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EXMO. JUÍZO DA .....

VARA CÍVIL DA COMARCA DA CAPITAL DE CURITIBA

PROCESSO:

AUTOR:

RÉU:

Classe / assunto: Procedimento ordinário – Dano Material – cdc


C/c Dano Moral outros – cdc

José Gonçalves Tavares, Médico Veterinário, regularmente inscrito no CRMV/PR sob o


nº 0000, perito Médico Veterinário cadastrado na DIPEJ, em conformidade com a resolução CM nº
00 de …/......./......., sob o nº 0000 e Perito deste Douto Juízo nos autos da Ação em epigrafe,
vem, mui respeitosamente apresentar sua RESPOSTA A IMPUGNAÇÃO proposta pela Autora
em fls. 000-000, nos seguintes termos:

01) Que atendeu, na elaboração da prova técnica, a todos os requisitos técnicos


pertinentes à hipótese, não havendo, desta forma, Concessa vênia e salvo melhor
juízo, qualquer motivação fática e/ou legal para se entender pela existência de elva na
peça apresentada;

02) Que os questionamentos apresentados pela Autora com o conclusivo técnico se


apresentam como um Inconformismo da parte, não demonstrando a presença de
eventual jaça no Laudo apresentado, motivo pelo qual não há razoabilidade nas
sustentações apresentadas para impugnar o Laudo Pericial;

03) Que, com rara facilidade, pode-se perceber que a impugnação feita se resume em uma
demonstração de querer impugnar, não trazendo ao processo qualquer argumento que
contrarie o Laudo apresentado.

04) Para sustentar a pretensão de impugnar o Laudo Pericial, a Autora formulou as


considerações constantes em fls. 000 e 000, as quais este Perito passa a esclarecer:

4.1) Quanto ao local da realização do ato pericial, foi afirmado no Laudo Pericial, ipsis
verbis:

...” Por meio de contatos telefônicos e e-mails, com o patrono da Autora e posteriormente com a
parte, foi agendada a entrevista com a Autora e o exame do canino objeto da lide, realizadas no
exterior do prédio do Tribunal de Justiça do PR, no dia .../.../…, às 00:00hrs. Presentes o Perito e
a parte com o seu canino”. ...

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…” O canino de propriedade da Autora da presente demanda, no momento do exame realizado
pelo Perito, encontrava-se em bom geral e sem sinais ou sintomas de atual patologia ocular, com
os olhos limpos, sem secreções e com cicatriz de cirurgia sofrida anteriormente.” …

…” A cicatriz observada no olho esquerdo durante o exame realizado pelo Perito é compatível
com o procedimento cirúrgico para correção de úlcera de córnea por enxerto conjuntival
pedunculado, conforme descrito nos autos processuais.” …

O objetivo deste ato pericial foi entrevistar a proprietária e constatar o resultado do procedimento
cirúrgico realizado após a conduta terapêutica instituída pelo Réu.

A entrevista foi realizada de forma elucidativa e foi possível constatar e fotografar a cicatriz
resultante do procedimento cirúrgico, realizado após o tratamento terapêutico instituído pelo Réu,
verificando-se igualmente o estado de saúde do órgão examinado.

Para obtenção dos objetivos do perito, não seria necessário mais que um exame visual, eis que os
procedimentos, terapêutico e cirúrgico, haviam sido minuciosamente descritos nas peças
processuais, sendo possível, entretanto, observar-se o resultado das condutas adotadas.

Portanto restaram atingidos, a contento a satisfatoriamente, os objetivos deste Perito para a


elaboração do conclusivo técnico.

4.2) O Perito concluiu em seu Laudo Pericial que o Réu não possui especialização em
oftalmologia veterinária, conforme se constata in verbis:

…” Quando indagado o Réu se possui especialidade em oftalmologia, este afirmou


que não possui tal especialização, atendendo como clínico geral em casos oftalmológicos,
o que não é vedado para Médicos Veterinários.
Afirmou ainda que eventualmente tem o suporte de um Médico Veterinário especialista em
oftalmologia em seu estabelecimento.” …

Equivocada a afirmativa da Autora quando, pretendendo impugnar o Laudo Pericial,


afirmou:

…” Os cães não diferem dos homens. As pessoas não tratam problemas


oftalmológicos com clínicos gerais. Porque haveria de um cão ser tratado por um clínico
geral? Aliás, acredita-se que o Sistema ocular dos caninos não difere em muito dos
humanos.”

