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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

I. FISIOLOGIA VASCULAR: Complacência – Capacidade do vaso de variar volume


quando submetido à pressão.
1. Hemodinâmica:

O Sistema circulatório é um sistema capaz de


comunicar todas as células do corpo entre si, e estas
com o meio externo. É um sistema único, mas
organiza-se em duas circulações em série, a circulação
pulmonar e a circulação sistêmica.
Devido a este padrão em série, uma trombose
localizada em uma veia do membro inferior não pode
causar um AVC, pois, quando o trombo se solta,
êmbolo, cai na circulação venosa, chega ao coração e é
bombeado para a circulação pulmonar. Nos capilares
pulmonares, o êmbolo poderá causar embolia
pulmonar, mas nunca chegaria ao cérebro.
O princípio básico que determina a intensidade
do fluxo sangüíneo é a demanda dos tecidos por
nutrientes. Para o controle do fluxo duas variáveis
principais são reguladas: o débito cardíaco e a pressão
arterial.

Partes Funcionais da Circulação:

o Artérias – Transportam sangue sob alta pressão.


Possuem fortes paredes musculares e elásticas,
o que permite a elasticidade característica das
artérias, possibilitando maior resistência à
pressão. Figura 1

o Arteríolas – Regulam a quantidade de sangue - Áreas de Secção Transversa e Velocidades do Fluxo


que passa para a microcirculação (capilares). Sangüíneo:
Possui forte parede muscular, capaz de ocluir 2
completamente o vaso ou dilatar-se para Vaso Área de Secção Transversa (cm )
Aorta 2,5
aumentar o fluxo. É, portanto, o principal ponto Pequenas Artérias 20
de resistência periférica ao fluxo sangüíneo. Arteríolas 40
Capilares 2500
o Capilares – São responsáveis pela troca de Vênulas 250
Pequenas Veias 80
substâncias entre o sangue e o líquido
Veias Cavas 8
intersticial.
Pela observação da tabela e devida correlação
o Vênulas – Coletam o sangue dos capilares, e
com as propriedades morfofuncionais dos vasos,
coalescem formando veias progressivamente
conclui-se:
maiores.
o As áreas de secção transversa das veias são
quatro vezes maiores que suas correspondentes
o Veias – Transportam o sangue até o coração, e
arteriais, evidenciando o papel do sistema
funcionam como o grande reservatório de
venoso como reservatório de sangue.
sangue do corpo, devido a sua alta
o Como o volume de sangue é relativamente
complacência, permitida por suas paredes finas
constante e a área da secção transversa
e pouco musculares.
aumenta dos vasos centrais para os vasos
periféricos e capilares, conclui-se que a
Elasticidade X Complacência:
velocidade do fluxo no sistema capilar é bem
Elasticidade – Capacidade do vaso de retornar ao seu menor, o que permite as trocas de substâncias
calibre normal mesmo quando submetido à pressão. entre sangue e interstício.

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Fluxo Sangüíneo: Definição: É o impedimento ao fluxo sangüíneo em um


vaso, mas não pode ser medida por qualquer meio
Definição: É a quantidade de sangue que passa por direto, é calculada a partir dos valores de fluxo e
determinado ponto da circulação durante certo diferença de pressão.
intervalo de tempo.
O fluxo sangüíneo por um vaso é determinado Resistência Vascular Periférica: Resistência de toda a
por dois fatores: circulação sistêmica ao fluxo sangüíneo total (Débito
o Diferença de pressão – gerada pelo coração. Cardíaco).
o Resistência Vascular – impedimento ao fluxo.

Lei de Ohm:
Onde é o débito cardíaco, é a diferença de
Onde F é o fluxo, é a diferença de pressão e éa pressão, e é a resistência vascular periférica.
resistência vascular.
Estimando:
- Fluxo Laminar X Fluxo Turbulento:
Considerando um débito cardíaco de 100 ml/s e
uma diferença de pressão de 100 mmHg, a resistência
vascular periférica normal é de 1 URP.
o Vasoconstrição - RVP = 4 URP
o Vasodilatação - RVP = 0,2 URP

Resistência Vascular Pulmonar: Resistência de toda a


circulação pulmonar ao fluxo sangüíneo.
Figura 2
Estimando:
O fluxo laminar é o fluxo normal do sangue em
linhas de corrente. Em que camadas eqüidistantes do
centro do vaso exibem mesma velocidade de fluxo, e RVPul = 0,14 URP
proporcionalmente menor que a velocidade das
camadas mais centrais, assumindo um perfil parabólico A resistência vascular pulmonar é menor que a
(Fig. 2A). Esse perfil ocorre porque as moléculas de resistência vascular periférica porque a diferença de
líquido que tocam a parede praticamente não se pressão na circulação pulmonar é bem menor do que
movem, em virtude da aderência com o endotélio na circulação sistêmica (Pressão Arterial Pulmonar
vascular. A seguinte camada de moléculas desliza Média = 16 mmHg / Pressão Atrial Esquerda Média = 2
sobre a primeira, a terceira desliza sobre a segunda, e mmHg / = 14 mmHg).
assim sucessivamente, apresentando velocidades
crescentes de fluxo da periferia para o centro. Condutância: É a facilidade de passagem do fluxo
O fluxo turbulento (Fig. 2B) consiste em um fluxo sangüíneo sob dada diferença de pressão.
de elementos sangüíneos em padrão desordenado,
causado por uma intensidade de fluxo muito elevada, Condutância = 1 / Resistência
ou quando o sangue passa por uma obstrução no vaso,
por um ângulo fechado ou por uma superfície áspera. Os vasos sangüíneos (artérias, arteríolas,
A tendência à ocorrência de fluxo turbulento é capilares, vênulas e veias) estão, coletivamente,
calculada pelo número de Reynolds: dispostos em série. De modo que o fluxo por cada
grupo de vasos é o mesmo, e a resistência total é igual
- Fluxo turbulento à soma das resistências de cada grupo de vasos:

Onde é o número de Reynolds, é a velocidade do Rtotal = Rarterial + Rarteriolar + Rcapilar + Rvênular + Rvenosa
fluxo, é o diâmetro do vaso, é a densidade do
sangue, e é a viscosidade do sangue. Os vasos sangüíneos ramificam-se
extensamente, formando circuitos em paralelo que
- Resistência ao Fluxo Sangüíneo: irrigam muitos órgãos e tecidos do corpo. Essa
disposição em paralelo permite a regulação isolada do
fluxo sangüíneo em determinado tecido, parcialmente
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independente do fluxo por outros tecidos. Nos vasos por um tecido a nível de arteríolas, de modo que
sangüíneos dispostos em paralelo, a resistência total é pequenas alterações no diâmetro vascular arteriolar
expressa como: causam grandes alterações no fluxo sangüíneo
tecidual.
O aumento no diâmetro não altera a diferença
de pressão, logo, como o fluxo aumenta, a alteração
óbvia que causa o aumento do fluxo é a diminuição da
Pode parecer paradoxal, mas a adição de vasos
resistência vascular. Assim, o principal mecanismo de
sangüíneos em paralelo realmente diminui a
controle do fluxo é o aumento da resistência, pela
resistência total ao fluxo, pois representa a adição de
diminuição do diâmetro, por estímulo simpático
novas vias de condutância sangüínea. Como a
vasoconstritor, ou diminuição na resistência, pelo
condutância é o inverso da resistência:
aumento do diâmetro, por inibição simpática
vasodilatadora.

Segunda conseqüência da Lei de Poiseuille:


Assim, a amputação de um membro ou a
Outra conclusão que se tira pela análise da
remoção cirúrgica de um rim também remove um
fórmula é a influência da viscosidade sangüínea sobre
circuito paralelo e reduz a condutância vascular e o
o fluxo sangüíneo. Quanto maior a viscosidade
fluxo sangüíneo total (débito cardíaco), enquanto
sangüínea, menor é o fluxo pelo vaso. Normalmente, a
aumenta a resistência vascular periférica.
viscosidade do sangue corresponde a três vezes a
viscosidade da água.
- Lei de Poiseuille:
Como, normalmente, 40% do volume sangüíneo
correspondem ao volume de células, constata-se que o
hematócrito (porcentagem de volume sangüíneo
constituído por células), é o principal indicador da
viscosidade sangüínea. De maneira que, em situações
Onde F é o fluxo sangüíneo, é a diferença de de policitemia, hematócrito em 60-70%, a viscosidade
pressão, é o raio do vaso, é a viscosidade do do sangue pode subir para até dez vezes a viscosidade
sangue, e é o comprimento do vaso. da água, provocando fluxo mais lento. Em situações de
hematócrito baixo, como em casos de anemia
microcítica, revela-se uma viscosidade menor, e,
portanto, um fluxo sangüíneo aumentado.

Figura 3

Primeira conseqüência da Lei de Poiseuille:


Pela interpretação da fórmula matemática da Lei
de Poiseuille e sua correlação com a Fig. 3, conclui-se
que a velocidade/intensidade do fluxo sangüíneo é Figura 4
proporcional à quarta potência do raio. Assim,
alterações no diâmetro vascular de quatro vezes, Terceira conseqüência da Lei de Poiseuille:
causam um incrível aumento do fluxo sangüíneo em Além do diâmetro e da viscosidade, a diferença
256 vezes. Isso permite o controle do fluxo sangüíneo de pressão também influencia no fluxo sangüíneo. Pela

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observação da fórmula matemática, era de se esperar


que um aumento na pressão arterial causasse
aumento aproximadamente linear no fluxo sangüíneo,
mas, pela observação da Fig. 5, constata-se que a
influência da pressão sobre o fluxo é maior do que
uma relação linear. A curva Fluxo X Pressão esperada
deveria ser semelhante a uma reta, mas esse
comportamento não é revelado. Esse fenômeno deve-
se ao fato de que um aumento na pressão arterial
provoca uma distensão nos vasos sangüíneos,
diminuindo a resistência vascular. Assim, o
comportamento quase que semi-parabólico da curva
Fluxo X Pressão deve-se à alteração de duas variáveis,
pressão arterial e diâmetro vascular (resistência), e não
apenas alteração da pressão arterial.

Figura 6

Existem duas teorias que explicam a regulação


do fluxo sangüíneo:

Teoria da Vasodilatação: Quanto maior a intensidade


do metabolismo, maior será a formação de substâncias
vasodilatadoras pelas células teciduais. Essas
substâncias vasodilatadoras difundem-se para os
tecidos, causando vasodilatação, o que aumenta o
fluxo sangüíneo local.

H+

Figura 5
Adenosina
Controle Intrínseco do Fluxo Sangüíneo:

Cada tecido possui a capacidade de controlar


seu próprio fluxo sangüíneo em proporção às suas
CO2
necessidades metabólicas. O fluxo sangüíneo é
usualmente mantido no nível mínimo suficiente para Vasodilatação
suprir as necessidades individuais de cada tecido. O2
o Controle agudo – É feito por rápidas alterações
na vasodilatação ou vasoconstrição local, por AMP, ADP
resposta a mudanças no metabolismo tecidual.
o Controle a longo prazo – Variações lentas e
controladas do fluxo sangüíneo, causadas por
variações nas dimensões físicas e número de Histamina
vasos que suprem os tecidos.

- Controle Agudo do Fluxo Sangüíneo:


K+
O controle agudo do fluxo sangüíneo é feito em
resposta a mudanças na demanda de nutrientes pelos
tecidos, intensidade metabólica, como observado na o H+ ( pH) – Como o O2 está em falta, as células
Fig. 6. teciduais fazem mais fermentação lática,
aumentando a liberação de ácido lático e,

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conseqüentemente, íons hidrogênio, que atuam nutrientes que ocorreu durante a oclusão. Esse
como vasodilatadores para aumentar o fluxo em mecanismo é conhecido como hiperemia reativa.
resposta à alta intensidade metabólica.
- Auto-regulação do Fluxo Sangüíneo com a Variação
o Adenosina – A alta atividade metabólica provoca da Pressão Arterial:
a liberação de adenosina, resultante da
degradação do ATP pela atividade celular. A A elevação aguda da pressão arterial provoca
adenosina atua, então, como vasodilatadora, aumento imediato no fluxo sangüíneo. Mas, após
aumentando o fluxo sangüíneo local em menos de um minuto, o fluxo sangüíneo tende a voltar
resposta à alta intensidade metabólica. a níveis próximos à normalidade, como evidenciado na
Fig. 7.
Mecanismo Bioquímico: Duas teorias explicam essa auto-regulação do
Adenosina Receptor P2 Ativa Adenilil Ciclase fluxo sangüíneo:
AMPc Ativa PKA Fosforila Canais de Ca+2
Diminui a entrada de Ca+2 Relaxamento Teoria Metabólica: Quando a pressão está em alta, o
fluxo aumentado fornece oxigênio, e nutrientes, em
De uma maneira geral, os próprios metabólitos demasia, o que causa vasoconstrição e retorno do
agem como vasodilatadores para aumentar a oferta de fluxo até valores próximos aos normais.
nutrientes e suprir a demanda do metabolismo
aumentado.

