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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO RIO DE JANEIRO

Lei n° 5.905/73
Filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros – Genebra - Suíça
FISCALIZAÇÃO

DEPARTAMENTO DE FISCALIZAÇÃO

Parecer FISCAL nº 301.005/2021

EMENTA: Emitir parecer fiscal referente da prática dos profissionais de


enfermagem na execução do procedimento de perfuração de orelha com
a técnica de body piercing (cateter estéril).

SUMÁRIO

1. Histórico...................................................................................................01
2. Legislações e Pareceres COFEN..............................................................02
3. Análise Fiscal...........................................................................................02
4. Conclusão ................................................................................................04

1. HISTÓRICO

Este parecer foi solicitado a apartir da designação nº1151/2021 do Departamento de


Fiscalização do Coren-RJ. Este pedido tem como cerne avaliar a atuação dos profissionais de
enfermagem na execução do procedimento de perfuração de orelha com a técnica de body
piercing (cateter estéril).

Em observância ao art. 2º da lei nº 5.905 de 12 de julho de 1973, o Conselho Federal e os


Conselhos Regionais de Enfermagem são órgãos disciplinadores do exercício da profissão de
enfermeiro e demais profissões compreendidas nos serviços de enfermagem. Ademais, o seu art. 15
sinaliza que disciplinar e fiscalizar o exercício profissional de enfermagem é uma das competências
dos Conselhos Regionais de Enfermagem no país, tão logo, todo profissional de enfermagem
(enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem) no exercício de sua função. ⁽¹⁾
Os limites das atividades dos profissionais de enfermagem (auxiliar, técnico e enfermeiro)
estão definidos no Decreto nº94.406/87, que regulamenta a Lei nº7.498/86, sobre o exercício
profissional da Enfermagem. As atividades do enfermeiro estão descritas nos artigos 8º e 9º, as
competências do técnico de enfermagem, no artigo 10º e as dos auxiliar, no artigo 11º do referido
decreto. Além da legislação citada acima, as condutas dos profissionais de enfermagem são
regulamentadas através da Resolução Cofen nº564/2017, que dispõe sobre o código de ética destes
profissionais.⁽²˒³˒⁴⁾

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Sendo assim, será analisado todo esse arcabouço legal, que segue abaixo, a fim de garantir os
direitos e deveres dos profisonais de enfermagem no exercício profissão.

2. LEGISLAÇÕES e PARECERES ANALISADOS (ordem cronológica):


Lei nº 5.905 de 12 de julho de 1973 - Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais de
Enfermagem e dá outras providências;
Lei nº 7.496 de 25 de junho de 1986 – Dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, e
da outras providências;
Decreto nº 94.406 de 08 de junho de 1987 – Regulamenta a Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986, que
dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências;

Lei n°4.398 de 27 de agosto de 2009 - Norma Estadual - Distrito Federal - Publicado no Diário
Oficial Estadual em 31 agosto de 2009. Institui normas para instalação e funcionamento de
estabelecimentos que executam procedimentos inerentes à pratica de tatuagem e body piercing e dá
outras providências;
Resolução COFEN nº358/2009 de 15 de outubro de 2009 - Dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos
ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providências;
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Anvisa Nº 63, de 25 de novembro de 2011, que dispõe
sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde;
Parecer n° 002/2014 do COREN/BA em 10 de janeiro de 2014 – Punção de jugular externa pela
enfermeira e retirada de acesso central pela equipe de enfermagem;
Parecer COREN/SC nº 015/2015 Parecer Homologado pelo Plenário do COREN-SC na 528 Reunião
Plenária Ordinária em 2015- a respeito da legitimidade da punção de jugular externa por profissional
Enfermeiro.
Resolução COFEN nº564/2017 de 06 de dezembro de 2017 – Dispõe sobre o Código de
Deontologia de Enfermagem.
Resolução Nº 568/2018 de 09 de fevereiro de 2018 - Alterada pela Resolução COFEN Nº 606/2019
que regulamenta o funcionamento dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem.

