banca associa ao quadro

HIV + dispneia subaguda + hipoxemia = pneumocistose.

O diagnóstico da pneumocistose é, geralmente, presuntivo. A espontâneo. Já na tomografia de tórax, é frequente o encontro


associação da história clínica com exames de imagem e laboratório de infiltrados intersticiais em vidro fosco. Uma alteração que fala
é a maneira mais usada para isso. A radiografia de tórax pode vir contra o diagnóstico da pneumocistose é a presença de derrame
normal ou com um infiltrado intersticial bilateral ou pneumotórax pleural.

Figura 16. Na imagem da esquerda, observe uma radiografia de tórax de paciente com pneumocistose. Preste atenção ao infiltrado
intersticial bilateral. Na imagem à direta, você pode observar uma tomografia de um outro paciente com pneumocistose que evidencia
um infiltrado em vidro fosco bilateral.

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Seu tratamento é feito com sulfametoxazol e trimetoprim deve ser feito com clindamicina e primaquina.
por 21 dias e, após o uso do antibiótico em dose terapêutica, Pacientes com pneumocistose moderada à grave, ou seja,
devemos lembrar de mantê-lo em dose profilática três vezes por com PaO2 < 70mmHg em ar ambiente ou gradiente alvéolo-capilar
semana para evitar recorrência da doença. Essa profilaxia deve ser > 35mmHg, têm indicação do uso de corticoides, já que reduzem a
mantida até 3 meses após uma contagem de linfócitos acima de mortalidade nesses casos.
200 células/mm3. Caso o paciente seja alérgico à sulfa, o tratamento

TRATAMENTO DA PNEUMOCISOSE

1. Medicações: sulfametoxazol-trimetoprim ou clindamicina e primaquina (nos casos de


alergia à sulfa) por 21 dias.
2. Indicações de uso de corticoide: PaO2 < 70mmHg em ar ambiente ou gradiente alvéolo-
capilar > 35mmHg.

Veja o resumo da pneumocistose para não esquecer nada importante:

L TCD4 < 200


Fator de risco
cél/microL.

Dispneia, febre,
Quadro clínico
tosse seca.

PO2 baixa
Exames
DHL elevado
Pneumocistose
em pacientes com
HIV/AIDS
Radiografia de tórax: normal, ou com infiltrado intersticial bilateral, ou com pneumotórax.
TC de tórax: opacidades em vidro fosco.
Imagem

Não é frequente: derrame pleural.

Geralmente presuntivo com quadro clínico e exames compatíveis. Pode ser feita pesquisa
direta ou PCR do fungo em escarro ou lavado broncoalveolar
Diagnóstico

Tratamento Sulfametoxazol + trimetoprim por 21 dias.

Figura 17. Esquema dos tópicos mais importantes sobre a pneumocistose.

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6 .2 NEUROTOXOPLASMOSE

A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário intracelular


chamado de Toxoplasma gondii. Geralmente, reativa quando a contagem de
linfócitos T CD4+ fica abaixo de 100 células/mm3.
É a doença neurológica associada a lesões expansivas cerebrais mais
comum em pacientes com infecção pelo HIV. A doença tem um curso subagudo
e o paciente pode apresentar febre com algumas alterações neurológicas
como, por exemplo, convulsões, alteração do estado mental e sinais focais,
como hemiparesia, hemiplegia e disfasia.
Na tomografia computadorizada (TC) de crânio desses pacientes,
tipicamente podemos encontrar lesões cerebrais hipodensas, com realce
anelar ou nodular após uso do contraste, associadas a um edema perilesional.
São encontradas em qualquer topografia, sendo mais comum nos gânglios da
base.
O diagnóstico é presuntivo e é feito com a associação do quadro clínico
com exame de imagem. Para diagnóstico definitivo, precisaríamos realizar uma
biópsia da lesão cerebral, o que não está indicado de rotina. Figura 19. Esta é uma imagem de tomografia de crânio de um
paciente com neurotoxoplasmose. Observe a primeira seta de
Não há indicação de rotina de realizar punção lombar com análise do cima apontando para a lesão com realce anelar, que é bem
líquor nesses pacientes, afinal, muitos deles apresentam desvio de linha média característica dessa doença, e a outra seta apontando para o
edema perilesional. FONTE: Shutterstock.
com risco de herniação. Esse exame é indicado quando houver suspeita de
alguma outra doença neurológica concomitante ou para investigar causas não
infecciosas.

