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FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

Prof. Msc. Nelson Coimbra R. Neto


FISIOLOGIA E BIOQUÍMICA DO
MÚSCULO CARDÍACO.
EXCITAÇÃO CARDÍACA
(sistema excitatório especializado do coração)
OBJETIVOS
 Identificar as propriedades bioquímicas da célula cardíaca;
 Explicar o funcionamento eletrofisiológico do miócito
cardíaco;
 Analisar graficamente o potencial de ação cardíaco;
 Comparar o potencial de ação cardíaco a partes do gráfico
de ECG normal;
 Identificar as propriedades excitatórias do coração;
 Diferenciar o músculo cardíaco quanto a sua função;
 Explicar o caminho da estimulação da contração cardíaca;
 Analisar a aplicabilidade da Lei de Frank-Starling;
 Analisar o envolvimento do SNA e do reflexo vagal.
PROPRIEDADES DO MIÓCITO

 Funcionamento igual ao m. estriado esquelético


 Discos intercalares com Gap Junctions

 Abundância mitocondrial
DIFERENÇAS ENTRE AS CÉLULAS
MUSCULARES
POTENCIAL DE AÇÃO CARDÍACO

 Canais lentos de Ca++


 ↓ permeabilidade ao
K+ na repolarização
(5x)
LEMBRANDO DO
POTENCIAL DE AÇÃO NEURAL
Estado de repouso;
Despolarização;
Repolarização.
COMPARANDO O POT. AÇÃO CARDÍACO AO
ECG NORMAL
CARACTERÍSTICAS DO ECG NORMAL

Onda P – despolarização dos átrios;

Complexo QRS – despolarização dos ventrículos;

Onda T – repolarização dos ventrículos.


INTERVALOS
P-Q ou P-R: 0,16’’;

Q-T: 0,35’’ (duração da contração ventricular);

S-T: 0,12’’ (platô).


CALIBRAÇÃO VOLTAGEM E TEMPO

Linhas horizontais – 10 linhas = 1mV;

Linhas verticais – 5 colunas = 1’’; 5 pontos =


0,20’’; 1 ponto = 0,04’’.
PROPRIEDADES DA CÉLULA MUSCULAR
CARDÍACA

 Excitabilidade: relacionada à despolarização;


 Contratilidade (inotropismo): capacidade de
contrair a partir de estímulos;
 Automotismo (cronotropismo) e Ritmicidade:
geração de impulsos elétricos próprios com ritmo
sinusal;
 Condutividade (dromotropismo): condução dos
impulsos gerados;
 Retratabilidade (lusotropismo): relaxamento sob
certos estímulos.
EXCITAÇÃO RÍTMICA
TIPOS FUNCIONAIS DE MÚSCULOS
CARDÍACOS

 Atrial
 Ventricular

 Fibras excitatórias
 Nó sinusal
 Nodo A-V
 Fibras condutoras
 Vias internodais
 Feixe de His-Purkinje
(A-V)
CONDUÇÃO DA CONTRAÇÃO CARDÍACA
LEI DE FRANK-STARLING
 “Quanto maior o comprimento da fibra
miocárdica ao final da diástole, maior o poder de
contração da câmara cardíaca”.

 Ou seja, quanto > a Pré-carga > a Fração de


Ejeção.

 A afinidade da troponina C para o cálcio no


músculo cardíaco aumenta com um maior
comprimento do sarcômero em repouso,
originando assim, a Lei de Frank-Starling.
SNA E O REFLEXO VAGAL

Estímulo vagal

 O X par craniano
possui ramos que
fazem sinapses com o
Liberação de
nó sinusal, ACH para o
promovendo efeitos nodo sinoatrial
parassimpáticos sobre
o coração.
Efeito
parassimpático
EXERCÍCIO
 Considerando as principais estruturas cardíacas
de excitação (nodos) e condução (vias) do
potencial de ação cardíaco, descreva-as em ordem
cronológica de atuação e também analise o que
um estímulo vagal causaria no ritmo e força de
contração miocárdica, e por quê.
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR: BIOFÍSICA
DA CIRCULAÇÃO

Prof. Msc. Nelson Coimbra R. Neto


OBJETIVOS
 Compreender a física geral da
circulação sanguínea.
 Compreender as relações entre
pressão, fluxo e resistência.
 Diferenciar sístole e diástole.

 Diferenciar as bulhas cardíacas.

