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http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/243240
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Escola de Ciências da Vida

12105 Patologia de Órgãos e Sistemas


Degenerações celulares
Alterações no insterstício
Pigmentações e calcificações patológicas

Profa. Dra. Vanessa Helena de Souza Zago


Degenerações celulares
Lesões  reversíveis
Secundárias a alterações bioquímicas que resultam no acúmulo de substâncias no
interior das células
Morfologicamente: acúmulos ou deposições

Classificação Natureza da substância acumulada


• Água e eletrólitos
• Proteínas
• Lípides
• Carboidratos
Degeneração hidrópica
Agressões  redução do funcionamento da bomba eletrolítica
• Alterações na produção ou consumo de ATP (hipóxia)
• Interferência na integridade da membrana
• Modificação na atividade de uma ou mais moléculas que formam a bomba

4 - Entrada de água no
citoplasma Macroscopicamente provoca o
Expansão isosmótica da
célula aumento do peso/volume do
órgão, com células salientes na
3 - Aumento da pressão
osmótica 1 - Retenção de sódio
superfície. As células túrgidas
comprimem os capilares,
2 - Redução de potássio tornando a região pálida
Microscopicamente:
Células tumefeitas, citoplasma granuloso
e menos basófilo
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Degeneração hidrópica • Hipóxia
Causas
• Agentes que causam alterações na membrana mitocondrial
(reduzem ATP)
• Inibidores da cadeia respiratória
• Inibidores da bomba de sódio e potássio
• Hipertermia exógena ou endógena (febre)
• Excesso de radicais livres, que lesam membranas

Como se trata de lesão reversível, eliminada a causa as células voltam ao aspecto


normal. Sozinha, a degeneração hidrópica não leva a consequências funcionais. Em
hepatócitos, degeneração baloniforme (degeneração hidrópica acentuada) pode
reduzir a função celular, mas insuficiência hepática é muito rara.
Degeneração hialina
 Acúmulo de material proteico e acidófilo nas células
 Condensação de filamentos intermediários e proteínas associadas que
formam corpúsculos;
 Acúmulo de material de origem viral;
 Proteínas endocitadas (captadas do ambiente externo)

Filamentos intermediários associados a outras


proteínas do citoesqueleto. Formados a partir
da ação de radicais livres, que induzem
peroxidação e facilitam ligações transversais
Esteato-hepatite alcoólica e não alcoólica,
carcinomas

Corpúsculo hialino de Mallory-Denk


Degeneração hialina
 Acúmulo de material proteico e acidófilo nas células
 Outros tipos:
 Corpúsculos de Councilman-Rocha Lima  hepatócitos em hepatites
virais (febre amarela)
 Corpúsculos de Russel  acúmulo de anticorpos em células B
(plasmócitos) em situações de inflamações agudas ou crônicas
Esfingolipidoses Esfingolipídios:
- Complexos – o álcool da estrutura é a esfingosina
- Ocorrem em plantas e animais (sistema nervoso, envolvendo os axônios
neuronais), geralmente nas membranas biológicas

Doenças de armazenamento de esfingolipídios e seus


produtos
Natureza genética  falta ou deficiência de enzimas
lisossômicas que degradam gangliosídeos e cerebrosídeos
Esfingolipidoses Importante
- Depósitos são observados nos lisossomos
- Diagnóstico: cultura de células do paciente, nas quais pode ser feita a
pesquisa das enzimas lisossômicas
- Lesões com caráter sistêmico ou local
- Mais graves no SNC (Fabry, Niemann-PicK) e macrófagos do baço e fígado
(Gaucher)
Denominação Distúrbio enzimático Lipídeos acumulados Estruturas afetadas Evolução

Macrófagos do fígado, baço,


Esfingomielina e lecitina Morte, em média, aos 3
Doença de Niemann-Pick Esfingomielinase medula óssea e linfonodos;
(Chln-P-Cer) anos de idade
neurônios do SNC

Macrófagos do baço, fígado, Forma adulta: sobrevida


medula óssea (forma longa.
Doença de Gaucher β-d-glicosidase Cerebrosídeos (Glc-Cer)
adulta); neurônios do SNC Forma infantil: morte na 1a
(forma infantil) ou 2a infância

Doença de Tay-Sachs ou Gangliosídeo GM2 Morte aos 2 a 4 anos de


Hexosaminidase A Neurônios do SNC e SNA
idiotia amaurótica familial (Gal/Nac-Gal-Glc-Cer) idade

