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[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

• Pressão de capilar pulmonar baixa (como


MEDICINA o fluxo é baixo, as pressões de
enchimento de ambos os ventrículos são
INTENSIVA baixas);

CHOQUE CARDIOGENICO

FC ↑ RVS ↑ DC ↓ PAOP ↑
INSTABILIDADE HEMODINAMICA
A má perfusão é resultado do baixo débito
cardíaco oriundo de uma patologia cardíaca
CHOQUE CIRCULATÓRIO propriamente dita. A causa mais comum é o
CONCEITO infarto, no entanto há outras causas como
valvopatias, dentre outras. Considerando a
Estado de perfusão tecidual inadequada que falência da bomba teremos:
gera suprimento insuficiente de oxigênio (O2) e
nutrientes aos tecidos e impede a remoção dos • Redução do débito cardíaco;
produtos de excreção celular • Aumento da resistência vascular sistêmica;
• Pressão capilar pulmonar via de regra
☒ CUIDADO: a hipotensão NÃO é critério nem elevada (considerando o IAM como
obrigatória para definição do choque, inclusive principal causa);
pode correr com PA normal.
☒ CUIDADO: falamos que a pressão capilar
CLASSIFICAÇÃO FISIOPATOLÓGICA pulmonar é elevada pois consideramos como
Em relação às alterações hemodinâmicas, protótipo o choque causado pelo IAM. Aqui, com o
podemos dividir o choque em dois grandes comprometimento do ventrículo esquerdo,
grupos, de acordo com o débito cardíaco e resultaria em aumento da pressão capilar
a resistência vascular sistêmica: pulmonar. Porém cuidado, se houver
comprometimento do VD, a pressão capilar
• Hipodinamicos: relacionados ao baixo estará normal ou baixa.
débito cardíaco e aumento da resistência
vascular sistêmica (vasoconstricção). São CHOQUE OBSTRUTIVO
eles: choque hipovolêmico, cardiogênico e
FC ↑ RVS ↑ DC ↓ POAP ↓
obstrutivo;
• Hiperdinamicos: alto débito cardíaco e ou
redução da resistência vascular sistêmica normal
(vasodilatação). Representado pelos Ocasionado por uma obstrução ou uma
choques distributivos (séptico, anafilático, compressão dos grandes vasos ou do próprio
neurogênico). coração. Pode ocorrer por diversas causas, porém
três merecem destaque: PNEUMOTÓRAX
✪ COMO CAI NA PROVA: Além do débito cardíaco HIPERTENSIVO, TAMPONAMENTO CARDÍACO e
e da resistência vascular sistêmica, um dos índices TROMBOEMBOLISMO PULMONAR. Teremos:
hemodinâmicos cobrados é a pressão capilar
pulmonar, que reflete diretamente as pressões de • Débito cardíaco baixo;
enchimento dos ventrículos, especialmente do • Resistencia vascular sistêmica elevada
ventrículo esquerdo (circulação sistêmica). (compensação)
• Pressão capilar variável conforme
CHOQUE HIPOVOLEMICO etiologia:
o Pneumotórax hipertensivo: pela
FC ↑ RVS ↑ DC ↓ POAP ↓ compressão da veia cava, os
É causado por uma redução do volume sanguíneo, parâmetros hemodinâmicos são os
sendo o mais frequente dos tipos de choque. Essa mesmos do choque hipovolêmico
redução pode ser devida a uma hemorragia ou a (POAP baixa);
uma perda isolada de plasma (desidratação por o Tamponamento cardíaco: tende a
exemplo). Por consequência desta perda de normalidade;
volume teremos: o Tromboembolismo pulmonar:
pressão normal ou baixa.
• Redução do débito cardíaco (já que o fluxo
do sistema sera baixo); CHOQUES DISTRIBUTIVOS
• Aumento da resistência vascular sistêmica
(efeito compensatório); A má́ perfusão é resultado de uma vasodilatação
periférica global, comprometendo o
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fornecimento de oxigênio pelos capilares e a AVALIAÇÃO CLÍNICA E COMPLEMENTAR


