Você está na página 1de 16

SUMÁRIO

Introdução........................................................................... 3
1. A filtração glomerular (FG)...................................... 3
2. Membrana capilar glomerular................................ 3
3. Determinantes da filtração glomerular .............. 5
4. Fluxo sanguíneo renal .............................................. 8
5. Autorregulação da FG ............................................10
6. Doenças glomerulares ...........................................12
Referências bibliográficas..........................................15
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 3

INTRODUÇÃO de filtração, maior que a maioria dos


outros capilares e isso se deve à alta
O primeiro passo na formação da uri-
pressão hidrostática glomerular e ao
na é a filtração de grandes quantida-
alto Kf. No ser humano adulto médio, a
des de líquidos através do capilares
FG é cerca de 125ml/dia ou 180L/dia.
glomerulares da cápsula de bowman
A fração do filtrado é: FG/FPR.
– quase 180 litros por dia. A maior
parte desse filtrado é reabsorvido,
deixando apenas cerca de 1 litro de lí-
quido para excreção diária a depender
da ingestão. A elevada taxa de filtra-
ção glomerular depende da alta taxa
de fluxo sanguíneo renal, bem como
propriedades especiais das membra-
nas dos capilares glomerulares.

SE LIGA! A maioria dos capilares glo-


merulares são relativamente impermeá-
veis às proteínas, assim, o líquido filtrado
(o filtrado glomerular) é essencialmente
livre de proteínas e desprovido de ele- Figura 1: Valores médios do fluxo plasmático renal
mentos celulares como as hemácias. total, do filtrado glomerular, da reabsorção tubular e
da velocidade de fluxo da urina. Fonte: HALL, John
Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de
fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
1. A FILTRAÇÃO
GLOMERULAR (FG)
Observe que na figura 1 o FG é, em
A filtração glomerular é determinada
média, cerca de 20% do FPR, en-
pelo:
quanto a velocidade de fluxo da urina
Balanço das forças hidrostáticas e é inferior a 1% do FG. Portanto, mais
coloidosmóticas, atuando através da de 99% do líquido filtrado normal-
membrana capilar. mente é reabsorvido.
Coeficiente de filtração capilar (Kf), o
produto da permeabilidade e da área
2. MEMBRANA CAPILAR
de superfície de filtração dos capila-
GLOMERULAR
res.
A filtração glomerular corresponde a A membrana capilar glomerular pos-
cerca de 20% do fluxo plasmático renal suem três camadas principais:
(FPR) e possuem elevada intensidade • Endotélio capilar
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 4

• Membrana basal • Camada de células epiteliais (po-


dócitos)

SAIBA MAIS!
Juntas, essas camadas compõem uma barreira à filtração que, apesar das três camadas, filtra
diversas centenas de vezes mais água e solutos do que a membrana capilar normal.

O endotélio capilar é perfurado por mi- A membrana basal é formada pela


lhares de pequenos orifícios chama- lâmina basal juntamente com fibras
dos de fenestrações e por isso possui reticulares e complexos de proteogli-
uma alta intensidade de filtração. canas e glicoproteínas. Além disso,
As fenestrações são grandes, porém reveste o endotélio e consiste em um
as proteínas das células endoteliais trama de colágeno e fibrilas proteo-
são ricamente dotadas de cargas fi- glicanas com grandes espaços, pelos
xas negativas que impedem a passa- quais grande quantidade de água e
gem de proteínas plasmáticas. de pequenos solutos pode ser filtrada.
A membrana evita de modo eficiente
a filtração das proteínas plasmáticas.
A camada de células epiteliais reco-
bre a superfície externa do glomérulo.
Essas células não são contínuas mas
tem longos processos semelhantes
a pés (podócitos) que são células do
epitélio visceral dos rins que reves-
tem a superfície externa dos capila-
res. Também possuem restrições às
proteínas plasmáticas.