 Caracterizar todos os tipos de


circulação sanguínea.
 Caracterizar os tipos de fluxos
sanguíneos.
VASOS SANGUÍNEOS:
Pressão, fluxo e resistência
ESTRUTURA DOS VASOS SANGUÍNEOS
PRESSÕES DOS LÍQUIDOS
Coloidosmótica
Hidrostática
(oncótica)
FLUXO SANGUÍNEO

 Laminar
 Turbilhonar

 Transicional
CÁLCULO DE FLUXO

V = V
t
RESISTÊNCIA VASCULAR
PORTANTO...

R↑ = ↓ fluxo
R↓ = ↑ fluxo

 Compensação:
 R↑ ... P↑ ... para manter o fluxo

 R↓ ... P↓ ... para manter o fluxo


CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA
SÍSTOLE E DIÁSTOLE
AS BULHAS CARDÍACAS
1ª bulha 2ª bulha

 Fechamento das  Fechamento das


valvas A-V: mitral e valvas semilunares:
tricúspide aórtica e pulmonar

3ª e 4ª bulhas

 Patológicas
CIRCULAÇÕES SANGUÍNEAS PRINCIPAIS

Circulação pulmonar Circulação sistêmica


OUTROS TIPOS DE CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA
Colateral Portal
São 4 os tipos de circulação sanguínea,

EXERCÍCIO

sendo a sistêmica e a pulmonar as mais
relevantes, não diminuindo a importância
da circulação portal e colateral. Crie em seu
caderno, ou digitalmente, um esquema
ilustrativo completo da grande e pequena
circulação, apontando, caso necessário,
legendas em sua ilustração.
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR: PRESSÃO
ARTERIAL

Prof. Msc. Nelson Coimbra R. Neto


OBJETIVOS
 Diferenciar as variáveis
fisiológicas da Pressão Arterial.
 Analisar a regulação da PA por
meio do SNC.
 Explicar a regulação da PA por
meio do sistema renal.
 Identificar o cálculo de PAM
(pressão arterial média).
 Analisar os níveis normais e
alterados da pressão arterial.
ENCHIMENTO CARDÍACO
Pré-carga Pós-carga

 É a dificuldade de ejeção  É a dificuldade de ejeção


do sangue enfrentada do sangue enfrentada
pelo pelo ventrículo durante
ventrículo relacionada a ejeção.
ao momento anterior à
ejeção.  Quanto maior a pressão
arterial, maior é a pós-
carga, ou seja, mais
 Quando se aumenta a difícil é a ejeção.
pré-carga, normalmente
há um aumento da  O aumento da RVPT
ejeção de sangue. influencia diretamente
na pós-carga.
A CONTRAÇÃO VENTRICULAR

 Fase de pronto-diástole
(enchimento ventricular)

 Contração isovolúmica

 Período de ejeção

 Relaxamento isovolúmico
(isovolumétrico)
PA = DC X RVPT
CONTROLE DE
PRESSÃO ARTERIAL

Barorreflexo
&
Sistema renina-angiotensina-aldosterona
CENTRO VASOMOTOR
 Área vasoconstritora
 Área vasodilatadora

 Área cardioinibidora

REFLEXO
BAROCEPTOR

Barorreceptores
(seio carotídeo e nn. vago, de
arco aórtico) Hering e
glossofaríngeo Bulbo (trato
solitário)
BARORREFLEXO
SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA
↓ PA

Produção de renina

Angiotensinogênio Angiotensina I

ECA

Angiotensina II

Reabsorção tubular
Vasoconstrição
de H2O e sal

↑ PA
PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA

PAM PS (2xPD) 3
AFERIÇÃO DE PA
 Pela esquerda
 Não usar polegar

 Manômetro alinhado com


a. braquial e 2cm acima
dos epicôndilos
 Manguito tensionado

 Aferir após 15’ de


repouso
CLASSIFICAÇÃO DA PA

FONTE: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2020.