Ausência quase total de Gangliosídeo GM2 (100 a Morte aos 2 a 4 anos de


Doença de Sandhoff Neurônios do SNC e SNA
hexosaminidase A 300 vezes o valor normal) idade

Deficiência parcial de Gangliosídeo GM2 (40 a 90 Morte dos 5 aos 15 anos de


Gangliosidose juvenil GM2 Neurônios do SNC e SNA
hexosaminidase A vezes o valor normal) idade

Cer = ceramida; Glc = glicose; Gal = galactose; Gal/Nac = N-acetil-galactosamina; Chln = colina; SNC = sistema nervoso central; SNA = sistema
nervoso autônomo. 11
Denominação Distúrbio enzimático Lipídeos acumulados Estruturas afetadas Evolução

Geral, predominando no
Ausência quase total de β- Gangliosídeo GM1 (10 Morte dos 6 meses até 2
Gangliosidose generalizada cérebro, fígado, baço,
galactosidase A, B, C vezes o valor normal) anos de idade
medula óssea

Ausência quase total de β- Gangliosídeo GM1 (10 Morte dos 3 aos 10 anos de
Gangliosidose juvenil GM1 Neurônios do SNC e SNA
galactosidase B e C vezes o valor normal) idade

Predominantemente na
Doença de Fabry parede dos vasos
Triaexosídeo de ceramida
ou angioceratoma corporis β-d-galactosidase sanguíneos, SNC, SNA, Morte na meia-idade
(Gal-Gal-Glc-Cer)
difusum universale miocárdio, córnea, rins,
pele

Forma infantil: morte nos


Leucodistrofias Galactoesfingosídeos primeiros anos
Sulfatidase Neurônios do SNC
metacromáticas sulfatados Forma juvenil e adulta:
sobrevida longa

Doença ou leucodistrofia de Morte dos 5 aos 8 anos de


β-d-galactosidase Ceratinina (Gal-Cer) Neurônios do SNC
Krabbe idade

Cer = ceramida; Glc = glicose; Gal = galactose; Gal/Nac = N-acetil-galactosamina; Chln = colina; SNC = sistema nervoso central; SNA = sistema nervoso autônomo.
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Glicogenoses
Doenças genéticas
- Caracterizadas pelo acúmulo de glicogênio nas células do fígado, rins, músculos
esqueléticos e coração
- Causa: deficiência de enzimas que realizam sua degradação OU alterações no
seu metabolismo
- Dependendo da doença, os depósitos ocorrem no citosol ou de forma
intralisossômica
Tipo Denominação Distúrbio enzimático Glicogênio Estrutura afetada

I Doença de von Gierke Glicose-6-fosfatase Normal Fígado, rim, intestino (?)

Doença de Pompe
(glicogenose por deficiência
II α-1,4-glicosidase Normal Generalizada
generalizada de α-1,4-
glicosidase)

Doença de Cori (dextrinose-


Subnormal: cadeias externas Fígado, coração, músculos,
III limite por deficiência de Amilo-1,6-glicosidase
ausentes ou muito curtas leucócitos
desramificante)

Doença de Andersen Subnormal: cadeias


Amilo-(1,4 →1,6) Fígado e, provavelmente,
IV (amilopectinose por desramificadas internas e
transglicosidase outros órgãos
deficiência de ramificante) externas muito longas

Doença de McArdle-Schmid-
Pearson (glicogenose por Fosforilase do glicogênio do
V Normal Músculo esquelético
deficiência de músculo
miofosforilase)
*A classificação desse tipo em separado é ainda duvidosa.
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Tipo Denominação Distúrbio enzimático Glicogênio Estrutura afetada

Doença de Hers (glicogenose


Fosforilase do glicogênio do
VI por deficiência de Normal Fígado e leucócitos
fígado
hepatofosforilase)

Músculo esquelético
Doença por deficiência de
VII Fosfofrutocinase do músculo Normal (clinicamente semelhante ao
fosfofrutocinase do músculo
tipo V)

Doença por deficiência de


VIII Fosforilase-cinase do fígado Normal Fígado
fosforilase-cinase hepática

Hipoglicogenose por
Glicogênio-sintetase do
IX deficiência de sintetase Quantidade limitada Fígado
fígado
hepática

Glicogenose cardíaca de Musculatura cardíaca e


? ? ?
Antopol* esquelética
*A classificação desse tipo em separado é ainda duvidosa.

