Este documento resume um caso de agravo interno em ação rescisória movida contra um acórdão. O relator entende que a decisão monocrática que indeferiu a ação rescisória limitou-se demais à análise da prova e não considerou os argumentos sobre a existência de erro de fato ou direito. O relator vota para provimento do agravo, admitindo o processamento da rescisória e concedendo tutela provisória para suspender o cumprimento do acórdão combatido.
Este documento resume um caso de agravo interno em ação rescisória movida contra um acórdão. O relator entende que a decisão monocrática que indeferiu a ação rescisória limitou-se demais à análise da prova e não considerou os argumentos sobre a existência de erro de fato ou direito. O relator vota para provimento do agravo, admitindo o processamento da rescisória e concedendo tutela provisória para suspender o cumprimento do acórdão combatido.
Este documento resume um caso de agravo interno em ação rescisória movida contra um acórdão. O relator entende que a decisão monocrática que indeferiu a ação rescisória limitou-se demais à análise da prova e não considerou os argumentos sobre a existência de erro de fato ou direito. O relator vota para provimento do agravo, admitindo o processamento da rescisória e concedendo tutela provisória para suspender o cumprimento do acórdão combatido.
0000/50000, de Concórdia Relator: Desembargador Rubens Schulz
AGRAVO INTERNO EM AÇÃO RESCISÓRIA. AÇÃO
FUNDADA EM ERRO DE FATO (DESCONSIDERAÇÃO DE FATOS INCONTROVERSOS) E ERRO DE DIREITO (VIOLAÇÃO DA NORMA JURÍDICA). É, em tese, possível a reanálise do conjunto probatório, quando a rescisória vem fundamentada em erro de fato, e que este seria apto a alteração de premissa, considerada na conclusão do acórdão que se busca rescindir, salvo quando, de pronto, se verifica que a tese não é capaz de alterar a conclusão ou não encontra ressonância na prova coletada. AGRAVO PROVIDO. PROSSEGUIMENTO DA RESCISÓRIA. TUTELA PROVISÓRIA DEFERIDA PARA DETERMINAR A SUSPENSÃO DO CUMPRIMENTO DO ACÓRDÃO. Se o pleito da rescisória aponta situação excepcional, que pode levar a alteração da conclusão lógica, que embasou a fundamentação do acórdão, é de se deferir o pedido de suspensão do cumprimento do acórdão (art. 969 do CPC) .
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo n.
4008413-32.2016.8.24.0000/50000, da comarca de Concórdia 1ª Vara Cível em que é/são Agravante(s) Beneficência Camiliana do Sul Hospital São Francisco e Agravado(s) Sérgio Luis Atolini e outros.
A Grupo de Câmaras de Direito Civil decidiu, por maioria de votos,
prover o Agravo em Ação Rescisória para admitir o processamento da ação. Vencido o relator originário, que votou pelo desprovimento do recurso, aplicando- se à agravante a pena de multa de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa. Por unanimidade, decidiu o Grupo de Câmaras conceder a antecipação da tutela para suspender o cumprimento do acórdão rescindendo. Participaram do julgamento, realizado nesta data, os Exmos. Srs. Des. Eduardo Mattos Gallo Júnior, Desembargador Newton Trisotto, Desembargador Luiz Cézar Medeiros, Desembargador Fernando Carioni, Desembargador Marcus Túlio Sartorato, Desembargadora Maria do Rocio Luz Santa Ritta, Desembargador Henry Petry Júnior, Desembargador Raulino Jacó Brüning, Desembargador Jairo Fernandes Gonçalves, Desembargador João Batista Góes Ulysséa, Desembargadora Denise Volpato, Desembargador Sebastião César Evangelista, Desembargador Stanley Braga, Desembargador Rodolfo C. R. S. Tridapalli, Desembargadora Rosane Portela Wolff, Desembargador Rubens Schulz, Desembargador Jorge Luis Costa Beber e Desembargador André Luiz Dacol. Florianópolis, 13 de setembro de 2017.