O tratamento é feito por 6 semanas (42 dias) e pode ser realizado com qualquer uma das opções:

• Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico. Caso o paciente seja alérgico à sulfa, devemos trocar a sulfadiazina pela clindamicina
e suspender o ácido folínico.
• Sulfametoxazol-trimetoprim (SMX-TMP).

Como o diagnóstico é presuntivo, após 10 a 14 dias devemos como o linfoma primário de sistema nervoso central (LPSNC).
repetir o exame de imagem e, caso tenha ocorrido uma melhora da Além dos antibióticos, pode ser usado corticoide, caso haja
lesão, juntamente com uma melhora clínica do paciente, podemos efeito de massa importante na TC de crânio ou edema cerebral
confirmar o diagnóstico da neurotoxoplasmose. Caso o paciente difuso. Não é indicado o uso profilático de anticonvulsivantes.
não melhore, devemos pensar em outra hipótese diagnóstica

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Eis aqui o resumo da neurotoxoplasmose:

Fator de risco L TCD4 < 100 cél/microL.

Convulsões, alteração do estado mental, sinais focais


Quadro clínico
como hemiparesia, hemiplegia e disfasia.

lgG geralmente é positivo e lgM


Sorologia
negativo.
Neurotoxoplasmose
em
pacientes com AIDS TC de crânio: lesões cerebrais hipodensas, com realce anelar
Tomografia
ou nodular após uso do contraste, associadas a um edema perilesional.

Geralmente presuntivo, com quadro clínico


Diagnóstico e tomografia de crânio compatíveis.

Sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico ou sulfametoxazol +


Tratamento trimetoprima por 42 dias (6 semanas).

Se TC não melhorar dentro de 10 a 14 dias de tratamento,


Seguimento
investigar linfoma primário de sistema nervoso central.

Figura 20. Esquema das principais informações sobre a neurotoxoplasmose.

6 .3 NEUROCRIPTOCOCOSE

A neurocriptococose é uma doença causada por um


fungo chamado de Cryptococcus neoformans e acomete
aqueles com contagem de linfócitos T CD4+ abaixo de 100
células/mm3. É a doença fúngica invasiva com risco de óbito
que mais ocorre nesses pacientes.
Clinicamente, o paciente apresenta sinais e sintomas
de meningite e hipertensão intracraniana, como cefaleia,
náuseas e vômitos, rigidez de nuca, edema de papila, paralisia
do VI par craniano (por ter um trajeto longo) e confusão
mental.
No exame da punção lombar, evidencia-se um
aumento da pressão de abertura (> 20 cmH2O ou 200
mmH2O). O líquor pode apresentar uma quimiocitologia
Figura 21. Imagem de microscopia óptica de líquor de paciente com neurocriptococose.
Perceba o fundo preto corado com a tinta nanquim e as leveduras em branco. Fonte: normal ou com uma celularidade um pouco aumentada às
arquivo da Professora Clarissa Cerqueira. custas de linfomononucleares, proteínas um pouco elevadas
e glicose um pouco baixa. O grande marcador que confirma o
diagnóstico é a tinta da china positiva em amostra do líquor.

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Assim que o diagnóstico for feito, está indicado o tratamento, que é feito em 3 fases:

1. Indução: é a fase inicial e devemos fazer a associação de anfotericina com 5-flucitosina ou fluconazol. A duração é em torno de 2
semanas.
2. Consolidação: deve ser iniciada em seguida à indução, com fluconazol em doses altas por 8 semanas.
3. Manutenção: após a consolidação, reduzimos a dose do fluconazol que deve ser mantido por pelo menos um ano.