Demanda por SUPRE


nutrientes
Metabolismo
Liberação de
Vasodilatação
metabólitos

Teoria da Falta de Oxigênio: Segundo essa teoria, o


grau de contração da musculatura lisa vascular
depende da concentração de oxigênio, bem como de
outros nutrientes (glicose, aminoácidos e ácidos
graxos). De maneira que, quando a disponibilidade de
oxigênio é alta, pois os tecidos estão com baixo
metabolismo, o músculo liso contrai-se com maior
tônus, causando vasoconstrição. E quando o oxigênio Figura 7
cai em concentração, devido ao metabolismo intenso,
a disponibilidade de O2 para a contração muscular lisa Teoria Miogênica: O estiramento súbito da parede do
vascular diminui e, portanto, a fibra relaxa, dilatando o vaso sangüíneo, pelo aumento da pressão, abre canais
vaso e aumentando o fluxo sangüíneo. de Ca+2 mecanossensíveis, permitindo o influxo de
Ca+2, que intensifica a contração da musculatura lisa,
Admite-se que ambas as teorias explicam de causando vasoconstrição e, conseqüentemente,
maneira eficaz o controle local do fluxo sangüíneo em diminuindo o fluxo sangüíneo local.
resposta às necessidades metabólicas teciduais, sendo,
portanto, mecanismos complementares que atuam O mecanismo metabólico parece ser mais
juntos nessa regulação. importante nessa regulação do que o mecanismo
A resposta de aumento do fluxo sangüíneo em miogênico.
função da maior demanda metabólica é chamada de
hiperemia ativa. - Vasodilatação de Artérias Proximais pelo NO:
Em situações de bloqueio do fluxo sangüíneo em
um tecido por algum tempo (que pode durar desde Os mecanismos locais para o controle do fluxo
alguns segundos a uma hora ou mais), e então ocorre o são capazes de dilatar apenas as artérias e arteríolas
desbloqueio, o fluxo sangüíneo no local aumenta muito pequenas em cada tecido, porque as substâncias
intensamente (de quatro a sete vezes o normal), vasodilatadoras não são capazes de atingir as artérias
permanecendo aumentado durante o mesmo tempo mais proximais. A dilatação dessas artérias é feita a
de bloqueio, buscando repor o déficit tecidual de partir da liberação do “Fator de Relaxamento Derivado
do Endotélio” (FRDE), que é composto principalmente

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

por óxido nítrico (NO). Este potente vasodilatador é o Hormônios Vasodilatadores – Bradicinina,
liberado pelo endotélio por estresse mecânico causado histamina, peptídio natriurético (fator atrial).
pelo fluxo sangüíneo intenso, causando a
vasodilatação dos vasos sangüíneos proximais, e Obs.: A liberação de endotelina por células endoteliais
intensificando, assim, o aumento do fluxo distal. O NO ocorre em situações de lesão tecidual, causando
também pode ser produzido a partir da ativação de vasoconstrição local.
receptores P2 pela adenosina.
2. Circulação Coronária:
- Controle a Longo Prazo do Fluxo Sangüíneo:
Anatomia Básica da Circulação Coronária:
Pela observação da Fig. 7, constata-se que o
mecanismo agudo auto-regulador do fluxo sangüíneo O coração é quase que totalmente suprido por
não é suficiente para normalizar o fluxo em condições um par de artérias coronárias (direita e esquerda).
de pressão arterial aumentada. Entretanto, ao longo A artéria coronária esquerda supre,
de horas, dias e semanas, uma forma a longo prazo de principalmente, as porções anterior e lateral esquerda
regulação se desenvolve sobreposta à regulação do ventrículo esquerdo, enquanto a artéria coronária
aguda. Essa regulação não só responde a aumentos na direita supre a maioria do ventrículo direito, como
pressão arterial, como também a mudanças na também a parte posterior do ventrículo esquerdo.
intensidade metabólica. A drenagem venosa é feita, principalmente, pelo
O mecanismo de regulação do fluxo sangüíneo Seio Coronário, grande veia que segue no septo
local a longo prazo consiste em grande parte na atrioventricular na superfície posterior do coração e
alteração da vascularização dos tecidos. drena para o átrio direito. Existem, também, pequenas
veias que drenam do ventrículo direito diretamente
Demanda Metabólica Vascularização para o átrio direito, as veias cardíacas anteriores.
Demanda Metabólica Vascularização
Perfusão Coronária:
No controle a longo prazo, também se observa
uma grande importância do oxigênio. O excesso de
oxigênio inibe o crescimento vascular, e sua falta
estimula a produção de fatores angiogênicos, que
promovem crescimento dos vasos.
Essa angiogênese ocorre também no
desenvolvimento de circulação colateral em situações
de bloqueio de determinado vaso que irrigue um
tecido. O bloqueio induz o tecido, em isquemia, a
produzir fatores angiogênicos, que atraem o
crescimento de vasos colaterais do ponto proximal à
oclusão para o tecido isquêmico.

Controle Extrínseco do Fluxo Sangüíneo:

O controle extrínseco do fluxo sangüíneo é feito


pelo sistema nervoso autônomo, principalmente o
simpático, e pelo sistema endócrino. Observe o gráfico acima que indica as alterações
O sistema nervoso autônomo simpático fásicas da perfusão coronária durante o ciclo cardíaco.
determina o tônus vascular a partir da liberação de O fluxo sangüíneo capilar coronário no ventrículo
noradrenalina nos terminais simpáticos. Assim, a esquerdo cai para um valor baixo durante a sístole,
inibição simpática diminui o tônus vascular, causando comportamento inverso ao encontrado em outros
vasodilatação, e a estimulação simpática aumenta o leitos vasculares. Isso acontece porque a forte
tônus vascular, causando vasoconstrição. contração do músculo ventricular esquerdo comprime
O controle endócrino é exercido pela liberação os vasos intramusculares, dificultando a passagem de
de hormônios de efeito vasodilatador ou sangue.
vasoconstritor. Durante a diástole, o miocárdio relaxa e não
o Hormônios Vasoconstritores – Noradrenalina, mais comprime os vasos intramusculares, permitindo o
adrenalina, angiotensina II, vasopressina e fluxo sangüíneo coronário.
endotelina.

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Esse comportamento também pode ser Tipos de Capilares:


observado no ventrículo direito, mas, como a força de
contração é potencialmente menor, as alterações Os capilares são classificados quanto ao
fásicas são mais brandas. diâmetro de seus poros, que se adaptam às
O principal mecanismo controlador do fluxo necessidades peculiares de cada órgão.
sangüíneo coronário é de natureza metabólica, assim,
o fluxo sangüíneo aumenta em situações que exijam o Contínuo – As células endoteliais permanecem
alta oferta de oxigênio. fortemente ligadas por junções oclusivas (tight
junctions), que só permitem a passagem de
Controle Nervoso do Fluxo Sangüíneo Coronário: moléculas extremamente pequenas como água,
oxigênio e dióxido de carbono. Localizado no
Estimulação Parassimpática: SNC, pulmões, pele e músculos esqueléticos.
o Acetilcolina Vasodilatação o Descontínuo – As fendas entre as células
endoteliais são muito abertas, de modo que
Estimulação Simpática: quase todas as substâncias plasmáticas, inclusive
o Adrenalina; Noradrenalina proteínas, conseguem passar pelos poros.
- Receptor - Vasoconstrição – Predominante Localizado no fígado, baço e medula óssea.
nos vasos coronários epicárdicos. o Fenestrado – Os poros possuem tamanhos
- Receptor - Vasodilatação – Predominante nos intermediários, que permitem a passagem de
vasos coronários endocárdicos. substâncias iônicas e moleculares pequenas,
mas não permitem a passagem de grandes
A estimulação simpática pode causar ligeira proteínas plasmáticas. Localizado na mucosa
constrição ou dilatação coronária feral, mas, intestinal, glândulas exócrinas e glomérulos
normalmente, predominando a constrição. renais.

3. Microcirculação: Fluxo de Sangue nos Capilares – Vasomotilidade:

Estrutura da Microcirculação e do Sistema Capilar: O sangue, em geral, não flui continuamente


pelos capilares. Seu fluxo capilar é temporário, devido
Observe a Fig. 8, que exibe a estrutura da ao fenômeno de vasomotilidade, que consiste na
microcirculação mesentérica. Essa microcirculação é contração intermitente de pequenas arteríolas,
organizada em: metarteríolas e esfíncteres pré-capilares. O principal
o Arteríola – São vasos musculares, que podem fator regulador da abertura e fechamento das
alterar, por muitas vezes, seu diâmetro. metarteríolas é a concentração de oxigênio tecidual.
o Metarteríolas – Não possuem revestimento Dessa maneira, quando o consumo de oxigênio é alto,
muscular contínuo. As fibras musculares lisas e, conseqüentemente, sua concentração é mais baixa
circundam os vasos em pontos intermitentes. nos tecidos, os períodos intermitentes de fluxo
o Esfíncteres pré-capilares – Fibras musculares sangüíneo são mais freqüentes, e a duração do tempo
lisas localizadas na origem dos capilares. de fluxo é maior. Em casos de menor consumo de
Controlam a entrada de sangue no capilar. oxigênio, o fluxo permanece impedido por mais
o Capilares – Vasos sangüíneos constituídos de tempo, até que a concentração intersticial caia de tal
uma única camada, membrana capilar, formada maneira que provoque a abertura das metarteríolas e
por células endoteliais. esfíncteres pré-capilares.
o Vênulas – São maiores que as arteríolas, mas
possuem um revestimento muscular muito mais Reologia:
fraco.
Antes de conhecermos os mecanismos
pressóricos determinantes das trocas capilares,
precisamos entender pequenos conceitos sobre a
difusão de moléculas pela membrana capilar e os
constituintes do interstício e líquido intersticial. Esses
conceitos são apresentados abaixo:

o Substâncias lipossolúveis podem se difundir,


diretamente, através das membranas celulares
Figura 8 do endotélio capilar, não precisam, portanto,

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

atravessar os poros. Essas substâncias incluem o Pressão coloidosmótica o líquido intersticial ( li):
oxigênio e o dióxido de carbono. Tende a provocar a osmose de líquido para os tecidos,
o Substâncias hidrossolúveis podem se difundir, através da membrana capilar. (Valor médio 8 mmHg)
apenas, através dos poros na Membrana capilar.
Essas substâncias incluem a própria água, íons
sódio, íons cloreto, glicose e outros nutrientes.
o A permeabilidade dos poros capilares à
passagem de substâncias hidrossolúveis é
inversamente proporcional ao seu peso
molecular.
o Os capilares, em diferentes tecidos, apresentam
grandes diferenças de suas permeabilidades,
dependendo do diâmetro de seus poros, como
discutido anteriormente. Figura 9
o A intensidade da difusão de substâncias pela
membrana capilar é proporcional à sua PEF = Pc – Pli - p + li
diferença de concentração entre os dois lados da
membrana. E isso é válido tanto para Onde PEF é a pressão efetiva de filtração, Pc é a
substâncias hidrossolúveis quanto para as pressão hidrostática do capilar, Pli é a pressão
lipossolúveis. hidrostática do líquido intersticial, p é a pressão
o O interstício contém dois tipos principais de coloidosmótica do plasma, e li é a pressão
estruturas sólidas: feixes de fibras de colágeno e coloidosmótica do líquido intersticial.
filamentos de proteoglicanos. O líquido
intersticial possui, praticamente, os mesmos Assim, PEF > 0 – Filtração de líquido pelos capilares
constituintes que o plasma, exceto por Assim, PEF < 0 – Absorção de líquido pelos capilares
concentrações muito menores de proteínas, que
não passam com facilidade pelos poros o Como as proteínas, normalmente, não são
capilares. O líquido intersticial fica retido entre capazes de passar pelos poros capilares, são elas
os filamentos de proteoglicanos, exibindo uma as responsáveis pelas pressões coloidosmóticas
característica de gel, sendo chamado de gel nos dois lados da membrana capilar.
tecidual.
o As células mantém uma isotonicidade com o o Efeito Donnan – Pressão osmótica adicional
líquido intersticial, principalmente pela ação de causada pelos íons Na+, K+ e outros cátions
bombas, como Na+K+ ATPase. mantidos no plasma pelas proteínas.

