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v O DC cai em razão da falha da bomba primaria, em vez da v com a diminuição do aporte de O2, os leitos teciduais
redução da pré-carga. hipoperfundidos aumentam a extração de O2, o que diminui o
v A insuficiência ventricular esquerda quando associada ao edema conteúdo de O2 venoso, mas preserva o metabolismo aeróbico.
pulmonar pode levar a uma hipoxemia arterial, que compromete v As células mudam para glicólise, gerando acido láctico e um
ainda mais a oferta de O2. déficit de base.
v Os mecanismos compensatórios são semelhantes aos do choque v Um ambiente acido ajuda o O2 a se dissociar da hemoglobina.
hipovolêmico, porém o aumento da contratilidade com v As células também diminuem a atividade mitocondrial, para um
estimulação simpática tem efeito limitado. hipometabolismo protetor para diminuir a demanda de O2.
v Quando as células estão estressadas ou lesadas pela isquemia, elas
FISIOPATOLOGIA CARDIOVASCULAR NO CHOQUE OBSTRUTIVO liberam moléculas que sinalizam por meio de receptores de padrão
molecular associado a danos (DAMP), que estimulam as células
v O mecanismo que reduz o débito cardíaco depende da causa:
imunes inatas a liberar uma cascata de mediadores inflamatórios
1. Embolia pulmonar maciça aumenta a pós-carga do VD,
que alteram a função endotelial e a permeabilidade, a
mas reduz a pré-carga do VE.
coagulação e a fibrinólise e o recrutamento e a atividade dos
2. Pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco
leucócitos.
reduzem principalmente o DC via pré-carga reduzida.
v A hipoxia tecidual também estimula diretamente a liberação de
v O choque obstrutivo pode ser acompanhado por oxigenação
mediadores vasoativos, como óxido nítrico e adenosina,
prejudicada, comprometendo ainda mais o fornecimento de O2.
contribuindo ainda mais para a desregulação vasomotora.
v Após isquemia prolongada, a reperfusão pode agravar esses
FISIOPATOLOGIA CARDIOVASCULAR NO CHOQUE DISTRIBUTIVO
efeitos por meio de espécies reativas de oxigênio, que induzem
v A autorregulação do tônus vasomotor periférico esta prejudicada. lesão de isquemia-reperfusão local.
v Os mecanismos compensatórios dependem da razão. v Independentemente da causa inicial do choque, a isquemia
v Os efeitos sobre o DC são variáveis, mas o fornecimento de O2 tecidual prolongada gera alterações locais características do
para os órgãos vitais ainda pode ser comprometido. choque distributivo, e essas alterações podem persistir por horas ou
v O choque séptico é uma forma de choque distributivo dias após a reanimação.
desencadeado inicialmente pela liberação de mediadores v A isquemia prolongada não tratada, acaba esgotando as reservas
circulantes que têm efeitos locais nos vasos periféricos, causando de ATP e como resultado, as células do tecido sofrem falhas
vasodilatação e extravasamento de líquidos. Isso faz reduzir a pré- bioenergéticas, o que desencadeia morte celular apoptótica e
carga, a pós-carga e o DC. necrótica generalizada.
v Os mediadores inflamatórios também têm efeitos depressores do
miocárdio diretos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INICIAIS
v O choque distributivo pode persistir mesmo com aporte de O2
v Antes do quadro clínico franco do choque, as manifestações
adequado e o sangue que retorna do leito periférico pode ter O2
clínicas dominantes são aquelas do evento desencadeante, como
normal ou elevado.
dor torácica de um IAM ou febre, tosse e produção de
expectoração purulenta de uma pneumonia em processo de v A cianose central também é comum nos choques cardiogênico e
agravamento. obstrutivo.
v Durante essas fases iniciais, os mecanismos compensatórios do v Casos de choque hipotensivo ou séptico, a extração profunda de
corpo para garantir o fornecimento adequado de oxigênio oxigênio associada ao comprometimento da respiração promove
produzirão apenas sinais e sintomas sutis e inespecíficos. cianose central.