A regulação da PA é fundamental

EXERCÍCIO

para se manter o equilíbrio
hemodinâmico do organismo, e para
tal, utilizamos de dois sistemas, um
nervoso central e um periférico
renal. Explique como ocorrem os
feedbacks negativos do controle
rápido e lento da pressão arterial,
incluindo ilustrações em sua
resposta.
FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR
Distensibilidade Vascular e Funções dos Sistemas Arterial e Venoso

Prof. Nelson Coimbra R. Neto


OBJETIVOS
 Compreender o conceito de distensibilidade
vascular.
 Diferenciar distensibilidade de complacência.
 Identificar as curvas de volume-pressão dos
sistemas arterial e venoso.
 Analisar a complacência retardada venosa.
 Identificar a pressão de pulso.
 Analisar o método auscultatório de medida de
pressões.
 Compreender o conceito de PVC.
 Relacionar as válvulas venosas e as varizes.
DISTENSIBILIDADE VASCULAR
 Capacidade do vaso sanguíneo aumentar seu diâmetro em
resposta ao aumento de pressão em seu interior
 Todos os vasos são distensíveis
 Veias 8x mais distensíveis
 Veias possuem 3x mais volume
↑ Pressão → ↑ ø (dilatação) → ↓ Resistência → ↑ Fluxo
COMPLACÊNCIA OU CAPACITÂNCIA
 Volume de sangue armazenado em um determinado local da
circulação para cada mmHg de ↑ pressão.
 Complacência = distensibilidade x volume
 Veias são 24x mais complacentes que artérias
CURVA DE VOLUME-PRESSÃO

Por isso se faz transfusão pelas veias.


EFEITO SIMPÁTICO NA RELAÇÃO
VOLUME-PRESSÃO

•Norepinefrina
• ↑ Tônus vascular
• ↑ Pressão
• ↑ Retorno Venoso
Por isso se mantém a circulação normal
com até 25% de ↓ volemia
(hemorragias).
COMPLACÊNCIA RETARDADA
PRESSÕES

 P. Sistólica
 P. Diastólica
 P. de Pulso = P. Sistólica – P. Diastólica
 Fatores que influenciam a P. de Pulso:
 ↑ DC
 ↓ Complacência (arterioesclerose)
 P. Ao = PS + PD / 2
 P. A. M. = PS + 2xPD / 3
 P. V. C.
FUNÇÕES VENOSAS

 Retorno Venoso (transporte de sangue ao coração)


 0mmHg no AD (PVC)
 Aumentado por: ↑ volemia + ↑ tônus grandes
vasos + dilatação arteríolas
 Armazenamento de sangue (não exclusiva)
 Bomba venosa (2º coração)
 Veias varicosas quando válvulas insuficientes
EFEITO GRAVITACIONAL SOBRE A
PRESSÃO VENOSA

 PVC = 0mmHg
 Braços = 6mmHg
 Mãos = 35mmHg
 P. venosa nos pés =
90mmHg
RESERVATÓRIOS DE SANGUE

 Fígado
 Baço (100ml)
 Plexo venoso da pele
 Grandes veias abdominais (300ml)
 Veias em geral (64% do total)
EXERCÍCIO
Em trios, discuta
como um quadro de
hipertireoidismo
alteraria a Pressão
de Pulso.
Construam uma
resenha de 150 a
250 palavras,
pesquisando em ao
menos 2 fontes
(livros, artigos etc).
BIBLIOGRAFIA
AIRES, M. de M. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018

BERNE, Robert M.; LEVY, Matthew N. Fisiologia. 7.ed. Rio de Janeiro: Grupo
GEN, 2018.

GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 13 ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
coimbra.fisio@gmail.com

Nelson Coimbra

nelson.coimbra.fisio
A MICROCIRCULAÇÃO E O
SISTEMA LINFÁTICO:
Trocas Capilares, Líquido Intersticial e Fluxo de
Linfa
OBJETIVOS