- Forças de Starling: o A pressão coloidosmótica é determinada pela


quantidade de moléculas dissolvidas no líquido e
Pressão hidrostática capilar (Pc): Tende a forçar o não por sua massa total. Por ser a proteína mais
líquido para os tecidos, através da membrana capilar. abundante no plasma, admite-se que a albumina
(Extremidade Arterial 30 mmHg / Extremidade seja responsável por 80% da pressão
Venosa 10 mmHg / Valor médio 17,3 mmHg) coloidosmótica, sendo os demais 20% atribuídos
às globulinas.
Pressão hidrostática do líquido intersticial (Pli):
Quando positiva, tende a forçar o líquido para o - Trocas de Líquidos através da Membrana Capilar:
capilar, através da membrana capilar. Quando
negativa, normalmente, tende a forçar o líquido para Extremidade arterial: A PEF, na extremidade arterial
os tecidos, através da membrana capilar. A ligeira do capilar, é positiva, e aproximadamente igual a +13
pressão negativa é criada pelo bombeamento do mmHg. Assim, na extremidade arterial ocorre filtração
líquido intersticial pelos vasos linfáticos. (Valor médio de líquido pelos capilares.
-3 mmHg)
mmHg
Pressão coloidosmótica plasmáticas capilar ( p): Forças que tendem a mover o líquido para os
Tende a provocar a osmose de líquido para o capilar, tecidos:
Pressão capilar (extremidade arterial do capilar) 30
através da membrana capilar. (Valor médio Pressão negativa do líquido livre intersticial 3
28mmHg) Pressão coloidosmótica do líquido intersticial 8
FORÇA TOTAL PARA FORA 41

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

o Pressão hidrostática capilar (Pc) aumentada.


Forças que tendem a mover o líquido para o o Pressão coloidosmótica plasmática ( p)
capilar:
Pressão coloidosmótica do plasma 28 diminuída.
FORÇA TOTAL PARA DENTRO 28 o Pressão coloidosmótica do líquido intersticial
( li) aumentada.
Resultante das forças:
Para fora 41
o Permeabilidade aumentada dos capilares.
Para dentro 28
FORÇA EFETIVA PARA OS TECIDOS (NA 13
EXTREMIDADE ARTERIAL)

Extremidade venosa: A PEF, na extremidade venosa do


capilar, é negativa, e aproximadamente igual a -7
mmHg. Assim, na extremidade venosa ocorre
reabsorção de líquido pelos capilares.

mmHg
Forças que tendem a mover o líquido para os
tecidos:
Pressão capilar (extremidade venosa do capilar) 10
Pressão negativa do líquido livre intersticial 3
Pressão coloidosmótica do líquido intersticial 8
FORÇA TOTAL PARA FORA 21

Forças que tendem a mover o líquido para o


capilar:
Pressão coloidosmótica do plasma 28
FORÇA TOTAL PARA DENTRO 28

Resultante das forças:


Para dentro 28 Figura 10
Para fora 21
FORÇA EFETIVA PARA O CAPILAR (NA 7 Se o valor da pressão hidrostática do líquido
EXTREMIDADE VENOSA)
intersticial aumentar além dos 2 mmHg, em que o
fluxo linfático é máximo, passa a ocorrer acúmulo de
A pressão de reabsorção é menor que a pressão
líquido no interstício, pois o fluxo linfático não é capaz
de filtração nas extremidades arteriais, mas os
de drenar todo o líquido que extravasa do plasma,
capilares venosos são mais numerosos e mais
criando o edema (edema extracelular).
permeáveis que os arteriais, o que compensa,
O edema intracelular é causado por depressão
parcialmente, a menor pressão de reabsorção.
dos sistemas metabólicos e desnutrição, bem como
Essa pressão de reabsorção faz com que cerca
pelo desencadeamento de processos inflamatórios.
de 9/10 do líquido que foi filtrado para os tecidos, nas
O fluxo de linfa pelos capilares linfáticos é
extremidades arteriais, sejam reabsorvidos nas
facilitado pela presença de válvulas, que impedem o
extremidades venosas. Os 10% restantes fluem para os
refluxo, e pela contração intermitente da musculatura
vasos linfáticos, por onde retornam para o sangue
lisa da parede vascular, bomba linfática. Quando um
circulante.
linfático coletor ou vaso linfático maior é estirado pelo
líquido que entra, o músculo liso na parede desse vaso
Fluxo de Linfa e Prevenção do Edema:
contrai-se automaticamente, impulsionando a linfa
para o segmento linfático seguinte. Cada segmento
A figura 10 relaciona o fluxo linfático com a
linfático (espaço delimitado entre duas válvulas
pressão hidrostática do líquido intersticial. A partir de
sucessivas) contrai-se por estiramento, impulsionando
sua análise, conclui-se que o aumento na pressão
a linfa para o segmento seguinte, em fluxo
hidrostática do líquido intersticial provoca aumento do
unidirecional devido à presença de válvulas.
fluxo linfático até sete vezes o valor normal, valor este
Além da compressão interna, pela contração do
em que o sistema linfático está operando em sua
músculo liso, qualquer fator externo que comprima os
capacidade máxima.
vasos linfáticos facilita o fluxo de linfa. Por exemplo: a
Logo, qualquer fator que aumente a pressão
contração de músculos esqueléticos circundantes,
hidrostática do líquido intersticial, ou seja, que seja
movimentos de partes corporais, pulsações arteriais
favorável ao acúmulo de líquido no interstício,
adjacentes e a compressão dos tecidos por objetos
aumenta o fluxo linfático. Esses fatores incluem:
externos ao corpo.

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

4. Pressão Arterial e Pressão Venosa: Complacência Tardia: Quando submetido a um grande


volume de sangue, a pressão sangüínea no segmento
Curvas de Volume-Pressão das Circulações Arterial venoso aumenta imediatamente, mas o estiramento
e Venosa: causado pelo sangue em excesso provoca uma
distensão da musculatura lisa vascular, de modo a
acomodar o aumento no volume sangüíneo e diminuir,
parcialmente, a pressão aumentada. Esse mesmo
princípio se aplica à diminuição do volume sangüíneo,
em que a musculatura lisa contrai-se para aumentar a
pressão até valores próximos aos normais. Vide fig. 12.

Pressão Arterial:

- Pulsações da Pressão Arterial:

Figura 11

Pela observação da figura 11, percebe-se a


capacidade do sistema venoso de acomodar grande
quantidade de sangue extra sem sofrer grandes
aumentos na pressão venosa, a essa propriedade
chamamos de complacência vascular (ou capacitância
vascular). A mesma propriedade não é observada no
sistema arterial, onde pequenas variações de volume
sangüíneo são suficientes para causar grandes
variações na pressão arterial. Figura 13
Conclui-se, também, que a estimulação
simpática, em ambos os casos, por aumentar o tônus Cada batimento cardíaco faz com que uma nova
da musculatura lisa vascular, aumenta as pressões onda de sangue chegue às artérias. Se não fosse pela
arterial e venosa. A inibição simpática, por sua vez, por distensibilidade arterial (de propriedade elástica), todo
diminuir o tônus da musculatura lisa vascular, relaxa os esse novo volume de sangue teria de fluir, através dos
vasos, diminuindo as pressões arterial e venosa. vasos periféricos, durante a sístole cardíaca, e o fluxo
cessaria durante a diástole. Entretanto, normalmente,
a distensibilidade elástica da árvore arterial reduz os
pulsos de pressão, de modo que quase não ocorrem
pulsos quando o sangue atinge os capilares,
permitindo um fluxo praticamente contínuo.
Observe na figura 13 um registro típico dos
pulsos de pressão na raiz da aorta, aorta ascendente.
Normalmente, o pico de pressão é de 120 mmHg,
chamada pressão sistólica, e seu ponto mais baixo é de
80 mmHg, chamada pressão diastólica. A pressão de
pulso, portanto, normalmente é de 40 mmHg. Para
melhor compreensão da curva de pressão aórtica, vide
p. 20.

Fatores principais que afetam a pressão de pulso:


o Volume sistólico
Figura 12 o Distensibilidade da árvore arterial
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10
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

VS Maior acomodação do sangue na árvore entre as pressões sistólica e diastólica, porque a


arterial Psist / Pdiast Pulso de Pressão pressão arterial permanece mais próxima à diastólica
que à sistólica durante a maior parte do ciclo cardíaco.
Distensibilidade Vascular Psist Para cálculo aproximado, usa-se uma média ponderada
das pressões sistólica e diastólica, admitindo-se peso 2
para a pressão diastólica.

Também podemos calcular a pressão arterial


média pela Lei de Ohm:

Onde DC é o débito cardíaco, é a pressão arterial


média, e é a resistência vascular periférica.

O fator gravitacional afeta as pressões nas


artérias periferias e capilares. Por exemplo, uma
pessoa em pé, que tenha pressão arterial média de
100 mmHg, na região do coração, tem uma pressão
arterial nos pés de cerca de 190 mmHg.

Pressão Venosa:
Figura 14
Pressão Venosa Central (Pressão Atrial Direita):
Observe na figura 14 que os pulsos de pressão Depende da quantidade de sangue que chega e
sofrem alterações típicas em seus traçados, à medida acumula-se no átrio direito. É regulada pelo balanço
que se deslocam para os vasos periféricos. Observa-se entre a capacidade do coração de bombear o sangue
uma menor intensidade dos pulsos de pressão em para fora do átrio e ventrículo direitos (Débito
artérias mais periféricas, nas arteríolas e nos capilares. Cardíaco), e a tendência do sangue de fluir das veias
Essa diminuição progressiva dos pulsos na periferia é periféricas para o átrio direito (Retorno Venoso). (Valor
chamada de amortecimento dos pulsos de pressão, normal 0 mmHg)
causado pela resistência vascular ao fluxo, e a
distensibilidade da árvore arterial. Alto
Observa-se, também, um pequeno aumento na Inotropismo LIMITE: -3 a -5
PAD
pressão arterial no terço médio da diástole, mmHg
especialmente em artérias de médio calibre, como a Baixo Retorno
femoral e a radial. Esse pequeno aumento deve-se à Venoso
elasticidade arterial, que tende a retornar ao seu
volume normal na diástole, após ter sido distendida
quando submetida ao pico de pressão, pressão Baixo
sistólica. Esse retorno ao volume normal provoca uma Inotropismo LIMITE: -3
LIMITE: 20aa-
PAD
segunda impulsão ao sangue, que é registrada como 30 mmHg
5 mmHg
Alto Retorno
um pequeno aumento na pressão. Venoso
- Pressão Arterial Média:
Pressões Venosas Periféricas: Sem a influência da
A pressão arterial média é a média das pressões pressão gravitacional, ou seja, deitado, as pequenas
arteriais medidas a cada milissegundo durante certo veias periféricas mantêm uma pressão, geralmente, de
intervalo de tempo. Ela não é igual à média aritmética 4 a 6 mmHg maior que a pressão venosa central. Mas,
em posição ortostática, a pressão gravitacional exerce
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11
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

influencia sobre a pressão venosa periférica, bem capaz de suprir suas demandas metabólicas. Parte do
como exerce com a pressão arterial periférica. Assim, aumento resulta da vasodilatação local, causada pela
no adulto que esteja em posição ortostática, a pressão intensificação do metabolismo das células musculares,
nas veias dos pés é de cerca de +90 mmHg. Vide figura como explicado anteriormente. Um aumento adicional
15, que mostra as diferentes pressões em vasos é proporcionado pela elevação da pressão arterial em
venosos periféricos. toda a circulação, causada pela estimulação simpática
durante o exercício. Em situações de exercício
vigoroso, a pressão arterial se eleva em cerca de 30 a
40%, o que eleva o fluxo sangüíneo para quase o
dobro.

