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- Esse tipo de circulação remove os eritrócitos pouco deformáveis e as partículas ligadas à membrana, como corpos de Heinz, corpúsculos de
Howell-Jolly, grânulos sideróticos e vacúolos;
- Na circulação esplênica ocorre redução do volume do plasma (plasma skimming), uma vez que o fluxo laminar nas arteríolas centrais desvia o
plasma para os ramos perpendiculares, formando sangue com elevado hematócrito, que circula lentamente na polpa vermelha, de modo a gerar
maior estase e condições metabólicas desfavoráveis (hipóxia, acidose e redução na concentração de glicose);
- Os macrófagos do fígado detectam apenas lesões maiores, porém esses atuam de forma mais eficiente devido ao maior fluxo sanguíneo (35%
do volume-minuto cardíaco, enquanto o esplênico é 5%);
- Esferocitose Hereditária – hemácias com defeitos mínimos, que não são detectadas no fígado, sendo destruídas no baço – a esplenectomia é terapêutica;
- Anemia Falciforme – hemácias suficientemente deformadas para serem detectadas no fígado – a esplenectomia não altera a doença;
b. HEMÓLISE INTRAVASCULAR
- A hemólise intravascular (destruição de eritrócitos dentro dos vasos sanguíneos) desempenha um pequeno ou nenhum papel na destruição
normal dos eritrócitos – ocorre em situações patológicas;
- Hemácias com lesão grave podem ser destruídas no espaço intravascular, como ocorre nos traumas ou na hemólise por ação do complemento;
- Quando ocorre esta situação, a hemoglobina é liberada na circulação, onde se liga à haptoglobina alfa2-glicoproteína, que é uma proteína
plasmática produzida no fígado, formando o complexo hemoglobina-haptoglobina, que será levado ao fígado para ser catabolizado;
- Porém, quando a quantidade de hemoglobina liberada na circulação excede a capacidade de ligação da haptoglobina, a hemoglobina livre é
filtrada nos rins, esta é em sua maior parte reabsorvida nos túbulos, porém caso a capacidade de reabsorção dos túbulos for excedida, a
hemoglobina é perdida na urina, gerando hemoglobinúria;
- A hemoglobina reabsorvida nos túbulos é metabolizada na célula epitelial tubular e o ferro fica acumulado sob a forma de ferritina e
hemossiderina;
**em casos de hemólise intravascular crônica, células epiteliais carregadas de hemossiderina podem ser demonstradas na urina pela reação do
azul de prússia (hemossiderinúria)**
c. METABOLISMO DOS PRODUTOS DA HEMÓLISE
- O catabolismo da heme dos eritrócitos libera ferro para recirculação via transferrina plasmática – este ferro é reutilizado para formação de
eritroblastos da medula óssea e para formação de protoporfirina que é transformada em bilirrubina;
- A maior destruição de hemoglobina resulta em um rápido catabolismo do heme (porção não proteica da hemoglobina), com produção
acelerada dos 2 principais catabólitos do heme: pigmentos biliares e monóxido de carbono;
- Nos macrófagos, a enzima heme oxigenasse microssomal rompe o heme livre pela oxidação de 1 das 4 pontes de meteno do anel da
proroporfirina -> o carbono liberado forma monóxido de carbono; o ferro é reaproveitado; a protoporfirina rompida e oxidada forma a biliverdina
(pigmento esverdeado), que é rapidamente reduzida a bilirrubina;
- A bilirrubina é liberada dos locais de catabolismo do heme, aparecendo no plasma em valores de 0,5 a 1 mg/dL – esta circula ligada à albumina,
buscando aumentar sua solubilidade, uma vez que apresenta caráter lipossolúvel;
- A bilirrubina é liberada da albumina no fígado, sendo capturada pelo hepatócito e conjugada com ácido glicurônico, pela ação da enzima
glicuroniltransferase, de modo a formar a diglicuronato de bilirrubina / bilirrubina conjugada;
- A bilirrubina conjugada é hidrossolúvel, sendo excretada nas fezes juntamente com a bile, de modo a ser encontrada em pequena concentração
no plasma;
- A bilirrubina conjugada/direta plasmática é filtrada e excretada na urina;
**a bilirrubina não conjugada/indireta não é excretada na urina**
- No intestino, a bilirrubina é reduzida a urobilinogênios, que são compostos incolores responsáveis por originar as urobilinas (compostos
coloridos das fezes) ou são absorvidos (10 a 20%) e levados ao fígado para serem reexcretados na recirculação enterro-hepática do
urobilinogênio, enquanto pequena quantidade do urobilinogênio reabsorvido é filtrada e excretada pelos rins;
**quando ocorre comprometimento na função hepática, aparece quantidade elevada de urobilinogênio na urina**
ANEMIAS HEMOLÍTICAS
- Anemias resultantes do aumento do ritmo de destruição dos eritrócitos, fazendo com que a sobrevida das hemácias em circulação esteja
acentuadamente reduzida;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- São doenças hemolíticas compensadas, pois a hiperplasia eritropoética e a expansão anatômica da medula óssea permitem que a destruição
dos eritrócitos aumente muito antes da consolidação da anemia;
- A medula óssea normal do adulto, após a expansão total, é capaz de produzir eritrócitos em ritmo 6 a 8 vezes maior que o normal, gerando
acentuada reticulocitose;
- A hiper-regeneração reacional faz com que a anemia decorrente da hemólise só seja notada quando a sobrevida eritrocitária for inferior a 15
