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VALVOPATIAS

 Doenças que afetam as valvas cardíacas, impedindo a sua abertura e/ou o fechamento adequados.
Existem quatro (aórtica, mitral, tricúspide e pulmonar) e todas elas podem apresentar anomalias
que se manifestam de modo diferente.

VALVA TRICÚSPIDE:
Fluxo entre átrio direito e ventrículo direito
VALVA PULMONAR:
Fluxo de saída do ventrículo direito à artéria pulmonar
VALVA MITRAL (BICÚSPIDE):
Fluxo entre átrio esquerdo e ventrículo esquerdo
VALVA AÓRTICA:
Fluxo de saída do ventrículo esquerdo à artéria aorta
VALVOPATIAS

MITRAL
TRICÚSPIDE AÓRTICA

INSUFICIÊNCIA
ESTENOSE DUPLA LESÃO

 Para estudar as valvopatias é necessário a compreensão de 3 conceitos, que ocorrem como


consequência das valvopatias:
A. Estenose valvar: consiste na incapacidade da valva se abrir completamente, que resulta em
dificuldade da passagem do fluxo de sangue.
B. Insuficiência valvar: significa falta de fechamento completo da valva, o que permite que parte
do sangue volte para câmara de onde saiu (regurgitação).
C. Dupla Lesão: é a associação da estenose e da insuficiência valvar.
→ As principais causas de valvopatias são:
− Doença Reumática;
− Síndrome de Marfan.
− Endocardite infecciosa;
− Calcificação do anel mitral;
− Prolapso Valvar.
SÍNDROME DE MARFAN
 A síndrome de Marfan é um distúrbio raro do tecido conjuntivo que causa anomalias nos olhos, nos
ossos, no coração, nos vasos sanguíneos, nos pulmões e no sistema nervoso central.
 Doença genética, com expressividade variável intra e inter familial, sem predileção por raça ou sexo,
que mostra uma prevalência de 1/10.000 indivíduos.
 Aproximadamente 30% dos casos são esporádicos e o restante familiar.
Fibrilina faz parte
do tecido de
sustentação dos
órgãos

Camada
Ligamentos Cristalino interna das Aorta
artérias

O gene da fibrilina sofrer mutação, algumas fibras e outras partes do tecido


conjuntivo passam por alterações que acabam enfraquecendo o tecido.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
I. Esquelético: caracterizado por estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongadas e
deformidade torácica;
II. Cardíaco: caracterizado por prolapso de válvula mitral e dilatação da aorta;
III. Ocular: caracterizado por miopia e luxação do cristalino. A essa possibilidade de atingir órgãos
tão diferentes denomina-se pleiotropia.
DIAGNÓSTICO
 Ecocardiografia
 Exames de imagem
 Estudos genéticos
 Essencialmente clínico
TRATAMENTO
 Sem cura definitiva;
 Tratamento deve ser feito de maneira
individualizada, de acordo com as manifestações clínicas, e pode compreender desde medicamentos
para evitar a progressão das alterações;
 Intervenções cirúrgicas.
FEBRE REUMÁTICA
TRATAMENTO
 É uma doença inflamatória sistêmica aguda, autoimune, que se manifesta em indivíduos suscetíveis
entre 1 e 5 semanas após infecção de orofaringe, aparente ou não.
 Causadas por estreptococos B- hemolíticos do grupo A (EBGA)
 A incidência do primeiro surto é mais elevada entre 5 e 15 anos de idade, apresenta pico entre 8 e
9 anos e, gradualmente, reduz com o avanço da idade.
 A frequência de recidivas é maior nos primeiros 5 anos após o surto inicial, principalmente nos dois
primeiros.
→ O processo é desencadeado por resposta imunológica inadequada. Quatro fases distintas
caracterizam a doença:
− faringoamigdalite estreptocócica;
− período de latência;
− fase aguda (FRA)
− fase crônica, quando persistem as sequelas valvares, caracterizando a cardiopatia reumática
crônica (CRC).
I. Infecção estreptocóccica das vias aéreas superiores;
II. Estimulação da produção de vários anticorpos que interagem com o tecido humano;
III. Inicia uma resposta inflamatória sistêmica;
IV. Após um período de latência de 1-4 semanas, o hospedeiro não tratado desenvolve sinais e
sintomas de Doença Reumática.
 Fase aguda tem duração de 10 a 12 semanas.
 A classificação em critérios maiores e menores de Jones relaciona-se com a especificidade das
manifestações clínicas.
 Critérios de Jones: pelo menos 2 sinais maiores ou 1 sinal maior e 2 menores.

