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Unidade II
5 DOENÇAS VALVULARES E INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
5.1 Valvopatias
As valvopatias são um grupo especial de doenças cardíacas, com características particulares, que,
em geral, após a instalação, cursam um longo período sem manifestações clínicas. Porém, quando há o
aparecimento de sintomas, o indivíduo pode ser um candidato a intervenções cirúrgicas (TARASOUTCHI
et al., 2005).
O diagnóstico do tipo de doença valvar, assim como a gravidade, é feito por meio de exames de
imagem, como radiografia de tórax, ecocardiografia, anamnese e eletrocardiografia, sendo que alguns
indivíduos acometidos pela doença têm a necessidade de fazer um cateterismo.
A doença valvar, a insuficiência e a estenose, uma vez diagnosticadas, podem ser divididas
em leve, moderada e grave, levando em consideração as condições anatômicas e hemodinâmicas
(BONOW et al., 1998).
Adicionalmente, são avaliados os sintomas, como cansaço e falta de ar em esforço (dispneia), dor
no tórax e desmaios. Feita a avaliação, a recomendação do tratamento ou de atividade física será
realizada de acordo com o tipo de doença, a gravidade e os sintomas. Palpitações são muito comuns
nos portadores de valvopatia mitral, enquanto dor torácica anginosa ao esforço e síncope ao esforço
são mais frequentes em pacientes com valvopatia aórtica. A rouquidão (síndrome de Ortner) pode estar
associada à estenose mitral.
Observação
Todas as valvopatias podem evoluir com sintomas de insuficiência cardíaca (IC), como dispneia aos
esforços, ortopneia, dispneia paroxística noturna, tosse, chiado, hemoptise, edema periférico e fadiga
(SWEDBERG et al., 2005).
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Observação
A estenose mitral (EM) representa uma resistência ao fluxo sanguíneo na passagem pela válvula
mitral (localizada entre o átrio e o ventrículo esquerdo) em razão do espessamento e da imobilidade
dos folhetos da válvula. Entre outras possíveis causas, destacam-se a congênita, as doenças infiltrativas
(mucopolissacaridoses), o lúpus eritematoso sistêmico, a artrite reumatoide e os estados serotoninérgicos
(síndrome carcinoide) (BONOW et al., 2008).
Na maioria dos casos, a causa da estenose mitral é reumática e desconhecida, atingindo indivíduos
jovens, principalmente do sexo feminino. A gravidade da estenose mitral pode ser medida pela área
valvar e pela estimativa de pressão nos pequenos capilares pulmonares em exercício, além da pressão
sistólica da artéria pulmonar. Pode-se observar, a seguir, a tabela de classificação de comprometimento
da estenose mitral:
Os indivíduos acometidos por estenose mitral leve, de maneira geral, conseguem realizar exercício
físico sem ter sintomas (permanecendo assintomáticos). No caso de um acometimento de maior
gravidade, é possível que o esforço provoque um aumento da pressão no átrio esquerdo, que, em
conjunto com a estenose mitral mais grave, aumente a pressão nos capilares pulmonares, o que pode
levar ao edema agudo dos pulmões. A estenose mitral, porém, em pouquíssimas condições, é causa de
morte súbita em exercício (BONOW et al., 1998).
Observação
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Unidade II
A insuficiência mitral (IM) é caracterizada pelo retorno do fluxo de sangue para o átrio esquerdo
durante a contração ventricular. Pode acontecer em decorrência de anormalidades em toda a estrutura
das valvas cardíacas, incluindo os folhetos, o ânulo, as cordas tendíneas e os músculos papilares.
A insuficiência mitral pode ser classificada em primária (resultante de deformidade estrutural valvar)
ou secundária (quando relacionada a outra doença cardíaca). No caso da primária, as causas envolvem o
prolapso da valva mitral, a endocardite infecciosa, a febre reumática (FR), os traumas e as deformidades
congênitas. Já a secundária relaciona‑se à isquemia miocárdica, à cardiomiopatia hipertrófica e à
disfunção ventricular esquerda do tipo sistólica.
A prevalência do prolapso da valva mitral (PVM) na população geral varia de 1% a 2,5% (DEVEREUX
et al., 1982 apud TARASOUTCHI et al., 2011), mas, em grande parte dos casos, tem boa evolução e é
favorável (AVIERINOS et al., 2002).
Valva da aorta, válvula semilunar esquerda
Átrio esquerdo do coração
Válvula anterior
Válvula posterior
Ápice do coração
A estenose aórtica (EAo) é a doença valvar aórtica adquirida com maior frequência e está presente
em 4,5% da população acima de 75 anos (SCHWARTZ; ZIPES, 2008). É caracterizada pela obstrução da
via de saída de sangue do VE (ventrículo esquerdo) pela calcificação das estruturas valvares.