a 20 dias;
1. FISIOPATOLOGIA
- Os eritrócitos na anemia hemolítica são destruídos por 2 diferentes mecanismos, a hemólise extravascular e a hemólise intravascular – o
mecanismo predominante depende da fisiopatologia da anemia hemolítica em questão;
- Hemólise Extravascular - remoção de eritrócitos por macrófagos do sistema reticuloendotelial (RE);
- Hemólise Intravascular - destruição direta dos eritrócitos na circulação;
2. CONSEQUÊNCIAS DA HEMÓLISE ACELERADA
a. DESTRUIÇÃO EXCESSIVA DE HEMÁCIAS
- Com o catabolismo aumentado do heme, a quantidade de bilirrubina produzida aumenta,
gerando a elevação da bilirrubina não conjugada (indireta) no plasma, que clinicamente se
manifesta por icterícia acolúrica, uma vez que a bilirrubina indireta não é excretada na urina;
- A grande quantidade de urobilinogênio excretada diariamente leva a formação de cálculos
biliares, que ocasionalmente podem gerar crises intermitentes de icterícia obstrutiva, com
elevação da bilirrubina conjugada/direta e excreção de pigmentos biliares na urina (icterícia
colúrica)– são detectados em 30 a 60% dos pacientes com anemias hemolíticas hereditárias,
mas apenas 10 a 15% apresentam sintomas;
- A excessiva destruição de eritrócitos no sistema fagocítico gera hiperplasia celular,
esplenomegalia e hepatomegalia;
b. COMPENSAÇÃO PELA MEDULA ÓSSEA
- Nas anemias hemolíticas, a medula óssea encontra-se hiperplásica;
- Os eritroblastos passam a constituir 60% ou mais das células da medula (comumente
correspondem a menos de 20%), fazendo com que a relação leucócito-eritroblasto seja de
1:1 ou que se inverta (normalmente é de 4 a 5:1);
- A medula óssea ativa expande seu volume, ocupando áreas que normalmente conteriam
medula óssea inativa (medula óssea gordurosa);
- Na ocorrência de anemia hemolítica, um homem adulto pode duplicar a medula óssea e
triplicar a quantidade de precursores eritrocitários, permitindo que a produção de eritrócitos
atinja 6 a 7 vezes o valor normal;
- Hemólise Compensada - a medula consegue compensar até quando a sobrevida das hemácias cai de 120 para 20 dias, produzindo 6 vezes o
normal, sem que haja anemia;
- Porém quando a sobrevida das hemácias for < que 20 dias, a medula não é mais capaz de realizar a compensação, de modo que a anemia se
manifeste;
- Ocorre aumento dos reticulócitos no sangue periférico devido à hiperatividade da medula óssea;
- As anemias hemolíticas crônicas podem cursar com alterações importantes do esqueleto, que serão visíveis nas radiografias, como ocorre na
talassemia beta-homozigótica;
3. CLASSIIFCAÇÃO QUANTO A ORIGEM
Hemólise Mecânica
- Situações em que o rompimento das hemácias ocorre por lesão por próteses valvares cardíacas, marcha prolongada ou deposição de fibrina
na microcirculação (anemia hemolítica microangiopática);
- Situações em que podem ocorrer: coagulação intravascular disseminada (CID), púrpura trombocitopênica tombocítica (PTT), síndrome
hemolítico-urêmica (SHU) e pré-eclâmpsia grave complicada com síndrome HELLP;
Anemia Hemolítica em Infecções
- Numerosas infecções podem se associar à hemólise, devido à ação direta do parasita na hemácia (malária), à produção de substâncias biológicas
que atuam sobre a hemácia e sobre a sua membrana ou que desencadeiam mecanismos imunes (viroses);
- Formas graves de infecções associadas à coagulação intravascular disseminada podem gerar hemólise do tipo microangiopático;
5. ASPECTOS CLÍNICOS
- O paciente apresenta palidez de mucosas, icterícia leve flutuante e esplenomegalia;
- A urina pode se tornar escura devido ao excesso de urobilinogênio, mas não apresenta bilirrubina na urina;
- Frequentemente forma-se cálculos vesiculares de pigmento (bilirrubina);
- Alguns pacientes podem desenvolver úlceras em volta do tornozelo – ocorre principalmente na anemia falciforme;
- Podem apresentar crises aplásticas precipitadas por infecção com parvovírus – esses vírus desligam a eritropoese, com intensificação súbita da
anemia, devido à queda da contagem dos reticulócitos;
**a crise aplástica só ocorre pela deficiência de folato se a medula estiver megalobástica**
6. AVALIAÇÃO LABORATORIAL DAS ANEMIAS
- Sinais de aumento da destruição eritroide: (1) aumento da bilirrubina sérica, não conjugada e ligada à albumina; (2) aumento do urobilinogênio
urinário; (3) haptoglobinas séricas ausentes, devido à saturação com hemoglobina, com remoção dos complexos pelas células do sistema reticulo
endotelial;
- Sinais de aumento da produção eritroide: (1) reticulocitose; (2) hiperplasia eritroide da medula óssea, de modo que a relação normal
mieloide:eritroide de 2:1 a 12:1 diminui para 1:1 ou se inverte;
- Sinais de dano aos eritrócitos: (1) morfologia, com microesferócitos, eliptócitos e fragmentos; (2) fragilidade osmótica; (3) testes para enzimas
específicas, para proteínas ou de DNA;
- Características Laboratoriais da Hemólise Intravascular: (1) hemoglobinemia e hemoglobinúria; (2) hemossiderinúria; (3) metemalbuminemia;
ANEMIAS HEMOLÍTICAS HEREDITÁRIAS
DEFEITOS DE MEMBRANA
- Proteínas Periféricas – forma o citoesqueleto eritrocitário localizado logo abaixo da camada lipídica;
