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CIRCULAÇÃO
A partir do átrio direito, o sangue flui para dentro do
ventrículo direito do coração, de onde ele é bombeado via
artérias pulmonares para os pulmões, onde é oxigenado. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA CIRCULAÇÃO
A partir dos pulmões, o sangue vai para o lado esquerdo Divide-se em circulação sistêmica / grande circulação /
do coração através das veias pulmonares. Os vasos circulação periférica (promove fluxo sanguíneo para todos
sanguíneos que vão do ventrículo direito para os pulmões os tecidos corporais, exceto pulmões) e pulmonar.
e os que voltam para o átrio esquerdo são denominados
circulação pulmonar. PARTES FUNCIONAIS DA CIRCULAÇÃO
O sangue proveniente dos pulmões entra no coração no ARTÉRIAS: transportar sangue sob alta pressão para os
átrio esquerdo e passa para o ventrículo esquerdo. O tecidos, por isso tem fortes paredes vasculares e o
sangue é bombeado para fora do ventrículo esquerdo e sangue flui em alta velocidade.
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ARTERÍOLAS: pequenos ramos finais do sistema arterial, A área de secção transversa das veias é em média 4 vezes
agem como condutos de controle onde o sangue é maior que a das artérias, explicando a grande capacidade
liberado para os capilares; tem forte parede muscular, de armazenamento do sangue no sistema venoso.
capaz de ocluir completamente os vasos ou dilatá-los com Como o mesmo fluxo de volume de sangue (F) deve
seu relaxamento, multiplicando seu diâmetro e sendo capaz passar por todo o segmento da circulação a cada minuto, a
de alterar o fluxo sanguíneo de acordo com a necessidade. velocidade do fluxo sanguíneo (v) é inversamente
proporcional à área de secção transversa vascular (A):
CAPILARES: troca de líquidos, nutrientes, eletrólitos, 𝐹
hormônios e outras substâncias entre o sangue e o 𝑣=
𝐴
líquido intersticial; paredes muito finas com numerosos Por isso, em condições de repouso, a velocidade média na
minúsculos poros capilares permeáveis à água e outras aorta é de 33 cm/s, mas nos capilares é de apenas 1/1000
pequenas substâncias. desse valor (0,3 mm/s). entretanto, como os capilares tem
apenas 0,3 a 1 milímetro, o sangue permanece por apenas
VÊNULAS: coletam o sangue dos capilares e juntam-se 1 a 3 segundos (nesse curto espaço de tempo que deve
de forma gradual, formando veias maiores. ocorrer a difusão de nutrientes e eletrólitos).
VEIAS: funcionam como condutos para o transporte de PRESSÕES NAS DIVERSAS PARTES DA CIRCULAÇÃO
sangue das vênulas de volta ao coração, além de serem Como o coração bombeia continuamente para a aorta, a
um reservatório de sangue extra; as paredes são finas pressão média é alta, cerca de 100mmHg. Além disso,
pois a pressão é muito baixa, mesmo assim, são como o bombeamento cardíaco é pulsátil, a pressão
suficientemente musculares para se contrair e expandir, arterial alterna entre pressão sistólica de 120mmHg e
atuando como reservatório controlável para o sangue extra. diastólica de 80mmHg.
VOLUMES DE SANGUE NAS DIFERENTES PARTES À medida que o sangue flui pela circulação sistêmica sua
pressão média cai progressivamente para cerca de 0mmHg
ao atingir o final das veias cavas, que desaguam no átrio
direito.
A pressão nos capilares varia entre valores elevados como
35mmHg próximos à extremidade arteriolar e valores baixos
chegando a 10mmHg próximos à extremidade venosa, mas
a pressão funcional média da maioria é 17mmHg (valor
baixo o suficiente para que pouco plasma flua através dos
pequenos poros apesar dos nutrientes conseguirem se
difundir com facilidade para as células teciduais).
Nas arteríolas pulmonares a pressão é pulsátil como na
aorta, mas o valor é muito menor (sistólica média 25 e
diastólica 8, com pressão arterial pulmonar média de
16mmHg e capilar de 7mmHg), mesmo assim, o fluxo
ÁREAS DE SECÇÃO TRANSVERSAL E VELOCIDADES
DO FLUXO SANGUÍNEO
sanguíneo total é o mesmo da circulação sistêmica. Essa
pressão baixa é devido a necessidade do pulmão de
basicamente expor o sangue dos capilares pulmonares ao
oxigênio para efetuar troca eficiente.