Nos pacientes que não estavam em uso da TARV, devemos aguardar em torno de 2 a 10 semanas para iniciar essas medicações.
Precisamos esperar esse tempo para evitar a síndrome da reconstituição imune.

6 .4 CANDIDÍASE ORAL E ESOFÁGICA

A candidíase oral e esofágica e a esofagite por CMV são os importante para você diferenciar da leucoplasia pilosa oral. É uma
tópicos mais cobrados desse assunto. Vamos lá! doença causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), que clinicamente se
A candidíase oral é uma doença que se manifesta clinicamente apresenta da mesma forma que a candidíase. A diferença é que não
com a presença de placas esbranquiçadas na cavidade oral que conseguimos remover a placa com uma espátula.
conseguem ser removidas com uma espátula. Essa informação é

Figura 24. Cavidade oral de paciente com candidíase oral e esofágica. Perceba os pontos brancos que podem ser retirados com uma
espátula.

A candidíase oral geralmente é um marcador precoce de de disfagia nos pacientes com AIDS.
imunossupressão, porém não é uma doença definidora de aids. Tanto o tratamento da candidíase oral quanto da esofágica é
Nos pacientes com candidíase oral que apresentem disfagia, feito com fluconazol.
pense logo em candidíase esofágica, que é a causa mais frequente

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6 .5 ÚLCERAS ESOFÁGICAS POR HERPESVÍRUS

O agente viral mais associado a úlceras esofágicas em Sobre as úlceras herpéticas, elas são causadas principalmente
pacientes com HIV é o CMV. As úlceras são confluentes e lineares ou pelo HSV-1. Decorrem do rompimento de vesículas que coalescem
longitudinais. No anatomopatológico, há a identificação de células e formam úlceras pequenas, geralmente menores que 2 mm.
epiteliais com inclusões basófilas no citoplasma e eosinofilias São bem circunscritas e parecem com um “vulcão”. O tratamento
dentro do núcleo, formando uma imagem de “olho de coruja”. O desses casos deve ser feito com aciclovir.
tratamento de escolha, nesses casos, é feito com ganciclovir.

Figura 26. Anatomopatológico de úlcera esofágica pelo CMV. A seta aponta


para célula que forma o “olho de coruja”.

Figura 27. Observe na primeira ilustração da esquerda, uma úlcera longitudinal com base irregular, característica do CMV. Na
ilustração da direita, veja como as úlceras são múltiplas e bem demarcadas, características que pertencem ao HSV. .

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6 .6 PROFILAXIA DAS DOENÇAS OPORTUNISTAS

Quando os LTCD4+ do paciente caem bastante, devemos iniciar, de forma preventiva, algumas medicações para evitar doenças
oportunistas. Veja esta tabela e memorize:

Com que valor de linfócitos T CD4+


Para qual doença? Com que medicação?
iniciar?

Linfócitos T CD4 ≤ 350/mm3


Tuberculose. Isoniazida.
independentemente do PPD.

Linfócitos T CD4 > 350/mm3 se PPD ≥


Tuberculose. Isoniazida.
5mm.

Linfócitos T CD4 ≤ 200/mm3 . Pneumocistose. Sulfametoxazol-trimetoprim.

Linfócitos T CD4 ≤ 100/mm3. Toxoplasmose. Sulfametoxazol-trimetoprim.

MAC (Mycobacterium avium


Linfócitos T CD4 ≤ 50/mm3. Azitromicina.
complex).

CAPÍTULO

7.0 PREVENÇÃO

Vamos agora começar abordando sobre as profilaxias em situações específicas. Esse assunto é bastante cobrado em
provas! Quero 100% de sua atenção!