- Citoesqueleto - é fundamental para a manutenção da forma bicôncava e da flexibilidade da hemácia – é formado pelas proteínas periféricas localizadas logo
abaixo da camada lipídica, sendo constituído basicamente por espectrina alfa e beta, anquirina (banda2.1), filamentos curtos de actina (banda 5), tropomiosina
(banda 7), tropomodulina, aducina e proteínas 4.1, 4.2 (palidina), 4.9 (dematina) e p55;
- Os tetrâmeros de espectrina definem triângulos com grande quantidade de moléculas de banda 3 - atuam no transporte de cloro e bicarbonato (HCO3-) – sua
capacidade de formar agregados define a senescência das hemácias, possibilitando sua ligação com anticorpos e remoção pelo baço;
- As proteínas das membranas eritroides também se encontram em outros tecidos ou órgãos, porém são raras as alterações clínicas significantes nestes – ex.: (1)
genes da espectrina e anquirina são expressos em musculoesquelético e em neurônios como isoformas tecido-específicas; (2) a banda 3 é expressa em rins e
miocárdio;
1. ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA (ESH)
1.1 FISIOPATOLOGIA
- Defeito celular primário: perda da área de superfície da
membrana em relação ao volume intracelular, com formação de
esferócitos, redução da deformabilidade das hemácias e
predisposição ao aprisionamento esplênico;
- Causada por defeitos nas proteínas do citoesqueleto eritrocitário,
envolvidas nas interações verticais entre o esqueleto e a bicamada
lipídica da membrana dos eritrócitos;
- Os defeitos verticais (defeitos da interação do esqueleto com a
membrana) são responsáveis pela desestabilização da dupla
camada lipídica, com consequente perda da superfície da
membrana;
- Categorias das anormalidades bioquímicas da EsH: (1) deficiência
isolada de espectrina; (2) deficiência combinada de espectrina e
anquirina; (3) deficiência de banda 3; (4) deficiência de proteína
4.2;
**pacientes com defeito na banda 3 apresentam aumento do pH urinário, devido à maior excreção de ânions HCO 3-**
- O grau de deficiência de espectrina nos eritrócitos é proporcional ao aumento da fragilidade osmótica e à instabilidade da dupla camada lipídica,
sugerindo que a perda da área de superfície resulte de uma deficiência primária ou secundária da espectrina;
- Vários graus de deficiência de espectrina são detectados nos pacientes com EsH, sendo o defeito molecular básico heterogêneo, envolvendo
mutações no gene da anquirina, beta-espectrina, banda 3, proteína 4.2 (japoneses), alfa-espectrina (forma recessiva rara e grave);
- A medula óssea produz eritrócitos de forma bicôncava normal, mas eles perdem porções de membrana e ficam cada vez mais esféricos (perde
área de superfície em relação ao volume) à medida que circulam pelo baço e pelo resto do sistema reticulo endotelial;
- A perda da membrana pode ser causada pela liberação de partes da bicamada lipídica que não estão adequadamente sustentadas pelo
esqueleto;
- A diminuição da superfície da membrana celular se correlaciona com a gravidade da hemólise;
- Os eritrócitos tornam-se incapazes de passar pela circulação esplênica, devido à sua reduzida deformabilidade, sendo fagocitados pelos
macrófagos e morrendo prematuramente;
- Condições que diminuem a hemólise: icterícia obstrutiva – as hemácias captam colesterol e fosfolípides do plasma anormal, corrigindo a
fragilidade osmótica e melhorando a sobrevida das hemácias;
- Fatores que corrigem a instabilidade intrínseca da membrana das hemácias: condições ótimas de pH e níveis de ATP;
1.2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- A anemia se apresenta em qualquer idade, variando dos primeiros meses à velhice, com manifestações clínicas diferentes conforme o período
de vida;
- O quadro é heterogêneo até entre membros de uma mesma família, podendo ser assintomático ou acidentalmente grave;
- Classificação: (traço) portadores assintomáticos, com discretas alterações laboratoriais que dificultam o diagnóstico, aumento da fragilidade
osmótica em hemácias incubadas, leve reticulocitose ou diminuição dos níveis de haptoglobina; (formas leve e moderada / típicas) mais
frequentes, cursam com hemólise compensada, diagnóstico na vida adulta com sinais de esplenomegalia, colelitíase, icterícia e evidência
laboratorial mínima de destruição acelerada das hemácias; (forma moderadamente grave e grave) menos de 10% dos casos;
- Transmissão Genética: (caráter dominante) ocorre em 75% dos casos, com evolução clínica variável, respondendo bem à esplenectomia;
(caráter recessivo ou mutações de novo) ocorre em 25% dos casos, com quadro clínico de EsH típica ou leve, pois esses alelos em heterozigoze
não se manifestam;
- A icterícia é flutuante, podendo ser acentuada quando houver concomitância com síndrome de Gilbert (defeito genético da conjugação hepática
da bilirrubina);
- A maioria dos pacientes desenvolve esplenomegalia;
- Frequentemente desenvolvem cálculos vesiculares de pigmento;
- A anemia pode ser subitamente intensificada por crises aplásticas precipitadas por parvovírus;
- Neonatos – 50% apresentam icterícia neonatal, necessitando de fototerapia ou exsanguineotransfusão – em sua maioria tornam-se