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do fluxo no vaso. A tendência a esse fenômeno é A resistência é influenciada por 3 componentes: raio,
diretamente proporcional à velocidade do fluxo, diâmetro do comprimento e viscosidade. Lei de Poiseuille:
vaso e densidade do sangue e inversamente à viscosidade:
𝑣×𝑑×𝑝 Na circulação sistêmica, 2/3 da resistência sistêmica total
𝑅𝑒 =
consiste na resistência arteriolar que ocorre nas delgadas
Re é o número de Reynolds (medida da tendência para arteríolas. Apesar de seus diâmetros internos serem
ocorrência do turbilhonamento), v é a velocidade média do variáveis (4 a 25 micrometros), suas paredes vasculares
fluxo, d é o diâmetro do vaso, p é a densidade fortes permitem que esse diâmetro se altere até 4 vezes,
(normalmente > 1) e a viscosidade (normalmente 1/30 o que aumenta o fluxo na mesma proporção. Sendo
poise). Re acima de 200 a 400 ocorre fluxo turbulento em assim, as arteríolas conseguem responder a sinais
alguns ramos dos vasos, se extinguindo nas porções mais nervosos ou químicos alterando seu diâmetro e
lisas; já quando fica acima de 2000, ocorre turbulência interrompendo ou aumentando enormemente o fluxo em
mesmo em vasos retos e finos. determinado tecido.
Quase sempre ocorre esse fenômeno nas grandes artérias O sangue bombeado pelo coração flui da região de alta
e nos ramos próximos. Condições apropriadas para o fluxo pressão (aorta) para de baixa pressão (veia cava). As
turbulento: (1) alta velocidade, (2) natureza pulsátil do fluxo, artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias estão
(3) alteração súbita do diâmetro do vaso e (4) grande coletivamente dispostos em série, sendo assim, o fluxo por
diâmetro. eles é o mesmo e a resistência total é a soma de todas
PRESSÃO SANGUÍNEA as resistências.
Representa a força exercida pelo sangue contra qualquer Os vasos sanguíneos se ramificam extensamente formando
unidade de área da parede vascular. É medida em circuitos paralelos que irrigam órgãos e tecidos,
milímetros de mercúrio (mmHg) mas pode ser medida em permitindo que cada local regule seu próprio fluxo de
cm de água (1mmHg = 1,36 cm de H2O), modo independente e a resistência total seja bem
menor. Porém, o aumento da resistência de qualquer um
RESISTÊNCIA AO FLUXO SANGÚINEO dos vasos aumenta a resistência vascular total.
É o impedimento ao fluxo sanguíneo no vaso. É medida
em dinas/cm5. Viscosidade: quanto maior, menor é o fluxo. O que torna
A intensidade do fluxo sanguíneo em todo o sistema o sangue tão viscoso é o grande número de eritrócitos em
circulatório é igual ao do sangue bombeado pelo suspensão que exercem força contra células adjacentes e
coração (débito cardíaco), aproximadamente 100 mL/s. A contra a parede do vaso sanguíneo.
diferença de pressão entre artérias e veias é de 100mmHg, A proporção do sangue que representa os glóbulos
fazendo com que a resistência periférica total seja de vermelhos é chamada de hematócrito, um aumento nessa
100/100 ou 1 unidade de resistência periférica (URP). A proporção eleva a viscosidade. Viscosidade normal do
resistência vascular pulmonar total é de 0,14 URP. sangue é 3 (precisa de 3x mais pressão para impulsionar o
sangue pelo vaso do que água) e hematócrito normal 40
Condutância: é a capacidade de conduzir o fluxo (40% do volume sanguíneo é de eritrócitos). Quando o
sanguíneo pelo vaso quando existe diferença de pressão, hematócrito sobre para 60 ou 70 (frequente na policitemia),
sendo o inverso da resistência. Pequenas variações do a viscosidade aumenta muito, aumentando a resistência e
diâmetro do vaso provocam grandes alterações na diminuindo o fluxo.
condutância quando o fluxo é laminar. A condutância Outros fatores que afetam a viscosidade do sangue são a
aumenta diretamente proporcional à quarta potência do concentração e os tipos de proteínas no plasma.
diâmetro.