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Mucopolissacaridoses - Caracterizadas pelos depósitos anormais de poliglicanos e ou proteoglicanos
- Resultam da deficiência enzimática
- Manifestações distintas, de acordo com a enzima lisossômica deficiente
Tipo Denominação Distúrbio enzimático Características anatomoclínicas
Grave retardo mental; deformidades esqueléticas, particularmente dos
Síndrome de Hurler (MPS 1H ou
I α-l-iduronidase ossos da face; opacificação da córnea; alterações somáticas; morte antes
gargoilismo)
dos 10 anos
Retardo mental moderado; graves deformidades esqueléticas; surdez
Síndrome de Hunter grave L- iduronossulfato sulfatase prematura; marcantes alterações somáticas; morte geralmente antes
II dos 15 anos
Leves alterações clínicas; boa inteligência; sobrevivência até a 3ª à 5ª
Síndrome de Hunter leve L- iduronossulfato sulfatase
década
Retardo mental grave; anomalias ósseas moderadas; opacificação de
Síndrome A de Sanfilippo Heparano -sulfato sulfatase
córnea questionável
III
Retardamento mental grave; anomalias ósseas moderadas; opacificação
Síndrome B de Sanfilippo N-acetil-α-d-glicosaminidase
questionável da córnea
Deformidades graves do esqueleto, com acentuada displasia
Síndrome de Morquio Desconhecido
IV espondiloepifisiana; insuficiência aórtica; córneas turvas
Síndrome de Maroteaux-Lamy ↑ Deformidades ósseas graves; opacificação corneana
Articulações rígidas; córneas turvas; insuficiência aórtica; inteligência
V Síndrome de Scheie (MPS 1S) α-l-iduronidase
normal; sobrevivência normal (?)
Esteatose
Acúmulo de gorduras neutras
Mono, di ou triglicerídeos
Citoplasma das células que
normalmente não os armazenam
Comum: fígado, epitélio tubular
renal e miocárdio
Menos frequente: músculos e
pâncreas

Curtos, médios, longos (16 carbonos) ou muito longos – cadeias


carbônicas
Sem ligações duplas – saturadas
Com ligações duplas - insaturadas
Esteatose
 HEPATÓCITOS  HOMEOSTASE
 Removem AG e TG dos Qm remanescentes(lipólise do tecido adiposo e
absorção intestinal, respectivamente)
 Utilizam para: produzir colesterol, sintetizar lípides complexos (FL) ou
glicerídeos (mono, di ou triglicerídeos) e gerar energia (beta-oxidação até
acetil-CoA)
 Sintetizam AG a partir do excesso de acetil-CoA  TG
 Promovem o transporte de TG e colesterol para os tecidos periféricos por
meio da síntese de lipoproteína - VLDL
Captação e destino de ácidos graxos em hepatócitos. Os
ácidos graxos circulantes penetram nos hepatócitos e são
utilizados para a produção de energia (β-oxidação) nas
mitocôndrias e para a síntese de colesterol, triglicerídeos
e fosfolipídeos no retículo endoplasmático liso. No
complexo de Golgi, os lipídeos complexos associam-se a
proteínas e formam lipoproteínas. Contidas em vesículas,
as lipoproteínas são transportadas no citoplasma por
microtúbulos (MT) e microfilamentos (MF) e excretadas
nos sinusoides.
Esteatose
 Resultado de:
 Maior aporte de AG por ingestão excessiva OU lipólise aumentada
 Síntese de AG a partir de excesso de acetil-CoA não oxidado no ciclo de Krebs
(metabolismo de etanol)
 Redução da utilização de AG para síntese de lípides complexos, pela carência
de fatores nitrogenados e de ATP (desnutrição)
 Menor formação de lipoproteínas por deficiência na síntese de
apolipoproteínas
 Distúrbios no transporte de lipoproteínas por alterações no citoesqueleto

Etilismo, obesidade, desnutrição proteico-calórica, gravidez


Mecanismos patogenéticos da esteatose hepática no alcoolismo. No etilismo, há aumento de radicais livres, acetaldeído
e acetil-CoA e redução de NAD. Radicais livres causam lesão mitocondrial, reduzindo a β-oxidação de gorduras. Radicais
livres e acetaldeído interferem no transporte de lipoproteínas no citosol, por afetarem microtúbulos e microfilamentos.
O excesso de acetil-CoA induz a síntese de ácidos graxos, que se acumulam na célula. NAD é necessário para a oxidação
de lipídeos; na sua carência, os lipídeos não são metabolizados e se acumulam nas células. Se há desnutrição
concomitante ao alcoolismo, a menor disponibilidade de proteínas diminui a formação de lipoproteínas, prejudicando a
eliminação de gorduras dos hepatócitos.
Esteatose
Macroscopicamente: aumento de
peso e volume do órgão afetado
Consistência diminuída, bordas
arredondadas e coloração
amarelada
Esteatose
 Aspectos morfológicos
 Microscopicamente: células com vacúolos claros de tamanho variável