assintomáticos após algumas semanas de vida;
1.3 DIAGNÓSTICO
- Pode ser realizado a investigação da deficiência de proteínas de membrana e de polimorfismos gênicos por biologia molecular e até
sequenciamento gênico;
- Fatores que dificultam o diagnóstico: ausência de padrão familiar, incompatibilidade ABO no período neonatal, recuperação da função da
medula óssea, associação com doenças que aumentam a relação superfície/volume das hemácias (anemia ferropriva, talassemias, icterícia
obstrutiva, anemias megaloblásticas ou hemoglobinopatia SC – corrigem o teste de fragilidade osmótica ou reduz o CHCM);
1.4 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
- Situações que podem formar esferócitos: anemias hemolíticas imunes (incompatibilidade ABO), lesão oxidante aguda (deficiência de G6PD),
exposição tóxica a agentes oxidantes ou venenos de cobra, lesão térmica, hipofosfatemia e septicemia por Clostridium;
1.5 TRATAMENTO
- Colecistectomia – realizada de forma simultânea à esplenectomia se houver litíase com expressão clínica;
Ácido Fólico
- 1 mg/dia;
- Indicação: todos pacientes com doenças da membrana eritrocitária e hemólise crônica – previne a anemia megaloblástica, malformação do
tubo neural em fetos de gestantes com carência e trombose devido ao acúmulo de homocisteína;
Esplenectomia
- Indicação: doença de membrana grave, anemia, litíase biliar, úlceras de perna, retardo de crescimento, hematopoese extramedular;
- Realizada preferencialmente por via laparoscópica;
- Restrita em casos assintomáticos, devido ao risco de sepse pós-esplenectomia, principalmente na infância;
- Deve ser adiada até que o paciente tenha pelo menos 5 anos de idade, devendo ser realizada após esse período, uma vez que o risco de
colelitíase aumenta drasticamente após os 10 anos;
- Normaliza a hemoglobina, eliminando a anemia e reduzindo a contagem de reticulócitos para valores próximos do normal, apesar da
persistência dos esferócitos formados no resto do sistema reticulo endotelial;
- Contraindicação: estomatocitoses hereditárias, como a xerocitose hereditária;
**os pacientes com formas graves podem não obter remissão completa após a esplenectomia, mas se beneficiam do procedimento**
- Emprega-se vacinas antipneumocócica polivante e anti-H influenzae pelo menos 8 semanas antes da esplenectomia;
- Após a esplenectomia deve-se instituir antibioticoterapia profilática com penicilina via oral, duas vezes ao dia, ou penicilina benzatina
intramuscular a cada 3 semanas, por pelo menos 2 anos;
- Complicações: septicemia, infecção, sangramento, doença cardíaca isquêmica, oclusão de veia porta e mesentérica, AVE, IAM, pancreatite,
plaquetose, tromboembolismo;
**esplenectomia parcial – possibilidade que reduz as complicações, não ocorrendo reconstituição posterior**
- Falha – causa: presença de baço acessório (15 a 40% dos pacientes) ou associação da doença de membrana com outro defeito hereditário do
glóbulo vermelho;
2. ELIPTOCITOSE HEREDITÁRIA
- Distúrbio clinicamente mais leve, semelhante clinicamente e laboratorialmente com a esferocitose hereditária;
- Defeito básico: falha na associação de heterodímeros de espectrina para formar heterotetrâmetos;
- Foi-se detectado várias mutações genéticas que afetam as interações horizontais;
- Notado por acaso à microscopia de hemograma, sem evidências de hemólise;
- Somente pacientes ocasionais necessitam de esplenectomia;
- Piropecilocitose Hereditária – anemia hemolítica grave que ocorre em pacientes homozigóticos ou duplamente heterozigóticos para
ovalocitose;
3. OVALOCITOSE
- Defeito básico: deleção de nove aminoácidos na junção dos domínios citoplasmáticos e transmembrana da proteína banda 3;
- Apresenta células rígidas que resistem à invasão por parasitos da malária;
- É comum na Ásia;
- A maioria desses casos são assintomáticos e não cursam com anemia;
DEFEITOS NO METABOLISMO DO ERITRÓCITO
1. DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6-FOSFATO-DESIDROGENASE
1.1 EPIDEMIOLOGIA
- Variantes normais da enzima G6PD: tipo B (ocidental), tipo A
(africanos) e mais de 400 variantes (geradas por mutações pontuais
ou por deleções da enzima);
- Herança ligada ao sexo, sendo carreada por mulheres
(apresentam metade dos valores médios de G6PD eritrocitária) e
acometendo homens;
- A leve deficiência das mulheres heterozigotas gera vantagem na
resistência ao P. falciparum;
- O grau de deficiência varia conforme a etnia afetada, sendo mais
leve em negros africanos e mais graves nos povos do Oriente
Médio, Sul da Ásia e mediterrâneos;
**casos de deficiência grave ocasionalmente acometem raças
brancas**
1.2 ASPECTOS CLÍNICOS
- A deficiência de G6PD geralmente é assintomática, com
hemograma normal entre as crises de hemólise;
- Síndromes Clínicas Possíveis: (1) anemia hemolítica aguda em
resposta a estresse oxidante; (2) icterícia neonatal; (3) anemia
hemolítica congênita não esferocítica – resultam de diferentes
tipos de deficiência enzimática grave;
- Anemia Hemolítica Aguda em Resposta a Estresse Oxidante –
estressores oxidantes: fármacos, ingestão de favas ou infecções – a
anemia aguda é causada por hemólise intravascular rapidamente