Em muitos outros tipos de estresse, além do


exercício muscular, pode ocorrer elevação na pressão,
como, por exemplo, durante o medo extremo. Essa
elevação na pressão busca suprir o fluxo sangüíneo
para qualquer músculo do corpo (ou para todos) que
precise responder de forma instantânea para fugir de
algum perigo.

- Controle da Pressão Arterial por Barorreceptores:

O reflexo barorreceptor é o mais conhecido dos


mecanismos nervosos de controle da pressão arterial.
O reflexo é desencadeado por receptores de
estiramento, os barorreceptores aórticos e carotídeos.
O aumento da pressão arterial estira os
barorreceptores, fazendo com que transmitam sinais
para o Trato Solitário, no SNC, que responde, por meio
do sistema nervoso autônomo, reduzindo a pressão
arterial até seu nível normal.

Figura 15

Além da gravidade, a pressão dentro das


cavidades corporais, a compressão de veias por
estruturas ósseas e o funcionamento da bomba venosa
muscular também afetam a pressão venosa nos vasos
periféricos.

Controle da Pressão Arterial:

Uma característica especialmente importante do


controle nervoso da pressão arterial é a rapidez de sua
resposta, que se inicia em poucos segundos e, com
freqüência, duplica a pressão em 5 a 10 segundos. Ao
contrário, a inibição súbita pode reduzir a pressão
arterial para a metade da normal em 10 a 40 segundos. Figura 16

- Aumento da Pressão Arterial em Resposta ao Pela análise da figura 16, que mostra o efeito
Estresse: dos diferentes níveis de pressão arterial sobre a
freqüência de disparo dos barorreceptores carotídeos,
Exercício físico: Durante o exercício intenso, os conclui-se que esses barorreceptores não respondem
músculos requerem um fluxo sangüíneo aumentado às pressões menores que 60 mmHg, mas, acima deste
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12
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

nível, responde de modo progressivamente mais de posição provoca a queda da pressão arterial na
rápido, atingindo o máximo em torno de 180 mmHg. parte superior do corpo, principalmente cabeça, e essa
Os barorreceptores aórticos se comportam de maneira queda acentuada poderia provocar a perda de
semelhante, mas operam, em geral, sob níveis de consciência. Mas a queda da pressão ativa um
pressão cerca de 30 mmHg mais elevados. barorreflexo imediato, resultando em forte
O valor máximo de / , que representa a estimulação simpática, o que minimiza a queda da
maior inclinação tangencial da curva, corresponde pressão.
justamente ao valor fisiológico normal de 100 mmHg. Além dos barorreceptores aórticos e carotídeos,
Neste ponto, mesmo uma ligeira alteração da pressão os átrios e as artérias pulmonares possuem receptores
causa forte variação no sinal do barorreflexo, sendo de estiramento chamados de receptores de baixa
suficiente para estimular o reajuste da pressão. pressão. Esses receptores são eficientes na detecção
Depois que os sinais dos barorreceptores de variações de pressão em áreas de baixa pressão,
chegam ao Trato Solitário do bulbo, sinais secundários variações normalmente causadas pelo aumento da
inibem a atividade simpática, pela liberação do volemia. Geram reflexos paralelos e complementares
peptídio inibitório GABA, e excitam o centro aos barorreflexos aórticos e carotídeos.
parassimpático vagal. Os efeitos finais são:
vasodilatação das veias e arteríolas, em todo o sistema - Controle da Pressão Arterial por Quimiorreceptores:
circulatório periférico, e diminuição da freqüência
cardíaca e da força de contração cardíaca. Assim, Os quimiorreceptores são células sensíveis à
lembrando da Lei de Ohm, a excitação dos falta de oxigênio e ao excesso de gás carbônico e de
barorreceptores por altas pressões nas artérias íons hidrogênio. Estão situados nos dois corpos
provoca a diminuição reflexa da pressão arterial, carotídeos, na bifurcação de cada artéria carótida
devido à redução da resistência vascular periférica e do comum, e nos três corpos aórticos, adjacentes à aorta.
débito cardíaco. A queda da pressão, por sua vez, Os quimiorreceptores também possuem fibras
produz efeitos opostos, provocando a elevação reflexa aferentes, que se juntam com as fibras dos
da pressão de volta ao normal. barorreceptores, dirigindo-se para o centro vasomotor.
Quando a pressão arterial cai abaixo de um nível
crítico, os quimiorreceptores são estimulados pela
redução dos níveis de oxigênio e acúmulo de gás
carbônico e íons H+, transmitindo sinais que excitam o
PAm Freqüência de potenciais de ação nas Vias
centro vasomotor, que eleva a pressão arterial de volta
Aferentes Liberação de GABA Atividade
ao normal. O reflexo quimiorreceptor é
Simpática
particularmente importante como controlador da
pressão arterial quando esta cai abaixo de 80 mmHg,
Vasodilatação sendo pouco importante em pressões maiores.
Resistência
Vascular
Atividade Volume Pressão
Simpática Sistólico Arterial - Resposta Isquêmica do Sistema Nervoso Central:
Débito
Cardíaco
Freqüência
Cardíaca
Quando o fluxo sangüíneo para o centro
vasomotor diminui o suficiente para causar deficiência
nutricional (isquemia cerebral), os neurônios
vasoconstritores e cardioaceleradores respondem
PAm Freqüência de potenciais de ação nas Vias diretamente à isquemia, tornando-se fortemente
Aferentes Liberação de GABA Atividade excitados. Provocam, assim, elevação súbita da
Simpática pressão arterial a níveis muito altos, de até 250 mmHg,
de maneira a suprir a deficiência nutricional e eliminar
Vasoconstrição o dióxido de carbono e íons H+ em excesso.
Resistência
Vascular
Atividade Volume Pressão - Regulação a Longo Prazo da Pressão Arterial:
Simpática Sistólico Arterial
Débito
Cardíaco
Freqüência O controle a longo prazo da pressão arterial está
Cardíaca intimamente relacionado à homeostasia do volume do
líquido corporal, determinado pelo balanço entre a
A capacidade dos barorreceptores de manter a ingestão e a eliminação de líquido, tarefa realizada por
pressão arterial constante é importante quando a múltiplos mecanismos neuroendócrinos e pela
pessoa fica em pé, após ter ficado deitada. A mudança
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13
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

atividade renal. Por essa razão, isso será mais bem


estudado no módulo de Fisiologia Renal.
Os barorreceptores tendem a se reprogramar
para o nível de pressão ao qual estão expostos após
um a dois dias. Isto é, se a pressão arterial se elevar do
valor normal de 100 mmHg para 160 mmHg, de início
ocorrerá uma descarga com freqüência muito alta de
impulsos; dentro de alguns minutos, a freqüência dos
impulsos diminui consideravelmente, para, em
seguida, reduzir-se, cada vez mais lentamente, por um
a dois dias, ao final dos quais retorno ao seu valor
quase normal, apesar da manutenção da pressão em
160 mmHg. Assim, os barorreceptores parecem ser
ineficazes no controle da pressão arterial a longo
prazo. Mas estudos experimentais sugerem que os
barorreceptores influenciam a atividade nervosa
simpática dos rins. Por exemplo, durante elevações
prolongadas na pressão arterial, os barorreflexos
medeiam diminuições na atividade simpática renal que
promove excreção aumentada de sódio e água, o que,
por sua vez, causa diminuição gradual na volemia,
ajudando a restaurar a pressão arterial.

PAm prolongado Atividade Simpática dos Rins


Excreção de sal e água Volemia PAm

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

II. FISIOLOGIA CARDÍACA: sua vez, provocam despolarização adicional. Assim, a


despolarização é desencadeada por retroalimentação
1. Eletrofisiologia do Músculo Cardíaco: positiva, elevando o potencial de membrana para um
pico de cerca de +40 mV. Com a despolarização, os
O coração é composto de 3 tipos diferentes de canais de Na+ mudam de conformação para inativados.
músculos: Nessa conformação, não são capazes de responder a
o O músculo atrial e o músculo ventricular, que outro estímulo.
possuem comportamento contrátil semelhante
ao do músculo esquelético, mas com maior Repolarização Parcial Rápida (Fase 1): Rápida e curta
duração de contração. repolarização causada pela abertura de um tipo de
o As fibras condutoras e excitatórias, que canal de K+, que é ativado pela despolarização. O canal
apresentam em sua morfologia menor inativa-se rapidamente.
quantidade de fibrilas contráteis, se contraem
fracamente, mas possuem capacidade de gerar e Platô (Fase 2): Caracterizada por um platô, causado
conduzir potenciais de ação. pelo equilíbrio de correntes de influxo e efluxo, a partir
de canais abertos pela despolarização. Durante esta
Características Histológicas do Miocárdio: fase, a membrana torna-se pouco permeável ao K+,
pelo fechamento dos canais Ik1. Abrem-se canais de
o Fibras musculares dispostas em malha, Ca+2, que permitem um grande influxo de Ca+2,
dividindo-se e juntando-se, caráter sincicial. mantendo o potencial despolarizado, e provocando a
o Cada fibra apresenta de 1 a 2 núcleos. contração muscular. O processo de influxo de Ca+2 é
o Possuem o mesmo caráter estriado típico do limitado pelo fechamento gradual dos canais quando a
músculo esquelético, devido à presença de concentração de Ca+2 aumenta muito. É possível
filamentos contráteis de actina e miosina. detectar pequenas correntes de influxo de Na+ nesta
o Presença de discos intercalares – membrana fase.
celular que separa as células miocárdicas.
Repolarização Rápida (Fase 3): O término do potencial
Em cada disco intercalar, há a presença de de ação depende da abertura de canais de K +, os
junções comunicantes (GAP Junctions), que permitem chamados canais de K+ retificadores retardados, que se
a difusão de íons e pequenas moléculas como abrem de maneira lenta pela despolarização. Com a
segundos mensageiros. Isso facilita a propagação do ativação desses canais e a inativação de canais iônicos
potencial de ação de uma fibra à outra, determinando responsáveis pela despolarização, o potencial de
o comportamento sincicial do miocárdio. membrana volta para os níveis do repouso.
O coração é composto de um sincício atrial e um
sincício ventricular, isolados um do outro por um
esqueleto fibroso. A condução de estímulos nervosos
entre os dois sincícios é feita pelo feixe A-V, isso
permite uma contração única e rítmica de átrios, e, em
seguida, ventrículos.