captura de oxigênio pelos tecidos. Nesse caso, o
debito cardíaco encontra-se preservado, dado SINAIS E SINTOMAS
que não há qualquer problema nem com a bomba Existem manifestações cardinais (comuns a quase
cardíaca, nem com o volume circulante de sangue. todos os tipos de choque) e características que
São características principais: podem indicar um tipo específico. São achados
cardinais
• Débito cardíaco normal ou elevado (o
problema não é na bomba!); • Hipotensão;
• Resistencia vascular periférica deprimida; • Oligúria (débito urinário);
• Pressao capilar pulmonar deprimida (pela • Alteracao do estado mental;
vasodilatação); • Acidose metabólica;
✱ DICA: o choque distributivo é a única ✪ COMO CAI NA PROVA: considera-se dentre
modalidade de choque em que ocorre todos os métodos de monitorização não invasiva
vasodilatação. Em todos os outros tipos de choque para monitoramento da ressucitacao volêmica do
vai ocorrer uma vasoconstrição reflexa paciente, o débito urinário como o mais fidedigno
(mecanismo compensatório). para avaliar a eficácia.
O choque distributivo tem quatro causas básicas, Laboratório: o papel do lactato
que detalharemos a seguir:
Deve ser solicitado o mais rápido possível, pois
Choque séptico possui grande relação prognóstica.
Decorrente de uma infecção grave, disseminada ☒ CUIDADO: a hiperlactatemia, assim como a
para todo o organismo. Os agentes causadores da hipotensão, não é critério nem obrigatória para
infecção são produtores de toxinas que induzem à
definição de choque.
produção de mediadores inflamatórios como
interleucinas, bem como a síntese de óxido nítrico. TRATAMENTO
Essas substâncias têm uma potente ação
vasodilatadora. Dependerá do tipo de choque em questão, por isso
vamos abordar os aspectos mais gerais.
Choque anafilático
AS 4 FASES DO TRATAMENTO
É resultado de uma vasodilatação generalizada e
Estabelecido por alguns autores pelo mnemônico
tem hemodinâmica semelhante ao choque séptico.
ROSE:
No entanto, a causa é distinta, mediada pela
imunoglobulina E. A IgE provoca a degranulação • R – Ressuscitação: sobrevida imediata, a
de mastócitos com consequente liberação de partir de valores mínimos de PA e DC, e
histamina (dentre outros mediadores) que procedimentos que levem a reversão de
induzem a vasodilatação. condições ameaçadoras (ex.:
pericardiocentese);
Choque neurogênico
• O – Otimização: trazer para normalidade
Ocorre devido à injúria no centro vasomotor no parâmetros como PAM, diurese, PVC,
sistema nervoso central. Tal injúria pode ser buscando restaurar homeostase;
proveniente de lesão da medula espinal acima do • S – Estabilização: medidas de suporte
nível torácico superior, grave TCE ou fármacos como hemodiálise, ventilação mecânica;
anestésicos • E – Evacuação: desmame de
vasopressores e terapias de suporte.
✪ COMO CAI NA PROVA: uma particularidade
extremamente cobrada pelas provas no que diz DROGAS VASOATIVAS
respeito ao choque neurogênico é a presença de De maneira geral todos devem receber drogas
hipotensão SEM taquicardia reflexa, muitas vasopressoras (pois na maioria terão hipotensão).
vezes evoluindo com bradicardia até! (como temos Alguns pacientes podem se beneficiar de drogas
uma lesão no sistema nervoso, a resposta inotrópicas, especialmente quando débito
simpática é interrompida). Pelos mesmo motivos cardíaco baixo. Vamos as principais drogas:
também podemos notar que a pele é quente e
seca. • Noradrenalina: tem somente efeitos alfa-
adrenergicos. Aumenta a contração
cardíaca e a vasoconstrição sistêmica;
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• Dobutamina: vai ter sempre um efeito TRIAGEM DE SEPSE


beta-adrenérgico (predominante
miocárdico) com ação dose-dependente.
Por esse mecanismo aumenta a
contratilidade miocárdica e diminui
discretamente a resistência periférica.
• Dopamina: mais importante droga
utilizada na terapia intensiva, havendo
efeito dependente de dosagem. Existem
três tipos de dose, crescentes em relação a
dosagem: dopaminérgica (melhora
perfusão renal, SNC e coronariana), beta-
adrenergica (aumento do debito cardíaco)
e alfa-adrenérgica (vasocontricao
sistêmica)
Para as provas geralmente usam o quick SOFA.
SEPSE
✱ DICA: Basta lembrar do “CPF da sister”:
DEFINIÇÃO Consciência, Pressão Sistólica e Frequência
Respiratória. E lembre-se de que o quick SOFA não
Resposta inflamatória exacerbada e deletéria do
tem coração, ele é cruel. Nunca marque uma
hospedeiro frente a uma infecção adquirida na
alternativa que coloca frequência cardíaca no
comunidade ou no ambiente hospitalar.
quick SOFA. É sempre a respiratória.
CHOQUE SÉPTICO
CUIDADO: ATUALIZAÇÃO
Sepse que apresenta alterações circulatórias,
O qSOFA tem baixa sensibilidade e não significa
celulares e metabólicas que estão associadas a
automaticamente que o paciente tenha sepse,
um risco maior de mortalidade do que a sepse
mas que o mesmo tem um prognostico pior quanto
isolada.
a outro com qSOFA menor. A evidencia mais
CONCEITOS EM DESUSO recente NÃO RECOMENDA a utilização do
qSOFA (comparado a MIRS, NEWS ou MEWS,
Apesar de não ultimarmos mais tais definições é outros critérios menos conhecidos) como
importante lembrarmos pois por vezes aparecem ferramenta de rastreio para sepse.
em provas (e geralmente é a resposta errada):
DIAGNÓSTICO: SOFA
• Síndrome da Resposta Inflamatória
Sistêmica (SIRS): resposta inflamatória Esse é um escore prognóstico que tem como
inespecífica do organismo a vários tipos de objetivo estimar a mortalidade associada à
agressão (pancreatite, trauma, infarto sepse através da análise do grau de disfunção
agudo do miocárdio, entre outras), orgânica desses pacientes. Para estimar a
manifestada por duas ou mais das mortalidade e o grau de disfunção orgânica,
seguintes condições: Temperatura > 38°C utilizamos critérios gradativos por sistema
ou < 36°C; Freqüência cardíaca > 90 bpm; afetado, pontuando de 0 (sem disfunção) até 4
Freqüência respiratória > 20/irpm ou (disfunção máxima). Os sistemas avaliados pelo
PaCO2 < 32 mm Hg; Leucócitos > SOFA são: respiratório, hematológico,
12.000/mm³ ou < 4.000/mm³ ou > 10% de neurológico, hepático, cardiovascular e renal.
formas jovens ̂ precisa saber
✪ COMO CAI NA PROVA: Você
• Sepse grave: é a sepse associada com
quais parâmetros indicam a disfunção de um
disfunção de órgãos, hipoperfusão ou
sistema. É isso que o examinador quer saber: se
hipotensão, podendo haver acidose lática, ̂ pedirá os exames corretos ao avaliar um
você
oligúria ou alterações agudas do nível de
paciente com sepse no seu plantão de R1.
consciência. Não e mais utilizada pois todo
quadro de sepse é grave.
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MANEJO Uso de corticosteroides