Desconhece a Autora, entretanto, que a especialidade oftalmologia veterinária é de


competência da especialidade CLINICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS, conforme
resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária, abaixo reproduzida, no que
acertadamente conclui o Expert:

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RESOLUÇÃO Nº 756, DE 17 DE OUTUBRO DE 2003

Dispõe sobre o registro de Título de Especialista em áreas da Medicina Veterinária,


no âmbito dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária

Resolve:

Art.1º Instituir, no âmbito dos Conselhos Regionais de medicina veterinária,


as normas para o registro do título de especialista em áreas de Medicina veterinária
com vistas a disciplinar o disposto no art.13, inciso XIV do Código de Ética do
Médico Veterinário.

Art.2º Caberá ao Plenário do Conselho Regional de Medicina Veterinária, o


exame dos documentos probatórios, assim como a aprovação do registro do título
de especialista.

& 1º É vedado o registro de duas especialidades com base no mesmo


curso realizado.

& 2º O médico veterinário poderá obter o registro de até 2(dois) títulos de


especialista no Conselho Regional.

ANEXO

ESPECIALIDADE ÀREA DE ATUAÇÃO

Acupuntura Veterinária

Anestesiologia Veterinária

Bem-Estar e Comportamento Animal

Clínica e Técnica Cirúrgica

Clínica Médica de Grandes Animais Ruminantes, Equídeos e Suínos

Clínica Médica de Pequenos Animais Cardiologia, Dermatologia, Odontologia,


Oftalmologia, Ortopedia e Traumatologia

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Publicada no DOU de 12-11-03, Seção 1 Pág. 000.

4.3) Durante os atos Periciais, que resultaram no conclusivo técnico, o Perito visitou o
estabelecimento Médico Veterinário do Réu, quando inspecionou o estabelecimento e entrevistou
o Réu, conforme se verifica no Laudo pericial.

Durante a visita e inspeção do estabelecimento do Réu, o Perito constatou que o


estabelecimento é dotado de equipamentos e provido de insumos necessários para
consultas, meios diagnósticos e instituição de condutas terapêuticas comumente
realizadas na clínica médica de oftalmologia veterinária, senão vejamos:

…” Por meio de contatos telefônicos e e-mails, com o Réu, foi agendada a entrevista com
a parte, realizada nas dependências da Clínica Veterinária Bom Pastor, no dia ../…./… às 00:00
horas. Presentes o Perito e a parte” …

…” Foi agendada e realizada a entrevista com o Réu, conforme cópia de e-mail em


anexo,”…

…” Foi observado pelo Expert que o estabelecimento Médico Veterinário do Réu dispõe de
equipamentos necessários para consultas oftalmológicas” …

4.4) O Perito, após analisar os procedimentos terapêuticos adotados pelo Réu, constatou
que foram corretos e adequados para a patologia que o animal, de propriedade da Autora,
apresentava na época em que for a consultado, em consonância com a inteligência de renomados
Autores, conforme abaixo transcrito:

Assim afirmou o perito:

…” A abordagem clínica e terapêutica adotadas pelo Réu foram acertadas para a


patologia descrita nos autos, conforme a evolução do quadro patológico e descrito
sequencialmente pelas partes, na instrução processual:
 Trisorb – Lubrificante para o globo ocular.
 Acular – Colírio anti-inflamatório.
 Regencel Pomada – Auxiliar na recomposição do epitélio.
 Zelotril – Antibiótico.
 Zymar – Colírio antibiótico.
 Atropina – Dilatador pupilar.
 Colírio biológico – Favorece a formação de substâncias biológicas
protetoras.”