Lei de N° 8040 de 06 de setembro de 2018 - Publicado no Diário Oficial Estadual de Alagoas em 11


setembro 2018.
Parecer Nº 019/2020 do COREN/AL de 15 de outubro de 2020 - sobre a legalidade da prática dos
profissionais de enfermagem na execução do procedimento de perfuração de orelha com a técnica de
body piercing (cateter estéril).
Parecer N° 027/2020 do COREN/PI de 16 de outubro de 2020 - sobre a atuação do Enfermeiro e
Técnico de Enfermagem e suas atribuições no Centro Cirúrgico (CC) e Recuperação Pós Anestésica
(RPA).

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2. ANÁLISE TÉCNICA FISCAL

A Enfermagem é uma profissão regulamentada pela Lei n° 7.498/86 e pelo Decreto n°


94.406/87, cuja atividade precípua é a Assistência de Enfermagem preventiva, curativa e de
recuperação aos clientes/pacientes. Seus profissionais também obedecem as normas e princípios de
conduta descritas pela Resolução Cofen nº 564/2017 .⁽²˒³˒⁴⁾ Partindo deste pressuposto:
Resolução Cofen nº 564/2017 CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM [...] PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS A Enfermagem é comprometida
com a produção e gestão do cuidado prestado nos diferentes contextos socioambientais e
culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade. O profissional de
Enfermagem atua com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais,
técnico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para
promoção do ser humano na sua integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da
Bioética, e participa como integrante da equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das
Políticas Públicas, com ênfase nas políticas de saúde que garantam a universalidade de
acesso, integralidade da assistência, resolutividade, preservação da autonomia das pessoas,
participação da comunidade, hierarquização e descentralização político-administrativa dos
serviços de saúde. O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento próprio
da profissão e nas ciências humanas, sociais e aplicadas e é executado pelos profissionais na
prática social e cotidiana de assistir, gerenciar, ensinar, educar e pesquisar. [...] A
Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde e qualidade de vida da pessoa,
família e coletividade. O Profissional de Enfermagem atua na promoção, prevenção,
recuperação e reabilitação da saúde, com autonomia e em consonância com os preceitos
éticos e legais. [...] ⁽⁴⁾

A atuação do profissional Enfermeiro com autonomia, assim como lhe confere benesses, lhe
traz a exclusividade sobre as suas responsabilidades nas decisões tomadas e, desta forma, é implícito
que se tenha o conhecimento específico, a habilidade e competência para o respaldo a prestar uma
assistência segura e de qualidade ao paciente, por meio da capacitação e atualização do profissional.
Dessa forma, deverá tomar condutas e realizar a assistência de acordo com todas as precauções
decorrentes da prudência, diligência e perícia.⁽⁵⁾
Todo a metodologia, os instrumentos que serão utilizados no processo de Enfermagem que
devem estar baseado num suporte teórico que oriente a coleta de dados, o estabelecimento de
diagnósticos de enfermagem e o planejamento das ações ou intervenções de enfermagem, e que

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forneça a base para avaliação dos resultados de enfermagem alcançados dentro dos tratamentos que
se aplique essa terapia, conforme estabelece a Resolução Cofen nº358/2009. ⁽⁶⁾
Considerando a Resolução Nº 568/2018, alterada pela Resolução COFEN Nº 606/2019 que
regulamenta o funcionamento dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem, aponta:
(...) Art. 2º Os Consultórios e Clínicas de Enfermagem ficam obrigados a providenciar e
manter registro no Conselho Regional de Enfermagem que tenha jurisdição sobre a região de
seu respectivo funcionamento. Art. 3º Os Enfermeiros, quando da atuação em Consultórios e
Clínicas de Enfermagem, poderão realizar as atividades e competências regulamentadas pela
Lei Nº 7.498, de 25 de junho de 1986, pelo Decreto Nº 94.406, de 08 de junho de 1987, e
pelas Resoluções do Conselho Federal de Enfermagem. (grifo nosso) Art. 4º O regulamento
que disciplina o funcionamento dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem é parte
integrante desta Resolução e pode ser consultado no endereço eletrônico: www.cofen.gov.br.
(...)⁽⁷⁾
Ainda faz constar a Resolução COFEN Nº 568/2018, alterada pela Resolução COFEN Nº
606/2019, que Aprova o Regulamento dos Consultórios de Enfermagem e Clínicas de Enfermagem.
Em seu anexo descreve-se o regulamento dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem. Destacando-
se:
“(...) 1. OBJETIVO Regulamentar o funcionamento dos Consultórios e Clínicas de
Enfermagem. 2. DEFINIÇÕES Para os efeitos deste Regulamento, adotam-se as seguintes
definições: a) Clínica de Enfermagem - estabelecimento constituído por consultórios e
ambientes destinados ao atendimento de enfermagem individual, coletivo e/ou domiciliar. b)
Consultório de Enfermagem - área física onde se realiza a consulta de enfermagem e outras
atividades privativas do enfermeiro, para atendimento exclusivo da própria clientela.(...) ⁽⁷⁾