PACOTE DE 1ª HORA DE ATENDIMENTO No choque séptico refratário, onde o paciente


teve agressão hemodinâmica com possível
Envolve 5 etapas: hipoperfusão de adrenais de forma persistente
podemos considerar o uso de corticosteroides
• Exames laboratoriais deverão ser
(hidrocortisona).
coletados para verificar disfunções
orgânicas (incluindo LACTATO); ☒ CUIDADO: antes de optarmos pelo
• Culturas deverão ser coletadas corticosteroide devemos esgotar as
preferencialmente antes do início de possibilidades com controle pela DVA e
antibióticos; expansão volêmica.
• Antibióticos deverão ser iniciados dentro
da primeira hora de atendimento; Uso de bicarbonato
• Volume deverá ser oferecido a todos os
pacientes com sinais de hipoperfusão; Quase que na totalidade das questões, o uso de
bicarbonato de sódio será́ uma conduta errada na
• Drogas vasoativas deverão ser
sepse. Temos que tratar a causa da acidose: a má ́
consideradas caso a hipoperfusão seja
mantida; perfusão. Logo, não faz sentido neutralizar íons
H+ utilizando ativamente bicarbonato de sódio,
Sobre o lactato visto que isso não tratará o núcleo do problema.

Recebe grande importância dos protocolos ☒ CUIDADO: o bicarbonato de sódio pode


recentes de sepse, pois indicará o grau de aumentar o risco de distúrbios do sódio e até
́ responsável por
hipoperfusão da sepse, que será edema cerebral.
todas as outras disfunções. Por isso, é o único
parâmetro laboratorial reavaliado no pacote de
6 horas. INSUFICIENCIA RESPIRATÓRIA

Culturas DEFINIÇÃO
Coleta de dois pares de hemoculturas de sítios Síndrome clinica resultante da incapacidade do
distintos antes do início de antimicrobianos sistema respiratório de manter a troca gasosa
(preferencialmente). Aproximadamente 30% a adequada seja pela dificuldade na oferta de
50% dos pacientes com sepse terão os agentes oxigênio aos tecidos ou pela inadequada remoção
etiológicos identificados. de gás carbônico pelos pulmões.

Ressuscitação volêmica ✪ COMO CAI NA PROVA: Convencionalmente, é


definida a partir de uma gasometria arterial: PaO2
A primeira escolha sempre será os critaloides, 30 <55-60 mmHg, com o paciente respirando ar
ml/kg de fluido intravenoso nas primeiras 3 ambiente (FIO2=0,21).
horas.
✪ COMO CAI NA PROVA: Caso o paciente já
Drogas vasoativas
esteja recebendo suplementação de O2, a
Caso o paciente apresente pressão arterial média definição gasométrica da IRpA passa a ser
persistentemente abaixo de 65 mmHg após dada pela relação PaO2/FIO2, a qual deverá ser
expansão volêmica adequada (solução e dose <300 mmHg
adequada para seu peso), o uso de drogas
vasoativas deverá ser prontamente iniciado já FISIOPATOLOGIA
no final da primeira hora. As primeiras escolha FISIOLOGIA DAS TROCAS GASOSAS
sempre reside sobre a noradrenalina.
A oxigenação e a eliminação do gás carbônico
PACOTE DE 6ª HORA dependem do funcionamento de diferentes
componentes do sistema respiratório.
Tem como objetivo reavaliar parâmetros
perfusionais (incluindo o clareamento do lactato), Didaticamente podemos dividi-las em:
necessidade de aumento da expansão volêmica
1. Ventilação alveolar;
e associação de outras classes de drogas
2. Difusão;
vasoativas. 3. Adequacao entre ventilação e perfusão
(relação perfusão-ventilacao);
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VENTILAÇÃO ALVEOLAR ✪ COMO CAI NA PROVA: fique atento em