Potencial de Ação de Resposta Rápida:

Potencial de Repouso: -80 a -90 mV

Repouso (Fase 4): Em repouso, a membrana


plasmática da célula muscular cardíaca é muito mais
permeável ao K+, pois o canal majoritariamente aberto
é o Ik1. Assim, o potencial de repouso é praticamente Período Refratário Absoluto: Período em que a fibra
determinado pelo potencial de equilíbrio de K +. muscular não é capaz de responder a um novo
potencial de ação.
Despolarização Rápida (Fase 0): Um estímulo elétrico
que exceda o limiar de excitabilidade desencadeia o Período Refratário Relativo: Período em que a fibra
potencial de ação, ativando canais de Na+, o que muscular só responde com potencial de ação a
resulta em influxo de Na+. A pequena despolarização, estímulos mais intensos.
causada pelo influxo de Na+, abre mais canais, que, por

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15
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

2. Eletrofisiologia da Condução Elétrica Cardíaca:

Controle da Excitação e Condução Cardíaca:

O marca-passo cardíaco, em condições normais,


é o Nó SA, por se tratar da região do tecido de
condução de maior freqüência de potenciais de ação.
Em algumas situações, no entanto, alguma outra parte
do tecido de condução pode funcionar como marca-
passo, referida como marca-passo ectópico.
Um marca-passo ectópico pode surgir por
aumento da ritmicidade de uma região específica do
coração, como, por exemplo, o Nó AV e as fibras de
Purkinje, que passa a atuar como marca-passo.
Também pode surgir por uma diminuição na
ritmicidade do Nó SA, como em situações de isquemia
do Nó SA, ou bloqueio da condução do impulso Despolarização Diastólica Lenta (Fase 4): A
cardíaco do Nó SA para as demais partes do coração. repolarização da membrana ativa um canal iônico
Quando ocorre um bloqueio AV, os átrios chamado de canal marca-passo (If). Por esse canal, flui
continuam respondendo à freqüência do Nó SA, mas uma corrente despolarizante, principalmente, de Na+.
os ventrículos passam, normalmente, a responder a Ao atingir o limiar de excitabilidade, essa lenta
um marca-passo ectópico no sistema de Purkinje. despolarização dispara o potencial de ação nas células
do Nó.
Nó Sinoatrial:
Despolarização Rápida (Fase 0): A despolarização
O Nó Sinoatrial é constituído de tecido muscular rápida é causada por um influxo rápido de Ca+2
abertos pela despolarização diastólica. Os canais se
cardíaco especializado. Está situado na parede
inativam, limitando a despolarização.
póstero-lateral superior do átrio direito,
imediatamente abaixo e um pouco lateral à abertura
da veia cava superior. Repolarização Lenta (Fase 2): A despolarização causa a
As fibras do Nó SA possuem pequena capacidade abertura de canais lentos de K+, produzindo uma
contrátil, por apresentar poucas miofibrilas de actina e repolarização lenta. Não é observado um platô, como
miosina. No entanto, possuem automatismo e na fase 2 do potencial de ação de resposta rápida.
ritmicidade, características inerentes a células marca-
Repolarização Rápida (Fase 3): A repolarização se
passo.
acentua pelo efluxo de K+, até hiperpolarizar a célula.
Automatismo: Capacidade de auto-excitação elétrica,
desencadeando potenciais de ação a serem - Comparação entre os Potenciais de Ação Cardíacos:
propagados pelo sistema de condução.
PA de Resposta Rápida PA de Resposta Lenta
Fibras musculares contráteis Fibras musculares excitáveis e
Ritmicidade: Capacidade de desencadear potenciais de condutoras
ação em ritmo determinado. Essa ritmicidade é Potencial de Repouso: -90 mV Potencial de Repouso: -55 mV
permitida pelo fato de a célula especializada não Fase 4: Potencial de Repouso Fase 4: Despolarização
possuir potencial de repouso constante, estável Diastólica Lenta
Fase 0: Influxo de Na+ Fase 0: Influxo de Ca+2
despolarizando-se em intervalos normalmente fixos. Fase 1: Presente Fase 1: Ausente
Fase 2: Platô Fase 2: Repolarização Lenta
Ao contrário da célula ventricular, em que o Fase 3: Restabelece Potencial Fase 3: Hiperpolariza
potencial se mantém constante após repolarização, de Repouso
que corresponde à diástole, nas células do Nó SA
ocorre uma lenta despolarização diastólica que,
excedido um limiar de excitabilidade, desencadeia um
novo potencial de ação, de propriedades diferentes do
potencial de ação de resposta rápida, sendo chamado,
portanto, de potencial de ação de resposta lenta.

- Potencial de Ação de Resposta Lenta:


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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

O retardo no impulso corre na transmissão entre


o Nó AV e o Feixe AV, e na condução pelo Feixe AV,
sendo causado pelo reduzido número de GAP
Junctions entre as células do Nó e Feixe
atrioventriculares.

Feixe Atrioventricular e Fibras de Purkinje:

Após atravessar o tecido fibroso entre os átrios e


os ventrículos, a porção distal do feixe AV se prolonga
pelo septo interventricular, e se divide em ramos
direito e esquerdo, que seguem pelo endocárdio em
direção ao ápice do coração.
Os ramos ramificam-se em Fibras de Purkinje,
que se dispersam pela parede ventricular. Suas
extremidades finais penetram o miocárdio, tornando-
se contínuas com as fibras musculares.
A transmissão do potencial de ação pelas fibras
de Purkinje é muito rápida, devido à grande
quantidade de junções comunicantes nos discos
intercalares entre as células condutoras.

o A musculatura do coração enrola-se, em torno


das cavidades cardíacas, em espiral dupla.
Assim, o impulso não passa diretamente do
endocárdio para o epicárdio, mas sim, o impulso
segue a orientação espiralada das fibras.

- Condução a partir do Nó SA: o Região Endocárdica – PA mais longo.


Região Epicárdica – PA mais curto.
Uma vez gerado o potencial de ação no Nó SA, Conseqüentemente:
esse potencial propaga-se para células vizinhas, - Despolarização do ventrículo – Do endocárdio
invadindo o tecido muscular atrial e ativando ambos os para o epicárdio.
átrios. No caminho, ativa também o sistema de - Repolarização do ventrículo – Do epicárdio
condução atrioventricular, pela ativação do Nó AV. A para o endocárdio.
condução do Nó SA para o Nó AV é feita, mais
rapidamente, pelas Vias Internodais (anterior, média e Modulação da Ritmicidade pelo Sistema Nervoso
posterior). A causa dessa condução mais rápida é a Autônomo:
presença de fibras condutoras especializadas com
maior número de GAP Junctions. Estimulação Parassimpática:
A condução entre os átrios é feita Os nervos parassimpáticos distribuem-se, em
miogenicamente, mas atesta-se a presença de um sua maioria, para os Nós SA e AV, e pouco para a
Feixe Interatrial anterior (Feixe de Bachmann), onde a musculatura.
condução é mais rápida. A estimulação parassimpática provoca a
liberação de acetilcolina, que produz dois efeitos,
Nó Atrioventricular: gerando, conseqüentemente, uma queda na
freqüência cardíaca:
O Nó atrioventricular localiza-se na parede o Diminui a excitação rítmica do Nó SA.
posterior do átrio direito, imediatamente atrás da o Lentifica a transmissão do impulso cardíaco para
valva tricúspide. os ventrículos.
Ocorre um retardo na condução do impulso A estimulação intensa pode interromper, por
cardíaco dos átrios para os ventrículos. Esse retardo completo, a excitação rítmica do Nó SA ou bloquear a
permite que os átrios se contraiam e esvaziem seu condução para os ventrículos.
conteúdo no ventrículo antes da contração ventricular.
Mecanismo Bioquímico:

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Acetilcolina Receptor M2 Ativa Gi Subunidade terço do período de ejeção, período de ejeção


Inibe a Adenilil Ciclase AMPc Abertura rápida, e os 30% restantes são lançados nos dois
+ terços restantes, período de ejeção lenta. Essa
de Canais de Na Despolarização Diastólica mais
lenta Freqüência Cardíaca fase termina com o fechamento das valvas
semilunares, a partir de um pequeno refluxo de
Acetilcolina Receptor M2 Ativa Gi Subunidade sangue.
+
Abre Canais de K Efluxo de K+
Hiperpolarização Aumenta o tempo necessário para 2) Diástole Ventricular (0,5 s):
atingir o limiar Freqüência Cardíaca o Relaxamento Isovolumétrico: O relaxamento
isovolumétrico ocorre entre o fechamento das
Estimulação Simpática: valvas semilunares e a abertura das valvas
Os nervos simpáticos distribuem-se difusamente atrioventriculares. Esse relaxamento provoca a
pelos Nós e toda a musculatura cardíaca. diminuição na pressão intraventricular, como
A estimulação simpática provoca a liberação de evidenciada na figura 17, até que a pressão
noradrenalina, que produz três efeitos, gerando, intraventricular torna-se menor que a pressão
conseqüentemente, um aumento na freqüência atrial, provocando a abertura das valvas
cardíaca e na força de contração: atrioventriculares.
o Aumenta a excitação rítmica do Nó SA. o Período de Enchimento: Iniciado pela abertura
o Acelera a transmissão do impulso cardíaco para das valvas atrioventriculares. Durante o primeiro
os ventrículos. terço, ocorre enchimento rápido e passivo do
o Aumenta a força de contração (inotropismo). ventrículo. Durante o segundo terço, o sangue
continua a fluir diretamente para os ventrículos,
Mecanismo Bioquímico: mas num fluxo menor. Durante o último terço,
Noradrenalina Receptor 1 Ativa Gs Ativa ocorre a sístole atrial, que ejeta os 20% de
sangue restantes.
Adenilil Ciclase AMPc Abertura de Canais de
Na+ Influxo de Na+ Despolarização Diastólica mais
- Conceitos Importantes:
rápida Freqüência Cardíaca
Volume diastólico final: Volume ventricular ao final da
Noradrenalina Receptor 1 Ativa Gs Ativa
diástole, portanto, resultante de seu enchimento
Adenilil Ciclase AMPc Ativa PKA Fosforila durante a diástole. (Valor médio 120 mL)
Canais de Ca+2 Condutância ao Ca+2 Força de
Contração Volume sistólico final: Volume ventricular restante
após a sístole. (Valor médio 50 mL)
3. Ciclo Cardíaco e Bulhas Cardíacas:
Volume sistólico (Volume de ejeção): Volume
O ciclo cardíaco consiste no período de bombeado pelo ventrículo a cada ciclo cardíaco. (Valor
relaxamento, chamado diástole, durante o qual o médio 70 mL)
coração se enche de sangue, seguido pelo período de
contração, chamado sístole. Fração de ejeção: Fração do volume diastólico final
que é bombeada durante a sístole. (Valor médio
Fases do Ciclo Cardíaco: 60%)

1) Sístole Ventricular (0,3 s): VS = VDF – VSF FE = VS / VDF


o Contração Isovolumétrica: Primeira fase da
sístole ventricular. Ocorre entre o fechamento Função dos Átrios:
das valvas atrioventriculares e a abertura das
valvas semilunares. A contração isovolumétrica Normalmente, o sangue flui de forma contínua,
provoca aumento da pressão intraventricular, vindo das grandes veias para os átrios. Cerca de 80%
como evidenciado na figura 17, até que a do sangue flui diretamente dos átrios para os
pressão intraventricular excede a pressão ventrículos, mesmo antes da sístole atrial. A sístole
aórtica (e pulmonar), provocando a abertura das atrial impulsiona os 20% de sangue restantes. O
valvas semilunares. coração pode continuar operando normalmente,
o Período de Ejeção: Com a abertura das valvas mesmo sem os 20% da sístole atrial, visto que ele tem
semilunares, o sangue é lançado nas artérias, capacidade de bombear de 300 a 400% a mais de
sendo que 70% do sangue é lançado no primeiro sangue do que o necessário em repouso.
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18
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Figura 17

Figura 18

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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

- Variações na Pressão Atrial:


Fase I: Período de enchimento O ventrículo começa
Observe as curvas de variação da pressão atrial a diástole com 50 mL (Volume sistólico final), e é cheio
na figura 17: até 120 mL (Volume diastólico final), causando um
pequeno aumento na pressão intraventricular, de
Onda a: Ocorre durante a sístole atrial. Aumento da cerca de 5 mmHg.
pressão atrial direita de 4 a 6 mmHg / Aumento da
pressão atrial esquerda de 7 a 8 mmHg. Fase II: Contração isovolumétrica O volume
ventricular não se altera, mas sua pressão interna
Onda c: Ocorre no início da sístole ventricular. aumenta até, aproximadamente, 80 mmHg, excedendo
Aumento pequeno na pressão atrial, provocado pelo a pressão aórtica e provocando a abertura da valva
ligeiro refluxo de sangue e pelo fechamento das valvas aórtica.
atrioventriculares.
Fase III: Período de ejeção A pressão aumenta ainda
Onda v: Ocorre no final da sístole ventricular. Aumento mais pela contração do ventrículo, o sangue é
lento da pressão atrial pelo enchimento dos átrios a bombeado pela aorta, e o volume do ventrículo
partir das veias, enquanto as valvas atrioventriculares diminui até 50 mmHg (Volume sistólico final).
permanecem fechadas. Ao final da sístole ventricular,
as valvas abrem-se e a pressão atrial diminui. Fase IV: Relaxamento isovolumétrico A pressão
intraventricular cai, provocando um pequeno refluxo
Curva da Pressão Aórtica: de sangue, que causa o fechamento da valva aórtica.
Como as valvas estão fechadas, não ocorre variação do
Na diástole, a pressão aórtica é descendente, volume.
devido ao fluxo de sangue para os vasos periféricos, e,
normalmente, atinge um mínimo de 80 mmHg. A área EW corresponde ao trabalho efetivo do
A abertura da valva aórtica, pelo aumento da ventrículo. Quando o coração bombeia maior
pressão intraventricular, causa o rápido fluxo quantidade de sangue, por aumento do retorno
sangüíneo pela aorta, o que aumenta a pressão aórtica venoso, a área do diagrama alarga muito, deslocando-
para, aproximadamente, 120 mmHg. Repare que a se à direita. O mesmo ocorre com a estimulação
pressão aórtica segue o comportamento da pressão simpática, que tende a aumentar a força de contração,
intraventricular, figura 17, durante a sístole. diminuindo o volume sistólico, e, portanto, deslocando
Com o fim da sístole, ocorre um pequeno fluxo a área à esquerda.
retrógrado, que fecha a valva aórtica. Esse refluxo é
marcado na curva de pressão aórtica como uma Pré-carga: Grau de tensão do músculo quando ele
pequena incisura. começa a se contrair. Geralmente referida como a
pressão diastólica final.
Trabalho Cardíaco:
Pós-carga: Pressão na artéria à saída do ventrículo ou a
resistência vascular ao bombeamento ventricular.