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Relação pressão-fluxo em leitos vasculares passivos: Em todo o sistema venoso sistêmico, o volume varia entre
em alguns vasos isolados ou em tecidos sem 2000 a 3500 mL, sendo necessária uma variação grande
autorregulação, variações na PA podem ter efeitos no fluxo. para que a pressão venosa se altere por apenas 3 a
A pressão aumentada pode distender os vasos, diminuindo 5mmHg, por isso pode ocorrer transfusão de até 500 mL
a resistência ou então sua diminuição pode aumentar a em poucos minutos sem que ocorra grande alteração na
resistência levando os vasos ao colapso (quando a PA cai função circulatória.
abaixo do nível crítico – pressão crítica de fechamento – o Aumento do tônus da musculatura lisa vascular, causado
fluxo cessa pois os vasos colapsam por completo). pela estimulação simpática aumenta a pressão das
artérias ou veias enquanto a inibição simpática diminui.
DISTENSIBILIDADE VASCULAR
Esse controle é uma maneira eficiente de diminuir as
Todos os vasos são distensíveis. A natureza elástica das dimensões de um segmento da circulação, transferindo
artérias permite que acomodem o debito pulsátil do sangue para outros segmentos. Por ex. o aumento do tônus
coração, impedindo os extremos de pressão, fazendo com vascular faz com que grande volume de sangue seja
que o fluxo para os pequenos vasos seja uniforme e desviado para o coração, aumentando o bombeamento
continuo. As veias são os vasos mais distensíveis (8x mais cardíaco ou em casos de hemorragias, onde o calibre dos
que artérias), já que possuem a função de reservatório para vasos é reduzido para que a função circulatória permaneça
que o sangue possa ser utilizado em qualquer parte da quase normal (mesmo com perda de até 25% do volume
circulação quando necessário. sanguíneo total).
Distensibilidade vascular é expressa como a fração de
aumento do volume para cada milímetro de mercúrio de Complacência tardia (estresse-relaxamento): significa
aumento da pressão: que o vaso submetido ao aumento de volume apresenta
logo de inicio grande aumento da pressão, mas o
estiramento tardio progressivo do músculo liso na parede
vascular permite que a pressão retorne ao normal em
Complacência vascular (capacitância): é a quantidade
alguns minutos ou horas. O volume de sangue injetado
total de sangue que pode ser armazenada em determinada
provoca a distensão elástica imediata da veia, mas suas
região para cada mmHg de aumento da pressão.
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fibras musculares lisas começam, pouco a pouco, a Insuficiência aórtica: válvula aórtica está ausente ou não
“engatinhar” (creep) para maior comprimento. É um se fecha completamente – sangue bombeado para aorta flui
mecanismo importante pelo qual a circulação consegue de volta para o ventrículo esquerdo – queda da pressão
acomodar sangue adicional quando necessário, como aórtica entre os batimentos até atingir o valor zero – não
após hemorragias graves quando há transfusão tem a incisura no traçado do pulso porque não ocorre o
excessiva. fechamento da válvula.
VEIAS
Efeito da elevada pressão atrial direita sobre a pressão
Uma de suas funções mais importantes é a capacidade de
venosa periférica: quando a pressão atrial fica acima do
se contrair e relaxar, armazenando pequenas ou grandes normal, o sangue pode se acumular nas grandes veias,
quantidades de sangue, além das periféricas poderem distendendo-as e abrindo seus pontos colapsados. Assim,
impulsionar o sangue para adiante pela bomba venosa e há um aumento correspondente na pressão venosa
de serem capazes de regular o débito cardíaco. periférica que não é percebido nos estágios iniciais de
insuficiência cardíaca, por exemplo.
PRESSÕES VENOSAS
O sangue de todas as veias sistêmicas flui para o átrio Efeito da pressão intra-abdominal sobre as pressões
direito do coração, por isso a pressão é definida como venosas dos membros inferiores: quando a pressão intra-
pressão venosa central (atrial direita). É regulada pelo abdominal se eleva, devido a um tumor, excesso de líquido
balanço entre a capacidade do coração de bombear o (ascite) ou gravidez, a pressão nas veias das pernas tem
sangue para fora do átrio e ventrículo direito e pela de se elevar acima da pressão abdominal para que as veias
tendência do sangue fluir das veias periféricas para o abdominais se abram e permitam o fluxo sanguíneo.