A seta preta mostra


numerosos
pequenos vacúolos
citoplasmáticos de
gordura (esteatose
microvesicular).
A seta azul indica
grande vacúolo
citoplasmático
(esteatose
macrovesicular).
Esteatose Agressão Consequência

Modificações na estrutura do REG, levando a ↓ da síntese proteica


Agentes tóxicos
(apolipoproteínas, estrutura proteica fundamental das lipoproteínas)

Anemia, insuficiência cardíaca ou respiratória geram menor disponibilidade de O2, e


Hipóxia consequentemente ↓ a síntese de ATP. Como o acetil-CoA não é direcionado para o
ciclo de Krebs, forma AG, que se acumula (pois a oxidação está diminuída).

Ingestão excessiva (lípides, carboidratos e aminoácidos) ou lipólise aumentada


sobrecarregam os hepatócitos com acetil-CoA, que é utilizado para formar TG e ser
exportando na forma de VLDL. O excesso de AG induz à sua oxidação no REL e
Alterações na peroxissomos, aumentando a concentração de radicais livres; estes alteram
dieta e distúrbios proteínas do citoesqueleto, dificultando o transporte de vesículas de lipoproteínas,
metabólicos que promovem o acúmulo de TG no citosol.
Desnutrição proteico-energética: gera a deficiência de fatores essenciais à produção
de FL e apolipoproteínas; assim, não ocorre a formação adequada de VLDL e
transporte de TG para fora das células.
Esteatose
 Consequências
 Processo reversível, entretanto agressões graves podem evoluir para morte
celular possivelmente por:
 Excesso de AG  produção de ceramida, um indutor de apoptose
 Hepatócitos podem se romper, extravasando seu conteúdo e gerando
inflamação (podendo inclusive extravasar para o sangue, gerando embolia)
 O processo inflamatório difuso pode gerar fibrose e cirrose

Como a lesão é reversível, em etilistas crônicos ela se reduz ou desaparece


certo tempo após abstinência.
Lipidoses
 Acúmulos intracelulares de outros lípides não triglicérides/AG
 Depósitos de colesterol e seus ésteres (colesterol éster = colesterol + ácido
graxo)
 Localizadas ou sistêmicas
 Artérias (aterosclerose)
 Pele (xantomas e xantelasmas)
 Locais com inflamações crônicas
Lipidoses: aterosclerose
 Doença inflamatória crônica, silenciosa e progressiva
 Início: vida intrauterina / manifestação: 4ª-5ª década de vida
 Multifatorial: idade, sexo, raça, características genéticas
 Obesidade, sedentarismo, dieta, tabagismo, etilismo, hipertensão e
diabetes

 Difusão da lipoproteína de baixa densidade (LDL) pelo endotélio de artérias de


grande e médio calibre
 No espaço subendotelial, as lipoproteínas sofrem alterações estruturais pela
presença de radicais livres  fagocitadas por macrófagos residentes
 Acúmulo de LDL nos macrófagos  células espumosas, pró-inflamatórias
Início do processo Geração de um tecido Ateroma e placa fibrosa
Produção de citocinas e
inflamatório – quimiocinas que iniciam a fase conjuntivo vascularizado Estável: rica em fibras
formação de células resolutiva da inflamação, com sobre a lesão, que acumula colágenas, com núcleo
proliferação de fibroblastos e necrótico pouco volumoso.
espumosas; progressão células espumosas Instável: capa fibrosa instável,
células da musculatura lisa necróticas
da inflamação erodida pela ação de enzimas
Lipidoses: aterosclerose
 Aspectos morfológicos
1os anos de vida
Depósitos lipídicos são representados por (1) acúmulo de
macrófagos vacuolizados contendo colesterol e (2) estrias
lipídicas visíveis macroscopicamente

2
1
Lipidoses: aterosclerose
 Aspectos morfológicos

Ateroma
Lesão em forma de placa que faz saliência na luz
arterial

Núcleo lipídico com grande


quantidade de lípides, Margens da lesão:
especialmente cristais de colesterol Vasos neoformados, depósitos de
e células espumosas, macrófagos e MEC
células da musculatura lisa
A. Núcleo lipídico, com numerosas células espumosas (setas),
envolto por cápsula fibrosa (F); (*) indica área de matriz amorfa
no núcleo da placa. B. Detalhe de A, evidenciando as células
espumosas (setas). C. Detalhe do núcleo lipídico, com
abundante colesterol extracelular, depositado em forma de
Lipidoses: aterosclerose
 Aspectos morfológicos