O volume de ar que atinge os alvéolos constitui a condições que envolvam traumas ou
ventilação alveolar e representa a quantidade de intoxicação (benzodiazepínicos)
ar inspirado que estará́ disponível para as trocas
DISTÚRBIOS DA DIFUSÃO
gasosas. Uma ventilação adequada depende do
bom funcionamento de alguns compomentes, tais Há espessamento da membrana alvéolo-capilar,
como: dificultando a difusão passiva de O2 e CO2. Como
há grande reserva funcional na capacidade de
• centro respiratório (localizado na ponte e difusão, ela não é comum como causa isolada de
no bulbo) e medula de onde saem as raízes IRpA.
que formarão o nervo frênico);
• nervos periféricos (principalmente o ✱ DICA: o CO2 é muito mais difusível pela
frênico, responsável pela inervação do membrana alvéolo-capilar do que para o O2,
diafragma); fazendo com que os distúrbios de difusão gerem
• músculos da respiração (principalmente o hipoxemia sem hipercapnia.
diafragma);
• caixa torácica (que deve permitir a ✱ DICA: Um parâmetro gasométrico que pode ser
expansão pulmonar); utilizado na avaliação do distúrbio de difusão é a
• vias aéreas (que devem permitir o fluxo gradiente alvéolo arterial de oxigênio (PAO2 –
aéreo) PaO2 ou P(A-a)O2). Ao calcular a diferença de
pressão parcial de oxigênio entre o ar alveolar e o
DIFUSÃO sangue arterial, ela estima a eficácia da troca
gasosa pela membrana alvéolo-capilar. Em
É o transporte passivo dos gases através da
condições normais, espera-se uma pequena P(A-
membrana alvéolo-capilar. Seu bom
a)O2, decorrente de umas poucas áreas de baixa
funcionamento depende principalmente de:
V/Q normalmente presentes. Uma P(A-a)O2
• Espessura e área de tecido pulmonar; aumentada (alargada) indica uma ineficácia nas
• diferença de concentração dos gases trocas gasosas, ou por comprometimento de
(entre o alvéolo e o sangue venoso) difusão ou por alteração V/Q

ADEQUAÇÃO ENTRE VENTILAÇÃO/PERFUSÃO ALTERAÇÃO NA V/Q

Para que ocorram as trocas gasosas, é necessário São as causas mais comuns:
que as áreas ventiladas sejam perfundidas em
• V/Q baixa: parte do sangue que chega aos
uma proporção apropriada, o que é denominado
pulmões passa por alvéolos pouco
relação ventilação/perfusão (V/Q).
ventilados (ou não ventilados), portanto
✪ COMO CAI NA PROVA: Como veremos a com níveis baixos de O2, o que ocasiona
seguir, as desproporções entre as áreas oxigenação insuficiente. Chamamos de
ventiladas e as perfundidas são o principal shunt as situações em que o sangue passa
mecanismo de desenvolvimento da IrpA. por alvéolos não ventilados (V/Q = 0);
• V/Q alta: sentido inverso, com áreas
FISIOPATOLOGIA alveolares ventiladas adequadamente,
porém mal perfundidas (ou não
Entendendo a fisiologia fica fácil entendermos que perfundidas). Quando isso ocorre em
a IRpA pode ocorrer por diferentes mecanismos
grandes extensões, funciona como
fisiopatológicos, basicamente:
hipoventilação, pois a ventilação alveolar
está sendo “perdida” para áreas onde não
• Hipoventilação;
há trocas gasosas, com consequente
• Distúrbios de difusão
hipoxemia e hipercapnia.
• Distúrbios na relação ventilação/perfusão;
Convencionalmente, chamamos de
• Inalação de gás com baixa concentração
espaço-morto as situações em que a
de oxigênio.
ventilação ocorre em alvéolos não
HIPOVENTILAÇÃO perfundidos

É caracterizada pela renovação ineficaz do ar INALAÇÃO DE GASES POBRES EM O2


alveolar. Geralmente está relacionada a
Como ocorre nas intoxicações por outros gases,
acometimentos do centro respiratório, nervos
como o monóxido de carbono (CO).
periféricos e vias aéreas.
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CLASSIFICAÇÃO extra-pulmonar) em conjunto com pneumonia ou


atelectasia (possíveis causas pulmonares).
IRPA TIPO I (HIPOXEMICA)
O comprometimento das trocas gasosas se deve a CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE
alterações na membrana alvéolo capilar ou na Podemos classificar a IRpA ainda segundo sua
relação V/Q. São elas: gravidade, através da Relação PaO2/FiO2:

• Doenças intersticiais; • Leve: 201-300


• Pneumonias; • Moderada: 100 a 200
• SDRA; • Grave: <100
• Edema agudo de pulmão;
• Tromboembolismo pulmonar; TRATAMENTO