Devido ao envelhecimento da população, a incidência dessa doença deve aumentar nos próximos
anos, sendo que a sua causa tem relação com o processo fisiológico de envelhecimento. Suas principais
causas são: EAo congênita, calcificação da valva aórtica bicúspide, calcificação da valva aórtica
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
tricúspide, EAo degenerativa e FR. Esta última está invariavelmente associada à valvopatia mitral e,
apesar da diminuição de sua incidência nos países desenvolvidos, continua frequente no Brasil e nos
demais países da América Latina. Com a evolução da calcificação valvar, a EAo pode progredir para a
hipertrofia ventricular concêntrica, levando à elevação das pressões de enchimento e, finalmente, à
disfunção ventricular (TARASOUTCH et al., 2011).
Em geral, como a evolução dessa calcificação é gradual e lenta, os sintomas associados à EAo
(dor torácica, síncope e dispneia) aparecem após os 60 anos de idade, sendo ainda mais tardios nos
casos de EAo degenerativa. Quando os sintomas se iniciam, os indivíduos acometidos pela doença
começam a apresentar mais riscos de morte súbita e uma piora considerável em seu prognóstico,
com sobrevida média de dois a três anos (BONOW et al., 2008). Por isso, é de extrema importância
a prevenção e a identificação precoce do surgimento de sintomas ou de disfunção cardíaca.
O desenvolvimento da lesão que leva à regurgitação na valva aórtica pode estar relacionado com
várias causas, entre elas a dilatação idiopática (sem causa conhecida) da aorta, as anormalidades
congênitas (valva bicúspide), a calcificação da valva, a doença reumática, a endocardite infecciosa,
a hipertensão arterial sistêmica, a degeneração mixomatosa, a dissecção da aorta ascendente e a
síndrome de Marfan. Além dessas, existem outras causas menos frequentes, que incluem as lesões
traumáticas, a espondilite anquilosante, a aortite sifilítica, a artrite reumatoide, a osteogênese
imperfeita, a síndrome de Ehlers-Danlos, a síndrome de Reiter, a estenose subaórtica e o defeito do
septo interventricular com prolapso da cúspide aórtica (GALDINO et al., 2011 apud TARASOUTCHI
et al., 2011).
A insuficiência aórtica, geralmente, desenvolve-se de maneira lenta, com risco baixo de morte
e sem sintomas durante um longo período. Alguns indivíduos com insuficiência aórtica discreta
permanecem assintomáticos por décadas e raramente necessitam de tratamento. Outros progridem
mais rapidamente, com desenvolvimento progressivo da insuficiência valvar, da disfunção sistólica do
VE e, eventualmente, da insuficiência cardíaca.
Saiba mais
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Unidade II
Lembrete
Os indivíduos submetidos ao treinamento físico após troca valvar apresentam melhora da capacidade
funcional, que varia de 19% a 38%, quando comparados aos pacientes que não se exercitam (NAKAMURA
et al., 1996 apud MORAES et al., 2005).
Feita essa avaliação, as recomendações serão individualizadas de acordo com o tipo de valvopatia, a
gravidade e os sintomas. A seguir, são apresentadas as recomendações (BONOW et al., 1998).
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Artes marciais
Boxe
III – Estático Ginástica olímpica Musculação
Vela Luta greco-romana Decatlon
intenso Ciclismo
Levantamento de peso Esqui downhill Remo
Alpinismo
Adaptado de: Mitchell et al. (1994 apud TARASOUTCHI et al., 2005, p. 153).
Para a estenose mitral, geralmente, as recomendações são limitadas pelos sintomas. Os indivíduos
que apresentam sintomas e/ou com estenose mitral grave podem ser submetidos ao teste ergométrico
para avaliação funcional. Quando o teste ergométrico é considerado normal, relaciona-se esse resultado
a um bom prognóstico. Porém, a presença de alterações hemodinâmicas é suficiente para iniciar uma
avaliação de possível intervenção cirúrgica.
Os indivíduos sintomáticos, com pior prognóstico, podem exercer atividades físicas aeróbias de baixa
intensidade (caminhadas leves), limitando-se pelo sintoma de dispneia (BONOW et al., 1998). Esses
indivíduos devem ser avaliados cuidadosamente pela provável indicação de intervenção terapêutica
(valvoplastia, cirurgia). Para os indivíduos que não apresentam sintomas, as recomendações são feitas
de acordo com a gravidade da estenose mitral.
Os indivíduos com estenose mitral leve podem participar de todas as atividades esportivas, mesmo em
caráter competitivo. Já os com estenose mitral leve e fibrilação atrial, os com estenose mitral moderada,
em ritmo sinusal ou fibrilação atrial, e aqueles com pressão sistólica de artéria pulmonar em repouso ou
esforço < 50 mmHg podem participar de atividades estáticas ou dinâmicas leve e moderada.