átrio direito. Se o bombeamento da parte direita do
coração estiver forte, a pressão atrial direita diminui. EFEITO DA PRESSÃO GRAVITACIONAL SOBRE A
Fatores que aumentam o retorno venoso (aumentam a PRESSÃO VENOSA
pressão atrial direita) e podem regular o débito cardíaco: A pressão gravitacional também ocorre no sistema vascular
- aumento do volume sanguíneo; humano em virtude do peso do sangue nos vasos. Quando
- aumento do tônus de grandes vasos; a pessoa está em pé, a pressão no átrio direito permanece
- dilatação das arteríolas (diminui resistência periférica e em 0mmHg porque o coração bombeia para as artérias
permite rápido fluxo de sangue das artérias para as veias). qualquer excesso de sangue que tenda a se acumular,
Pressão atrial direita normal 0mmHg, podendo aumentar de porém, a pressão nos pés é de 90mmHg pelo peso
20 a 30mmHg por insuficiência cardíaca grave ou gravitacional.
transfusão de sangue em grande volume. Limite inferior é As veias do pescoço da pessoa em pé ficam quase
de -3 a -5mmHg (bombeamento cardíaco vigoroso ou fluxo completamente colapsadas no trajeto até o crânio pela
para o coração reduzido – após hemorragia grave). pressão atmosférica no exterior do pescoço, fazendo com
que a pressão permaneça 0mmHg. Isso ocorre porque
RESISTÊNCIA VENOSA E PRESSÃO VENOSA PERIFÉRICA qualquer tendência da pressão elevar, abre as veias e
Quando distendidas, as grandes veias apresentam permite que caia novamente a 0. Ao contrário, qualquer
resistência próxima a zero. Entretanto, muitas grandes tendência da pressão cair abaixo de 0 colapsa ainda mais
veias (tórax, membros, pescoço) são comprimidas por as veias, aumentando a resistência e retornando pro valor
tecidos adjacentes e por suas grandes angulações, inicial.
oferecendo resistência ao fluxo sanguíneo. Por isso, com a As veias no interior do crânio estão em câmera não
pessoa deitada, a pressão nas veias mais periféricas é de colapsável (cavidade craniana), por isso podem ocorrer
4 a 6mmHg maior que no átrio direito. pressões negativas nos seios durais.
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VÁLVULAS VENOSAS E A “BOMBA VENOSA” encéfalo e a medula espinhal emitam sinais nervosos
Se as veias não tivessem válvulas, o efeito da pressão (nervos simpáticos) para as veias, provocando sua
gravitacional faria com que a pressão venosa nos pés fosse constrição e compensando o baixo fluxo.
sempre de 90mmHg em pé, porém, cada vez que as pernas Reservatórios sanguíneos específicos: partes do sistema
são movimentadas, a contração dos músculos circulatório que são extensas e complacentes como o baço
comprime as veias localizadas no interior ou adjacentes (pode diminuir seu tamanho a ponto de liberar até 100 mL
aos músculos, ejetando o sangue para adiante. As de sangue para outras áreas); fígado (centenas de mL);
válvulas ficam dispostas de modo que o único sentido grandes veias abdominais (300 mL); plexo venoso sob a
possível do fluxo seja em direção ao coração e é tão pele (centenas de mL). O coração e os pulmões apesar de
eficiente que a pressão nos pés do adulto enquanto não serem parte desse sistema de reservatórios podem ser
caminha permanece abaixo de 20mmHg. considerados sim reservatórios de sangue (coração pode
Se a pessoa fica imóvel em pé, a bomba venosa não diminuir por estimulo simpático e contribuir com 50 a 100
funciona, a pressão gravitacional permanece e a dos mL de sangue; os pulmões com outros 100 a 200 mL).
capilares aumentam muito, fazendo com que o líquido saia
Baço como um reservatório de eritrócitos: apresenta 2
do sistema circulatório para os espaços teciduais, isso
áreas separadas para armazenamento de sangue – seios
provoca o inchaço das pernas e diminuição do volume
venosos e polpa. Os seios podem ficar inchados e
sanguíneo.