Figura 2: A. Ultraestrutura básica dos capilares glo-


merulares. B. Corte transversal da membrana capilar
glomerular e seus principais componentes: endotélio
capilar, membrana basal e epitélio (podócitos). Fonte:
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton &
Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2017.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 5

MEMBRANA BASAL GLOMERULAR

Podócitos

Membrana capilar
Endotélio capilar Membrana basal
glomerular

Células Presença Trama de


Fenestrado endoteliais de podócitos colágeno e fibrilas Reveste endotélio
polarizadas externamente proteoglicanas

Proteínas
Passa água e
plasmáticas não
pequenos solutos
passam

Grandes moléculas, com cargas ne- 3. DETERMINANTES DA


gativas, são filtradas menos facilmen- FILTRAÇÃO GLOMERULAR
te que moléculas com carga positiva
Como já vimos, a FG é determinada
com igual dimensão molecular.
pela soma das forças hidrostáticas e
A albumina, por exemplo, tem filtra- coloidosmóticas através da membra-
ção restrita por causa de sua carga na glomerular que fornecem a pressão
negativa e da repulsão eletrostática efetiva da filtração e pelo coeficiente
exercida pelas cargas negativas dos glomerular Kf (FG= Kf x Pressão líqui-
proteoglicanos presente nas paredes da da filtração).
dos capilares glomerulares.
A pressão efetiva representa a soma
das pressões hidrostáticas e da pres-
SE LIGA! Em certas doenças renais, as são coloidosmótica que favorecem ou
cargas negativas são perdidas e algu-
mas proteínas com baixo peso mole-
se opõe à filtração. Essas forças in-
cular, como a albumina, são filtradas e cluem:
aparecem na urina, condição conhecida
como proteinúria ou albuminúria. • A pressão hidrostática nos capila-
res glomerulares que promove a
filtração;
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 6

• A pressão hidrostática na cápsula A pressão hidrostática aumentada


de bowman que se opõe à filtra- na cápsula de bowman diminui a
ção; FG
• A pressão coloidosmótica das pro- Em adultos, a pressão hidrostática na
teínas plasmáticas que se opõe a cápsula de bowman é de cerca de
filtração e a pressão coloidosmó- 18mmHg.
tica das proteínas da capsula de É bom saber que a precipitação de
bowman que promove filtração. cálcio ou ácido úrico por levar a for-
mação de cálculos que se alojam no
SE LIGA! O aumento no coeficiente de trato urinário, frequentemente no
filtração glomerular eleva a FG. Além ureter e, dessa maneira, obstruindo a
disso, algumas doenças diminuem o co-
eliminação da urina e aumentando a
eficiente de filtração, pela diminuição do
número de capilares glomerulares fun- pressão da cápsula de bowman, po-
cionantes como por exemplo: Hiperten- dendo ocasionar hidronefrose (dis-
são crônica não controlada e diabetes tensão e dilatação da pelve renal e
melitus.
dos cálices).

A pressão coloidosmótica capilar


aumentada reduz a FG
A medida que o sangue passa das
arteríolas aferentes para eferentes há
aumento de proteínas plasmáticas. A
partir disso, dois fatores influenciarão
a pressão coloidosmótica nos capila-
res glomerulares:
• Pressão coloidosmótica no plasma
arterial
Figura 3: Resumo das forças que causam filtração • Fração de plasma filtrada pelos ca-
pelos capilares glomerulares. Os valores mostrados
são estimados para seres humanos saudáveis. Fonte: pilares glomerulares
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton &
Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2017.
Sendo assim, aumentando-se a pres-
são coloidosmótica do plasma arte-
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 7

rial, aumenta-se a pressão coloidos- O aumento da pressão arterial tende


mótica nos capilares glomerulares, a elevar a pressão hidrostática glo-
diminuindo a FG e aumentando-se merular e portanto, aumentar a FG.
a fração de filtração também se con- A resistência aumentada das arteríolas
centram as proteínas plasmáticas e aferentes reduz a pressão hidrostática
se eleva a pressão coloidosmótica glomerular, reduzindo a FG. De modo
glomerular. oposto, a resistência aumentada das ar-
teríolas eferentes eleva tanto a pressão
SE LIGA! A maior intensidade do flu- hidrostática glomerular quanto a FG.
xo sanguíneo para o glomérulo tende a
aumentar a FG, e menor intensidade do
fluxo sanguíneo tende a diminuir a FG.
NÃO SE ESQUEÇA!
Aumento da resistência arteriolar afe-
rente: Diminuição do fluxo sanguíneo,
diminuição da pressão hidrostática glo-
merular e diminuição da FG.
Aumento da resistência arteriolar efe-
rente: Diminuição do fluxo sanguíneo,
aumento da pressão hidrostática glo-
merular e aumento da FG.