 Correlacionar as estruturas da microcirculação e


do sistema capilar.
 Identificar a regulação do fluxo de sangue nos
capilares.
 Identificar como ocorrem as trocas de substâncias
entre o sangue e o líquido intersticial.
 Identificar como ocorre a filtração de líquido pelos
capilares.
 Identificar como ocorre o controle local do fluxo
sanguíneo.
 Descrever os mecanismos de controle de fluxo
sanguíneo.
A ESTRUTURA CAPILAR
TIPOS ESPECIAIS DE POROS EM CAPILARES
 Cérebro: junções oclusivas entre as células
endoteliais capilares – apenas moléculas
extremamente pequenas, como água, oxigênio e
dióxido de carbono passam.
 Fígado: as fendas são quase totalmente abertas,
permitindo a passagem de até mesmo PTN.
 Os poros das membranas capilares
gastrointestinais têm um tamanho intermediário
entre os poros dos músculos e os do fígado.
 Glomérulo: as fenestrações permitem a filtração,
exceto de moléculas de proteínas plasmáticas,
sem ter que passar pelas fendas entre as células
endoteliais.
REGULAÇÃO DA VASOMOTRICIDADE
 A [O2] nos tecidos
afeta a abertura e
fechamento de
metarteríolas e dos
esfíncteres pré-
capilares.
INTERSTÍCIO E SEU LÍQUIDO
 1/6 da volemia é
líquido intersticial
 Estruturas sólidas:
 feixes de fibras de
colágeno (fortes);
 filamentos de
proteoglicano (finos e
frágeis).
GEL INTERSTICIAL
 O líquido intersticial é derivado de filtração e
difusão pelos capilares, com menor [ptn].
 O líquido intersticial fica retido principalmente
nos pequenos espaços entre os filamentos de
proteoglicanos.
 Essa combinação dos filamentos de
proteoglicanos com o líquido retido entre eles tem
as características de um gel e, portanto, é
denominada gel tecidual. O líquido possui
dificuldade em fluir pelo gel.
FILTRAÇÃO CAPILAR: FORÇAS DE STARLING
FORÇAS DE STARLING
 Pressão hidrostática capilar (Pc), que tende a
forçar o líquido para fora através da membrana
capilar.
 Pressão hidrostática do líquido intersticial (Pi),
que tende a forçar o líquido para dentro através
da membrana capilar quando a Pi é positiva, mas
para fora quando a Pi é negativa.
 Pressão coloidosmótica capilar (Πp), que tende a
provocar osmose do líquido para dentro através
da membrana capilar.
 Pressão coloidosmótica intersticial (Πi), que
tende a provocar osmose do líquido para fora
através da membrana capilar.
PEF = PC − PI − ΠP + ΠI
 Se a soma dessas forças – a pressão efetiva de
filtração – for positiva, haverá filtração de líquido
através dos capilares.

 Se a soma das forças de Starling for negativa,


haverá reabsorção de líquido dos espaços
intersticiais para os capilares.
PRESSÃO NO TECIDO ENCAPSULADO E FROUXO
 Órgãos encapsulados sofrem pressão positiva da
cápsula para o interstício.
 A pressão intersticial sofre perda em relação à
pressão capsular.

 Tecidos frouxos (não capsulados) apresentam


pressões menores que a P. ATM, ou seja, pressões
intersticiais negativas, devido ao bombeamento
linfático.
FORMAÇÃO DA LINFA

 Extremo arterial:
filtração
 Extremo venoso:
reabsorção
 1/10 do filtrado segue
para os linfáticos, que
removem o excesso de
líquido, proteínas,
detritos e outros
resíduos dos espaços
teciduais.
DRENAGEM LINFÁTICA
O SISTEMA LINFÁTICO
 Via acessória essencial do interstício para o
plasma.
 Inexistência de canais linfáticos em: superfície da
pele, SNC, endomísio dos músculos e ossos (há
canais pré-linfáticos).
 Escoamento no ducto torácico ou ducto linfático
direito e depois nas junções das vv. jugular
interna e subclávia. (2 a 3L/dia)
EFEITO DA PRESSÃO DO LÍQUIDO
INTERSTICIAL SOBRE O FLUXO LINFÁTICO

 Pressão hidrostática capilar elevada

 Diminuição da pressão coloidosmótica do plasma

 Aumento da pressão coloidosmótica do líquido


intersticial

 Aumento da permeabilidade dos capilares.


BOMBEAMENTO
LINFÁTICO
INFLUÊNCIA NO BOMBEAMENTO
LINFÁTICO

 Fator Intrínseco
 Contração intermitente da parede do vaso linfático

 Fatores Extrínsecos
 Contração dos músculos esqueléticos circundantes
 Movimento das partes do corpo
 Pulsações das artérias adjacentes aos vasos linfáticos
 Compressão dos tecidos por objetos externos ao corpo
REFERÊNCIA
 GUYTON, A. C. & HALL, J. E. Tratado de
fisiologia médica. 14 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2021. (Cap. 16, p.189-201).
Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/bo
oks/9788595158696/epubcfi/6/60%5B%3Bvnd.vst.i
dref%3Dchapter16%5D!/4>. Acesso em jul. 2022.
OBRIGADO E ATÉ A PRÓXIMA!

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