Os indivíduos que apresentam quadros de maior gravidade não devem participar de atividades
competitivas. Uma atividade física aeróbia leve pode ser realizada. Os que utilizam anticoagulantes devem
ser aconselhados a não participar de atividades físicas de alto impacto, pelo risco de sangramento.
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Unidade II
objetivo de treinamento ou competição. Quando não têm sintomas e apresentam função e estrutura
do ventrículo esquerdo preservadas, os indivíduos podem participar de todos os esportes competitivos.
Já os indivíduos com dilatação ventricular discreta e função ventricular normal em repouso podem
participar de atividades esportivas competitivas dinâmicas leve e moderada e estáticas leve e moderada.
Quando o indivíduo apresentar fibrilação atrial, o teste ergométrico pode ser utilizado para avaliar
a frequência cardíaca em exercício. Aqueles com dilatação ventricular pronunciada ou disfunção
ventricular em qualquer grau não devem realizar esportes competitivos.
Os indivíduos com estenose aórtica de leve a moderada podem realizar todos os esportes competitivos
de baixa intensidade. Aqueles que apresentam estenose aórtica leve ou moderada com taquicardia
supraventricular ou arritmia ventricular complexa em repouso ou exercício devem praticar somente
esportes competitivos de baixa intensidade. Os indivíduos com estenose aórtica grave ou estenose
aórtica moderada sintomáticos não devem realizar atividade física competitiva.
Os portadores de estenose aórtica congênita podem realizar todos os tipos de atividades competitivas,
desde que tenham estenose leve, sejam assintomáticos, com eletrocardiograma normal em repouso
e exercício, com boa tolerância ao esforço das atividades habituais, sem hipertrofia e sem arritmias
ventriculares. A estenose aórtica congênita grave é uma contraindicação para atividades esportivas
competitivas, mas as atividades recreativas podem ser avaliadas individualmente.
Por fim, as recomendações para a atividade esportiva em caso de insuficiência aórtica são as
seguintes: os indivíduos com insuficiência aórtica leve ou moderada, com diâmetro ventricular normal
ou discretamente aumentado, podem participar de todas as atividades esportivas competitivas; aqueles
com dilatação ventricular progressiva em avaliações seriadas não devem realizar esportes competitivos;
se apresentarem insuficiência aórtica leve ou moderada, com arritmias ventriculares em repouso ou
exercício, devem participar somente de atividades competitivas de baixa intensidade; já os indivíduos
com insuficiência aórtica grave, assim como aqueles com insuficiência aórtica leve ou moderada
sintomáticos, não devem participar de atividades físicas competitivas (TARASOUTCHI et al., 2005).
Até meados da década de 1980, essa síndrome era associada somente a distúrbios hemodinâmicos, nos
quais se observava uma redução da força contrátil e uma consequente diminuição do débito cardíaco e do
fluxo renal, levando à retenção de sódio e água e ao surgimento de edemas periférico e pulmonar (KATZ,
1997). Tais ideias foram a base para o uso de digitálicos (inotrópico positivo) e diuréticos no tratamento da
síndrome. No entanto, mesmo com o controle da retenção hídrica e do uso de agentes inotrópicos positivos,
a insuficiência cardíaca progredia, levando o paciente inexoravelmente ao óbito (KATZ, 1986; PACKER, 1987).
Observação
Na atualidade, a insuficiência cardíaca é definida como uma doença da circulação, e não apenas
do coração (COHN et al., 1984; PACKER, 1987). Quando a força contrátil e o débito cardíaco diminuem,
mecanismos neuro-hormonais, como o aumento da atividade simpática e do sistema renina‑angiotensina,
são ativados com o objetivo de compensar essa redução e, assim, preservar a homeostase circulatória.
Embora, em um primeiro momento, essa seja uma resposta compensatória benéfica, a liberação de
neuro-hormônios vasoconstritores proporciona efeitos deletérios no desenvolvimento da insuficiência
cardíaca, pelo aumento da sobrecarga de volume e da pós-carga do ventrículo com contratilidade já
diminuída, podendo potencializar a evolução da falência cardíaca já existente.
Insuficiência cardíaca
Treinamento físico
Figura 34 – Resumo das principais adaptações desencadeadas pelo treinamento físico aeróbio na insuficiência cardíaca.
ANS: atividade nervosa simpática; Dif. A-V O2: diferença arteriovenosa de oxigênio; Fej: fração de ejeção
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Unidade II
Devido a essas observações, portanto, a partir da década de 1990, a visão da insuficiência cardíaca
como uma síndrome de natureza neuro-hormonal proporcionou muitos avanços no seu tratamento.
O tratamento atual não visa apenas aliviar os sintomas e melhorar a capacidade funcional e a
qualidade de vida; seus objetivos incluem, também, a prevenção do desenvolvimento e da progressão
da síndrome, a atenuação da remodelação ventricular e a redução da mortalidade.