 De acordo com a predominância desses dos componentes do


núcleo e da superfície as placas podem ser:
 Moles, ou instáveis, nas quais a capa fibrosa é fina e predomina
o núcleo lipídico; placas moles têm maior risco de complicações
 Duras, ou estáveis, em que predomina a capa fibrosa, com
menor risco de complicações.
Lipidoses: aterosclerose
 Aspectos morfológicos

Grande quantidade de células


musculares lisas na região
subendotelial
Depósito de MEC e fibras
colágenas – capa fibrosa

Menos células espumosas, colesterol e restos celulares


Poucas células inflamatórias - estáveis
Lipidoses: aterosclerose
 Aspectos morfológicos

Processos erosivos, fissuras ou


rompimentos na superfície
Favorecimento de trombose
Hemorragias focais: ruptura de
vasos neoformados

Causados por enzimas (metaloproteases), liberadas por macrófagos ativados


Lipidoses: aterosclerose
 Consequências

 Isquemia (ausência de perfusão, e consequentemente, O2), aguda


ou crônica em diversos órgãos – especialmente coração e encéfalo
 Aneurisma, especialmente na aorta abdominal, que pode se
romper e causar hemorragia
Lipidoses: xantomas e xantelasmas

 Lesões nodulares sob a pele


 Coloração amarelada (superficialmente)
 Microscopicamente: aglomerados de macrófagos carregados de colesterol
 Associação com aumento de colesterol sérico
Questões norteadoras – DEGENERAÇÕES
1. O que são degenerações celulares? Como elas podem ser classificadas?
2. Como se estabelecem as degenerações hidrópicas? O que as provocam?
3. Explique o que são as degenerações hialinas?
4. O que esfingolipidoses, mucopolissacaridoses e glicogenoses tem em comum? Quais as
consequências destas condições?
5. Explique como os hepatócitos absorvem/utilizam e transportam os ácidos graxos e
aponte em quais etapas e quais alterações podem provocar esteatose.
6. Porque o etilismo, obesidade e desnutrição são importantes causas de esteatose?
7. O que são lipidoses?
8. Como as concentrações de LDL no plasma sanguíneo se relacionam ao processo
aterosclerótico?
9. Esquematize a progressão das placas ateroscleróticas e as suas consequências.
Alterações no interstício (MEC) Rede complexa de macromoléculas que
Circulação do líquido tecidual
preenchem os espaços intracelulares
Sua arquitetura (fibras colágenas e elásticas,
células, glicoproteínas e proteoglicanos)
contribuem para as propriedades
biomecânicas do tecido e servem como
substrato para adesão e migração celular.

A matriz extracelular está sob renovação contínua, e isto depende da secreção (por células fagocitárias
e do tecido conjuntivo - fibroblastos) de enzimas chamadas metaloproteases (MMPs). Estas enzimas
são secretadas inativas, e sua atividade está sob o controle de citocinas (produzidas por fagócitos),
inibidores enzimáticos naturais e inibidores produzidos no próprio tecido.
Alterações no interstício (MEC) Tipo de alteração Causas Características

Comprometem a estrutura, síntese ou degradação do


colágeno. Se manifestam como doenças complexas que
Primárias afetam a elasticidade e resistência da pele, vasos
(genéticas) sanguíneos, intestino, globo ocular e ossos. Exemplos:
osteogênese imperfeita, cutis laxa, epidermólise bolhosa
congênita

Fibras colágenas e
reticulares
Agressões afetam os mecanismos pós-transcricionais na
síntese das fibras. Podem ser causadas por carência de
vitamina C (hidroxilação deficiente do colágeno), cobre
Secundárias ou
(redução da atividade de lisil-oxidase), doenças metabólicas
adquiridas
que levam ao acúmulo de metabólitos que inibem a síntese
de colágeno, colagenases liberadas por fagócitos em sítios de
inflamação
Epidermólise bolhosa –
doença da pele de borboleta

Cutis laxa – “Benjamin Button”

https://prod-images-static.radiopaedia.org/images/54478422/EE29994C_jumbo.jpeg

Osteogênese imperfeita – doença


dos ossos de vidro
https://lh3.googleusercontent.com/proxy/beI0Gs_smuakuYyLW-NJTiYs76oC_7Z0E9TGmQQ-
SspgvcJfYi9eL1hkG7a-8fBCA1BXLcQs1uy_WOLAo7Wpvlsz1ELk8Lvfsg

https://i2-prod.mirror.co.uk/incoming/article7297965.ece/ALTERNATES/s1200b/MAIN-skin.jpg
Alterações no interstício (MEC)
Tipo de alteração Causas Características