progressiva com hemoglobinúria, sendo essa autolimitada, uma vez
que eritrócitos novos são formados com níveis enzimáticos quase
normais;
1.3 DIAGNÓSTICO
- O hemograma entre as crises é normal;
- Os exames de triagem ou a dosagem direta da enzima nos eritrócitos pode detectar a
deficiência enzimática;
- Distensão Sanguínea – mostra, durante a crise, células contraídas e fragmentadas, mordidas
e vesiculadas, devido a remoção dos corpúsculos de Heinz pelo baço – os corpúsculos de
Heinz (hemoglobina oxidada desnaturada) podem ser vistos na preparação de reticulócitos,
principalmente em pacientes esplenectomizados;
- A dosagem da enzima nos eritrócitos pode fornecer falso nível normal na fase aguda da
hemólise com grande resposta reticulocítica, devido ao nível mais alto de enzima nos
eritrócitos jovens – a dosagem subsequente, depois da fase aguda, mostra a baixa atividade
de G6PD, que é característica da deficiência, quando a população de eritrócitos volta à
distribuição normal de idade;
1.4 TRATAMENTO
- Suspensão do fármaco lesivo;
- Trata-se infecção subjacente;
- Manutenção do débito urinário alto;
- Transfusão de glóbulos – indicadas se necessárias pela gravidade da anemia;
- Bebês com deficiência de G6PD – apresentam tendência à icterícia neonatal, devido ao comprometimento da função normal do fígado neonatal
pela deficiência de G6PD - pode em casos graves tornar necessário a fototerapia e a exsanguineotransfusão;
2. DEFICIÊNCIA DE GLUTATIONA E OUTRAS SÍNDROMES
- Defeitos na via pentose-fosfato, especificamente deficiência de glutationa;
- Causa síndromes semelhantes às da deficiência de G6PD;
3. DEFEITOS DA VIA GLICOLÍTICA / EMBDENMEYERHOF
- Incomuns;
- Causam anemia hemolítica congênita não esferocíticas;
- Frequentemente relacionada à deficiência de piruvatoquinase (PK), que é autossômica recessiva – os pacientes acometidos são homozigóticos
ou duplamente heterozigotos;
- Os eritrócitos ficam rígidos devido à diminuição da formação de trifosfato de adenosina (ATP);
- A gravidade da anemia varia – pode apresentar hemoglobina entre 4 e 10 g/dL;
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- Provoca sintomas leves devido ao desvio para a direita da curva de dissociação de oxigênio da hemoglobina, causado por aumento do 2,3-
difosfoglicerato (2,3-DPG) intracelular;
- A icterícia é comum e os cálculos vesiculares frequentes;
- Podem apresentar bossa frontal;
- Distensão sanguínea - mostra pecilocitose e células distorcidas e espiculadas, que são numerosas após esplenectomia;
- Diagnóstico – dosagem direta da enzima;
- Esplenectomia – alivia a anemia, mas não cura – indicação: pacientes que necessitam de transfusões sanguíneas frequentes;
Hemoglobinas
- Doenças hereditárias causadas pela diminuição ou anomalia da síntese de globina - incluem a talassemia e a anemia falciforme;
- As mutações nos genes das globinas são os distúrbios monogênicos de maior prevalência no mundo, afetando cerca de 7% da população
mundial;
- Gerada por mutações ou deleções nas sequências do RNAm que contém a informação genética para a codificação/síntese da globina, uma vez
que essas sequencias influenciam a transcrição do gene, asseguram sua fidelidade, especificam sítios para início e término da tradução e
garantem a estabilidade do RNAm recém-sintetizado;
- As anormalidades da hemoglobina resultam da: (1) síntese de uma hemoglobina anormal; (2) diminuição da velocidade de síntese das cadeias
normais alfa ou beta da globina;
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- Muitas vezes a anomalia da hemoglobina é silenciosa, sendo a clinicamente mais importante a anemia das células falciformes;
- As hemoglobinas instáveis são raras, causando anemia hemolítica crônica de gravidade variável com hemólise intravascular;
**as hemoglobinas anormais também podem causar poliglobulia (familiar) ou metemoglobinemia congênita**
- Os defeitos genéticos da hemoglobina são as doenças genéticas mais comuns em todo o mundo, ocorrendo principalmente nas regiões tropicais
e subtropicais, uma vez que as pessoas com essa doença apresentam proteção contra a malária;
SÍNDROMES FALCÊMICAS
Sequestro Esplênico
- O baço é o órgão mais frequentemente acometido, devido à maior propensão ao afoiçamento de hemácias nos cordões esplênicos;
- Ocorre principalmente em lactentes;
- Na AF o sequestro esplênico só acontece nos primeiros anos de vida (em geral em < 5 anos), pois após esse período, a maioria dos pacientes já
completou o processo de autoesplenectomia, secundário à destruição do parênquima esplênico em decorrência de múltiplos infartos teciduais
cumulativos;
- No caso do sequestro esplênico, o baço aumenta rapidamente de tamanho;
- Quadro clínico: esplenomegalia, queda de hemoglobina e dor abdominal – comumente ocorre em crises recidivantes - tratamento: transfusão
ou esplenectomia em síndromes recidivantes;
- O baço de um falcêmico adulto é absolutamente atrófico e fibrosado, sem condições de albergar uma crise de sequestro;
- A taxa de recidiva é de 50%, por este motivo, após o primeiro episódio, já se indica a esplenectomia cirúrgica profilática.