Com essas observações, alguns medicamentos também passaram a ser prescritos, tais como os
betabloqueadores, os inibidores da enzima conversora de angiotensina, os bloqueadores dos receptores
da angiotensina I, da angiotensina II e da síntese de aldosterona, além da nova visão sobre os exercícios
físicos, que poderia ser incorporada ao treinamento físico no tratamento dessa síndrome.
A classificação da severidade da síndrome pode ser feita através da intensidade dos sintomas,
incluindo a tolerância ao esforço. A síndrome é dividida em 4 classes propostas pela New York Heart
Association (BOCCHI et al., 2009). Essas classes estratificam o grau de limitação associado à doença
para atividades cotidianas do indivíduo. É importante ressaltar que essa classificação, além de estar
relacionada a fatores funcionais, também associa sua avaliação à qualidade de vida dos indivíduos com
insuficiência cardíaca.
• Classe I: ausência de sintomas (dispneia) durante atividades cotidianas. A limitação para esforços
é semelhante à esperada em indivíduos normais.
• Classe III: sintomas desencadeados por atividades menos intensas que as cotidianas ou
pequenos esforços.
Essa é, contudo, uma medida subjetiva, já que está baseada na capacidade de realizar atividades
cotidianas, o que pode variar de indivíduo para indivíduo. Ainda assim, apresenta boa correlação com o
prognóstico e a qualidade de vida. Além do valor prognóstico da classe funcional aferida na avaliação
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
inicial de pacientes, sua determinação também é útil para avaliar a resposta ao tratamento e o melhor
momento para intervenções (BOCCHI et al., 2009).
Saiba mais
Conforme mencionado, uma das consequências da insuficiência cardíaca é a maior ativação dos
sistemas neuro-humorais, como o sistema nervoso simpático e o sistema renina‑angiotensina‑aldosterona,
o que, a longo prazo, acaba piorando a disfunção cardíaca.
Antes de TFA
ANSM = 72 disparos/min
15 s
Antes de TFA
ANSM = 40 disparos/min
15 s
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Unidade II
Em relação aos fatores periféricos já mencionados, a melhora no quadro geral do indivíduo, incluindo
sua capacidade funcional, tem sido, em grande parte, atribuída a alterações na musculatura esquelética.
Em indivíduos saudáveis, o treinamento físico aeróbio proporciona bradicardia de repouso e redução da
frequência submáxima, sendo que isso acontece devido ao aumento do volume sistólico e, em menor
grau, à diferença arteriovenosa de oxigênio. Já em indivíduos com função cardíaca diminuída, o efeito
maior é na diferença arteriovenosa de oxigênio, com aumento bem menos expressivo no débito cardíaco
(DETRY et al., 1971 apud BERTUZZI et al., 2017).
Lembrete
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
O treinamento físico aeróbio também pode proporcionar adaptações na própria fibra muscular,
tais como o aumento da densidade mitocondrial na sua função oxidativa e na redistribuição de
fibras musculares do tipo 1 e do tipo 2 em indivíduos com insuficiência cardíaca (HAMBRECHT
et al., 1997). Outra adaptação importante proporcionada pelo treinamento físico é a redução das
citocinas pró-inflamatórias, que resulta na diminuição do estresse oxidativo e na consequente
prevenção da atrofia muscular.
O treinamento aeróbio isolado não leva à hipertrofia do músculo, como ocorre com o
treinamento de força em indivíduos saudáveis (FOLLAND; WILLIAMS, 2007). Contudo, observou‑se
que o treinamento físico aeróbio em animais de experimentação com insuficiência cardíaca
parece aumentar a massa muscular para valores muito próximos aos de animais saudáveis
(CUNHA et al., 2012).
1,6
1,4 *
*
VO2 no limiar (l/min)
1,2
*
1 ** * *
0,8 * *
0,6 * * * *** *
* * * *
0,4
** * *
0,2
0
2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Massa muscular (MM) da coxa (g)
Conforme visto, há algumas décadas, a recomendação era que os indivíduos com insuficiência
cardíaca mantivessem repouso absoluto, principalmente quando esse processo acontecia em
decorrência de infarto do miocárdio. Porém, sabe-se, hoje, que a inatividade física colabora ainda
mais para a piora do quadro da insuficiência cardíaca.
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Por esse e outros fatores, deve-se tomar alguns cuidados antes de iniciar um programa de atividade
física para indivíduos com insuficiência cardíaca. O primeiro deles é se certificar de que esses indivíduos
estejam clinicamente estáveis por período não inferior a 30 dias e que tenham se submetido a um teste
ergométrico ou, preferencialmente, a um teste ergoespirométrico. Essa avaliação permite individualizar
as diferentes fases metabólicas durante o exercício, e, dessa forma, é possível personalizar o treinamento,
oferecendo mais efetividade e segurança a partir da quantificação metabólica e hemodinâmica da
atividade física nesses indivíduos.