Desembargador Rubens Schulz
Relator designado
Gabinete Desembargador Rubens Schulz
RELATÓRIO
Trata-se de Agravo Interno atacando decisão monocrática que
indeferiu liminarmente a petição inicial da Ação Rescisória, com fundamento central de que "o debate situa-se no terreno da análise da prova" , sendo que, no afirmar da parte agravante, "não foram analisadas, portanto, as premissas objetivas (fáticas e jurídicas) que levaram à condenação do Hospital – o que é, precisamente, o objeto desta ação". Faz considerações sobre a inviabilidade de se confundir o mérito da ação rescisória com o seu exame de admissibilidade, afirmando "Lá, o competente órgão colegiado verifica de forma exauriente a existência, ou não, de erro de fato ou de direito. Aqui, a análise (sumária, diga-se) se limita aos elementos mínimos que apontem para a possibildiade de algum erro a existência de vícios no juízo rescindendo." Pleiteia ainda, além do provimento do agravo, com prosseguimento da rescisória, pela concessão de tutela provisória de urgência, para determinar a suspensão do cumprimento do acórdão. Este é o relatório.
Gabinete Desembargador Rubens Schulz
VOTO
Analisando a decisão monocrática que indeferiu a inicial da
presente rescisória, se extrai, com facilidade, que o entendimento que embasou a mesma, está ligado a inviabilidade de reanálise da prova e nova valoração "dos elementos de convencimento produzidos no feito". E segue o prolator da decisão: "No caso, porém, tudo se passa de outro modo: o magistrado disse ausente o pediatra, com base nos elementos de convicção que possuía - e que se mostram ainda agora incontroversos, haja vista como combateu o próprio depoimento do médico que realizou o parto e o mesmo declarou ausente o profissional na sala de parto, inexistindo controvérsia sobre sua existência no hospital e inexistência no momento crucial -, considerou que dessa ausência decorreu a lesão estudada, fundamentando o quanto disse e debatendo sobre a prova a respeito". A questão, com o máximo respeito, apresenta, entretanto, contorno diverso, na medida em que a tese lançada na rescisória e vinculada ao erro de fato, diz com a inexistência do nexo de causalidade entre o acontecido com a vítima e a presença ou não do pediatra na sala de parto. Ora, não basta demonstrar que o pediatra não estava na sala de parto, havendo que se demonstrar, igualmente, que a sua ausência influenciou diretamente no quadro apresentado pela vítima. Apenas para demonstrar a relevância da argumentação relativa ao nexo causal, transcreve-se parte da fundamentação da sentença lançada ainda na Justiça Federal, que julgou improcedentes os pedidos da ação de indenização, antes de ser declarada a ilegitimidade da União para compor o polo passivo, determinando a remessa dos autos à Justiça Estadual (fl. 964): [...] Como referido supra, é necessária a demonstração de que o serviço público prestado causou o prejuízo aludido pelo administrado para que possa configurar a responsabilidade estatal. Na hipótese dos autos, a prova pericial demonstrou que não há vínculo etiológico entre a conduta do agente e as lesões sofridas pelo autor Jonathan. 4
Gabinete Desembargador Rubens Schulz
No mesmo sentido, o contido na sentença proferida já na Justiça Estadual (fl.1660): [...] Diante disso, cabe verificar o nexo entre tais condutas e o dano sofrido. Sustentam os autores que as seqüelas permanentes no autor Jonathan foram ocasionadas pela demora na realização de seu parto, o que teria provocado sofrimento sensorial, levando à parada cárdio-respiratória, dentre outras complicações. Contudo, em que pese as alegações e os fatos narrados, o laudo pericial acostado aos autos é conclusivo no sentido de inexistir qualquer vínculo etiológico entre a conduta do agente e as lesões sofridas pelo autor Jonathan [...]. Em havendo conclusão no acórdão apontando a existência do nexo causal, é possível, em rescisória a verificação da existência de premissa que possa levar a tal conclusão ou não. A questão difere da simples valoração da prova, para se estender à verificação da existência ou não da premissa considerada. O mesmo se dá com a verificação, de forma objetiva, da existência de regra impositiva da presença do pediatra na sala de parto, questão objeto da insurgência manifestada na rescisória. Por último, dada a relevância do tema impugnado, conforme se observou, e o manifesto risco, ao se dar cumprimento ao acórdão, inclusive para o desenvolvimento das próprias atividades do Hospital, com imediato reflexo aos que dele se servem, e irreversibilidade do dano, entendo cabível o deferimento da tutela provisória de urgência, para determinar a suspensão do cumprimento do acórdão combatido (art. 969 do CPC). Este é o voto.
Da não violação ao princípio constitucional da presunção de inocência (art. 5º, LVII, CF/88) em face da execução provisória da pena após condenação em segunda instância