APRESENTAÇÃO GASOMÉTRICA A IRpA é uma síndrome clínica que tem, como


vimos anteriormente, etiologias diversas. Sua
São achados típicos: resolução, portanto, depende da resolução da
doença que a determinou. Até que a resolução, ou
• Hipoxemia (pO2 ↓);
pelo menos a compensação, da doença causadora
• Hipocapnia (pCO2 ↓ ) - em função da
ocorra, algumas medidas são necessárias para a
hiperventilação compensatória;
manutenção dos gases arteriais em níveis
• pH básico;
adequados. Dentre estas medidas a correção da
• Gradiente alveolo-arterial ou elevado;
hipoxemia é o objetivo mais importante, visto
que ela é uma condição ameaçadora da vida.
IRPA TIPO II (HIPERCÁPNICA)
A capacidade de troca gasosa entre os alvéolos e SD DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO
os capilares está mantida, porém estão
hipoventilados e, portanto, não apresentam níveis DEFINIÇÃO
adequados de O2 e CO2 que permitam a troca Doença de instalação AGUDA (<7 dias de
gasosa eficaz. Causado por: exposição a uma das prováveis etiologias)
associada a infiltrados bilaterais na radiografia
• Doenças neuromusculares; ou na tomografia, relação PaO2/FiO2 MENOR
• Obstruções de via aérea; OU IGUAL A 300, desde que o quadro clinico
• Intoxicações (BZD); não seja totalmente explicado por insuficiência
cardíaca ou sobrecarga volêmica.
APRESENTAÇÃO GASOMÉTRICA
São características: ✪ COMO CAI NA PROVA: Vem sendo um tema
muito cobrado em provas, especialmente pelo
• Hipoxemia; COVID-19.
• Hipercapnia (pCO2 ↑);
• pH ácido; ☒ CUIDADO: A PRINCIPAL causa de óbito em
• Gradiente alvéolo-arterial normal (ou seja, pacientes com SDRA é a disfunção de múltiplos
toda a hipoxemia presente decorre da órgãos e sistemas (DMOS) e sepse.
menor pressão de oxigênio no ar alveolar e
não por comprometimento da troca) ETIOLOGIA
Podemos dividir as causas em:
IRPA TIPO III (MISTA)
Não é raro a ocorrência simultânea de mais de um • Primárias (lesão pulmonar direta): como
dos mecanismos descritos em uma mesma pneumonia, contusão pulmonar, aspiração
condição clinica. de conteúdo gástrico, embolia gordurosa;
• Secundárias (lesão pulmonar indireta):
✪ COMO CAI NA PROVA: a IRpA tipo I como sepse, trauma grave, pancreatite
naturalmente evolui para uma IRpA mista, na aguda entre outras;
medida em que a hipoxemia gera hiperventilação,
que com a fadiga dos músculos respiratórios, ✪ COMO CAI NA PROVA: Sepse é a principal
ganha componente de hipercapnia, cedo ou tarde. causa de SDRA e deve ser a primeira etiologia a
ser considerada.
☒ CUIDADO: Podemos ter ainda doenças
simultâneas que podem levar a IRpA por FISIOPATOLOGIA
mecanismos diferentes, como a presença de Tem relação direta com o aumento da
acidente vascular encefálico (possível causa permeabilidade capilar, atelectasia e aumento
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do efeito shunt, que está diretamente associado à • Hipercapnia permissiva: tolerada pelo
piora nas trocas gasosas. Podemos dividir sua benefício do uso de baixas pressões de
evolução em 3 fases: distensão ou Driving Pressure. Portanto,
devemos tolerar uma PaCO2 até 70-80
• Exsudativa (dano alveolar difuso): dura mmHg, desde que mantenhamos o pH
de 7-10 dias, caracterizada por dano acima de 7,20
alveolar difuso, uma reação não especifica • Pressão de platô: deve ser monitorada
a diversas causas, caracterizada por continuamente e não deve exceder 30
EDEMA INTERSTICIAL; cmH2O.
• Proliferativa: após o período inicial, o • Posição prona: é capaz de melhorar a
estágio proliferativo desenvolve-se, oxigenação. Seu impacto na
caracterizado por RESOLUÇÃO do edema mortalidade foi comprovado, porém com
pulmonar porém com DEPOSIÇÃO benefício penas nos pacientes portadores
PRECOCE DE COLÁGENO; de SDRA grave (PaO2/FiO2 < 150mmHg).
• Fibrótica: obliteração da citoarquitetura • Corticoides: pode ser benéfica em
pulmonar, fibrose e formações císticas. O pacientes com SRDA grave. Não deve ser
grau de fibrose pode variar. utilizada, de maneira sistemática, em
sepse sem choque séptico, nem deve ser
AVALIAÇÃO CLÍNICA utilizada para SDRA leve.
QUADRO CLÍNICO ☒ CUIDADO: Sobre o uso da ECMO: vem
Deve ser suspeitada em pacientes com sintomas ganhando importância no tratamento de
respiratórios progressivos e necessidade pacientes com hipoxemia refratária.
crescente de oxigênio associado a infiltrado
alveolar bilateral à radiografia de tórax após 6- VENTILAÇÃO MECANICA
72 horas do evento inicial, que pode ocorrer em um
período de até 7 dias após o insulto.
CONCEITOS E DEFINIÇÕES
GASOMETRIA FASES DO CICLO RESPIRATÓRIO
Por definição, a gasometria arterial apresenta
hipoxemia e:

• ALCALOSE RESPIRATÓRIA;
• AUMENTO DO GRADIENTE ALVÉOLO-
ARTERIAL;