A Resolução de Diretoria Colegiada - RDC Nº 63, de 25 de novembro de 2011, que dispõe


sobre os Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Saúde, onde serviço de
saúde é definido como “um estabelecimento de saúde destinado a prestar assistência à população na
prevenção de doenças, no tratamento, recuperação e na reabilitação de pacientes”. ⁽⁸⁾

2.1. PROCEDIMENTO DE PERFURAÇÃO DE ORELHA COM A TÉCNICA DE


BODY PIERCING (CATETER ESTÉRIL):

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A orelha externa é constituída pelo pavilhão auricular (Fig. 1) e pelo conduto auditivo externo
(CAE). O pavilhão auricular é constituído por um esqueleto fibrocartilaginoso e possui uma face
interna e outra externa. A face externa está voltada para frente e para diante, com saliências e
depressões. O formato do pavilhão auricular nos permite identificar a localização da fonte sonora. Na
sua porção média, está localizada a concha, que é uma escavação profunda e em torno dela há quatro
saliências: a hélice, a anti-hélice, o trago e o anti-trago. Entre as cruras da anti-hélice existe a fossa
triangular e a fossa escafóide situa-se entre a anti-hélice e a hélice. Na porção inferior, há uma quinta
saliência, o lóbulo, que não possui cartilagem. A face interna está voltada para a apófise mastóide,
limitando-se com a região mastóidea pelo sulco retroauricular. ⁽⁹⁾

Fig. 1: Pavilhão auricular.

A inserção de brincos em Recém Nascidos (RN) e adultos acontecem no lóbulo da orelha. O


lóbulo da orelha não tem cartilagem ou ossos, é composto de pele, músculo e gordura. Desta forma,
são mais propensos a rasgar do que outras partes da orelha. ⁽⁹⁾

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) aponta que o lóbulo da orelha pode ser
alargado ou rasgado por traumas ou brincos grandes e pesados que fazem pressão para baixo
aumentando o furo original. O lóbulo pode, ainda, ser alargado intencionalmente por piercings
progressivamente maiores. Independentemente da causa do alargamento, a SBD descreve que a
cirurgia do lóbulo da orelha pode restaurar a orelha completamente e promover resultados

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surpreendentes, mesmo em lóbulos extremamente alargados. Partindo desses pressupostos que a


Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) entende que o procedimento é considerado
simples, de riscos mínimos e que os mesmos podem ser reduzidos quando o procedimento seguir
criteriosamente as técnicas assépticas e profissionais capacitados, liberando o procedimento até em
estabelecimentos como Farmácias e Drogarias, conforme apresentado a seguir. ⁽⁹⁾

A RDC da Anvisa Nº 44, de 17 de agosto de 2009, dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas
para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da
prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências, a saber:

Em seu Art. 61. §1º São considerados serviços farmacêuticos passíveis de serem prestados
em farmácias ou drogarias a atenção farmacêutica e a perfuração de lóbulo auricular para
colocação de brincos. Na seção II. Da Perfuração do Lóbulo Auricular para Colocação de
Brincos. Em seus Art.78, 79 e 80, define: Art. 78. A perfuração do lóbulo auricular deverá
ser feita com aparelho específico para esse fim e que utilize o brinco como material
perfurante. Parágrafo único. É vedada a utilização de agulhas de aplicação de injeção,
agulhas de suturas e outros objetos para a realização da perfuração. Art. 79. Os brincos e a
pistola a serem oferecidos aos usuários devem estar regularizados junto à ANVISA,
conforme legislação vigente. §1º Os brincos deverão ser conservados em condições que
permitam a manutenção da sua esterilidade. §2º Sua embalagem deve ser aberta apenas no
ambiente destinado à perfuração, sob a observação do usuário e após todos os procedimentos
de assepsia e antissepsia necessários para evitar a contaminação do brinco e uma possível
infecção do usuário. Art. 80. Os procedimentos relacionados à antissepsia do lóbulo auricular
do usuário e das mãos do aplicador, bem como ao uso e assepsia do aparelho utilizado para a
perfuração deverão estar descritos em Procedimentos Operacionais Padrão (POPs). §1º Deve
estar descrita a referência bibliográfica utilizada para o estabelecimento dos procedimentos e
materiais de antissepsia e assepsia. §2º Procedimento Operacional Padrão (POP) deverá
especificar os equipamentos de proteção individual a serem utilizados, assim como
apresentar instruções para seu uso e descarte. ⁽¹⁰⁾