Funcionamento das Valvas:

As valvas atrioventriculares impedem o refluxo


de sangue dos ventrículos para os átrios durante a
sístole, e as valvas semilunares impedem o refluxo da
aorta e do tronco pulmonar para os ventrículos
durante a diástole.
O funcionamento das valvas é passivo, ou seja,
uma pressão retrógrada força o sangue de volta,
provocando seu fechamento. E uma pressão inversa
provoca sua abertura.
Os músculos papilares, ao contrário do que seria
esperado, não ajudam a valva a fechar. Na verdade,
sua contração impede que as válvulas se abaulem em
Figura 19 direção ao átrio, o que permitiria refluxo.

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20
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Bulhas cardíacas: O registro elétrico é a diferença de potencial


elétrico entre o par de eletrodos, ou entre o eletrodo e
As bulhas cardíacas são sons capazes de serem o ponto eletricamente neutro.
auscultados com um estetoscópio ou registrados em
um fonocardiograma. São causadas pela vibração das o Onda de despolarização:
valvas retesadas imediatamente após seu fechamento, - Aproxima-se do eletrodo Deflexão positiva
junto com a vibração das paredes e vasos adjacentes. - Afasta-se do eletrodo Deflexão negativa
o Onda de repolarização:
Primeira bulha cardíaca (B1): Fechamento das valvas - Aproxima-se do eletrodo Deflexão negativa
atrioventriculares (início da sístole ventricular). - Afasta-se do eletrodo Deflexão positiva

Segunda bulha cardíaca (B2): Fechamento das valvas Derivação no ápice do coração:
semilunares (início da diástole ventricular). A onda despolarizante é gerada no Nó SA e
propaga-se do átrio direito para o átrio esquerdo e Nó
Intervalo B1-B2 < Intervalo B2-B1 AV. Essa onda de despolarização dos átrios é registrada
como uma deflexão positiva pelo eletrodo, Onda P. O
Sístole < Diástole estímulo chega ao Nó AV, e o ECG não detecta nada,
desenhando uma linha isoelétrica, segmento P-Q. A
(Vide figura 17) onda chega aos ventrículos, primeiro despolarizando o
septo interventricular, e, então, a onda começa a se
Som de B2 > Som de B1 Devido ao maior afastar um pouco do eletrodo, onda Q. Essa é uma
retesamento das valvas semilunares. pequena onda negativa, que pode ou não ser
observada, dependendo da posição do eletrodo.
Terceira bulha cardíaca (B3): Ocorre no início do terço Imediatamente depois, a onda de despolarização
médio da diástole, causada, provavelmente, pela espalha-se pelos ventrículos, despolarizando as
oscilação do sangue entre as paredes do ventrículo paredes livres, onda R. A onda vai se afastando do
durante seu enchimento. É pouco audível. eletrodo chegando às porções mais altas do ventrículo,
gerando uma pequena onda negativa, onda S. O último
Quarta bulha cardíaca (B4): Ocorre no início do último evento é a repolarização ventricular, representada pela
terço da diástole ventricular (sístole atrial), causada, onda T do eletrocardiograma.
provavelmente, pela entrada de sangue no ventrículo.
Também é pouco audível.

4. Eletrocardiograma:

Eletrocardiograma é um voltímetro que registra


no papel o fenômeno elétrico do coração como um
todo. Não é sensível a ponto de registrar V, logo não
é capaz de registrar um potencial de ação
isoladamente, apenas registra fenômenos elétricos em
mV, ou seja, registra a somação dos potenciais de ação
do músculo cardíaco.
A atividade elétrica do coração é captada
através da colocação de eletrodos em determinados
pontos da superfície corporal. Estuda-se o coração Figura 20
através de 2 planos elétricos principais:
o Plano horizontal. Resumindo:
o Plano frontal. o Onda P: Despolarização Atrial
Derivação é a linha que une, eletricamente, os o Complexo QRS: Despolarização Ventricular
eletrodos de um galvanômetro. A derivação é bipolar o Onda T: Repolarização Ventricular
quando o potencial é captado por 2 eletrodos e Repare a inexistência de um registro para a
unipolar quando captado por apenas 1 eletrodo, uma repolarização atrial. Como a repolarização atrial ocorre
vez que o segundo está colocado num ponto concomitantemente à despolarização ventricular, o
eletricamente zero. complexo QRS mascara a onda repolarizadora dos
átrios.

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21
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Compare o ECG com o registro do potencial de


ação na célula muscular cardíaca. Vide figura 21.

Figura 21

As alterações eletrocardiográficas e suas


correlações patológicas serão discutidas mais adiante
neste resumo, vide p. 30.

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22
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

III. FISIOPATOLOGIA CARDIOVASCULAR


E EXERCÍCIO FÍSICO:
1. Exercício Físico:

Ocorrem três efeitos principais durante o


exercício, que são essenciais para o sistema
circulatório suprir o enorme fluxo sangüíneo
necessário pelos músculos:
o Estimulação simpática
o Aumento da pressão arterial
o Aumento do débito cardíaco

A estimulação simpática provoca três efeitos


sobre o sistema cardiovascular: Figura 22
o Freqüência Cardíaca / Força de Contração
Débito Cardíaco A figura 22 mostra uma análise gráfica do grande
aumento do débito cardíaco que ocorre durante
o Vasoconstrição arteriolar ocorre nos tecidos
exercícios intensos. O ponto A exibe os valores normais
periféricos, exceto nos músculos onde a
de retorno venosos e débito cardíaco, e o ponto B
atividade metabólica é aumentada.
exibe os valores durante o exercício intenso. O
o Vasoconstrição Venosa Pressão média de
aumento do retorno venoso está ligado ao aumento da
enchimento sistêmico Retorno Venoso
pressão de enchimento sistêmico, que desloca a curva
Débito Cardíaco
para a direita, e a queda na resistência ao retorno
o Pressão arterial
venoso nos vasos musculares, que sofrem intensa
vasodilatação. Aliado à estimulação simpática, que
Exercícios físicos que exijam o trabalho de poucos
aumenta a freqüência e força de contração cardíaca, o
músculos:
retorno aumenta a curva do débito cardíaco.
o Músculos com alta demanda metabólica
Vasodilatação local (mecanismo metabólico) 2. Cardiopatia Isquêmica:
Maior fluxo sangüíneo nos músculos utilizados
na atividade física A causa mais comum de cardiopatia isquêmica é
o Estímulo simpático Vasoconstrição dos a aterosclerose. Na aterosclerose, quantidades
demais tecidos periféricos Menor fluxo excessivas de colesterol são gradualmente depositadas
sangüíneo pelos tecidos periféricos (desvio de sob o endotélio, em muitos pontos nas artérias de
sangue para os músculos ativos) todo o organismo. Essas áreas de depósito são
Como a vasoconstrição é muito difusa, o efeito invadidas por tecido fibroso e são, freqüentemente,
vasoconstritor é muito maior sobre a pressão arterial calcificadas, desenvolvendo as placas ateroscleróticas,
média do que o efeito vasodilatador, observa-se, que podem bloquear, parcial ou totalmente, o fluxo
então, um grande aumento na pressão arterial média, sangüíneo.
de até 80 mmHg.
Oclusão coronária aguda: A placa aterosclerótica pode
Exercícios físicos que exijam o trabalho de músculos provocar a coagulação sangüínea local, referida como
de todo o corpo: trombo que acaba por ocluir a artéria. O trombo é
o Músculos com alta demanda metabólica formado pela superfície irregular da placa
Vasodilatação local (mecanismo metabólico) aterosclerótica, que permite a aderência de plaquetas,
Maior fluxo sangüíneo nos muitos músculos o depósito de fibrina e a captura de eritrócitos, para a
utilizados na atividade física formação do coágulo. O coágulo pode desprender-se
o Estímulo simpático Vasoconstrição dos da placa e ocluir um vaso mais distal, êmbolo. A
demais tecidos periféricos Menor fluxo irritação direta do músculo liso pela placa
sangüíneo pelos tecidos periféricos (desvio de aterosclerótica pode levar à trombose secundária do
sangue para os músculos ativos) vaso.
Como a vasodilatação nos muitos músculos em
atividade é muito alta, observa-se um menor aumento Infarto do Miocárdio:
na pressão arterial média. Aumento este que não
passa de 20 a 40 mmHg.
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23
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

O infarto é caracterizado pelo fluxo nulo ou átrio direito, causando súbita diminuição do débito
praticamente nulo, incapaz de sustentar a função cardíaco.
muscular cardíaca por determinada área do miocárdio. A incapacidade do coração em contrair-se com
força suficiente para manter o débito cardíaco em um
- Progressão do infarto: nível fisiologicamente aceitável leva a um quadro de
isquemia periférica, conhecido como insuficiência
INFILTRAÇÃO DE SANGUE PELA cardíaca de baixo débito, que será estudada
CIRCULAÇÃO COLATERAL E DILATAÇÃO
PROGRESSIVA DOS VASOS SANGÜÍNEOS
posteriormente neste mesmo resumo.
LOCAIS
- Recuperação do infarto:
ESTASE SANGÜÍNEA LOCAL E
DESOXIGENAÇÃO COMPLETA DA
HEMOGLOBINA

ÁREA INFARTADA COM TONALIDADE


MARROM-AZULADA

AUMENTO DA PERMEABILIDADE DOS


VASOS E EXTRAVASAMENTO DE LÍQUIDO
CAUSANDO O EDEMA LOCAL

APÓS ALGUMAS HORAS, MORTE DAS


CÉLULAS MIOCÁRDICAS ISQUÊMICAS

Infarto subendocárdico: Como a perfusão sangüínea é Figura 23


dificultada pela contração sistólica nos vasos
subendocárdicos, o comprometimento do fluxo A. Logo após a oclusão, as fibras musculares no
sangüíneo, para qualquer área do coração, causa, centro da área isquêmica morrem.
normalmente, lesão nas regiões subendocárdicas, com B. Durante os dias seguintes, a área de fibras
disseminação posterior da lesão para o lado externo, mortas aumenta, mas parte do músculo não-
em direção ao epicárdio. funcional recupera a funcionalidade pelo
desenvolvimento da circulação colateral.
- Conseqüências potencialmente fatais: C. A eficiência da circulação colateral determina se
o Débito cardíaco diminuído o restante das fibras não-funcionais vai morrer
o Edema pulmonar por acúmulo de sangue nos ou voltar a ser funcional.
vasos sangüíneos pulmonares D. A isquemia estimula o crescimento de
o Fibrilação do coração fibroblastos, que sintetizam tecido fibroso em
o Ruptura do coração substituição às fibras musculares mortas. Essa
cicatriz fibrosa tende à retração e dissolução
O débito cardíaco diminuído deve-se a não- progressivas, diminuindo de tamanho por um
funcionalidade da área infartada do coração. A força período de vários meses a um ano.
total de contração encontra-se diminuída, devido, E. As áreas normais do coração tendem a se
principalmente, à distensão sistólica, em que a região hipertrofiarem para compensar, ao menos
isquêmica, por estar morta ou não-funcional, não se parcialmente, a perda da musculatura cardíaca
contrai, e é forçada para fora pela alta pressão morta.
intraventricular sistólica. Assim, muito da força de
bombeamento ventricular é dissipada pela protrusão O coração que tenha se recuperado de um
da área de músculo cardíaco não-funcional. grande infarto pode retornar quase à capacidade
Essa protrusão pode chegar a causar ruptura da funcional completa. Isso é possível porque o coração é
área infartada. Quando o ventrículo se rompe, ocorre capaz de bombear 300 a 400% mais sangue do que o
perda de sangue para o espaço pericárdico, necessário em repouso. Assim, o paciente recuperado
provocando o tamponamento cardíaco, que é a tem sua reserva cardíaca reduzida, e, portanto, seu
compressão externa do coração pelo sangue rendimento em exercícios físicos intensos é limitado,
acumulado na cavidade pericárdica. Por causa dessa mas a funcionalidade do coração em atividades
compressão do coração, o sangue não pode fluir para o normais permanece praticamente a mesma.