Os indivíduos com baixa tolerância ao esforço, isquemia precoce no esforço, fração de ejeção
inferior a 30% e valores mais elevados do equivalente ventilatório de CO2 (VE/CO2) podem
apresentar maior risco e, por isso, devem ser acompanhados mais de perto. O monitoramento
frequente da pressão arterial e contínuo da frequência cardíaca com frequencímetro de pulso
é recomendado. A intensidade da atividade física deve sempre ser individualizada e progredir
lentamente, em particular nos pacientes com acentuada intolerância ao exercício. Os períodos
de aquecimento (pré-exercício) e resfriamento (pós-exercício) devem ser mais prolongados, em
média 15 e 10 minutos respectivamente, principalmente para a observação de possíveis arritmias
(FERRAZ; YAZBEK JR., 2006).
É importante ressaltar que, devido ao risco de angina, hipotensão arterial, arritmias ou dispneia
associada à síndrome, as sessões devem ser sempre monitoradas por um médico, além de por outros
profissionais treinados em reanimação cardiorrespiratória. As sessões de atividade física supervisionada
devem ser realizadas, no mínimo, três vezes por semana durante seis meses. Para indivíduos com quadro
estável, pode-se sugerir que pratiquem atividade física não supervisionada nos demais dias, controlada
pelo nível de cansaço e pela frequência de treinamento estabelecida. A duração do exercício deve
aumentar progressivamente de acordo com a tolerância do indivíduo.
Além do treinamento aeróbio, o treinamento de força também pode ser utilizado como coadjuvante,
principalmente nas semanas iniciais. O objetivo é aumentar o tônus e volume muscular e a flexibilidade,
já com resultados excelentes mostrados por pesquisadores em indivíduos com sarcopenia (CONRAADS
et al., 2004).
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Programas de treinamento físico domiciliar com supervisão indireta também parecem ter algum
efeito em indivíduos com insuficiência cardíaca. Os estudos têm mostrado que esses programas
podem ser seguros e efetivos para diminuir sintomas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com
insuficiência cardíaca (TINDEL et al., 2004).
Esses pesquisadores têm como hipótese que exercícios intensos provocariam maior acidose
metabólica, que, por sua vez, promoveria um hiperestímulo dos ergorreceptores da musculatura
periférica. Os ergorreceptores, por via aferente ao sistema nervoso central, estimulariam os
quimiorreceptores do comando ventilatório, com resultante manutenção do padrão ventilatório
ineficiente. Com base nisso, grande parte das prescrições de treinamento leva em consideração a
frequência cardíaca de treinamento limitada pelo limiar anaeróbio, ou seja, exercícios de intensidade
abaixo da área de acidose metabólica.
↓ Barorreceptores ↑ Ergorreceptores
↑ Quimiorreceptores ↓ Barorreceptores cardiopulmonares musculares
Sistema nervoso
central
↓ Parassimpático ↑ Simpático
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Por definição, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é uma enfermidade respiratória de
possível prevenção e tratamento, que se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo.
Esse fluxo pode não ser totalmente reversível (SBPT, 2004).
A obstrução do fluxo aéreo é geralmente progressiva e está associada a uma resposta anormal
inflamatória dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo
tabagismo. A DPOC compromete os pulmões e produz consequências sistêmicas significativas.
O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos
(bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância dessas alterações
é variável em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados (SBPT, 2004).
6.1 Epidemiologia/etiologia
A DPOC ocupa o quinto lugar entre as principais causas de morte no Brasil. Laizo apresenta dados
do estudo Platino realizado pela Alat (Associação Latino-Americana de Tórax) na cidade de São Paulo.
A prevalência da DPOC varia de 6 a 15,8% da população com idade igual ou superior a 40 anos. São
internados 290 mil doentes anualmente, acarretando um enorme prejuízo ao sistema de saúde, além dos
gastos indiretos, como perda de dias de trabalho, aposentadoria precoce, morte prematura e sofrimento
familiar (LAIZO, 2009).
No Brasil, já foi observado o aumento do número de óbitos por DPOC, nos últimos 20 anos,
para ambos os sexos. Como dito, é a quinta causa de morte no Brasil, seguida de câncer, acidente
vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio, outras doenças cardíacas, acidentes e homicídios
(SBPT, 2004; LAIZO, 2009).
A DPOC não é apenas um problema de saúde pública devido ao alto índice de morbidade e mortalidade;
é um problema por ser uma doença que pode ser prevenida, por exemplo, quando o indivíduo para de
utilizar o tabaco, que é o principal responsável pela enfermidade. A história da doença mostra que ela
passa a ser progressiva e irreversível após ocorrerem lesões no parênquima pulmonar (local onde é feita
a troca gasosa) (LAIZO, 2009).