Primárias
Envolvem alterações na enzima lisil-oxidase
(genéticas)
Fibras elásticas
Secundárias ou Processos que inibem a lisil-oxidase ou destroem as fibras já
adquiridas formadas

Região de ligação entre o epitélio e o tecido subjacente,


formada por colágeno tipo IV, laminina e proteoglicanos. Sua
integridade mantem a atividade funcional do epitélio, bem
Depósitos anormais
Membrana basal como filtra a passagem de macromoléculas do tecido
de substâncias
conjuntivo e outros compostos. Distúrbios podem ser
provocados por depósitos de imunocomplexos insolúveis,
metais pesados e substância amiloide
Anticorpos
Complexos antígeno-anticorpo (imunocomplexos)
Proteínas amiloides
Metais pesados – chumbo, mercúrio, prata
Alterações no interstício (MEC)
Tipo de alteração Causas e características
Aumento de volume da substância fundamental. Promove a dissociação das
Transformação mucoide fibras colágenas, que ficam dispersas em fibrilas finas, dando aspecto de
tecido mucoso.
Transformação
Deposição de material acidófilo semelhante a fibrina.
fibrinoide

Deposição de material proteico fibrilar no interstício (substância amiloide).


Formado por proteína amiloide (90%) e glicoproteína do componente P, tem
características físico-químicas especiais; comprimem e levam a hipotrofia
das células do tecido afetado.
Geralmente o órgão afetado (fígado, rins, baço) apresenta aumento de
Amiloidose
peso, volume e consistência. A patogênese é complexa e pouco conhecida;
provavelmente envolve modificações na conformação de proteínas normais
que não são apropriadamente degradadas.
Podem ter natureza sistêmica ou localizada, primárias ou secundárias a
outros processos patológicos.
A. Depósito de material amiloide no

fígado (setas amarelas), hipotrofiando

os hepatócitos (setas brancas).


Pigmentações patológicas
PIGMENTOS são substâncias com cor própria, origem, composição química e
significado biológico diversos, distribuídos amplamente na natureza e são
encontrados em células vegetais e animais, nas quais desempenham importantes
funções (p. ex., clorofila, citocromos, melanina). Endógenos ou exógenos.

PIGMENTAÇÕES
Processos de formação e/ou acúmulo de pigmentos no organismo. Pigmentação
patológica pode ser sinal de alterações bioquímicas pronunciadas, sendo o
acúmulo ou a redução de determinados pigmentos um dos aspectos mais
marcantes em várias doenças.
Pigmentações patológicas endógenas
 Bilirrubina:
 Pigmento amarelo, produto final do catabolismo da fração heme da hemoglobina
 Aumento da produção ou defeito na remoção da circulação 
hiperbilirrubinemia  icterícia (deposição na pele, esclera e mucosas)

↑ na produção, como nas anemias hemolíticas


↓ na captação e transporte de Bb nos hepatócitos
↓ na conjugação, por carência de enzimas
↓ excreção, por doenças genéticas
Obstrução biliar, intra ou extra-hepática
Combinação de lesões
Fígado Globina: aa reutilizáveis
Eritrócitos Sistema
Baço
senescentes microssomal
Medula
Ferro: síntese de novo

Principal fonte de HEME Heme-oxigenase


para degradação
Enzima substrato-induzível, ou seja, sua expressão é
induzida pela presença do grupo heme

Biliverdina  bilirrubina (apolar, NÃO CONJUGADA)


A bilirrubina produzida no baço e medula é transportada para o fígado ligada à albumina; a fração de
bilirrubina livre é a que se deposita nos tecidos, e portanto, responsável pelos efeitos deletérios observados
Conjugação (adição de
glicuronato) Transportada pela Vesícula biliar (faz
Captação da bilirrubina
membrana canalicular parte da composição
pelos hepatócitos Bilirrubina conjugada do hepatócito da bile)
 solúvel

Duodeno Parte é reabsorvido no Parte é captado pelos


Metabolização pela íleo, retornando para o rins, onde é convertido
microbiota, formando fígado e sendo re- a urobilina
urobilinogênio excretado Cor amarela da urina