v A frequência respiratória tipicamente aumenta para gerar alcalose v Os fluxos esplâncnico e hepático estão muito diminuídos,
respiratória compensatória para a acidose metabólica incipiente. resultando frequentemente em íleo paralítico e isquemia hepática.
v As respostas autônomas simpáticas à hipovolemia absoluta ou
relativa incluem taquicardia, às vezes elevação temporária da MANIFESTAÇÕES DO CHOQUE CRÍPTICO
pressão arterial e vasoconstrição periférica, que pode resultar em
v Os sinais de hipoperfusão e hiperlactemia se desenvolvem apesar
pele fria, cianose periférica e enchimento capilar lento.
da PA temporariamente normal.
v Em pacientes com choque distributivo iminente, o controle
vasomotor prejudicado pode, paradoxalmente, apresentar-se
DIAGNÓSTICO DE CHOQUE
como periferias quentes e coradas.
PRIMEIRA HORA
v O objetivo é restaurar a perfusão tecidual adequada o mais rápido
possível.
v As primeiras etapas se concentram em estabelecer o fornecimento
de oxigênio adequado, garantindo pré-carga, débito cardíaco e
oxigenação arterial adequados.
v A reanimação começa com acesso intravenoso para reposição
volêmica (incluindo hemoderivados quando indicado) e agentes
vasoativos (tipicamente vasopressores), bem como a instituição de
suporte ventilatório (oxigênio suplementar ou ventilação
mecânica).
v O posicionamento corporal ideal (p. ex., a posição de
Trendelenburg – elevação dos membros inferiores para aumentar a
pressão venosa) e outros procedimentos de emergência (p. ex.,
toracostomia com agulha para aliviar pneumotórax hipertensivo)
também são recomendados, dependendo da situação clínica.
ACESSO VENOSO suficientes para aumentar a contratilidade miocárdica e proteger o
coração contra o aumento da pós-carga causado pela
v O acesso venoso é uma prioridade.
vasoconstrição.
v Acesso venoso de grande calibre facilitará a reposição volêmica
v A vasopressina não é superior à norepinefrina como agente único
rápida.
para choque séptico, mas é útil como vasopressor de segunda
v O cateterismo venoso central, geralmente em uma veia subclávia
linha quando a pressão arterial permanece inadequada apesar de
ou jugular interna e de preferência usando a orientação por
altas doses de norepinefrina.
ultrassonografia, não necessariamente facilita a infusão mais
v A vasopressina também pode ser uma alternativa útil à
rápida, porque os acessos centrais são mais longos e a velocidade
norepinefrina no choque distributivo não séptico.
de infusão depende do diâmetro e do comprimento. No entanto, o
v Agentes inotrópicos adrenérgicos (p. ex., dobutamina) e não
acesso venoso central é preferido para a administração de
adrenérgicos (milrinona) são usados no choque cardiogênico, mas
vasopressores.
não são úteis como agentes de rotina em outras formas de
choque.
SOLUÇÕES PARA REPOSIÇÃO VOLÊMICA
v O volume escolhido para o bolus inicial deve ser feito SUPORTE RESPIRATÓRIO
empiricamente, mas uma dose de 500 mℓ de solução cristaloide (p.
v O oxigênio suplementar por máscara facial é encorajado para
ex., soro fisiológico, solução de Ringer com lactato) por 20 a 30
todos os pacientes com suspeita de choque, com maior ênfase na
minutos é tipicamente usada.
ventilação mecânica invasiva por meio de intubação
v Quando o médico tem certeza de que os ventrículos estão “vazios”
endotraqueal para pacientes com dificuldade respiratória
(hemorragia grave, desidratação grave ou choque séptico), a
significativa ou hipotensão ou acidose graves.
reposição volêmica começa com um grande volume de líquido –
v No choque cardiogênico, a ventilação mecânica fornece o
20 a 30 mℓ/kg administrado em bolus.