RADIOLOGIA
Pode ser heterogênea a depender da causa. De
maneira geral apresenta opacidades alveolares
difusas e bilaterais com atelectasias. Em alguns
casos, as alterações imaginológicas podem ser
sutis, principalmente em quadros iniciais. Segue a sequencia:

TRATAMENTO 1. Disparo;
2. Inspiração;
VENTILAÇÃO PROTETORA 3. Ciclagem;
4. Expiração;
Os principais pontos são:
✱ DICA: quem foi que “DICE” que a parte mais
• Uso da PEEP: é benéfica pois minimiza o difícil do entendimento da VMI é sua
dano alveolar, de maneira que se evita a interpretação gráfica?
lesão dinâmica de via aérea. Deve ser
titulada com cautela; DISPARO
• Volume corrente: geralmente utiliza-se um
É a mudança da fase expiratória para a fase
volume de ate 6ml/kg (baixo volume
corrente). Essa estratégia permite menores inspiratória. A variável que determina o disparo (a
pressões e risco de barotrauma, além de pressão ou a fluxo) é a SENSIBILIDADE. Pode ser
auxiliar na estratégia de hipercapnia desencadeado pelo ventilador ou pelo paciente
permissiva. (controlado ou assistido, respectivamente).
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INSPIRAÇÃO (dificuldade na eliminação do ar) e,


consequentemente, hiperdistensão
O ventilador deverá insuflar os pulmões do
alveolar. Para quantificar a autoPEEP, é
paciente com o objetivo de manter as variáveis de
necessário medir a pressão das vias aéreas
controle preestabelecidas. Para isso, deverá
durante a realização de uma pausa
vencer as propriedades elásticas e resistivas do
expiratória.
sistema respiratório.

CICLAGEM CICLOS RESPIRATÓRIOS


É a transição da inspiração para a expiração, com Os ciclos podem ser classificados em controlados,
interrupção da inspiração (fechamento da válvula assistidos e espontâneos.
inspiratória) e abertura da válvula expiratória.
MODO CONTROLADO
EXPIRAÇÃO São iniciados, controlados e finalizados
Processo passivo que ocorre com fechamento da exclusivamente pelo ventilador mecânico, de
válvula inspiratória e abertura parcial da válvula acordo com características predeterminadas pelo
expiratória. A única variável de controle que tem operador.
influência na expiração é a PEEP, visto que é
CICLOS ASSISTIDOS
uma pressão positiva ao final da expiração de um
processo passivo. São iniciados pelo paciente, mas são
controlados e finalizados pelo ventilador. Aqui,
TERMINOLOGIAS o início do ciclo respiratório dá-se pelo
São termos usados: reconhecimento do esforço inspiratório do
paciente pelo ventilador, que pode ser por uma
• Volume corrente: volume de gás alteração no fluxo ou na pressão das vias aérea.
mobilizado durante um ciclo respiratório;
• Volume-minuto: volume de gás CICLO ESPONTANEO
mobilizado durante um minuto. Os ciclos respiratórios espontâneos são iniciados
• Pressão de pico: pressão máxima (pico) pelo paciente e podem ser controlados e
das vias aéreas atingida durante a finalizados, parcial ou totalmente, pelo paciente.
inspiração;
• Pressão de platô: representação indireta MODALIDADES VENTILATÓRIAS
da pressão alveolar, registrada durante
uma pausa inspiratória de 2 segundos;
• PEEP: pressão positiva ao final da
expiração e tem a finalidade de evitar o
colapso alveolar cíclico e melhorar a
oxigenação, prevenindo lesão pulmonar;
• Driving pressure: é a diferença entre a
pressão de platô ̂ e a PEEP. Idealmente,
deve ser, no máximo, de 15 cmH2O
• Fluxo inspiratório: velocidade com que o
ar é administrado na ventilação mecânica;
• Tempo inspiratório: tempo de insuflação
pulmonar. Na representação gráfica das
curvas ventilatórias, é a fase do ciclo
respiratório em que a curva de volume está
em sua fase ascendente;
• Tempo expiratório: tempo de exalação do
ar pulmonar. É a fase do ciclo respiratório
em que a curva de volume está abaixo da
linha de base e a curva de volume está em
decrescente.
• FiO2: fração inspiratória de oxigênio na
mistura fornecida ao paciente. A FiO2 ao ar
ambiente é de 21% e a fração fornecida Basicamente o que é cobrado é qual parâmetro é
pelo ventilador varia de 21 a 100%; definido como disparo, qual o limite e quando
• Auto-PEEP: pacientes em VMI podem cicla.
apresentar aprisionamento aéreo
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✪ COMO CAI NA PROVA: Qual é melhor? aquele ESCALA COM PUPULAS (ATUALIZAÇÃO)
com que você̂ estiver mais familiarizado, visto que
Uma nova escala foi criada e incorporou a
não há diferença em relação à mortalidade, bem
avaliação da reatividade pupilar (miose) ao
como ao tempo de ventilação mecânica, quando
estímulo luminoso. De acordo com essa nova
comparados os dois modos ventilatórios.
escala, além da pontuação tradicional, a
reatividade pupilar é contabilizada da seguinte
VOLUME CONTROLADO (VCV)
forma:
Modo mais utilizado no mundo. São informações
principais: • Ausência de reatividade pupilar bilateral:
menos dois pontos (-2).
• Disparo: pode ser a tempo (se modo • Presença de reatividade pupilar unilateral:
controlado, geralmente setado pela menos um ponto (-1).
frequência respiratória) ou por • Presença de reatividade pupilar bilateral:
pressão/fluxo (quando assistido); zero ponto (0).
• Limite: como próprio nome diz, definimos
um fluxo de volume corrente que será Dessa forma, a escala de coma de Glasgow com
fornecido pupilas varia de 1 a 15 pontos.
• Ciclagem: quando o volume corrente (VC)
ajustado pelo operador é fornecido ao REBAIXAMENTO DO NÍVEL DE
paciente pelo ventilador mecânico. CONSCIENCIA