7 .1 PROFILAXIA PÓS-EXPOSIÇÃO (PEP)

A PEP é um tipo de profilaxia que é feita após uma situação de risco de transmissão do HIV.
Para saber se ela está indicada, você precisa de 5 respostas afirmativas a essas perguntas:

1. O tipo de exposição foi percutânea, através de membranas mucosas e cutâneas com pele não íntegra?
2. O material biológico envolvido foi sangue, sêmen, secreções vaginais, líquidos de serosas, líquido amniótico,
líquor, líquido articular e leite materno?
3. Paciente fonte tem sorologia positiva ou desconhecida para o HIV?
4. Paciente exposto tem sorologia não reagente para HIV?
5. O acidente foi a menos de 72h?

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Vamos agora resumir as indicações:

Exposição de risco com


material de risco

PEP indicada

Há < 72 horas
Paciente fonte com sorologia Paciente exposto com
positiva ou desconhecida sorologia não reagente

O esquema recomendado para a PEP é o mesmo esquema que o Ministério da Saúde recomenda para tratamento inicial de pacientes
infectados pelo HIV:

Tenofovir Lamivudina Dolutegravir


(TDF) (3TC) (DTG)

A duração da PEP é de 28 dias.

7.2 PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PREP)

Ao contrário da PEP, que é feita após a exposição de risco, a PrEP consiste no uso profilático de tenofovir com entricitabina (droga que
é muito parecida com a lamivudina) no intuito de reduzir o risco de infecção pelo HIV. As indicações são as seguintes:

Indicações da PrEP

Homens que fazem sexo com homens (HSH), pessoas trans e profissionais do sexo, se tiverem qualquer uma das
indicações abaixo:
Relação sexual desprotegida.
Episódios recorrentes de IST’s.
Uso frequente da PEP.

Parcerias sorodiscordantes, se:


Relação sexual desprotegida.

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Devemos manter a orientação do uso de preservativo pelo risco de infecção por outras doenças sexualmente transmissíveis.
No caso de casais sorodiscordantes, se o indivíduo infectado preencher os seguintes critérios, eles podem ter relação sexual sem
preservativo e o parceiro não infectado não precisa de PrEP:

• Uso regular da terapia antirretroviral (TARV) e boa adesão;


• Carga viral indetectável há pelo menos seis meses;
• Ausência de outras infecções sexualmente transmissíveis;
• Sem realização de práticas sexuais com outras parcerias.

Indetectável = Intransmissível

7.3 PROFILAXIA DE TRANSMISSÃO VERTICAL

Esse é um assunto que “despenca” nas provas! Você tem que se lembrar do manejo do recém-nascido exposto e da gestante. Vou
resumir aqui os pontos mais importantes.
O manejo da gestante para prevenir a transmissão vertical, depende do valor da carga viral (CV) na 34ª semana de gestação (no
terceiro trimestre). Leia e analise esta tabela com calma, para ficar mais fácil:

Cenários da gestante na 34ª semana Manejo da gestante e via de parto

• A via de parto é conforme indicação obstétrica.


CV indetectável.
• A TARV deve ser mantida.

• A via de parto é conforme indicação obstétrica.


CV detectável, porém < 1.000 cópias/mL.
• AZT injetável EV *.

• A via de parto indicada é a cesárea.


CV desconhecida ou > 1.000 cópias/mL.
• AZT injetável EV *.

* Pelo menos 3 horas antes da cirurgia até o clampeamento do cordão umbilical.


Figura 34. Manejo da gestante infectada pelo HIV e do recém-nascido exposto.

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No caso do manejo do recém-nascido (RN), atualmente, com base na Nota Informativa Nº 2/2021.DCCI/SVS/MS, houve uma mudança
dessa profilaxia. A primeira coisa a fazer é classificar o RN em alto ou baixo risco, porque a depender dessa classificação, a profilaxia vai mudar.
Leia aqui essa tabela com essa classificação atualizada:

Mães sem pré-natal, ou

Mães sem TARV durante a gestação, ou

Mães que tinham indicação de profilaxia no parto e não receberam, ou

Alto Mães com início de TARV após a 2ª metade da gestação, ou


risco Mães com infecção aguda pelo HIV durante a gestação ou aleitamento, ou

Mães com carga-viral (CV) detectável no 3º trimestre, usando ou não a TARV, ou

Mães com CV desconhecida, ou

Mães com teste rápido positivo no momento do parto, sem diagnóstico prévio de infecção pelo HIV.