e. INFECÇÕES
- Ocorrem de forma frequente, devido ao hipoesplenismo;
- Mais prevalentes: pneumonia, infecção urinária, septicemia por gram-negativos e osteomielite por Salmonella spp.;
f. OUTRAS COMPLICAÇÕES
- Retinopatia proliferativa;
- Priapismo;
- Cálculos vesiculares de bilirrubina;
Crises Vasoclusivas Cerebral
- Gera acidente vascular cerebral em 7% dos pacientes;
- 1/3 das crianças apresentam infarto cerebral silente antes dos 6
anos;
- Doppler – detecta fluxo sanguíneo cerebral anormal, indicativo de
estenose arterial, podendo ser associado a retardo cognitivo e
sendo preditivo de acidentes vasculares na infância;
- As complicações cerebrais podem ser evitadas pelos programas
de transfusões regulares;
Úlceras nas Extremidades das Pernas
- Achado comum causado pela estase vascular e consequente
isquemia local;
Alterações Cardíacas
- Hipertensão pulmonar + aumento da velocidade da regurgitação tricúspide = maior risco de morte;
Alterações Renais
- Infartos da medula renal, com necrose papilar;
- Gera insuficiência da capacidade de concentrar a urina, agravando a tendência à desidratação e às crises;
- Pode gerar enurese noturna;
1.4 DIAGNÓSTICO
a. RASTREIO/TRIAGEM DE ANEMIA FALCIFORME
- Exames que triam a deformação falciforme dos eritrócitos;
- São positivos quando o sangue é desoxigenado com ditionato e Na2HPO4;
b. EXAMES LABORATORIAIS
- Hemoglobina – varia de 6 a 9 g/dL –
baixa, em comparação com a
sintomatologia leve da anemia;
- Eritrócitos falciformes (drepanócitos) e
células-alvo no sangue;
- Presença de aspectos de atrofia
esplênica, como corpos de Howell-Jolly;
- HPLC ou Eletroforese de Hemoglobina – Hb A não é detectada e quantidade de Hb F variável entre 5 e 15%, sendo as quantidades maiores
associadas a uma doença mais leve;
1.5 TRATAMENTO
- Boas condições gerais de nutrição e higiene;
- Profilaxia – evitar fatores conhecidos por precipitar crises, como: desidratação, anoxia, infecções, estase da circulação e resfriamento da pele;
- Ácido Fólico – 5 mg, 1 vez por semana;
- Vacinação – contra pneumococo, Haemophilus, meningococo e hepatite B;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
- Penicilina – aplicada regularmente por via oral, sendo iniciada na ocasião do diagnóstico e mantida pelo menos até a puberdade – diminui a
frequência de infecções;
- Transfusões – podem ser realizadas repetidamente como profilaxia em pacientes com crises frequentes, pacientes que sofreram lesões
orgânicas importantes (como cerebrais) ou pacientes com resultados anormais ao doppler transcranial – objetivo: suprimir a produção de Hb S
durante um período de vários meses ou anos;
- Tratamento Quelante – como: desferoxamina (desferol) - indicado em caso de sobrecarga de ferro, que é avaliada pelo total de unidades de
sangue transfundido e pelo ferro hepático;
- Gravidez – precisa de cuidados especiais, sendo questionável a necessidade de transfusão de glóbulos para diminuir os níveis de Hb S na
gravidez e antes do parto – transfusões repetidas na gravidez são recomendadas em casos de história de problemas obstétricos prévios ou de
crises frequentes;
- Hidroxicarbamida (Hydrea) – aumenta os níveis de Hb F e melhora a evolução clínica de crianças e adultos – indicação: doença grave ou
moderada, como pacientes que apresentam 3 ou + crises dolorosas por ano – não pode ser utilizada durante a gravidez;
- Transplante de Células-Tronco – indicação: casos mais graves, com qualidade ou expectativa de vida prejudicadas - gera o estado “livre da
doença” em 80% dos casos – mortalidade inferior a 10% - indicado para menor de 16 anos;
a. CRISES
- Repouso e aquecimento;
- Hidratação – realizada por via oral e/ou intravenosa, com solução salina normal (3L em 24h);
- Antibióticos se houver infecção;
- Analgesia – realizada com paracetamol, anti-inflamatório não esteroidal e opiáceos;
- Transfusão sanguínea – feita somente se a anemia for grave e se houver sintomas óbvios de anemia – a exsanguineotransfusão pode ser
necessária quando houver dano neurológico, crise de sequestro visceral ou crises dolorosas repetidas, tendo como objetivo reduzir a
porcentagem de Hb S para 30% ou menos (se houver ocorrido AVE faz-se necessário a manutenção dessa porcentagem por pelo menos 2 anos);
2. TRAÇO DE CÉLULAS FALCIFORMES
- Condição benigna, sem anemia;
- Apresenta Hb S em 25 a 45% da hemoglobina total;
- Distensão sanguínea - aspecto normal dos eritrócitos;
- Apresenta como sintoma mais comum a hematúria, sendo essa causada por pequenos infartos na papila renal;
TALASSEMIAS
- Grupo heterogêneo de doenças genéticas que resultam de diminuição da velocidade de síntese de cadeias alfa ou beta;
- Sua distribuição mundial varia, sendo a beta-talassemia mais comum no Mediterrâneo e a alfa-talassemia no extremo oriente;