armazenar todos os componentes sanguíneos. Na polpa
A incompetência das válvulas venosas provoca veias esplênica, os capilares são muito permeáveis fazendo com
“varicosas”: podem ficar “incompetentes”, chegando, às que todo o sangue (incluindo eritrócitos) atravesse as
vezes, a serem destruídas. Isso é frequente quando as paredes formando a polpa vermelha. Os eritrócitos são
veias são excessivamente distendidas por alta pressão aprisionados pelas trabéculas enquanto o plasma flui para
venosa durante semanas ou meses (gravidez ou a circulação geral de novo. Esses eritrócitos armazenados
permanecer muito tempo em pé). Como a área das veias podem ser lançados na circulação geral quando o
aumenta, os folhetos das válvulas são incapazes de se sistema nervoso simpático é excitado, provocando a
fechar completamente, aumentando a pressão nas veias contração do baço e seus vasos (até 50 mL podem ser
das pernas e o calibre delas e destrói de forma total a liberados aumentando em 1 a 2% o hematócrito). Em outras
função das válvulas. Veias varicosas são grandes áreas da polpa esplênica existem ilhotas de leucócitos
protrusões bolhosas das veias sob a pele de toda a (polpa branca), onde são produzidas células linfoides
perna. Quando pessoas com veias varicosas ficam em pé semelhantes às produzidas nos linfonodos (sistema imune).
por mais de alguns minutos, as pressões capilares e Quando algumas células sanguíneas passam pela polpa
venosas ficam tão altas que há a saída de líquido dos esplênica são muito comprimidas antes de penetrar os seios
capilares, provocando edema nas pernas. Esse edema e são destruídas; após a ruptura a hemoglobina e o
impede a difusão de nutrientes dos capilares para as estroma celular são digeridos pelas células
células musculares e cutâneas, deixando os músculos reticuloendoteliais do baço, e os produtos da digestão
doloridos e fracos e a pele gangrenosa (morte de um podem ser reutilizados. A polpa do baço contem células
tecido devido à insuficiência de irrigação sanguínea) e fagocíticas reticuloendoteliais que funcionam como parte do
ulcerada. sistema de limpeza do sangue, removendo agentes
infecciosos (por ex. bactérias, parasitas).
Função de reservatório sanguíneo: quando o organismo
perde sangue e a pressão arterial começa a cair, são MICROCIRCULAÇÃO
desencadeados sinais nervosos pelos seios carotídeos e Nela ocorre a principal função do SC: transporte de
outras áreas sensíveis à pressão que fazem com que o nutrientes para tecidos e remoção da excreção celular.
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ESTRUTURA DA MICROCIRCULAÇÃO
Em geral, cada artéria que penetra um órgão se ramifica
por seis a oito vezes antes que seus ramos fiquem
pequenos o bastante para serem chamados de arteríolas
(10 a 15 micrômetros de diâmetro). As arteríolas se
ramificam por mais 2 a 5 vezes, atingindo diâmetros de 5 a
9 micrômetros em suas porções terminais (metarteríolas),
suprindo sangue para os capilares.
As arteríolas são muito musculares, podendo alterar
muitas vezes seu diâmetro, já as metarteríolas não tem Poros especiais nos capilares de certos órgãos:
revestimento muscular contínuo, mas sim pontos - Cérebro: as junções entre as células endoteliais capilares
intermitentes. No ponto onde cada capilar verdadeiro se são “oclusivas” (tight junctions) que só permitem a
origina da metarteríola, uma fibra muscular lisa circunda o passagem de moléculas pequenas (água, O2, CO2) para
capilar, formando o esfíncter pré-capilar que pode abrir e dentro ou fora dos tecidos cerebrais.
fechar a entrada do capilar. Metarteríolas e o esfíncter - Fígado: ocorre o posto, as fendas são muito abertas de
estão em contato íntimo com os tecidos que irrigam (as modo que quase todas as substâncias dissolvidas no
condições locais causam efeitos diretos sobre os vasos). plasma (incluindo proteínas) podem passar do sangue para
As vênulas são maiores que as arteríolas e tem os tecidos hepáticos.
revestimento muscular mais fraco, porém, como sua - Capilares gastrintestinais: tamanhos intermediários
pressão é menor, ainda conseguem se contrair. entre os poros dos músculos e do fígado.