QUADRO CLÍNICO
→ As manifestações mais comuns são:
− cardite (50-70%);
− artrite (35-66%);
− coreia (10-30%);
− nódulos subcutâneos (0-10%) (em menor frequência, grande especificidade);
− eritema marginado (< 6%).
− Suprimir o processo inflamatório;
− Minimizar as repercussões clínicas sobre o coração, articulações e sistema nervoso central
(anti-inflamatórios);
− Erradicar o EBGA da orofaringe (antibiótico bactericida);
− Promover o alívio dos principais sintomas.

ESTENOSE MITRAL
 A estenose mitral (EM) é a redução do orifício valvar mitral, reduzindo o fluxo sanguíneo para o
ventrículo esquerdo, devido à dificuldade de abertura de suas cúspides, levando a restrição no
esvaziamento atrial durante a diástole.
 Trata-se da lesão valvar mais característica da febre reumática (FR), que ocorre de forma isolada
em até 40% dos casos de acometimento cardíaco reumático

 A EM gera aumento das pressões no


átrio, com transmissão retrógrada ao leito vascular pulmonar, causando aumento das pressões
capilares pulmonares e das pressões da artéria pulmonar.
 No átrio esquerdo, o aumento da pressão leva progressivamente ao aumento das dimensões atriais,
com alterações na composição do miocárdio atrial e aumento da chance de desenvolvimento de
arritmias.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Dispneia aos esforços;
 Fadiga;
 Ortopneia e dispneia paroxística noturna.
 Além disso, há uma incapacidade adaptativa em aumentar o débito cardíaco, em razão da pré-
carga fixa.
Débito cardíaco: volume sanguíneo bombeado Pré-Carga: pressão que o sangue faz no ventrículo
pelo coração em 1 minuto DC = FC x VS quando está cheio antes da contração
 Situações de estresse, como gravidez, fibrilação atrial, atividade física, podem gerar descompensação
e piora dos sintomas.
 Em fases mais avançadas, o aumento do volume atrial esquerdo pode levar à compressão esofágica,
causando disfagia, ou à compressão do nervo laríngeo recorrente, causando rouquidão,
apresentação conhecida como síndrome de Ortner.

Rouquidão secundária a paralisia do nervo


laríngeo secundária a causas
cardiovasculares
INSUFICIÊNCIA MITRAL
 A insuficiência da válvula mitral é uma doença que provoca um comprometimento dos folhetos
dessa válvula, fazendo com que ela não se feche corretamente. Com isso, parte do sangue que deveria
ir para o ventrículo esquerdo reflui para o átrio desse mesmo lado do coração
 A insuficiência mitral (IM) deve ser classificada em primária e secundária:
 As causas mais frequentes da IM primária são: reumática, prolapso e degeneração mixomatosa.
 A IM secundária decorre de alteração do ventrículo ou átrio esquerdo, levando à dilatação do anel
valvar ou tração do aparelho subvalvar.

FISIOPATOLOGIA
 Em razão dos mecanismos adaptativos, hipertrofia e dilatação do ventrículo e átrio esquerdos, o
coração consegue acomodar o volume regurgitante, mantendo o débito cardíaco.
 O paciente habitualmente permanece assintomático por muitos anos
 O diâmetro e a função do VE são utilizados para definir em qual dos estágios o paciente com IM
se encontra:
 Compensado é definido como aquele em que o paciente é assintomático e tem diâmetro diastólico
final do VE inferior a 60 mm, diâmetro sistólico final inferior a 40 mm e fração de ejeção
superior a 60%.
 Descompensada, as medidas dos diâmetros diastólico e sistólico do VE ultrapassam 70 e 45 mm,
respectivamente, e a fração de ejeção cai abaixo de 55%.
 Intermediária é aquela entre os dois estágios descritos anteriormente.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Em geral, os pacientes cursam assintomáticos durante anos. Os sintomas aparecem em
decorrência da gravidade da regurgitação e da repercussão cardíaca e pulmonar.
 Dispneia;
 Fraqueza;
 Tosse;
 Palpitação;
 Fenômenos embólicos, tosse, hemoptise e insuficiência cardíaca direita aparecem nas fases mais
avançadas da doença
ESTENOSE AÓRTICA
 A estenose valvar aórtica (EAo) é valvopatia de grande relevância mundial em decorrência do
envelhecimento da população.
 Pode ser secundária a processo crônico degenerativo de etiologia ateroesclerótica, agressão
reumática ou alterações congênitas.
 Raramente, pode ocorrer em razão de doenças reumatológicas ou de doenças relacionadas a erros
do metabolismo.
 A EAo de etiologia ateroesclerótica ocorre em cerca de 3 - 5 % da população > 75 anos e em geral se
associa com fatores de risco presentes em pacientes portadores de doença ateroesclerótica.