É importante saber também que a cons-


trição arteriolar eferente tem efeito bifá-
Figura 4: Aumento na pressão coloidosmótica no plas- sico. Em níveis moderados de constrição
ma que flui através dos capilares glomerulares. Fonte: há aumento da FG, mas com altos níveis
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton &
Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: de constrição há diminuição da FG.
Elsevier, 2017.
A causa primária para eventual diminui-
ção é a seguinte: conforme a constrição
A pressão hidrostática capilar eferente se agrava e a concentração de
glomerular aumentada eleva a FG proteínas aumenta, ocorre elevação rá-
pida não linear da pressão coloidosmó-
A pressão hidrostática glomerular é tica causado pelo efeito Donnan; quanto
determinada por três variáveis: maior a pressão proteica, mais rapida-
• Pressão arterial mente a pressão coloidosmótica se ele-
vará por causa da interação dos íons.
• Resistência arteriolar aferente
A constrição da arteríola aferente di-
• Resistência arteriolar eferente minui a FG e o efeito da constrição na
arteríola eferente depende da intensi-
dade de constrição.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 8

Diminuição da 4. FLUXO SANGUÍNEO RENAL


filtração glomerular
O fluxo sanguíneo supre os rins com
Diminuição Aumento da
Diminuição do
nutrientes e remove produtos indese-
da pressão resistência
hidrostática arteriolar fluxo sanguíneo jáveis. Os mecanismos que regulam
glomerular aferente o fluxo sanguíneo renal estão intima-
mente ligados ao controle da FG e
Aumento da das funções excretoras dos rins.
resistência
arteriolar O fluxo sanguíneo renal tem muita re-
eferente
lação com o consumo de oxigênio e é
Aumento
Aumento
por isso que grande fração do oxigê-
da pressão
hidrostática da filtração Diminuição do nio consumido pelos rins está relacio-
glomerular fluxo sanguíneo
glomerular nada à alta intensidade de reabsorção
Figura 5: Mapa mental: Aumento da resistência arterio- ativa de sódio pelos túbulos renais.
lar aferente e eferente.
Caso o fluxo sanguíneo renal e a FG
sejam reduzidos e menos sódio seja
filtrado, ocorrerá diminuição da rea-
bsorção de sódio e do oxigênio con-
sumido. Portanto, o consumo de oxi-
gênio renal varia proporcionalmente
à reabsorção de sódio nos túbulos
renais que está relacionado a FG e à
intensidade dó sódio filtrado.
O fluxo sanguíneo renal é determi-
nado pelo gradiente de pressão ao
longo da vasculatura renal (a diferen-
ça entre as pressões hidrostáticas na
artéria renal e na veia renal) dividido
Figura 6: Efeito dos aumentos na resistência arteriolar
aferente (RA, parte superior) ou na resistência arteriolar
pela resistência vascular renal total:
eferente (RE, parte inferior) no fluxo sanguíneo renal, na
pressão hidrostática glomerular e no filtrado glomerular.
Fonte: HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton
& Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2017.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 9

SAIBA MAIS!
A maior parte da resistência vascular renal reside em três segmentos principais: artérias in-
terlobulares, arteríolas aferentes e arteríolas eferentes. A resistência desses vasos é controla-
da pelo sistema nervoso simpático, vários hormônios e pelos mecanismos renais de controle
local. O aumento da resistência de qualquer um desses segmentos tende a reduzir o fluxo
sanguíneo renal, enquanto a diminuição da resistência aumenta o fluxo sanguíneo se as pres-
sões na artéria e veia renal permanecerem constantes.

As variáveis pressão hidrostática e voso simpático, por hormônios e por


coloidosmótica determinantes da FG autacoides (substâncias vasoativas
são influenciados pelo sistema ner- que são liberadas nos rins agindo lo-
calmente).

DETERMINANTES
DA FG

Pressão Pressão
hidrostática coloidosmótica

São influenciadas por:

Constrição
Sistema nervoso Ativação Constrição
das arteríolas Angiotensina II
simpático arteriolar
eferentes

Constrição dos Norepinefrina, ↓ fluxo


vasos renais epinefrina e Hormônios sanguíneo
e ↓ FG endotelina renal e FG

Neutralizam efeito
Óxido nítrico e Substâncias
de vasoconstrição
prostaglandinas vasoativas
da Ang. II

Figura 7: Mapa mental: Determinantes da FG.