Até 2025, 75% das mortes prematuras serão decorrentes das doenças respiratórias provocadas pelo
tabagismo. Um terço da população com idade em torno dos 15 anos e fumante é de países desenvolvidos.
Ainda há um alto índice de tabagismo entre as gestantes, normalmente pertencentes a classes sociais
mais baixas. O tabagismo é considerado outro problema de saúde pública, e, a ele, são atribuídos 90%
dos casos de câncer de pulmão, 86% de bronquite e enfisema, 25% dos processos isquêmicos do coração
e 30% do câncer extrapulmonar (LAIZO, 2009).
A associação entre a DPOC de origem ocupacional e o ramo de atividade e ocupação (tipo de trabalho
específico) foi demonstrada em um estudo com amostra de 11.447 indivíduos entre 30 e 75 anos,
ajustada por idade, uso de tabaco, índice de massa corporal e condições socioeconômicas. Observou-se
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
a alta relação à exposição nas indústrias de borracha, plástico, couro, têxtil, moagem de grãos, produtos
alimentícios, entre outros segmentos de produção. O percentual de DPOC atribuído ao trabalho foi
estimado em 19,2%, no geral, e em 31,1% entre os não fumantes (SBPT, 2004).
6.2 Diagnóstico
O diagnóstico tem como base os sintomas e o histórico da pessoa. O principal teste é a espirometria,
que avalia a função pulmonar e apresenta ampla aplicabilidade e reprodutibilidade.
Figura 38 – Espirometria
• Capacidade vital (CV): representa o maior volume de ar mobilizado em uma expiração. Pode ser
obtida através de manobras forçadas (CVF) ou lentas (CVL).
• Relação VEF1/CV: razão entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo e a capacidade
vital, sendo muito importante para o diagnóstico de um distúrbio obstrutivo. Para isso, pode-se
considerar tanto o VEF1 /CVF quanto o VEF1 /CVL.
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Unidade II
• Pico de fluxo expiratório (PFE): representa o fluxo máximo de ar durante a manobra de CVF.
Guarda dependência com o esforço, o que o torna um bom indicador da colaboração na fase
inicial da expiração.
• Curva fluxo-volume: é uma análise gráfica do fluxo gerado durante a manobra de CVF desenhado
contra a mudança de volume. A curva fluxo-volume prevista também é frequentemente
desenhada para comparação visual, o que facilita na identificação de padrões obstrutivos,
restritivos, amputações de fluxos inspiratórios ou expiratórios e na avaliação da resposta ao
broncodilatador. Tem fundamental importância, pois a análise somente dos valores obtidos
pode não identificar determinadas afecções respiratórias.
Lembrete
A tosse é o sintoma mais encontrado, podendo ser diária ou intermitente e preceder a dispneia
ou aparecer simultaneamente a ela. O aparecimento da tosse no fumante é tão frequente que
muitos pacientes não a percebem como sintoma de doença, considerando-a como o “pigarro do
fumante”. A tosse produtiva ocorre em, aproximadamente, 50% dos fumantes.
As pessoas com DPOC apresentam qualidade de vida prejudicada, diminuição da tolerância aos
exercícios físicos e perda de força dos músculos respiratórios. Essas condições podem ser minimizadas por
programas de exercícios, apesar de não haver proposta definitiva sobre a melhor estratégia de treinamento.
Os consensos de reabilitação pulmonar sugerem que o treinamento físico dos pacientes seja baseado na
melhora da capacidade aeróbia e entendem como importantes e raros os exercícios que avaliam uma
abordagem específica sobre as alterações da caixa torácica e dos músculos torácicos (SBPT, 2004). Nesse
caso, as ferramentas são as avaliações das medidas de perímetro do tórax, nas quais se pode analisar a sua
capacidade de expansão. As respostas podem demonstrar o progresso do treinamento.
Foram observados, na resposta inflamatória das vias aéreas, níveis elevados de mediadores
inflamatórios, como proteína C reativa, IL-6, TNF, entre outros, em pacientes com DPOC, além das
contagens de neutrófilos maiores em fumantes com DPOC (LAIZO, 2009; QUEIROZ et al., 2016).
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
A doença DPOC libera substâncias como elastase, colagenases e produtos oxidantes, que, superpostos
aos oxidantes inalados da fumaça do cigarro, atuam modificando os componentes da matriz
extracelular. Assim, o pulmão adquire um novo modelo, deformado (estiramento e desaparecimento dos
septos alveolares, formando espaços aéreos maiores e compressões brônquicas associadas a áreas de
hiperinsuflação) e irreversível, levando ao prejuízo de uma das mais primitivas funções da vida, que é o
próprio ato respiratório (LAIZO, 2009; QUEIROZ et al., 2016).