No mesmo sentido ensinam renomados Autores quanto às úlceras de córnea:


“Quanto a Terapêutica clínica, esta tem por objetivos: potencializar e estimular a
regeneração da córnea, prevenir infecções e suprimir espasmo ciliar (BOEVÉ,et.al.,1999).”

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“As condutas terapêuticas neste caso fundamentam-se no alívio dos sinais clínicos e sobretudo na
profilaxia de descemetoceles, que requerem, quase sempre, terapias específicas emergenciais
para prevenir as perfurações totais da córnea (ANDRADE, et.al.2000).”

“Para se evitar as infecções secundárias com ativação da colagenase e eventuais riscos


de perfurações corneanas devem-se utilizar um procedimento inicial de limpeza da ferida, com
aplicação tópica de agentes antibacterianos, além de uma terapia complementar, de acordo com o
caso, em geral usando midriáticos com a atropina (BARROS, 1993 WILKIE & WHITTAKER, 1997;
BOLSON, et. Al.2004).”

4.5) Quanto ao lapso temporal e agravamento da patologia, determinantes para que fosse
realizada cirurgia corretiva por professional Médico Veterinário diverso do Réu, igualmente o
Laudo pericial foi elucidativo e de acordo com as publicações dos Mestres no assunto, conforme
abaixo se confirmam o Laudo Pericial e os ensinamentos acadêmicos:

Assim afirmou o Perito:

…” A evolução do quadro clínico não foi favorável, havendo agravamento do processo


inflamatório/infeccioso, que evolui para a formação de úlcera de córnea.”

“O agravamento da patologia com a formação de úlcera de córnea sugeriu alteração na


terapêutica, conforme a conduta adotada pelo Réu. O tratamento em tais complicações pode ser
por meio clínico conservador ou cirúrgico, dependendo da gravidade das lesões observadas,
sendo certo que úlceras de córnea podem aumentar e comprometer áreas mais profundas em
curto espaço de tempo.”

“O lapso temporal observado desde a última consulta realizada pelo Réu e a consulta do
Médico Veterinário que optou pelo procedimento cirúrgico realizado, sem sombra de dúvida,
alterou a dimensão da úlcera de córnea, que aumentou, tendo sido correta a conduta do Médico
Veterinário em optar pelo procedimento cirúrgico conforme descrito.”

“Não é possível atribuir falha à conduta professional do Réu, eis que a terapêutica e
conduta clínica foram adequadas ao quadro apresentado pelo canino de propriedade da Autora,
conforme as provas nos autos, sendo certo que somente a evolução do quadro patológico e o
agravamento da lesão da úlcera de córnea foram a motivação para a adoção do procedimento
cirúrgico realizado.”…

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Importante se faz a constatação de que, apesar do inequívoco agravamento do quadro
patológico do canino, o profissional Médico Veterinário que realizou o procedimento
cirúrgico não o fez imediatamente.

Observe-se que, tendo examinado o canino em 04/06/2011, decidiu adotar novo


procedimento terapêutico, vindo a realizer a intervenção cirúrgica somente em 06/06/2015,
ou seja dois dias após a consulta, conforme se constata na Petição inicial, em fl.00.

No mesmo sentido lecionam os especialistas:

As úlceras profundas ocorrem pelo envolvimento da camada estromal (CARNEIRO FILHO,


2006).

Sem intervenção muito rápida, essas úlceras agressivas podem progredir em um ou alguns
dias para perfuração, panoftalmite e frequentemente para perda do olho (BOEVÉ, et.al., 1999).

Derradeiramente, o Perito encerra a presente RESPOSTA A IMPUGNAÇÃO afirmando,


para ao final requerer:

Pelo exposto este Perito ratifica em todos os termos o Laudo Pericial apresentado,
requerendo, assim, seja rejeitada a impugnação apresentada, por ser medida legal e de
direito, ficando, no mais, à disposição de V. Exª. Para o que entender necessário.

São termos em que,

Pede juntada e deferimento.

Curitiba …./…./…..

DR. JOSÉ GONÇALVES TAVARES


PERITO DO JUÍZO – TJEPR: 00000

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