FILTRAÇÃO GLOMERULAR 10

A intensa ativação do sistema vasoconstritor da angiotensina II nes-


nervoso simpático diminui a FG ses vasos sanguíneos.
A forte ativação de nervos simpáti- As arteríolas eferentes são muitos
cos renais pode produzir constrição sensíveis a angiotensina II, causando
das arteríolas renais e diminuir o fluxo constrição. O aumento de ang. II ele-
sanguíneo renal e a FG. Mesmos au- va a pressão hidrostática glomerular
mentos ligeiros na atividade simpáti- enquanto reduz o fluxo sanguíneo re-
ca renal podem provocar uma redu- nal. A formação aumentada de ang. II
ção na excreção de sódio e água, ao ocorre em circunstâncias associadas
elevar a reabsorção tubular renal. à diminuição da pressão arterial ou de
depleção volumétrica que tende a di-
minuir a FG.
Controle hormonal e autacoide O óxido nítrico derivado do endotélio
na circulação renal diminui a resistência vascular renal e
Norepinefrina, epinefrina e endote- aumenta a FG.
lina provocam constrição dos vasos Prostaglandinas e bradicininas re-
sanguíneos renais e diminuem a FG. duzem a resistência vascular renal e
A angiotensina II, preferencialmen- aumentam a FG, ou seja, causam va-
te, provoca constrição das arteríolas sodilatação e aumento do fluxo san-
eferentes na maioria das condições guíneo renal.
fisiológicas. Receptores para a angio-
tensina II estão presentes em prati-
5. AUTORREGULAÇÃO DA FG
camente todos os vasos sanguíneos
dos rins. No entanto, os vasos sanguí- A função primária da autorregulação
neos glomerulares, especialmente as do fluxo sanguíneo é manter o forne-
arteríolas aferentes, aparentam estar cimento de oxigênio e de nutrientes
relativamente protegidos da constri- em nível normal e remover os produ-
ção mediada por angiotensina II, na tos indesejáveis do metabolismo.
maioria das condições fisiológicas, A principal função da autorregulação
associadas a ativação do sistema re- nos rins é manter a FG relativamente
nina-angiotensina, tais como dieta constante e permitir o controle preciso
pobre em sódio ou pressão de perfu- da excreção renal de água e solutos.
são renal reduzida devido à esteno-
se da artéria renal. Essa proteção se A FG normalmente permanece autor-
deve a liberação de vasodilatadores, regulada apesar de consideráveis flu-
especialmente óxido nítrico e prosta- tuações da pressão arterial que ocor-
glandinas, que neutralizam o efeito rem durante as atividades diárias da
pessoa.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 11

Até mesmo com os mecanismos, va-


riações na pressão arterial ainda têm
efeitos significativos na excreção re-
nal de água e sódio, isso é conhecido
como diurese pressórica ou natriu-
rese pressórica.

Feedback tubuloglomerular e
autorregulação da FG
Os rins tem um mecanismo especial
de feedback que relaciona as mudan-
ças na concentração de cloreto de
sódio na mácula densa com o con-
Figura 8: Autorregulação do fluxo sanguíneo renal e da
taxa de filtração glomerular, mas perda da autorregu- trole da resistência arteriolar renal e
lação do fluxo urinário durante alterações na pressão autorregulação da FG. Esse feedback
arterial. Fonte: HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C.
Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio permite assegurar o fornecimento re-
de Janeiro: Elsevier, 2017. lativamente constante de cloreto de
sódio ao túbulo distal e ajuda a pre-
SE LIGA! Na ausência da autorregula- venir flutuações da excreção renal.
ção, um aumento relativamente peque- O mecanismo de feedback tubuloglo-
no na pressão sanguínea poderia causar
aumento semelhante de 25% na FG. merular tem dois componentes que
agem em conjunto para controlar a
FG:
As variações de pressão arterial cos-
• Mecanismo de feedback arteriolar
tumam exercer muito menos efeito
aferente
sobre o volume da urina por dois mo-
tivos: • Mecanismo de feedback arteriolar
eferente
• Autorregulação renal evita gran-
des alterações da FG
• Existem mecanismos adaptativos Esses mecanismos dependem da dis-
adicionais nos túbulos renais que posição anatômica especial do com-
os permite aumentar a intensida- plexo justaglomerular. Esse complexo
de da reabsorção, quando a FG se consiste de células da macula densa
eleva, fenômeno conhecido como na parte inicial do túbulo distal e de
balanço glomerulotubular. células justaglomerulares nas paredes
das arteríolas aferentes e eferentes.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 12