6.3 Fisiopatologia
As causas da intolerância ao exercício físico em doentes com DPOC estão tradicionalmente ligadas
às limitações do sistema ventilatório e à troca gasosa. Porém, outro fator importante para a limitação
do exercício físico é a disfunção da musculatura periférica, como a redução da massa muscular
e a relação capilaridade/mitocondrial, as mudanças no tipo e tamanho das fibras musculares e a
redução das enzimas oxidativas, as perdas funcionais, como a redução da força e resistência, além da
bioenergética muscular, como a redução no consumo de oxigênio, o aumento do nível de lactato e a
diminuição/desequilíbrio do pH.
Outros fatores que podem contribuir para essa perda de massa muscular são o uso de corticoide oral
e a perda de peso, esta devido à diminuição da dieta oral e à depleção nutricional (LAIZO, 2009; QUEIROZ
et al., 2016).
A fadiga muscular aumentada em doentes com DPOC também pode ser atribuída à deterioração da
função pulmonar e aos efeitos sistêmicos, como a atrofia muscular e a transição de fibras musculares de
contração lenta para rápida. Mesmo sem sintomas de DPOC, a pessoa apresenta fadiga muscular. Ainda
não se sabe a etiologia dessa fadiga nem como o tabagismo contribui para esse quadro.
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Unidade II
Não só o CO, mas o alcatrão e o cianeto no cigarro reduzem a função respiratória mitocondrial.
O tabagismo produz fadiga muscular e intolerância ao exercício. Parar de fumar só irá reverter
esse processo se o indivíduo não apresentar diagnóstico de DPOC ou falência cardíaca. O CO se liga
à hemoglobina, resultando em hipoxemia. A carboxiemoglobina (COHb) é um complexo estável
de monóxido de carbono e de hemoglobina que se forma nos glóbulos vermelhos do sangue
quando o monóxido de carbono é inalado ou produzido no metabolismo normal. É medida com
espectrometria em não fumantes, e a referência é de até 5%; em fumantes, pode chegar a 10%.
Lembrete
A hipoxemia é um fator que diferencia o fumante do não fumante. Os componentes do tabaco ainda
interferem na gestação. A nicotina causa vasoconstrição periférica e diminui o fluxo placentário, resultando
na pobre nutrição e oxigenação fetal (LAIZO, 2009; QUEIROZ et al., 2016; ROCETO at al., 2007).
Pode ocorrer, ainda, parto prematuro ou aborto. O aumento da COHb reduz o fluxo sanguíneo fetal,
afetando o transporte de O2 e levando à hipoxemia fetal. Os indivíduos com DPOC têm alta prevalência
de fatores de risco cardiovascular (SBPT, 2004; LAIZO, 2009).
Lembrete
O tratamento da DPOC inclui uma equipe multidisciplinar e busca a reabilitação respiratória desses
pacientes. O programa de reabilitação respiratória requer a utilização de exercícios físicos e respiratórios,
além do acompanhamento médico e psicológico dos doentes com DPOC. A utilização de exercícios
físicos procura melhorar a resistência muscular, aumentar a capacidade respiratória e a troca gasosa,
diminuindo, assim, os efeitos da fadiga muscular.
Algumas regras são recomendadas para o início da prática de exercícios físicos. A primeira delas é a
liberação do médico, que irá indicar as limitações a serem observadas. O teste de esforço de esteira pode
mostrar se o paciente apresenta queda de oxigênio. Se sim, este deverá, certamente, utilizar oxigênio extra
(suplemento de oxigênio) através de um cateter nasal durante o exercício. A pessoa que precisa de suplemento
de oxigênio enquanto se exercita deve ter o cuidado de realizar as inspirações pelo nariz e, no momento da
expiração, deve fazer um bico. Essa manobra facilita a distribuição de ar em mais áreas do pulmão.
Outro detalhe importante é a falta de ar. Algumas estratégias podem funcionar bem, como no
caso do aquecimento, que pode ter uma duração mais prolongada, gradativa e com intervalos de
108
ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
recuperação de acordo com o programa de exercícios previsto. O objetivo, nesse caso, é proporcionar
um estresse oxidativo mais adequado no sistema vascular, auxiliando o sistema a se adaptar dentro dos
limites individuais na vasodilatação. Evita-se, assim, o aumento da pressão em consequência do volume
sanguíneo circulante e a isquemia precoce, considerando que o indivíduo com DPOC já apresenta, na
base fisiopatológica, dificuldade na troca gasosa.
É comum, como exposto anteriormente, a intolerância ao exercício em pessoas com DPOC. Atribui‑se
esse quadro à limitação ventilatória e à disfunção musculoesquelética. Há a redução de força, da
massa muscular e da concentração de enzimas oxidativas associada à diminuição do metabolismo de
fosfocreatina, o que provoca lactacidose (acidose a partir do acúmulo do lactato) precoce nos pacientes
com DPOC (SILVA; DOURADO, 2008).