- Principais síndromes clínicas: talassemia dependente de transfusão (talassemia maior); talassemia com anemia moderada, não dependente de
transfusão (talassemia intermédia), devido a defeitos genéticos variados; portador de alfa ou beta talassemia (talassemia menor);
1. BETATALASSEMIAS
1.1 BETATALASSEMIA MAIOR – ANEMIA DE COOLEY
a. MECANISMOS GENÉTICOS
- Apresenta-se de forma hereditária, de modo que a chance de ocorrência em filhos de pai e mãe portadoras do traço beta-talassêmico é de 1
em 4;
- Nesses não há síntese de cadeia Beta ou sintetiza-se uma pequena e insuficiente quantidade de cadeias Beta;
- O excesso de cadeias alfa precipita nos eritroblastos e nos eritrócitos maduros, causando séria eritropoese ineficaz e intensa hemólise, comuns
da doença;
- Quanto maior o excesso de cadeias alfa, mais grave a anemia;
- A produção de cadeias gama ajuda a limpar o excesso de cadeias alfa e atenua a doença;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
c. DIAGNÓSTICO
- Distensão Sanguínea - grave anemia microcítica e hipocrômica, com aumento da contagem de reticulócitos e com eritroblastos, células-alvo e
pontilhado basófilo;
- Cromatografia Líquida de Alta Resolução (HPLC) – método de primeira linha para diagnosticar distúrbios da hemoglobina – mostra ausência ou
diminuição extrema de Hb A, de modo que quase toda a hemoglobina circulante seja Hb F;
**a porcentagem de Hb A2 é normal, baixa ou levemente aumentada**
d. TRATAMENTO
Transfusão Sanguínea
- Recomenda-se a realização de transfusões regulares de glóbulos para manter a hemoglobina sempre acima de 10 g/dL;
- Faz-se necessário a transfusão de 2 a 3 unidades a cada 4 a 6 semanas;
- O sangue fresco é filtrado para remoção dos leucócitos, garantindo a maior sobrevida dos eritrócitos transfundidos e menos reações adversas;
- O genótipo do paciente é determinado no início do programa de transfusão, para caso surja anticorpos contra os eritrócitos transfundidos;
Terapia Quelante de Ferro
- É essencial, aumentando consideravelmente a expectativa de vida;
Ácido Fólico
- Realiza-se a suplementação de 5 mg/dia, regularmente, em caso de dieta pobre;
Esplenectomia
Tratamento Endocrinológico
- Realizado como reposição devido à falência dos órgãos periféricos ou para estímulo da hipófise, em caso de puberdade retardada;
- Diabéticos – insulina;
- Pacientes com osteoporose – tratamento adicional com aumento de cálcio e vitamina D na dieta, administração de bifosfonato e terapia
endócrina adequada;
Tratamento Hepatites
- Realiza-se a imunização contra a hepatite B em todos os pacientes não imunes;
- Tratamento da hepatite C se forem detectados genomas virais no plasma;
Transplante de Células Tronco Alogênicas
- Perspectiva de cura permanente;
- Apresenta índice de sucesso (sobrevida a longo prazo livre de talassemia) em pacientes jovens bem quelados, sem fibrose hepática ou
hepatomegalia, superior a 80%;
**os doadores são irmãos, membros da família ou doador voluntário não relacionado com HLA compatível**
- O fracasso desse tratamento se revela por recidiva da talassemia, morte por infecção ou por doença do enxerto;
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
b. DOENÇA DA HEMOGLOBINA H
- A hemoglobina H (beta 4) pode ser detectada nos eritrócitos desses pacientes por eletroforese ou em preparações de reticulócitos, enquanto
na vida fetal ocorre Hb Barts (gama 4);
- Tipo de talassemia intermediária, sem sobrecarga de ferro ou hematopoese extramedular;
c. ALFATALASSEMIA MENOR / TRAÇOS ALFA-TALASSÊMICOS
- A perda dos genes não causa anemia, apesar de se associarem a menores volume corpuscular médio (VCM) e hemoglobina corpuscular média
(HCM);
- Nesses casos a contagem de eritrócitos é > 5,5 x 106/µL, a cromatografia líquida de alta resolução (HPLC) e a eletroforese de hemoglobina são
normais, sendo necessário a análise do DNA para a certeza diagnóstica;
ANEMIAS HEMOLÍTICAS ADQUIRIDAS
ANEMIAS HEMOLÍTICAS IMUNOLÓGICAS
- Ácido Fólico – administrado para compensar o excesso de consumo em casos com hemólise grave;
- Transfusão de sangue – indicada em caso de anemia grave com sintomatologia significativa – o sangue deve ser o menos incompatível possível,
de modo que se a especificidade do anticorpo for reconhecida, deve-se escolher o doador que não tenha os antígenos relevantes;
b. ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTOIMUNES COM ANTICORPOS FRIOS / CRIOAGLUTININAS
- O autoanticorpo IgM se liga aos eritrócitos, principalmente na circulação periférica, em que a temperatura do sangue é mais baixa;
- O anticorpo pode ser monoclonal, como na síndrome idiopática de crioaglutininas e quando associado a distúrbios linfoproliferativos, ou pode