Parte é reduzido pelas


bactérias até a formação de
estercobilina
Cor das fezes
Pigmentações patológicas endógenas Tipo de pigmento Composição Descrição Repercussões
Formado em focos hemorrágicos,
Lípides e pigmentos
após a degradação de hemácias
Hematoidina semelhantes à bilirrubina Não tem
extravasadas por macrófagos do
(sem ferro)
tecido conjuntivo

Pigmento de hematoidina com


diferentes formas, dimensões
e cores, em área de
hemorragia.
Pigmentações patológicas endógenas Tipo de pigmento Composição Descrição Repercussões
Micelas de ferritina são responsáveis pela
manutenção do ferro na forma oxidada e Hemossiderose
Agregação de
Hemossiderina transporte deste pelos tecidos. É necessário localizada após
micelas de ferritina
um constante equilíbrio entre a absorção, hemorragias
transporte, armazenamento e utilização.

Hemorragia cerebral. Notar cor amarelo-dourada e


ferruginosa nas bordas da hemorragia pela deposição de
hemossiderina e hematoidina

Logo após um traumatismo, a


hemorragia aparece como uma área
vermelho-azulada ou negro-azulada.
Com o início da degradação da
hemoglobina e formação de
biliverdina e Bb, a pele adquire
tonalidade verde azulada a amarelada
e, finalmente, com a formação de
hemossiderina, cor ferruginosa ou
amarelo-dourada.
Pigmentações patológicas endógenas Tipo de pigmento Composição Descrição Repercussões
Forma especial de Hemossiderose sistêmica,
provocada por a) aumento da absorção intestinal
Agregados de de Fe por defeito genético, levando ao acúmulo
Órgãos de cor
Hemocromatose micelas de em vários órgãos; b) lesões celulares por meio da
ferruginosa difusa
ferritina formação de radicais livres ou liberação de
enzimas hidrolíticas e de ferro acumulado em
lisossomos

Hemocromatose. Aspecto macroscópico. Coloração ferruginosa difusa no parênquima


do fígado (A) e do pâncreas (B).
Pigmentações patológicas endógenas  Melanina
 Pigmento de coloração entre castanho e negro
 Amplamente encontrado em peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos
 Coloração (pele, cabelo e olhos)  distribuição da melanina nestes locais

Funções da pigmentação melânica cutânea


Proteção contra radiação UVB (fotoproteção: absorção e dispersão de fótons)
Ação antioxidante
Absorção de calor
Comunicação social e camuflagem em espécies animais
Reforço da cutícula de insetos
Parede de células vegetais
 Melanina - biossíntese (melanogênese)

Fatores regulatórios
Expressão genética, hormônios
Luz solar (fator estimulante na
espécie humana)
Níveis dietéticos dos precursores
tirosina e fenilalanina

Melanina - o que é?
Polímero complexo, cuja proporção de seus componentes define a coloração do pigmento
Tipos de melanina - eumelanina: insolúvel, castanha a negra e feomelanina: solúvel, amarela a vermelha
Causas
Lesões hiperpigmentadas
Medicamentos, anticoncepcionais, metais
Efélides (sardas), nevos e melanomas
pesados, quimioterápicos

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Envelhecimento
Hipopigmentação
Apoptose de melanócitos
Congênita (albinismo) ou adquirida (vitiligo)
Cabelos grisalhos

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Pigmentações patológicas exógenas
Penetração no organismo e deposição nos pontos do primeiro
contato com as mucosas ou pele

Pigmentação exógena Características

Deposição de partículas de carvão inaladas, que são fagocitadas por macrófagos


alveolares, que se acumulam progressivamente. Produzem manchas de coloração
negra no parênquima pulmonar, pleura e linfonodos; ocorre em trabalhadores de
Antracose
minas de carvão, pessoas que moram em cidades com alto grau de poluição
atmosférica ou por inalação constante de fumaça derivada de queima deste
combustível sólido.

Deposição de sais de prata nos tecidos. Os trabalhadores de minas de prata,


Argiria manufatura de joias, usuários de medicamentos tópicos são os mais expostos. Pode
ter caráter sistêmico se houver ingesta ou inalação crônica.
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Tanto na argiria localizada quanto na sistêmica, a pele tem cor cinza-azulada
permanente, mais pronunciada em áreas expostas ao sol. A luz solar provoca
redução dos compostos de prata, com formação de prata metálica, a qual é
oxidada e resulta em complexos de proteína-sulfeto de prata capazes de estimular
a produção de melanina.
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Calcificações
• ELEMENTOS MINERAIS

– Não são produzidos: ingeridos por meio da alimentação

– Os animais conseguem manter constante a concentração de íons nos líquidos


corporais para atender a demanda das células

– Cálcio: excitabilidade neuromuscular, contração muscular, permeabilidade de


membranas celulares, coagulação, ativação enzimas, composição de ossos e
dentes

Calcificação é um processo fisiológico que ocorre nos ossos e dentes, sobre uma
matriz orgânica de fibras colágenas.
Calcificações O cálcio tem fixação lenta nos tecidos nos primeiros meses de desenvolvimento, mas se torna
acentuada nos últimos meses da gestação (nesta fase, completamente advindo da circulação materna).
Após o nascimento a demanda permanece grande, e o cálcio vem da amamentação, com necessidades
crescentes.