Para exercícios aeróbios, a prescrição pode ser limitada pela dispneia. Sendo assim, a intensidade
passa a ser bem individualizada, e a literatura também sugere trabalhar no limiar da dispneia ou calcular
a prescrição a partir do pico de esforço alcançado no teste de esforço. Um teste de esforço muito
utilizado é o de 6 minutos.
Nos pacientes que utilizam mais os membros superiores em suas atividades diárias, foi observada
uma maior redução da concentração de enzimas oxidativas no vasto lateral em comparação com o
deltoide, músculo mais solicitado nas atividades diárias. Além disso, foi verificada elevada redução da
força muscular do quadríceps em comparação com os abdominais. Os autores consideram esse fato em
razão da grande atividade desse grupo muscular na expiração forçada quando o indivíduo tosse (SILVA;
DOURADO, 2008).
Também é consenso que o exercício físico é a conduta mais efetiva na reabilitação pulmonar
(DOURADO; GODOY, 2004; SOARES; CARVALHO, 2009; COSTA et al., 2015). O exercício aeróbio
é bastante efetivo na reversão dos prejuízos funcionais. Como resultado do treinamento físico
encontrado na literatura, observa‑se a redução da tosse e da dispneia, o aumento da tolerância ao
exercício, o ganho de capacidades vitais observadas no teste espirometria e a melhora significativa da
qualidade de vida quando a pessoa com DPOC para de fumar e mantém o tratamento com a prática
regular de atividade física.
109
Unidade II
Não há, na literatura, grandes trabalhos que foquem no protocolo de exercícios. As prescrições de
exercícios de força encontradas têm como base os testes de carga máxima, e as intensidades variam
entre 40 e 50% do teste, chegando até 90%. Também é observado, no entanto, que muitos estudos não
detalham o protocolo quanto à intensidade ou carga. Os detalhes da prescrição sempre dependem de
características como as limitações e os sintomas dos pacientes.
Também é sugestiva, por parte de alguns autores (SILVA; DOURADO, 2008), a prescrição a partir do
teste de repetições máximas. Nesse caso, o profissional de Educação Física deve ter conhecimento sobre
a não utilização de testes de carga máxima em virtude das possíveis lesões. Nas pessoas debilitadas, os
riscos são maiores; por isso, não há dúvidas de que prescrever a partir do teste de repetições máximas
é mais seguro. No geral, as prescrições sugerem repetições entre 8 e 10 e intervalo entre séries mais
prolongado (DOURADO; GODOY, 2004; SILVA; DOURADO, 2008; SOARES; CARVALHO, 2009).
Apesar de existirem poucos estudos com treinamento de força em pessoas com DPOC, estes são
suficientes para entender sua importância no desenvolvimento da força muscular e na melhoria da
eficiência do trabalho da musculatura respiratória. Também é observada a melhor resposta das atividades
de endurance com um limiar aeróbio mais elevado (ALMEIDA et al., 2010).
Resumo
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ATIVIDADE MOTORA APLICADA A POPULAÇÕES ESPECIAIS
Exercícios
Questão 1. Uma paciente com doença arterial coronariana deseja fazer exercício físico na academia.
Sobre a prescrição de exercícios para essa paciente, é correto dizer que:
II – A prescrição de exercício físico para indivíduos que usam betabloqueadores deve ser feita sempre
com muito cuidado.
III – A prescrição de exercício físico deve ser equivalente a 50% a 70% da frequência cardíaca
de reserva.
A) I e II.
B) I e III.
C) II e III.
D) II.
E) I, II e III.
I – Afirmativa incorreta.
113
Unidade II
Justificativa: a presença de angina (dor no peito) é fator de interrupção do exercício, pois representa
um risco imediato de infarto.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: a prescrição de exercício físico para indivíduos que usam betabloqueadores deve ser
feita sempre com muito cuidado, pois esses medicamentos interferem na frequência cardíaca.
Justificativa: a prescrição de exercício físico deve ser equivalente a 50% a 70% da frequência cardíaca
de reserva, independentemente do condicionamento físico.
Questão 2. Um paciente com insuficiência cardíaca deseja realizar exercício fisco após receber
orientação de seu médico. Sobre os conceitos e a prescrição de exercícios para os pacientes com
insuficiência cardíaca, é correto dizer que:
I – Atualmente, a insuficiência cardíaca é definida como uma doença da circulação, e não apenas
do coração.
II – O treinamento físico provoca a redução da atividade nervosa simpática no coração, nos rins e
no musculoesquelético.
III – A insuficiência cardíaca é uma doença que apresenta como sintomas clássicos a fadiga e a
intolerância aos exercícios.
A) I, II e III.
B) I e II.
C) II e III.
D) III.
E) I.
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