PRESSÃO CONTROLADA (PCV) AVALIAÇÃO INICIAL

• Disparo: novamente pode ser a tempo (se ABCD PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO


modo controlado, geralmente setado pela
frequência respiratória) ou por A conduta inicial no paciente em coma deve
pressão/fluxo (quando assistido); obedecer ao ABCD primário e secundário:
• Limite: como o próprio nome deixa claro, • Manutenção de vias aéreas pérvias.
programamos a pressão que será aplicada
• Ventilação adequada.
nas vias aéreas durante a inspiração;
• Circulação adequada e monitorização.
• Ciclagem: a ciclagem é determinada pelo
• Avaliação de déficit neurológico.
tempo inspiratório;
☒ CUIDADO: Se você se esquecer disso, pode
PRESSÃO DE SUPORTE (PSV)
cair em várias pegadinhas! Por mais difícil e
trata-se de um modo espontâneo e o VC, o FR e o rebuscada que seja a questão, esse princípio de
tempo inspiratório são determinados pelo primeiro manter as vias aéreas pérvias sempre
paciente. É um importante modo ventilatório no é verdadeiro;
contexto do desmame ventilatório e devemos
ajustar a pressão de suporte (diferença entre BUSCA DE ETIOLOGIA
Ppico e PEEP). As causas mais comuns de coma são as difusas.
Entre elas, devemos considerar etiologias tóxicas
☒ CUIDADO: As bancas adoram confundir as
e metabólicas. Nos pacientes com assimetrias ao
siglas PCV (pressão controlada) com PSV exame neurológico e/ou história sugestiva,
(pressão de suporte) devemos suspeitar de causa focal.

REBAIXAMENTO DE NÍVEL DE ☒ CUIDADO: As alterações glicêmicas (hipo e


CONSCIENCIA hiperglicemia) podem imitar lesões focais. Nunca
se esqueça de fazer uma glicemia capilar.
ESCALA DE COMA DE GLAGOW SITUAÇÕES ESPECIAIS

ENCEFALOPATIA DE WERNICKE-KORSAKOFF
Ela surge em indivíduos com deficiência de
tiamina (vitamina B1) que recebem reposição
de glicose no serviço de emergência para o
tratamento do rebaixamento do nível de
consciência. Os principais fatores desencadeantes
são o etilismo crônico, a desnutrição e o pós-
operatório de cirurgia bariátrica.
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