A Decisão COREN-AL n° 043/ 2018 e, em especial, seu anexo intitulado “Manual para
Elaboração de Regimento Interno; Normas e Rotinas; e Procedimentos Operacionais Padrão (POP)
para a assistência de enfermagem”. Baseado nesses pressupostos, esse profissional, ainda pode se
guiar por protocolos, diretrizes clínicas das sociedades brasileiras, evidências científicas nacionais e
internacionais, manuais ou Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) que norteiem essa prática no
âmbito de atuação profissional. Sendo assim, é de suma importância que protocolos ou POPs sejam
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elaborados, visando nortear as responsabilidades de cada profissional na execução das etapas do


procedimento, respeitando o grau de habilitação e competência técnica científica dos participantes. O
protocolo caracteriza-se como descrição de uma situação específica de assistência/cuidado contendo
a operacionalização e a especificação sobre o que, quem e como se faz, orientando e respaldando os
profissionais em suas condutas para a prevenção, cuidado, recuperação ou reabilitação da saúde. O
uso de protocolos apresenta várias vantagens, promove maior segurança aos usuários e profissionais,
estabelece limites de ação e cooperação entre os envolvidos, reduz a variabilidade do cuidado,
norteia o profissional para tomada de decisão em relação as condutas, incorpora novas tecnologias,
respalda legalmente as ações, dá maior transparência e controle dos custos, dentre outras benesses.⁽¹¹
˒¹² ⁾

É fundamental que a elaboração de Protocolos de Enfermagem considere as questões legais,


as evidências científicas relacionadas a atuação da equipe de enfermagem nesse tipo de serviço,
utilizando uma taxonomia específica da Enfermagem em seu processo de trabalho, com a
aplicabilidade da Consulta de Enfermagem, usando como um instrumento metodológico, conforme
recomendações da Resolução COFEN Nº 358/2009, se atentando aos registros de todas as atividades
desenvolvidas com o indivíduo e ou coletividade segundo as orientações das Resoluções COFEN Nº
429/2012 e 514/2016. ⁽⁶˒¹³˒¹⁴⁾

O Parecer Técnico nº 010/2020 COREN-AL que trata sobre o procedimento de perfuração do


lóbulo auricular pela equipe de enfermagem. Tem como conclusão a revisão do Parecer Técnico do
COREN-AL Nº 001/2015 que trata sobre o procedimento de perfuração do lóbulo auricular pela
equipe de enfermagem, e elaborou os seguintes questionamentos:

1) Se é possível excluir a colocação de brincos no Recém-Nascido (RN) ainda no ambiente intra-


hospitalar pelos profissionais de enfermagem, antes dos 15 dias previstos para administração das
primeiras vacinas?

2) Se esta atividade de inserção de brincos em RN é uma atividade privativa do Enfermeiro


capacitado em cursos específicos para esse fim?

Em resposta ao primeiro questionamento, entende-se que não cabe ao Conselho Regional de


Enfermagem a competência técnica e legal para excluir a colocação de brincos no Recém-Nascido
(RN) ainda no ambiente intra-hospitalar pelos profissionais de enfermagem, antes dos 15 dias

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previstos para administração das primeiras vacinas. Contudo, compete às gerências de enfermagem
em articulação com os Enfermeiros Responsáveis Técnicos das instituições de saúde, neste caso, os
hospitais, desenvolverem ou não, protocolos ou Procedimentos Operacional Padrão (POPs) de
acordo com as características de suas rotinas internas, devidamente aprovadas pela Diretória Técnica
da Unidade, estabelecendo critérios de inserção de acordo com a idade, intervalo (período) do estado
vacinal, ou outras situações que indiquem ou contra indiquem a inserção de brincos, bem como
elaborar estratégias de prevenção de infecção e ações voltadas para a segurança do paciente que
receberá o procedimento. ⁽¹⁵⁾