Gestação e
Adultos

Climatério crescimento
(infância)

mg/dia
800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500
CÁLCIO: concentrações estão em um balanço delicado; desequilíbrios podem ocasionar a precipitação dos sais
de cálcio na forma de hidroxiapatita (Ca10(PO4)6(OH)2
Ingestão
Aprox. 1g/dia
Células

Absorção* Deposição Baixa ingesta:


Absorção menor 
Fluido extracelular aumenta a demanda
Secreção Absorção por reabsorção (óssea
e renal)

Filtração:
urina
Reabsorção

Excreção: fezes * Processo que pode estar diminuído na presença


de doenças intestinais ou ausência de vitamina D;
80% frequentemente aumentado na gestação e
aleitamento materno
Calcificações patológicas
Deposição de sais
de cálcio onde
normalmente isto
não ocorre
Desencadeiam o
Substratos celulares
processo de
(viáveis ou necróticos) precipitação
Extracelulares (tecido
conjuntivo ou
secreções)
Núcleo primário

Formação de cristais
de hidroxiapatita
Hipercalcemia
Desequilíbrios Núcleo secundário
metabólicos
Tipo de calcificação Mecanismo

Resultam de modificações locais nos tecidos, principalmente necroses. Nestas


situações, substratos como FL da MP, fibras, proteínas desnaturadas, ácidos graxos
e colônias de bactérias permitem a ligação de Ca e fosfato, principalmente se a
Distróficas concentração destes elementos estiver aumentada e se os inibidores de calcificação
forem removidos.
Comumente observada em cicatrizes, ateromas, trombos venosos e cartilagens.

O cálcio é amplamente reabsorvido do tecido ósseo, devido a i) hipersecreção do


paratormônio ou de moléculas similares (tumores ou hiperplasia); ii) acometimento
do tecido ósseo por neoplasias; iii) doença de Paget; iv) imobilização prolongada,
Metastáticas que estimulam os osteoclastos.
A calcemia aumenta significativamente, podendo gerar calcificações nos pulmões,
rins, artérias, veias, córneas. O tecido se torna duro e calcáreo, com aspecto de
esponja marinha e modificações funcionais.

Calcificações cutâneas múltiplas, sem lesões prévias e frente a concentrações


Idiopáticas
plasmáticas normais de cálcio e fosfato
Calcificação distrófica

Calcificação metastática
Calcificações patológicas
 Massas sólidas, esféricas ou ovais, compactas e de consistência argilosa a pétrea
 Formados em órgãos como vesícula biliar e rins
 Nefrolitíase (rins), coletíase (vesícula biliar), coledocolitíase (colédoco) e
sialolitíase (glândula salivar)

• Modificações na composição da bile


Vesícula biliar
• Saturação de um dos seus componentes  precipitação de
frações insolúveis

Obstruções • Únicos ou múltiplos, puros ou mistos (proporção variável de


Cólica biliar colesterol, bilirrubinato, sais orgânicos e inorgânicos de
Pancreatite aguda
cálcio e sais biliares)
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Calcificações patológicas
 Rins
• Oxalato e fosfato de cálcio – 80%
• Cálculos coraliformes: preenchem os cálices maiores e menores
• Cálculos não coraliformes: cálices, pelve renal, ureter ou bexiga
• Tamanho – passagem pelas vias urinárias ou nefrolitíase (impactação do cálculo
no trajeto)

Formados quando ↑ a concentração dos seus constituintes  supersaturação


 Cálcio  hipercalcemia e hipercalciúria
 Fosfato de amônia e magnésio  infecções bacterianas
 Cistina  defeitos genéticos que resultam em cistinúria

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Referências https://www.ufrgs.br/patologiageral/degeneracao-hidropica/

Brasileiro Filho, Geraldo. Bogliolo, Patologia. 9. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

http://anatpat.unicamp.br/lamdegn.html

https://www.webpathology.com/

https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/strokeaha.107.486480

https://webpath.med.utah.edu/webpath.html#MENU

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