ser uma resposta policlonal transiente, como depois da infecção (mononucleose infecciosa ou pneumonia por Mycoplasma);
- Os anticorpos IgM ligam-se melhor aos eritrócitos a 4°C e são muito eficientes na fixação de complemento, podendo causar hemólise extra e
intravascular;
- Nos eritrócitos, o complemento só é detectado sozinho, pois os anticorpos IgM são eluídos das células ao fluírem pelas áreas mais quentes da
circulação;
Doença de Crioaglutininas Primária
- Anemia hemolítica crônica agravada pelo frio, quase sempre associada à hemólise intravascular;
- Pode apresentar icterícia leve e esplenomegalia;
- O paciente pode desenvolver acrocianose (pele arroxeada) na ponta do nariz, nas orelhas, nos dedos e nos artelhos, causada por aglutinação
de eritrócitos nos pequenos vasos;
- Distensão Sanguínea – esferocitose menos notada que na AHAI, grosseira crioaglutinação dos eritrócitos;
- O DAT (Coombs direto) revela somente complemento (C3d) na superfície dos eritrócitos;
- Biopsia de medula óssea – mostra nódulos de uma população monoclonal de linfócitos B;
- Pode se transformar em um linfoma agressivo;
- Tratamento – manter o paciente aquecido + uso de agentes alquilantes (clorambucil ou nucleosídios) + anti-CD20 (rituximabe);
**a esplenectomia só é indicada se houver grande esplenomegalia**
- Em casos idiopáticos deve-se sempre excluir a presença de um linfoma subjacente;
Hemoglobinúria Paroxística ao Frio
- Síndrome rara de hemólise intravascular aguda após exposição ao frio;
- Causada pelo anticorpo de Donath-Landsteiner, que é um anticorpo IgG com especificidade para antígenos do grupo sanguíneo P, que se liga
aos eritrócitos em baixa temperatura, provocando lise com complemento em temperatura mais alta;
- É uma doença autolimitada, predisposta por infecções virais;
2. ANEMIAS HEMOLÍTICAS ALOIMUNES
- O anticorpo produzido por um indivíduo reage com os eritrócitos de outro;
- Pode também ocorrer a produção de anticorpos contra os eritrócitos do receptor pelos linfócitos do doador transferidos no transplante, antes
do grupo sanguíneo do receptor se tornar do doador;
- Situações em que ocorre: transfusão de sangue com incompatibilidade de grupo ABO e doença hemolítica do recém-nascido;
3. ANEMIAS HEMOLÍTICAS IMUNOLÓGICAS INDUZIDAS POR FÁRMACO
- Mecanismos em que o fármaco causa anemia hemolítica: (1) em doses muito elevadas de
antibiótico (penicilina e ampicilina), produz-se anticorpo dirigido contra um complexo
fármaco-membrana do eritrócito; (2) deposição de complemento via complexo fármaco-
proteína antígeno-anticorpo na superfície do eritrócito (quinidina e rifampicina); (3) anemia
hemolítica autoimune verdadeira em que o papel do fármaco não é claro (metildopa);
- Essa anemia desaparece gradualmente quando o fármaco é suspenso;
SÍNDROMES DE FRAGMENTAÇÃO ERITROCITÁRIA
- Alterações vasculares causais:
deposição de filamentos de fibrina
associada à coagulação intravascular
disseminada (CID), aderência de
plaquetas (púrpura trombocitopênica
trombótica – PTT) ou vasculite
(poliarterite nodosa);
- O sangue periférico contém muitos
fragmentos de eritrócitos densamente
corados;
- Desencadeada quando há dano físico aos eritrócitos em superficies anormais, como válvulas
cardíacas artificiais, enxertos arteriais, malformações arteriovenosas ou anemia
microangiopática (passagem dos eritrócitos pelos pequenos vasos anormais);
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes
HEMOGLUBINÚRIA DA MARCHA
- Causada por dano aos eritrócitos entre os pequenos ossos dos pés, durante a marcha prolongada ou corrida;
- A distensão sanguínea não mostra fragmentos;
INFECÇÕES
- As infecções podem causar hemólise por vários mecanismos: (1) precipitam crise hemolítica na deficiência de G6PD; (2) causa anemia
hemolítica microangiopática (septicemia por pneumococo ou meningococo); (2) hemólise por destruição extravascular do eritrócito parasitado
e lise intravascular direta;
AGENTES QUÍMICOS E FÍSICOS
- Fármacos como dapsona e sulfassalazina, nas doses terapêuticas usuais, podem causar hemólise intravascular por ação oxidante, com formação
de corpos de Heinz em indivíduos normais;
- Na doença de Wilson, pode ocorrer anemia hemolítica aguda resultante de altos níveis de cobre no sangue;
- A intoxicação química por chumbo, clorato ou arsina pode provocar hemólise grave;
- Queimaduras graves lesam os eritrócitos, causando acantocitose ou esferocitose;
ANEMIAS HEMOLÍTICAS SECUNDÁRIAS
- Doenças sistêmicas podem encurtar a vida dos eritrócitos e gerar anemia;
REFERÊNCIAS
- ZAGO, M. A.; FALCÃO, R. B.; PASQUINI, R. Tratado de hematologia. 2013. Parte 6 (pg 167 – 256);
- HOFFBRAND, A. V. MOSS, P. A. H. Fundamentos em Hematologia de Hoffbrand. 7 ed. 2018. Cap 6 (pg 72 – 83) e Cap 7 (pg 84 – 98);