Página
24
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

- Tratamento: coração, e, portanto, diminuindo o retorno


venoso.
Farmacológico: O tratamento farmacológico é o Dilatação venosa aguda Ocorre por inibição
utilizado em casos de angina, dor cardíaca, provocada súbita do simpático. A vasodilatação das veias
pela obstrução coronariana. diminui a pressão de enchimento do sistema
o Vasodilatadores Nitroglicerina, e outros vascular, resultando em acúmulo de sangue nos
compostos à base de nitrato vasos periféricos e baixo retorno venoso.
o Obstrução de veias maiores o sangue não flui
Cirúrgico: para o coração.
o Derivação aortocoronária (Ponte de safena) o Massa tecidual diminuída, especialmente
Remoção de segmento de uma veia subcutânea músculo esquelético Consumo de oxigênio
de um membro, mais comumente a veia safena Fluxo sangüíneo nos músculos esqueléticos
magna, e, a seguir, seu enxerto desde a raiz da Retorno Venoso
aorta até o ponto imediatamente distal à
oclusão da artéria coronária. Se o débito cardíaco diminuir abaixo do nível
o Angioplastia coronária Um pequeno cateter necessário à nutrição adequada dos tecidos, ocorre um
com um balão na extremidade, de cerca de 1 choque circulatório.
mm de diâmetro, é introduzido no sistema
coronário e impulsionado pela artéria - Escala NYHA (New York Heart Association) de
parcialmente ocluída até que a porção do classificação da insuficiência cardíaca:
cateter com o balão atinja o ponto de oclusão
parcial. O balão é inflado com alta pressão, que IC de classe 1 Assintomática
distende a artéria lesionada. A angioplastia pode IC de classe 2 Cansaços aos grandes esforços
estar associada à colocação de um stent, IC de classe 3 Cansaços aos pequenos esforços
pequena “bainha de metal, que mantém a IC de classe 4 Sintomas em repouso
artéria dilatada aberta, impedindo nova
estenose. - Paradigmas da Insuficiência Cardíaca de Baixo Débito:

3. Insuficiência Cardíaca: Paradigma Hemodinâmico: O coração enfraquecido


não consegue manter o débito cardíaco, o que
Insuficiência Cardíaca de Baixo Débito: aumenta a pressão retrógrada, por acúmulo de sangue
nas veias. Esse aumento de pressão pode chegar ao
Definição: Disfunção mecânica do coração que pulmão, causando um quadro de hipertensão
provoque a não geração de débito cardíaco na pulmonar, que pode levar ao edema pulmonar. A
magnitude necessária para suprir a demanda congestão ocorre também na circulação sistêmica,
metabólica do organismo. causando o edema periférico.

Causas: Paradigma neuro-endócrino: O baixo débito cardíaco


o Redução acentuada da eficácia do diminui a perfusão renal. A baixa perfusão renal
bombeamento do coração. estimula a liberação de renina, que converte o
o Redução acentuada do retorno venoso. angiotensinogênio em angiotensina I, vasoconstritor
moderado, que, por sua vez, sofre ação catalítica do
DC por fatores cardíacos: endotélio pulmonar, transformando-se em
o Bloqueio grave de vaso sangüíneo coronário e angiotensina II, de forte ação vasoconstritora. A
infarto do miocárdio conseqüente. vasoconstrição limita a queda da pressão arterial.
o Cardiopatia valvar grave. Angiotensina II vai ao córtex da supra-renal e estimula
o Miocardite. a produção de aldosterona, que promove a reabsorção
o Tamponamento cardíaco aumento da pressão de Na+ e água pelos rins, aumentando a volemia. Esses
externa ao coração. mecanismos visam aumentar o retorno venoso e a
o Distúrbios metabólicos cardíacos. pressão arterial para restabelecer o débito cardíaco.
Mas, com o miocárdio enfraquecido, o coração não
DC por fatores periféricos: consegue voltar a trabalhar normalmente, levando a
o Volemia Perda de sangue diminui a pressão um quadro de hipervolemia que agrava a doença. O
média de enchimento sistêmico, diminuindo a aumento da volemia e a vasoconstrição periférica
força para impulsionar o sangue de volta ao

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25
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

aumentam a resistência vascular periférica, o Retenção de líquido pelos rins


representando um aumento da pós-carga. o Recuperação gradativa do músculo cardíaco

Débito Cardíaco Perfusão Renal Liberação Uma retenção moderada de líquido pode ser
de Renina Conversão de angiotensinogênio em benéfica, pois:
angiotensina I Conversão de angiotensina I em
angiotensina II Liberação de aldosterona Pressão de
+
Reabsorção de Na e água Volemia Enchimento
Sistêmico Retorno
Retorno Débito
Volemia Cardíaco
Venoso
Paradigma Inflamatório: Um processo inflamatório Resistência
subclínico, muitas vezes não reconhecido, é gerado Venosa
com a insuficiência cardíaca, levando à liberação de
interleucinas (como TNF- ), que induzem a apoptose Assim, se o coração não for lesado de forma
das células miocárdicas. excessiva, esse aumento do retorno venoso pode,
muitas vezes, compensar de forma completa a
- Insuficiência Cardíaca Compensada: diminuição da capacidade de bombeamento.
Com a função cardíaca parcialmente recuperada,
e o aumento do retorno venoso, também aumenta a
pressão atrial direita, estabelecendo um valor de
débito cardíaco no ponto D. Agora o débito cardíaco
permanece normalizado, mas a pressão atrial direita
encontra-se aumentada em 6 mmHg. Com a
recuperação gradual do coração, e a retenção
adequada de líquido, a estimulação simpática tende a
diminuir até o normal.

Resumindo:
1) Queda instantânea do débito cardíaco (ponto B).
2) Estimulação compensatória simpática (ponto C).
3) Compensação por retenção de líquidos e
recuperação parcial do tecido lesado (ponto D).
4) Insuficiência Cardíaca Compensada

Quando a pessoa encontra-se com insuficiência


cardíaca compensada, qualquer tentativa de realizar
exercícios físicos intensos, em geral, causa retorno
Figura 24 imediato dos sintomas da insuficiência aguda, pois o
coração é incapaz de aumentar a capacidade de
Normalmente, o débito cardíaco é representado bombeamento até os níveis necessários para o
pelo ponto A. Com a ocorrência de insuficiência exercício. Por conseguinte, diz-se que a reserva
cardíaca, a curva do débito cardíaco fica muito cardíaca está reduzida na insuficiência cardíaca
diminuída, estabelecendo um novo valor no ponto B. compensada.
A queda no débito cardíaco provoca a ativação Um paciente com insuficiência cardíaca costuma
de reflexos nervosos simpáticos, como o reflexo urinar mais durante a noite, pois, quando deitado, o
barorreceptor, que é ativado pela baixa pressão aumento do retorno venoso aumenta a perfusão renal,
decorrente do baixo débito cardíaco. A estimulação que, através de mecanismos já explicados, diminui a
simpática busca aumentar a freqüência cardíaca, a retenção de líquido pelos rins, aumento o volume de
força de contração e causar a vasoconstrição urina excretado.
periférica, aumentando a pressão média de
enchimento sistêmico e o retorno venoso, com a Tratamento:
intenção de aumentar o débito cardíaco, que se o Evitar os fatores de risco cardiovasculares.
desloca para o ponto C. o Praticar atividades físicas supervisionadas, pois
Após os primeiros minutos, começa um estado ao longo do exercício a musculatura esquelética
semicrônico prolongado, caracterizado por dois torna-se mais eficiente demandando menos do
eventos:

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26
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

coração para exercer o mesmo trabalho.


Diminui, assim, a manifestação clínica.
o Diminuir a ingestão de sódio, para reter água no
organismo.

- Insuficiência Cardíaca Descompensada:

Se o coração for gravemente lesado, nenhum


tipo de compensação, seja pelos reflexos nervosos
simpáticos ou pela retenção de líquido, pode fazer com
que o coração enfraquecido bombeie um débito
cardíaco normal. Assim, o retorno venoso continua a
aumentar, devido à retenção de líquido, aumentando o
volume diastólico final. Normalmente, o aumento do
volume diastólico final aumenta o volume sistólico por
aumentar a força de contração ao permitir melhor
Figura 25
interação entre as miofibrilas contráteis de actina e
miosina. Mas, o volume diastólico pode aumentar até Outras conseqüências clínicas comuns da IC
tal ponto que cause a distensão excessiva das fibras congestiva:
musculares, diminuindo a força de contração, e,
o Hepatomegalia A congestão venosa chega ao
conseqüentemente, o volume sistólico, como
fígado, causando aumento da pressão hepática,
apresentado no gráfico abaixo.
o que provoca o inchaço do fígado.
VS o Ascite O plasma dos vasos congestionados
transborda para dentro da cavidade abdominal e
pleura.
o Dispnéia paroxística noturna Episódios
recorrentes de falta de ar durante o sono,
devido à congestão do sistema venoso. Quando
deitado o retorno venoso é maior, e, portanto, a
congestão é maior, aumentando a pressão
VDF venosa pulmonar e, conseqüentemente,
provocando edema pulmonar.
Desse modo, a incapacidade de aumentar o
débito cardíaco (e a pressão arterial) até o nível crítico
Tratamento: O tratamento deve ser feito visando a
necessário para promover o equilíbrio hídrico ( 5
correção de todos os paradigmas.
L/min) resulta em:
o Paradigma hemodinâmico:
o Aumento da pressão venosa pulmonar,
- Digitais Efeito inotrópico + Inibem a
causando edema pulmonar e menor oxigenação + + +
do sangue. Na /K ATPase Na IN Troca de Na+ por
+2 +2
o Aumento da pressão venosa periférica, Ca Ca IN Força de contração.
causando edemas periféricos, principalmente o Paradigma neuro-endócrino:
membros inferiores. - Diurético Volemia Congestão.
o Aumento progressivo da volemia, que causa - Vasodilatadores Bloqueadores da enzima
aumento da pressão de enchimento sistêmico e, conversora da angiotensina e degradadora da
conseqüentemente, do retorno venoso, até que bradicinina; inibidores de renina; e
a distensão excessiva e o edema diminuem a bloqueadores do receptor de angiotensina II.
capacidade de bombeamento a níveis
incompatíveis com a vida, resultando em Observe a figura 26. No ponto E, a insuficiência
falência completa. cardíaca encontra-se descompensada. A administração
de um digital aumenta a força de contração, sem, no
Acompanhe na figura 25 a evolução da entanto, alterar a curva de retorno venoso,
insuficiência cardíaca descompensada. Note que os estabelecendo um novo valor para o débito cardíaco
mecanismos compensatórios não são suficientes para no ponto G ( 5,7 L/min). Esse valor é maior que o
atingir o equilíbrio hídrico, e acabam por intensificar o crítico de equilíbrio hídrico, e, portanto, os rins passam
quadro de insuficiência. a eliminar muito mais líquido do que o normal
(diurese). Depois de alguns dias, a diminuição do
Página
27
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

volume sangüíneo diminui a pressão de enchimento corresponde a um débito cardíaco próximo de seu
sistêmico, o que diminui o retorno venoso e, valor máximo, indicando uma reserva cardíaca muito
conseqüentemente, o débito cardíaco, estabelecendo baixa.
um valor para o débito cardíaco (e retorno venoso) em
5 L/min, atingindo o equilíbrio hídrico.

