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EXMO. SR. DR.

JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

Processo nº

FULANA DE TAL, já devidamente qualificada


nos autos do processo em epígrafe, vem mui respeitosamente à presença de
Vossa Excelência, por sua advogada, em cumprimento ao despacho de fls.,
se manifestar acerca do Laudo Pericial de fls. 100/105, nos seguintes
termos:
1- A requerente, em sua exordial, demonstrou
que, durante o desempenho de suas atividades laborativas junto à sua
empregadora, passou a sentir fortes dores na região lombar, sendo que,
após ser atendido pelo médico especialista, Dr. XXXXXXXX, foi
diagnosticado que a mesma é portadora de ARTRODESE
DEGENERATIVA E HÉRNIA DISCAL;

2- Ato contínuo, a autora foi submetida a uma


cirurgia para colocação de parafuso na coluna e, em 09/12/2010, foi
operada novamente para REVERSÃO DE ARTRODESE LOMBAR POR
FRATURA DE PARAFUSO DE 51;

3- Destarte, desde o acometimento da autora


às cirurgias, o médico especialista em neurologia clinica e neurocirurgia
que acompanha seu tratamento continuamente, Dr. XXXXXXXXXXXX,
constatou a incapacidade para o seu trabalho, que é o de cozinheira;

4- Ocorre que a perícia realizada pelo Dr.


XXXXXXXXXX afirmou, conforme se denota da análise do item 11, da
Conclusão, que: “não há sinais de incapacidade, que pudessem ser
constatados nesta perícia, que impeçam o desempenho das atividades
habituais.”

5- Concluiu, portanto, pela não caracterização


da incapacidade laborativa.
6- Porém, a conclusão aposta no r. Laudo
Pericial confeccionado pelo douto expert, não condiz com a realidade
vivenciada pela Postulante.

7- Como pode ser observado através de toda a


documentação acostada aos autos, o médico especialista que acompanha
rotineiramente a patologia apresentada pela requerente conclui, em todas as
oportunidades, pela incapacidade definitiva da paciente em retornar ao
trabalho.

8- Ora douto Juízo, por certo, as conclusões


apresentadas pelo médico Dr. XXXXX demonstram mais claramente a
realidade vivenciada pela Postulante, haja vista que as consultas e exames
médicos são realizados rotineiramente, o que acarreta em um contato maior
entre o médico e o paciente, o qual aquele pode diagnosticar com maior
facilidade as limitações sofridas pela autora.

9- Outrossim, em relatório médico


apresentado pelo DR XXXXXXX o mesmo atestou que a requerente TEM
HISTÓRIA DE DOR LOMBAR HÁ MAIS DE 18 MESES, COM
IRRADIAÇÃO PARA O MEMBRO INFERIOR ESQUERDO E SINAIS
CLINICOS DE COMPROMETIMENTO RADICULAR, DEVIDO
DISCOPATIA DEGENERATIVA LOMBAR L4-L5 E L5-S1, COM
ESTENOSE FORAMINAL. FOI SUBMETIDA A
HEMILAMINECTOMIA L4-L5 À ESQUERDA,COM DISCECTOMIA,
E ARTRODESE LOMBAR VIA POSTERIOR COM PARAFUSOS
PEDICULARES,BARRAS LONGITUDINAIS E BARRA
TRANSVERSAL E ENXERTO ÓSSEO. Está sob controle, PORÉM COM
DOR AOS ESFORÇOS E QUANDO EM

POSIÇÕES VICIOSAS, O QUE


IMPOSSIBILITA O SEU TRABALHO

(COZINHEIRA) - ( anexo) – (grifos nossos).

10- Ora, douto Juízo, como pode um médico


especialista, que acompanha continuamente as patologias apresentadas pela
requerente, aduzir veementemente pela incapacidade laborativa e o outro,
médico perito, que não acompanhou o caso, que apenas realizou exame
clínico na autora, nem sequer concluir por qualquer incapacidade
laborativa?

11- Indaga-se ainda: como a Postulante pode


ser considerada apta para o exercício de suas atividades laborativas se ainda
encontra-se realizando tratamentos médicos?

12- Por esses motivos, a autora impugna a


conclusão aposta no r. laudo, haja vista estar em total dissonância com a
realidade apresentada pela Postulante.

13- Destarte, importante destacar um vício


continho no r. laudo pericial, no sentido de que o médico perito, ao
descartar a hipótese de incapacidade laborativa, nem ao menos descreveu
se a suposta capacidade era total para o exercício de qualquer tipo de
função, ou se havia restrições ao exercício de determinadas atividades.
Somente informou que não há sinais de incapacidade que impeça o
desempenho das atividades habituais.

14- Importante salientar que a função que deve


ser avaliada sob o aspecto da incapacidade ou não para o trabalho é aquela
para o qual o segurado fora treinado, não importando o exercício de outras
funções que porventura ele possa conseguir exercer.

15- Desta forma, o médico perito deve avaliar a


incapacidade laborativa para o exercício da função a qual estava a autora a
executar quando do acometimento das patologias já destacadas.

16- Ora, douto Julgador, diante do acima


descrito, verifica-se a incongruência contida no Laudo Pericial, haja vista
que, por certo, o médico perito não analisou a patologia adquirida pela
autora, relacionando-a com a atividade por ela exercida.

17- Como pode ser observado, o médico perito


teve conhecimento que no trabalho, a Postulante exercia as atividades de
auxiliar de cozinheira, sendo que lhe é atribuído lavar pratos, servir os
funcionários, lavar a cozinha, sendo que todo o trabalho é feito em pé, além
de carregar cubas e panelas com 10 ou mais quilos de arroz, entre outras
atividades.
18- Destarte, não se ateve ao fato de que a
atividade de cozinheira é extenuante e exige muito esforço. Assim,
diariamente, a autora sofre dores decorrentes do exercício de suas
atividades laborativas, algo que ela não pode fazer por recomendação
médica.

19- Assim, o laudo pericial não deve


prevalecer, posto que padece de vícios, haja vista que o médico perito, ao
concluir pela ausência de incapacidade laborativa, nem sequer observou as
atividades desempenhadas pela autora, que demandam esforços físicos.

20- Diante do exposto e da contradição entre a


conclusão do médico da autora – especialista em neurologia clinica e
neurocirurgia – Dr. XXXXXXX – CRM XXXXX e do Perito Judicial,
requer-se a nomeação de novo perito médico da confiança deste d. Juizo,
para que, em observância ao disposto no artigo 1º, inciso III e artigo 5º,
inciso LXXIV, ambos da Constituição Federal, realize, o quanto antes,
nova pericia médica para averiguação da incapacidade da requerente.

21- Na remota hipótese de V.Exa desacolher o


pedido acima descrito, requer-se, sucessivamente, a apresentação dos
documentos acostados à presente peça processual ao médico perito, para
que esclareça as arguições aqui apontadas, de forma a rever seu
entendimento e alterar o laudo pericial outrora confeccionado, haja vista
estar destoado da realidade fática, bem como conter vícios que merecem
ser sanados.
22- Isto posto, requer-se a TOTAL
PROCEDÊNCIA da presente demanda, de forma a reconhecer a
incapacidade laborativa da postulante, e consequentemente, conceder o
beneficio previdenciário de auxílio-doença alternativamente aposentadoria
por invalidez, nos moldes da peça vestibular.

Nestes termos, p.deferimento.

DATA

NOME

OAB

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