FISIOPATOLOGIA
 O processo degenerativo da EAo geralmente se faz de forma lenta, podendo levar décadas para sua
observação (principalmente em estenose de etiologia degenerativa ateroesclerótica).
 Isso decorre de mecanismos de adaptação destinados à preservação da função contrátil cardíaca
relacionados à ocorrência do aumento da pós-carga do VE.
Pós-Carga: resistência enfrentada durante a
ejeção do ventrículo
 A EAo caracteriza-se pela ocorrência de sobrecarga de pressão ao VE, levando hipertrofia
concêntrica do VE, demonstrando-se de forma característica VE, com aumento do índice de
massa ventricular.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 O paciente portador de EAo pode permanecer longo período assintomático, sendo baixa a
mortalidade nesse período.
 Os sintomas clássicos relacionados à EAo são:
 Angina;
 Dispneia e síncope.
 Com mortalidade de 38-43% em um ano, 63% em 2 anos, 75% em 3 anos.

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
 A insuficiência aórtica (IAo) caracteriza-se por refluxo de sangue da aorta para o ventrículo
esquerdo (VE) através da valva aórtica durante a diástole.
 A forma de apresentação clínica mais comum é a crônica, que só causa repercussão se muito
importante e após longo tempo de evolução e, em geral, é bem tolerada pelo paciente por vários
anos.
 As causas mais comuns de IAo crônica são: doença reumática, sequela de endocardite infecciosa e
degeneração mixomatosa;
 As causas mais comuns de IAo agudas são: endocardite infecciosa e dissecção aguda da aorta.

FISIOPATOLOGIA
 O surgimento de refluxo aórtico significativo induz ao aparecimento de alterações hemodinâmicas
importantes, como o aumento do volume do VE, o aumento do volume sistólico ejetado por batimento
e a redução da pressão da aorta;
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
 Na IAo crônica, a maioria dos pacientes permanece sem sintomas por vários anos. Os sintomas
surgem em paralelo à disfunção do VE; alguns pacientes, entretanto, podem permanecer sem
sintomas mesmo com disfunção do VE. Dispneia aos esforços;

Aumento Dilatação
Aumento do Aumento da
discreto da ventricular/
volume sistólico pressão sistólica
espessura hipertrofia
ejetado intraventricular
miocárdica excêntrica
 Dispneia em repouso ou de decúbito;
 Fadiga e sensação dos batimentos cardíacos;
 Angina (pode ocorrer nas fases mais avançadas).

ESTENOSE TRICÚSPIDE
 A estenose tricúspide (ET) é caracterizada por redução da
abertura da valva tricúspide durante a diástole.
 A repercussão clínica em geral só aparece em quadros
mais avançados, sendo as lesões moderadas bem toleradas.
 A Estenose Tricúspide (ET) é uma valvopatia rara, tendo
como principal etiologia a doença reumática.
 Na maioria dos casos, a apresentação ocorre na forma
de dupla lesão, com graus variados de insuficiência.

FISIOPATOLOGIA
 A ET de grau importante pode levar a quadros de congestão venosa sistêmica, podendo apresentar-
se c omo anasarca, embora isso seja raro.
 A função sistólica do ventrículo direito está preservada, e o acometimento é exclusivo do átrio direito,
usualmente com intensa dilatação.
QUADRO CLÍNICO
 Desconforto cervical, devido à intensa
distensão de veias jugulares;
 Fibrilação atrial é complicação comum desses
casos.

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