benefício adicional de melhorar o recrutamento alveolar e
aumenta a pressão transmural no coração, reduzindo, assim, a pós-
SANGUE E HEMODERIVADOS carga cardíaca e facilitando a função ventricular.
v A anemia pode comprometer o fornecimento de oxigênio, mas a
transfusão de concentrado de hemácias começando com um MONITORAMENTO DA ADEQUAÇÃO DA REANIMAÇÃO
nível de hemoglobina de 7 g/dℓ é tão boa quanto começar com
v Medidas simples da adequação da reanimação incluem
um nível de 9 g/dℓ.
restauração da pressão arterial normal, melhora nos sinais clínicos
de hipoperfusão (p. ex., débito urinário sustentado e melhora do
VASOPRESSORES estado mental) e melhora no déficit de base e hiperlactatemia.
v Os agentes vasopressores são frequentemente necessários. v A restauração da pressão arterial não significa que o fornecimento
v Pode ser necessário iniciar vasopressores concomitante a reposição de oxigênio tenha melhorado ou que a perfusão tecidual tenha
volêmica. sido restaurada.
v O vasopressor preferido para choque distributivo é a norepinefrina, v Um cateter de artéria pulmonar pode monitorar as pressões
porque é um vasoconstritor forte com efeitos beta-adrenérgicos capilares direita e pulmonar, volume sistólico, débito cardíaco e
saturação venosa mista de oxigênio.
v As recomendações atuais, portanto, enfatizam: suspeita precoce
de choque; baixo limiar para verificar o nível de lactato sérico;
administrar antibióticos se a sepse for uma causa possível; e um
bolus inicial de 20 a 30 mℓ/kg de soluções intravenosas, seguido por
monitoramento rigoroso da adequação da reanimação usando o
exame clínico.
v Várias vias amplificam-se mutuamente: a inflamação desencadeia
a coagulação, a coagulação desencadeia a inflamação e a
hipoxia tecidual amplifica tanto a inflamação quanto a
coagulação, resultando, assim, em ciclos de feedback pró-
inflamatório e pró-coagulante positivos.
v A lesão endotelial generalizada é uma característica importante
do choque séptico; o endotélio lesado é mais permeável.
v O líquido do edema rico em proteínas flui para os tecidos, como o
pulmão, onde leva à SARA.
v As células endoteliais lesadas liberam óxido nítrico, um potente
vasodilatador.
v A lesão epitelial intestinal aumenta a permeabilidade intestinal e a
translocação epitelial de bactérias intestinais e endotoxinas,
SÍNDROMES DO CHOQUE RELACIONADAS À SEPSE aumentando ainda mais o fenótipo inflamatório do choque
séptico.
v A sepse é uma disfunção orgânica potencialmente fatal, causada
por resposta desregulada do hospedeiro à infecção.
v A disfunção orgânica é definida como alteração aguda de dois ou
mais pontos no escore1 total da Sequential Organ Failure
Assessment (SOFA).
v Bacteriemia é definida como o crescimento de bactérias em
hemoculturas, mas a infecção não precisa ser comprovada para
diagnosticar a sepse no início.
v O choque séptico é um subconjunto de sepse com hipotensão
persistente exigindo o uso de vasopressores para manter a pressão
arterial média (PAM) igual ou superior a 65 mmHg acompanhada
por um nível sérico de lactato superior a 18 mg/dℓ (2 mmol/ℓ),
apesar de reposição volêmica adequada.
TRATAMENTO RESPIRATÓRIO
v Requerem ventilação mecânica porque a SARA é a complicação
mais comum do choque séptico.
v A sedação deve ser titulada por avaliação objetiva
v A retirada da ventilação mecânica está frequentemente
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SEPSE E CHOQUE SÉPTICO associada à sobrecarga de fluidos da reanimação com fluidos
anterior e da redução da pressão intratorácica.