Baixo
Uso de TARV na gestação e CV indetectável a partir da 28ª semana e sem falha na adesão à TARV.
risco

Nos casos de alto risco, devemos iniciar o uso de:

Zidovudina Lamivudina Raltegravir


(AZT) (3TC) (RAL)

Esse esquema é feito com todas essas drogas em solução oral e deve ser mantido por 28 dias.
Nos casos de baixo risco devemos indicar somente o uso do AZT solução oral também por 28 dias.

Não se esqueça! Esses recém-nascidos não devem ser amamentados, já que o leite materno pode
transmitir a infecção.

Prof. Clarissa Cerqueira | Resumo Estratégico| Maio 2021 19


INFECTOLOGIA HIV Estratégia
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CAPÍTULO

8.0 MAPA MENTAL


Este aqui é o mapa mental bem geral, sobre a infecção pelo HIV. Para mais detalhes e aprofundamento no assunto, não deixe de
conferir o livro digital e as videoaulas.

TDF+3TC+DTG
por 28 dias PEP

TDF+FTC PrEP Dois testes rápidos


ou
Um ELISA e WB
ou
Prevenção da TV Um ELISA e CV

Profilaxias Diagnóstico
L TCD4 < 200
células/microL ou
presença de
TDF+3TC+DTG População geral alguma doença
e gestantes Fase aids definidora de aids
com mais de
13 semanas
Fase de latência clínica Fase assintomática
TDF+3TC+EFV
(se genotipagem prévia com
sensibilidade aos ITRNN) Síndrome retroviral
Gestantes com Fase Aguda aguda
menos de 13
TDF+3TC+ATV/r semanas
(sem genotipagem prévia)

Tratamento HIV/AIDS Quadro clínico

Principais doenças
oportunistas

Trato respiratório Sistema Nervoso Central Trato gastrointestinal

Pneumocistose Neurotoxoplasmose Candidíase

Pneumonia Úlcera
bacteriana Neurocriptococose por CMV

Úlcera
Tuberculose por HSV

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INFECTOLOGIA HIV Estratégia
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Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

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CAPÍTULO

10.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


1. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Manejo da Infecção pelo HIV em adultos. Ministério da Saúde. 2018.
2. Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2020. Ministério da Saúde.
3. Manual Técnico para o Diagnóstico da Infecção pelo HIV em adultos e Crianças. Ministério da Saúde. 2018.
4. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para Manejo da Infecção pelo HIV em crianças e adolescentes. Ministério da Saúde.
2018.
5. Nota Informativa No 10/2018 – DIAHV/SVS/MS. Recomendações sobre o uso do dolutegravir.
6. Ofício Circular No 11/2020/CGIST/DCCI/SVS/MS. Atualização das recomendações de terapia antirretroviral (TARV) em gestantes vivendo
com HIV.

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CAPÍTULO

11.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Com este tópico, finalizo o resumo sobre a infecção pelo HIV. Reforço que somente alguns assuntos (os mais prevalentes) foram
abordados aqui. Portanto, sugiro que você reforce seu estudo com a leitura do livro digital e visualização das vídeo aulas.
Siga firme com foco na aprovação que estarei junto com você durante essa jornada.
Recomendo seguir o Estratégia MED (@estrategiamed) no Instagram, o meu perfil @draclarissacerqueira e dos outros professores.
Dessa forma, você estará atualizado (a) sobre todas as novidades referentes à residência médica e aprenderá sobre os assuntos de todas as
áreas cobradas em provas.
Um abraço e bons estudos.
Professora Clarissa Cerqueira

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