- Glomérulos capilares renais: muitas pequenas
aberturas ovais chamadas fenestrações atravessam pelo
meio as células endoteliais, para que grandes quantidades
de substâncias iônicas e moleculares pequenas podem
ser filtradas pelos glomérulos sem ter que passar pelas
fendas entre as células endoteliais.
A parede é composta por camada unicelular de células O sangue em geral não flui de maneira continua pelos
endoteliais e é circundada por membrana basal fina no capilares, o fluxo é intermitente, ocorrendo ou sendo
lado externo do capilar. Espessura de 0,5 micrômetro e interrompido a cada poucos segundos ou minutos. É
diâmetro interno de 4 a 9 micrômetros (o necessário para causado pela vasomotilidade (contração intermitente das
que eritrócitos e outras células possam passar por ele.
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Existem 4 forças primárias (forças de Starling) que sanguínea, criando ligeira pressão negativa no liquido
determinam se o líquido se moverá do sangue para o líquido intersticial.
intersticial ou no sentido inverso:
TROCAS DE LÍQUIDO
- pressão capilar (Pc): força o líquido para fora através da
membrana capilar; A pressão média nas extremidades arteriais dos capilares é
- pressão do líquido intersticial (Pli): força o líquido para de 15 a 25mmHg maior que nas extremidades venosas. Por
dentro através da membrana capilar quando a Pli for essa diferença, o líquido é “filtrado” para fora dos
positiva e para fora quando for negativa; capilares nas extremidades arteriais, mas nas venosas o
- pressão coloidosmótica plasmática capilar (IIp): líquido é reabsorvido de volta para os capilares. A
provoca a osmose do líquido para dentro através da pressão de reabsorção faz com que cerca de 9 décimos do
membrana capilar; liquido filtrado sejam reabsorvidos nas extremidades
- pressão coloidosmótica do líquido intersticial (IIli): venosas. O decimo restante flui para os vasos linfáticos,
provoca osmose de líquido para fora através da membrana retornando para o sangue circulante.
capilar. Aumento da pressão capilar média tende a produzir
Se a soma dessas forças (pressão efetiva de filtração) for filtração excessiva de líquido para os espaços
positiva, ocorrerá saída de líquido dos capilares para o intersticiais (excedendo a capacidade de remoção do
espaço intersticial; se for negativa, ocorrerá absorção de sistema linfático, acumulando líquido e gerando edema). Já
líquido. quando a pressão capilar cai, ocorrerá reabsorção de
líquido pelos capilares, aumentando o volume sanguíneo.
SISTEMA LINFÁTICO
Via acessória que permite o líquido fluir dos espaços
intersticiais de volta para o sangue. Além disso,
Intensidade de filtração de líquido é determinada também transportam para fora do interstício proteínas e grandes
pelo número e tamanho dos poros, bem como pelo partículas que não podem ser removidas por absorção
número de capilares, esses fatores são expressos como direta pelos capilares sanguíneos (função essencial).
coeficiente de filtração capilar (Kf).
CAPILARES LINFÁTICOS TERMINAIS
PRESSÕES DO LÍQUIDO INTERSTICIAL EM TECIDOS O volume total de líquido que segue para os capilares
CIRCUNDADOS POR ESTRUTURAS RÍGIDAS
linfáticos e retorna ao sangue é de apenas 2 a 3 litros/dia.
Tecidos circundados por estruturas rígidas como a caixa
Esse líquido que retorna é importante por conter
craniana ao redor do encéfalo, capsula fibrosa ao redor do
substâncias de alto peso molecular (proteínas) que só
rim, bainhas fibrosas em torno dos músculos e esclera em
são absorvidas nos tecidos através do sangue.
torno do olho possuem pressões positivas. A pressão
normal do líquido intersticial é em geral vários milímetros
abaixo em relação à que circunda cada tecido.
adjacentes, a borda de uma se sobrepõe à da seguinte, de A bomba linfática fica muito ativa durante o exercício
modo que a borda sobreposta fica livre para se dobrar para (aumentando o fluxo por 10 a 30 vezes). Ao contrário, no
dentro, formando uma válvula minúscula que se abre para repouso, o fluxo é extremamente lento, quase nulo.
o interior do capilar linfático.