✪ COMO CAI NA PROVA: A tríade clássica da EVOLUÇÃO


encefalopatia de Wernicke é ATAXIA,
OFTALMOPARESIA e CONFUSÃO MENTAL. Seu Deslocamento de sangue e liquor (doutrina de
tratamento é feito através da reposição de Monro-Kellie
tiamina. Nas fases iniciais do aumento de volume de um
dos componentes intracranianos, é possível uma
DELIRIUM
compensação através da redução do volume de
De longe, é o mais perguntado dentro do tema de líquor e de sangue venoso, que são deslocados
coma e alterações da consciência. Os critérios para fora do crânio (doutrina de Monro-Kellie).
diagnósticos de delirium são definidos pelo CAM
(Confusion Assessment Method). Pequenos aumentos, grandes estragos (curva de
Langfit)
✪ COMO CAI NA PROVA: A questão trará o caso
de um paciente idoso que apresenta uma Em uma fase subsequente, um pequeno aumento
alteração aguda, mencionada como confusão de volume de um desses compartimentos
mental e/ou redução da atenção intracranianos (complacência diminuída,
elastância elevada) promove um considerável
✪ COMO CAI NA PROVA: Os principais fatores de aumento da PIC, conforme visto na curva de
risco para delirium são idade avançada, quadro Langfit.
cognitivo prévio, comorbidades clínicas e
psiquiátricas Herniação cerebral
Nas fases mais avançadas da hipertensão
✪ COMO CAI NA PROVA: Os desencadeantes intracraniana, pode ocorrer deslocamento de
mais importantes são processos tóxicos (incluindo áreas do parênquima para outros
efeitos colaterais de medicamentos), metabólicos compartimentos, fenômeno conhecido por
e infecciosos herniação cerebral.
✪ COMO CAI NA PROVA: A droga de escolha ✪ COMO CAI NA PROVA: É nesta fase que
para o tratamento é o haloperidol, observamos a clínica clássica da tríade de
administrado por via intramuscular. Cushing.
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ✪ COMO CAI NA PROVA: Por que a hernição é
DEFINIÇÃO tão grave? A principal herniacao responsável pela
mortalidade da HIC é a herniacao do uncus
Elevação sustentada (> 5min) da pressão temporal (compressão de tronco encefálico). Nas
intracraniana (PIC) para > 22mmHg. A pressão questões vai ser clássica a descrição:
normal é de 5 a 15mmHg. HEMIPARESIA CONTRALATERAL e midríase
ipsilateral (ANISOCORIA).
FISIOPATOLOGIA
A cavidade intracraniana funciona como um QUADRO CLÍNICO
sistema fechado, composto pelo sistema nervoso, A hipertensão intracraniana (HIC) manifesta-se
meninges, liquor e sangue. Essa ocupação por meio de rebaixamento do nível de
determinam a pressão intracraniana. consciência, cefaleia, náuseas, vômitos e sinais
neurológicos focais. Um dos achados mais
PRESSÃO DE PERFUSÃO CEREBRAL frequentes é o papiledema.
Qual o problema de aumentarmos a pressão
intracraniana? Para que o parênquima encefálico ✪ COMO CAI NA PROVA: É clássico a descrição
seja perfundido de forma suficiente, a pressão de da tríade de Cushing, caracterizado por
perfusão cerebral (PPC) deverá estar acima de HIPERTENSÃO ARTERIAL, BRADICARDIA e
60-70 mmHg. Esta PPC é calculada pela diferença ALTERAÇÃO DO RITMO RESPIRATÓRIO.
entre a pressão arterial média (PAM) e a pressão
intracraniana (PIC). Logo, com pressões TRATAMENTO
intracranianas elevadas, pode determinar um A ideia geral aqui é manter a pressão de perfusão
comprometimento da perfusão do parênquima cerebral adequada. Como vimos, para isso
encefálico, gerando isquemia e morte celular. podemos modificar dois fatores: pressão
intracraniana e pressão arterial.
[GABRIEL CAVALCANTE DE AZEVEDO]

PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA • PAS maior ou igual a 100 mmHg e PAM


maior ou igual a 65 mmHg)
Os valores máximos de sistólica e diastólica não
podem superar 220 e 120 mmHg, respectivamente, PROTOCOLO
pelo risco de gerar sangramento e encefalopatia
hipertensiva (edema cerebral vasogênico) EXAME CLÍNICO
MANEJO DA PIC Deve confirmar o coma arreativo e aperceptivo
(Glasgow 3 pontos, ausência dos reflexos de
Medidas gerais tronco: fotomotor, córneo-palpebral,
oculocefálico, oculovestibular e de tosse). Deve
Tais como:
ser respeitado:
• Elevacao da cabeceira;
• Exame clínico feito por dois médicos
• Sedacao adequada (agitação pode elevar
diferentes com experiência comprovada,
a PIC);
sem ligação com equipes de transplantes;
• Volume e vasopressores se hipotensão;
• Intervalo de, no mínimo, 1 hora entre as
Possibilidades terapêuticas avaliações;

São opções válidas: TESTE DA APNEIA


Para comprovar a inviabilidade do centro
• Osmoterapia: pode ser feita com manitol
respiratório, realizamos o teste da apneia, que
ou solução salina hipertônica; ́ positivo se, após 10 minutos desconectado
será
• Hiperventilacao transitória: provoca
do ventilador, a PaCO2 estiver acima de 55
vasoconstricao reduzindo
mmHg.
temporariamento o volume sanguíneo
cerebral e diminuindo a PIC (deve ser feito EXAME DE NEUROIMAGEM
temporariamente, mantendo a
normocapnia); Realiza-se um exame complementar para
• Hipotermia induzida (reduz gasto demonstrar ausência de atividade elétrica
energético cerebral); cerebral (eletroencefalograma), metabolismo
• Ventriculostomia e drenagem liquórica; cerebral (SPECT) ou fluxo sanguíneo cerebral
• Hemicraniectomia descompressiva; (arteriografia ou doppler transcraniano).

MORTE ENCEFÁLICA
DEFINIÇÃO
Processo de lesão irreversível, incompatível com a
vida, cujo diagnóstico é baseado em legislação
específica e na Resolução n° 2.173/17 do
Conselho Federal de Medicina (CFM).

PRÉ-REQUISITOS PARA ABERTURA DO


PROTOCOLO
Incluem:

• Causa do coma conhecida;


• Tempo de observação mínimo de 6h no
serviço médico (esse tempo sobe para 24h
quando a causa for encefalopatia
anóxica);
• Exame de neuroimagem demonstrando
uma lesão grave o suficiente para justificar
o quadro
• Ausência de instabilidade hemodinâmica,
efeito de sedativos, hipotermia ou
alterações metabólicas que possam trazer
confusão ao diagnóstico;
• Temperatura mínima do paciente > 35;
• Saturação arterial de oxigênio > 94%;

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