v Apresentam PAS igual ou inferior a 100 mmHg, acompanhada por
frequência respiratória elevada (> 22/mm) ou estado mental
alterado. TERAPIA CIRCULATÓRIA
v Cerca de 80% dos pacientes são febris, mas os pacientes podem v O tratamento precoce é a base do manejo de emergência, mas
ser normotérmicos ou mesmo hipotérmicos. tal tratamento não precisa atingir metas centrais hemodinâmicas
v A fonte de infecção pode ser óbvia, especialmente se os pacientes ou de oxigênio específicas, ou requer a colocação de um cateter
tiverem evidências anteriores de um local específico de infecção, venoso central ou a administração de agentes inotrópicos ou
como pneumonia ou infecção de sítio cirúrgico, ou estiver oculta. transfusões de sangue.
v A disfunção cardiovascular no choque séptico é caracterizada por v Visam aumentar a perfusão e o fornecimento de oxigênio aos
diminuição da pré-carga, diminuição da pós-carga e tecidos, elevando a pressão arterial profundamente baixa, o débito
frequentemente diminuição da contratilidade ventricular. cardíaco inadequado e a saturação arterial de oxigênio baixa.
v O objetivo geral é atingir a PAM adequada (> 65 mmHg) e outros
DIAGNÓSTICO DA SEPSE E CHOQUE SÉPTICO índices de perfusão, como débito urinário (> 0,5 mℓ kg/h), níveis de
lactato arterial (< 2 mmol/ℓ), estado mental e perfusão da pele.
v A meta de saturação venosa central de oxigênio maior que 70% ou
a depuração de lactato de pelo menos 10% são equivalentes.
v A meta da PAM de 65 a 70 mmHg geralmente é tão eficaz quanto
a meta de 80 a 85 mmHg, embora a meta de PAM mais alta (80 a
85 mmHg) possa diminuir o risco de lesão renal aguda.
v vasopressor. Os pacientes cuja SARA é tratada após 24 a 48 horas
com uma estratégia de fluidos conservadora.
v Os fluidos (30 mℓ/kg de cristaloide intravenoso balanceado, como
solução de Ringer com lactato) devem ser administrados nas
primeiras 3 horas seguidos por fluidos adicionais para atingir e
manter a PVC de 8 a 12 mmHg e perfusão adequada do tecido.
v Os vasopressores (p. ex., norepinefrina, 1 a 50 µg/min; epinefrina, 1
a 30 µg/min) devem ser adicionados se a PAM for inferior a 65
mmHg, apesar da reanimação com fluido adequado.
v A vasopressina (até 0,03 U/min) pode ser adicionada em pacientes
que não respondem adequadamente à norepinefrina para
aumentar a PAM e diminuir a dose de norepinefrina, mas a
selepressina (um agonista da vasopressina) não tem valor
incremental quando adicionada à norepinefrina.
v A infusão de angiotensina II (20 ng/kg/min inicialmente, ajustada
para um máximo de 200 ng/kg/min) pode diminuir as necessidades
iniciais de norepinefrina e melhorar o componente cardiovascular
do escore SOFA.
v O uso precoce de um agente inotrópico (p. ex., dobutamina,
inicialmente 2 a 5 µg/kg/min e aumentando para 20 µg/kg/min)
deve ser considerado para aumentar a contratilidade ventricular
esquerda.
v A febre é comum no choque séptico e pode ter efeitos benéficos
na resistência à infecção, mas também aumenta a demanda de
oxigênio.
v Reduzir a febre pode diminuir a necessidade de vasopressores e
possivelmente o risco de encefalopatia séptica.
v Manter a temperatura corporal central entre 36,5 e 37°C é seguro e
pode diminuir a necessidade de vasopressores e as taxas de
mortalidade em 14 dias.
TRANSFUSÃO DE HEMÁCIAS
v O nível de hemoglobina adequado para reanimação tem sido
controverso, um limite de transfusão de um nível de hemoglobina
de 7 g/dℓ é equivalente a um limite de 9 g/dℓ em termos de
eventos isquêmicos.
v As hemácias compatíveis mais recentes disponíveis não são
melhores do que hemácias padrão para pacientes com choque
séptico.