O PAPEL DO SISTEMA LINFÁTICO
Assim, o liquido intersticial junto com as partículas
suspensas pressionam e abrem a válvula, fluindo Desempenha papel central no controle da concentração de
diretamente para o capilar linfático. Entretanto, esse liquido proteínas, do volume e pressão do líquido intersticial.
tem dificuldade para deixar o capilar uma vez que tenha Pequena quantidade de proteínas extravasa continuamente
entrado pois qualquer refluxo fecha a válvula, por isso, os dos capilares para o interstício e pequena parte delas
linfáticos tem válvulas nas extremidades dos capilares consegue retornar à circulação pelas extremidades
linfáticos terminais, bem como ao longo de seus vasos venosas, sendo assim, a tendência é o acumulo de
proteínas no líquido, aumentando sua pressão
mais grossos, até o ponto que escoam para a circulação
coloidosmótica. Isso causa o deslocamento do balanço das
sanguínea.
forças na membrana capilar a favor da passagem de mais
FORMAÇÃO DA LINFA líquido para o interstício, aumentando o volume e pressão.
É derivada do líquido intersticial e apresenta praticamente Esse aumento de pressão provoca aumento na intensidade
a mesma composição dele, mas pode ter variações do fluxo linfático, eliminando o excesso de líquido intersticial
dependendo do tecido. O sistema linfático é uma das e proteína que tinha se acumulado.
principais vias de absorção de nutrientes vindos do trato
gastrintestinal, em especial absorção de praticamente SIGNIFICADO DA PRESSÃO NEGATIVA DO LÍQUIDO
INTERSTICIAL
todos os lipídios dos alimentos (quilomicra). Também
Essa pressão negativa mantem os tecidos unidos e quando
apresenta glóbulos brancos (leucócitos). Quando a linfa
eles perdem essa negatividade ocorre acúmulo de líquido
se junta ao sangue, volta a ser plasma.
nos espaços (edema).
Qualquer valor que aumente a pressão do líquido
intersticial, aumenta o fluxo linfático, são eles: EDEMA
- pressão hidrostática capilar elevada;
Presença em excesso de líquido nos tecidos do corpo (intra
- pressão coloidosmótica diminuída do plasma;
ou extracelular).
- pressão coloidosmótica aumentada do LI;
- permeabilidade aumentada dos capilares. EDEMA INTRACELULAR
Condições que causam:
BOMBA LINFÁTICA
- Hiponatremia: desequilíbrio hidroeletrolítico levando a
Todos os canais linfáticos têm válvulas. Quando recebe
baixa concentração de sódio no sangue;
líquido, o músculo liso da parede do vaso se contrai,
- Depressão dos sistemas metabólicos dos tecidos;
bombeando o líquido para o segmento linfático seguinte. Os
- Falta de nutrição adequada para as células;
filamentos de ancoragem e filamentos contráteis de
- Processo inflamatório: aumenta a permeabilidade da
actomiosina também auxiliam no bombeamento.
membrana celular, permitindo a entrada de sódio e outros
Além disso, qualquer fator externo que comprima o vaso
íons, aumentando a osmose.
linfático pode provocar o bombeamento. Em ordem de
Por ex. a redução do fluxo sanguíneo provoca prejuízo no
importância, esses fatores são:
funcionamento das bombas iônicas, fazendo com que o
- contração dos músculos esqueléticos circundantes;
sódio que normalmente vazam para dentro da célula não
- movimento de partes do corpo;
sejam bombeados para fora, o excesso desse íon no meio
- pulsações de artérias adjacentes;
intracelular causa osmose para a célula.
- compressão dos tecidos por objetos externos ao corpo.
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MECANISMOS DE CONTROLE
É dividido em 2 fases:
- controle agudo: realizado por rápidas variações da
vasodilatação ou vasoconstrição local das arteríolas,
metarteríolas e esfíncteres pré-capilares (segundos ou
minutos para permitir a manutenção rápida do fluxo
sanguíneo tecidual local).