A diminuição da concentração de ção glomerular em pacientes adultos


cloreto de sódio na mácula densa já é uma maneira precisa e prática de
causa dilatação das arteríolas afe- avaliação da função renal. Porém, não
rentes e aumento da liberação de podem ser genera­lizadas para todas
renina. as populações devido às variações
Essa renina liberada por essas células causadas pela associação da massa
funciona como enzima que aumenta muscular com a idade, sexo e etnia.
a formação de ang. I que é converti-
da em ang. II. Por fim, a ang. II contrai 6. DOENÇAS GLOMERULARES
as arteríolas eferentes, o que eleva a
pressão hidrostática e auxilia no re- Epidemiologia
torno da FG ao normal. O bloqueio de No mundo inteiro, as doenças glo-
formação da ang. II reduz adicional- merulares associadas a agentes in-
mente a FG durante a hipoperfusão fecciosos, como a maláriae a esquis-
renal. tossomose, ainda representam um
grave problema de saúde. O apare-
cimento de doenças glomerulares li-
gadas a causas virais, como o vírus
da imunodeficiência humana (HIV) e
os vírus das hepatites B e C, desper-
tou novo interesse nos padrões e nos
mecanismos da lesão glomerular.
As manifestações da lesão glomerular
incluem desde hematúria microscópi-
ca assintomática e albuminúria até o
aparecimento abrupto de insuficiên-
cia renal oligúrica. Alguns pacientes
apresentam grande retenção de líqui-
do (com edema periférico e periorbi-
tário), enquanto outros manifestam
Figura 9: Mecanismo de feedback da mácula densa
para autorregulação da pressão hidrostática glomerular
apenas os sinais e os sintomas lentos
e da taxa de filtração glomerular (FG) durante a dimi- e insidiosos da doença renal crônica.
nuição da pressão arterial renal. Fonte: HALL, John
Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de
fisiologia médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
Síndrome nefrótica
Lesão glomerular de natureza primá-
O uso de equações desenvolvidas
ria (idiopática) ou secundária (várias
para o cálculo da estimativa da filtra-
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 13

doenças) com alteração da perme- Síndrome nefrítica


abilidade da membrana basal glo-
merular. Nessa síndrome, há uma junção de
sinais e sintomas resultantes do iní-
Essa síndrome é definida pela ocor-
cio abrupto de edema, hipertensão
rência de albuminúria superior a 3 a
arterial sistêmica, oligúria, redução da
3,5g/dia, acompanhada de hipoalbu-
função renal e alteração no sedimento
minemia, edema e hiperlipidemia.
urinário,e portanto, há uma diminui-
Os pacientes podem apresentar ga- ção da taxa de filtração glomerular.
nho de peso, edema periférico e ede-
Os pacientes podem apresentar ede-
ma periorbital e a hipertensão é co-
ma periorbitário e facial, anasarca, oli-
mum.
gúria, alteração da coloração da urina,
O tratamento varia conforme a causa hipertensão por conta da sobrecarga
específica. Níveis elevados de lipídios de volume e além disso pode ocorrer
devem ser tratados. A anticoagulação congestão pulmonar e dispnéia.
não é recomendada rotineiramente,
SÍNDROME NEFRÓTI- SÍNDROME NEFRÍTICA
mas é necessária se ocorrer qualquer CA
complicação trombótica. O edema é Edema Edema
tratado com diuréticos, e a combina- Proteinúria Hematúria
ção de furosemida e albumina é mais Hipoproteinemia Hipervolemia
eficaz do que a furosemida sozinha
para pacientes com edema refratário.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 14

MAPA MENTA FILTRAÇÃO GLOMERULAR

Carga positiva Carga negativa Ex: Albumina

Pequenas Grandes
moléculas moléculas

Hormônios
Sistema nervoso Filtração facilitada Filtração dificultada
e substâncias
simpático
vasoativas

Forças Influenciadas por:


hidrostáticas e Coeficiente de
coloidosmósticas Determinada por: filtração capilar

Cápsula: Membrana capilar


FILTRAÇÃO GLOMERULAR Endotélio capilar
↑ PH = ↓ FG glomerular

Capilar:
Membrana basal Podócitos
↑ PC = ↓ FG

Capilar:
↑ PH = ↑ FG

Aumento da ↓ da FG
Autorregulação
resistência ↓ da PH
da FG
aferente ↓ do fluxo sang

Aumento da ↑ da FG
Feedback
resistência ↑ da PH
tubuloglomerular
eferente ↑ do fluxo sang
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 15

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiologia médica. 13.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
Neuma, TEREZA; Renan, ARAUJO; Karingy, ADRIELLY; Glomerular filtration rate estimated
in adults: characteristics and limitations of equations used. Rio Grande do Norte, 2016.
GOLDMAN, Lee; AUSIELLO, Dennis. Cecil Medicina Interna. 24. ed. SaundersElsevier, 2012.
FILTRAÇÃO GLOMERULAR 16

Você também pode gostar