Figura 26

- Insuficiência Cardíaca Esquerda Unilateral: Figura 27

A falência do lado esquerdo do coração sem Beribéri: Deficiência de tiamina (vitamina B1) diminui a
insuficiência concomitante do lado direito provoca o capacidade dos tecidos de utilizarem alguns nutrientes
acúmulo de sangue na circulação pulmonar. Esse celulares, O2 por exemplo, o que causa vasodilatação
acúmulo pode chegar a tal ponto que provoque o local por mecanismos metabólicos.
edema pulmonar, e rapidamente levar o paciente ao A curva do débito cardíaco cai, como mostrado
óbito. na figura 27, pelo enfraquecimento do coração
causado pela avitaminose. A baixa perfusão renal
Insuficiência Cardíaca de Alto Débito: conseqüente causa retenção de líquido, o que
aumenta a pressão de enchimento sistólico,
A insuficiência cardíaca de alto débito é deslocando a curva do retorno venoso para a direita.
resultante de uma baixa resistência vascular periférica, Os vasos sangüíneos periféricos são vasodilatados por
e pode estar ligada a diversas patologias. mecanismos metabólicos, diminuindo a resistência
vascular periférica, o que desloca a curva do retorno
Hipertireoidismo: Metabolismo tecidual venoso para cima.
Vasodilatação por mecanismos metabólicos Apesar do enfraquecimento do coração, o
Resistência Vascular Periférica Retorno Venoso débito cardíaco é alto, devido à baixa resistência
Débito Cardíaco vascular periférica. Observa-se uma pressão atrial
direita de +9 mmHg, e um débito cardíaco 65% acima
Anemia: do normal, e muito próximo de seu valor máximo,
o Viscosidade do sangue Resistência indicando o ponto C como um novo ponto de
Vascular Periférica Retorno Venoso equilíbrio.
Débito Cardíaco
o Suprimento de O2 Vasodilatação 4. Valvulopatias e Sopros Cardíacos:
Resistência Vascular Periférica Retorno
Venoso Débito Cardíaco As lesões valvares estão associadas,
comumente, à infecção estreptocócica (febre
Fístula arteriovenosa: Comunicação entre artéria e reumática), ou, ocasionalmente, à defeitos congênitos.
veia de grande porte, permitindo o fluxo de grande São mais comuns nas valvas do lado esquerdo do
quantidade de sangue da artéria para a veia, e, assim, coração. São classificados dois tipos de defeitos
diminuindo a resistência vascular periférica. valvares:
Observe na figura 27, que a queda na resistência o Estenose Os folhetos valvares não se abrem
vascular periférica facilita o retorno venoso, sem corretamente, diminuindo o fluxo de sangue
alterar a pressão de enchimento sistêmico. Assim, o pela valva
novo ponto de equilíbrio é estabelecido em B, e

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28
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

o Regurgitação Os folhetos valvares não se circulatórios, são ativados mecanismos


fecham corretamente, permitindo o refluxo de compensatórios:
sangue. o Hipertrofia do ventrículo esquerdo Força de
A anormalidade no funcionamento das valvas é contração Volume Sistólico.
detectável no fonocardiograma, pela existência de o Perfusão Renal Retenção de Líquido
bulhas anormais, conhecidas como sopros cardíacos. Volemia Retorno Venoso Força de
Observe, na figura 28, o fonocardiograma normal (A) e contração Volume Sistólico.
os vários fonocardiogramas característicos de lesões
valvares (B-E). Nas valvulopatias aórticas, observam-se
anomalias na pressão de pulso aórtico. Na estenose
aórtica, o menor fluxo diminui a pressão de pulso. Já
na regurgitação aórtica, observa-se uma pressão de
pulso que tende a cair à zero entre os batimentos,
devido ao refluxo de sangue, mas que possui valor
sistólico alto, devido aos mecanismos compensatórios
que buscam aumentar a força de contração. Observe
esses efeitos na figura 29.

Figura 28

Valvulopatias Aórticas:

Estenose aórtica Sopro sistólico: A abertura


incompleta da valva aórtica produz um efeito de
esguicho durante a sístole, com o sangue jorrando a
uma velocidade enorme pela pequena abertura da Figura 29
valva aórtica. Isso provoca grande turbulência do
sangue na raiz da aorta, que produz intensa vibração e Em casos graves, o ventrículo esquerdo não
um sopro de grande amplitude durante a sístole. Vide consegue superar a insuficiência, havendo aumento
figura 28B. retrógrado da pressão, por acúmulo de sangue no átrio
esquerdo e circulação pulmonar. Essa congestão pode
Regurgitação aórtica Sopro diastólico: O sangue provocar edema pulmonar grave, e levar o paciente ao
reflui pela valva aórtica mal fechada durante a óbito.
diástole, produzindo um sopro de baixa amplitude,
“semelhante ao vento”, durante a diástole. Vide figura Valvulopatias Mitrais:
28D.
Estenose mitral Sopro diastólico: A abertura
Na estenose aórtica, o ventrículo esquerdo em incompleta da valva mitral dificulta a passagem de
contração falha em se esvaziar de modo adequado, sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo
enquanto na regurgitação aórtica o sangue flui durante a diástole. O sopro é caracterizado por ser de
retrogradamente para o ventrículo esquerdo. Ambos baixas freqüência e amplitude, e inicia-se no terço
os fenômenos, portanto, “represam” o sangue no médio da diástole. Vide figura 28E.
ventrículo esquerdo e diminuem o volume sistólico,
diminuindo, assim, o débito cardíaco. Logo, as Regurgitação Mitral Sopro sistólico: O sangue reflui
valvulopatias aórticas podem causar insuficiência pela valva mitral mal fechada durante a sístole,
cardíaca de baixo débito. Para minimizar os efeitos produzindo um sopro de baixa amplitude “semelhante
ao vento”. Vide figura 28C.
Página
29
RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Na estenose mitral, o fluxo sangüíneo do átrio exclusivamente pelo feixe atrioventricular, feixe de His.
esquerdo para o ventrículo esquerdo é dificultado, e Logo, o bloqueio total ou parcial dessa condução
na regurgitação mitral muito do sangue que flui para o interfere na despolarização ventricular. Os bloqueios
ventrículo esquerdo retorna ao átrio esquerdo durante atrioventriculares são classificados em três tipos com
a contração ventricular. Portanto, ambos os gravidade crescente.
fenômenos “represam” o sangue no átrio esquerdo.
O acúmulo de sangue no átrio esquerdo provoca Bloqueio atrioventricular de 1º grau: Todos os
aumento da pressão atrial esquerda e aumento da estímulos passam para os ventrículos, mas a condução
pressão na circulação pulmonar, o que pode causar é feita de maneira lenta.
edema pulmonar grave. o Detectado eletrocardiograficamente por
O aumento da pressão atrial esquerda causa intervalos P-R mais longos (> 0,2 s).
hipertrofia do átrio esquerdo, podendo levar a uma
fibrilação atrial, pela condução inadequada do impulso
elétrico excitatório, que, agora, deve percorrer maior
distância na parede atrial para causar sua completa
despolarização.

5. Alterações Eletrocardiográficas:
Figura 31

Ritmos Sinusais Anormais: Bloqueio atrioventricular de 2º grau: Alguns estímulos


atriais passam para os ventrículos, mas outros não.
Taquicardia: Freqüência cardíaca rápida (>100 bpm). o Detectado eletrocardiograficamente por
o Detectada eletrocardiograficamente por ausência de complexo QRS-T após algumas
intervalos R-R mais curtos. ondas P.
Bradicardia: Freqüência cardíaca lenta (<60 bpm).
o Detectada eletrocardiograficamente por
intervalos R-R mais longos.

Arritmia Sinusal: Variação na freqüência do ritmo


sinusal com alternância de períodos de maior
freqüência com períodos de menor freqüência. No tipo
respiratório da arritmia, as alternâncias acompanham
o ciclo respiratório. Figura 32

Ritmos Anormais Decorrentes de Bloqueios: Bloqueio atrioventricular de 3º grau: Nenhum


estímulo passa dos átrios para os ventrículos. Logo, os
Bloqueio Sinoatrial: O bloqueio da condução de ventrículos estabelecem seu próprio sinal.
estímulos a partir do nó sinoatrial causa interrupção o Detectado eletrocardiograficamente pela
abrupta das ondas P, com a resultante parada dos dissociação das ondas dos complexos QRS-T.
átrios. O nó atrioventricular passa a ditar o ritmo dos Observa-se uma freqüência de batimentos dos
ventrículos, que se torna mais lento. Observa-se, átrios diferente e maior que a freqüência de
portanto, dois fenômenos: batimentos dos ventrículos. Isso é possível
o Ausência de onda P. porque os átrios continuam a responder aos
o Intervalos R-R mais longos (bradicardia). estímulos do nó sinoatrial, enquanto os
ventrículos respondem a um marca-passo
ectópico.

Figura 30

Bloqueio Atrioventricular: Normalmente, a condução Figura 33


elétrica dos átrios para os ventrículos é feita
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RESUMO FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Outras alterações eletrocardiográficas: Vasoconstrição Resistência vascular periférica


Pressão arterial média.
Maior massa muscular ventricular Onda R de maior
amplitude. A hipertensão secundária também pode ter uma
causa endócrina, como na feocromocitoma. A
Menor massa muscular ventricular (infarto do feocromocitoma é um tumor, geralmente benigno, de
miocárdio) Onda R de menor amplitude. células cromoafins, localizadas mais comumente na
medula da supra-renal, que aumenta a produção de
Bloqueio de um ramo do Feixe de His Complexo catecolaminas, como a adrenalina, causando aumento
QRS mais alongado, ou seja, maior duração da da pressão arterial média, por provocar
despolarização ventricular. vasoconstrição.

Cuidado! – Ondas R de menor amplitude podem ser Complicações:


causadas pela maior distância do fenômeno ao o Retinopatia hipertensiva Lesão da retina,
eletrodo de registro, como em pacientes obesos. Logo, causada pela pressão arterial aumentada.
nem sempre é sinal de infarto do miocárdio. o Nefropatia hipertensiva Lesão dos néfrons,
causada pela pressão arterial aumentada, que
6. Hipertensão Arterial: pode causar insuficiência renal aguda.
o Infarto do Miocárdio Desenvolvimento de
A hipertensão arterial é uma doença crônico- aterosclerose.
degenerativa, não é aguda, então não existem causas o Acidente Vascular Cerebral (AVC) Aumenta a
ou fatores etiológicos, mas fatores de risco, que probabilidade de ruptura de pequenos vasos
aumentam a probabilidade do indivíduo desenvolver a sangüíneos no cérebro.
hipertensão.
Um sujeito com uma atividade adrenérgica
muito grande, estresse sustentado ao longo do dia,
tende a desenvolver uma hipertensão arterial. A
disfunção endotelial, alimentação, peso corporal,
excesso de álcool, fumo, também são fatores de risco.
As características de um paciente com
hipertensão são:
o Resistência vascular periférica baixa.
o Débito cardíaco aumentado.
o Pressão arterial média aumentada (>120
mmHg).

Hipertensão primária (idiopática): Hipertensão em


que não há causa definida para sua origem.

Hipertensão secundária: Hipertensão causada por


disfunções orgânicas detectáveis. As causas orgânicas,
e potencialmente curáveis de hipertensão arterial são,
geralmente, causas renais, particularmente uma
obstrução da artéria renal, que provoque baixa
perfusão renal.

Perfusão Renal Liberação de Renina


Conversão de angiotensinogênio em angiotensina I
Conversão de angiotensina I em angiotensina II
Liberação de aldosterona Reabsorção de Na+ e
água Volemia Pressão arterial média.

Perfusão Renal Liberação de Renina


Conversão de angiotensinogênio em angiotensina I
Conversão de angiotensina I em angiotensina II

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