- controle a longo prazo: variações lentas e controladas ao
longo de dias, semanas ou até meses. Resultam no melhor
controle do fluxo em proporção às necessidades teciduais
e ocorrem como resultado do aumento ou diminuição nas
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dimensões físicas e no número de vasos sanguíneos que HIPEREMIA REATIVA: quando a irrigação sanguínea
suprem os tecidos. para um tecido é bloqueada por alguns segundos até 1
CONTROLE AGUDO hora ou mais e então é desbloqueada, o fluxo sanguíneo
- Aumento da intensidade metabólica de um tecido pelo tecido aumenta imediatamente para até 4 a 7x,
localizado aumenta o fluxo (proporção 8:4). persistindo por alguns segundos ou horas. Colocam em
- Disponibilidade de oxigênio diminuída (grandes altitudes, ação fatores que provocam a vasodilatação.
pneumonia, intoxicação por CO, por cianeto) aumenta o HIPEREMIA ATIVA: quando qualquer tecido se torna
fluxo intensamente. muito ativo (musculo durante exercício, glândula
gastrintestinal durante período de hipersecreção, cérebro
Teorias para a regulação do fluxo sanguíneo local quando durante atividade mental rápida) sua intensidade de fluxo
a intensidade do metabolismo ou disponibilidade de aumenta.
oxigênio se alteram: vasodilatação e falta de oxigênio.
TEORIA DA VASODILATAÇÃO: quanto maior a “AUTORREGULAÇÃO” DO FLUXO SANGUÍNEO
QUANDO A PRESSÃO ARTERIAL É VARIADA
intensidade do metabolismo ou menor a disponibilidade de
Quando há elevação da pressão sanguínea, o fluxo
oxigênio ou de outros nutrientes, maior será a
aumenta imediatamente, porém, após menos de 1 minuto,
intensidade/velocidade de formação de substâncias
o fluxo na maioria dos tecidos volta ao normal devido à
vasodilatadoras pelas células teciduais (dilatação dos
autorregulação do fluxo sanguíneo, apesar da PA
esfíncteres pré-capilares, metarteríolas e arteríolas).
continuar elevada. Duas teorias para explicar esse
Substâncias vasodilatadoras: adenosina (liberada por ex.
mecanismo:
quando o fluxo sanguíneo coronariano fica muito baixo),
TEORIA METABÓLICA: assim que a pressão arterial fica
dióxido de carbono, compostos fosfatados de
muito elevada, o excesso do fluxo proporciona nutrientes
adenosina, histamina, íons potássio e hidrogênio (ácido
demais aos tecidos e também varre as substâncias
lático).
vasodilatadoras para fora dos tecidos; esses dois efeitos
TEORIA DA FALTA DE OXIGÊNIO (NUTRIENTES): o
fazem, então com que os vasos sanguíneos se contraiam e
oxigênio e demais nutrientes são necessários para a
o fluxo retorne praticamente ao normal apesar da
contração muscular vascular, então, na ausência de
elevação da pressão.
quantidades adequadas, os vasos sanguíneos dilatariam.
Os esfíncteres pré-capilares e as metarteríolas abrem e TEORIA MIOGÊNICA: quando a pressão no vaso aumenta
fecham de forma cíclica (vasomotilidade) de acordo com a agudamente, ocorre estiramento da musculatura lisa da
necessidade metabólica do tecido; como o músculo liso parede do vaso, fazendo com que ocorra despolarização
precisa de oxigênio para permanecer contraído, quando a e contração do músculo, tendendo a normalizar o fluxo.
concentração fosse elevada acima de certo nível, os Esse processo é comum em arteríolas, mas pode ocorrer
esfíncteres e as metarteríolas se fechariam até que o em outros vasos (até linfáticos). Sugeriu-se especialmente
oxigênio em excesso fosse consumido; porém, quando sua que o mecanismo miogênico protegeria os capilares de
concentração caísse o suficiente, eles abririam de novo pressões arteriais excessivamente elevadas. Se a
reiniciando o ciclo. pressão nas pequenas artérias e arteríolas se elevassem
em demasia, esses vasos simplesmente se contrairiam e
Outros nutrientes podem afetar o controle local do fluxo impediriam que essa pressão elevada fosse transmitida aos
sanguíneo como na deficiência de glicose, aminoácidos, capilares, que são tão fracos que uma pressão excessiva
ácidos graxos e de vitaminas B (tiamina, niacina e poderia rompê-los.
riboflavina).
Outros exemplos do controle metabólico local do fluxo
sanguíneo:
Gabriela Maria Nascimento Feitosa – Turma 73