Cabe ressaltar que toda e qualquer conduta a ser realizada pelo profissional de enfermagem, o
mesmo esteja seguro frente a sua competência técnica, científica, ética e legal, assegurando a pessoa,
família e coletividade livre de danos decorrentes de imperícia, negligência e imprudência.⁽¹⁶⁾

E em relação ao segundo questionamento, entende-se que a atividade de inserção de brincos


não é privativa do Enfermeiro. Entretanto, acredita-se que os profissionais de enfermagem
(Enfermeiros, Técnicos/Auxiliares de Enfermagem e Parteiras) quando capacitados estão amparados
ao exercício de inserção de brinco mediante Lei Nº 7.498, de 25 de junho de 1986, pelo Decreto Nº
94.406, de 08 de junho de 1987, pela Resolução COFEN Nº 564/2017 que aprova o novo Código de
Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE) e pelas demais Resoluções e Pareceres do Conselho
Federal de Enfermagem e Conselhos Regionais de Enfermagem, visto ser considerado um
procedimento simples, quando executados por profissionais devidamente qualificados.⁽²˒³˒⁴⁾

Esta prática é não privativa do profissional Enfermeiro, todavia sua execução predispões que
os profissionais de enfermagem sejam capacitados em cursos específicos na área, visando a
competência técnica e científica (conhecimento teórico, prático). ⁽⁹⁾

O Parecer Coren/Go Nº 037/CTAP/2016 sobre o assunto: perfuração do lóbulo auricular em


recém-nascidos e adultos pela equipe de enfermagem chegou à conclusão que auxiliares, técnicos e
enfermeiros podem realizar perfuração do lóbulo auricular para colocação de brincos em neonatos e
adultos, dentro das unidades hospitalares, desde que esteja capacitado para a realização desse
procedimento. Atualmente, estão se usando a técnica de Body Piercing associada ou não a
Auriculoterapia para perfuração do lóbulo da orelha. ⁽¹⁷⁾

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O Body Piercinng é uma das formas de perfuração do lóbulo da orelha do bebê ou adulto
utilizando um cateter, que é um material descartável, estéril e uma técnica totalmente segura. O
profissional de enfermagem, quando capacitado, pode utilizar a pistola ou o cateter para furo de
orelha, conforme imagens abaixo:

Figura 2: Pistola para furo na orelha. Figura 3: Cateter para furo de orelha.

Entretanto, salientamos a importância de antes de qualquer procedimento, seja realizado a


avaliação inicial pelo Enfermeiro, onde o mesmo embasado no conhecimento técnico e científico,
aplicando a consulta de enfermagem através das etapas da Sistematização da Assistência de
Enfermagem (SAE), conforme Resolução COFEN Nº 358/2009, designando quem será o
componente da equipe de enfermagem que poderá realizar tal procedimento, seguindo de
acordo os critérios de complexidade e o grau de competência e habilidade de cada profissional.
⁽⁹⁾

Portanto, entende-se que o procedimento de perfuração do lóbulo da orelha utilizando a


técnica de body piercing (cateter estéril), deve ser avaliado pelo Enfermeiro, para assim, designar
através da consulta de enfermagem e prescrição do cuidado, qual será o membro da equipe apto a
realizá-lo, respeitando a individualidade do caso, conhecimento a capacidade técnico científica do
profissional e a complexidade do paciente em questão. ⁽⁹⁾

A enfermeira Tatiane Regonha Capelasso, inscrita no Coren do estado de São Paulo, fundou
uma assessoria, em um espaço conhecido por oferecer um atendimento humanizado ao primeiro
furinho na orelha do bebê. Localizado em São Caetano do Sul - SP, na região do grande ABC,
montou um serviço que é composto por três enfermeiras que atuam na perfuração auricular, tanto em
atendimento domiciliar, quanto na clínica, a profissional faz o primeiro furo, de forma humanizada e
indolor. ⁽¹⁹⁾

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3.CONCLUSÃO

Ante ao exposto, conlui-se que o profissional Enfermeiro, legalmente registrado e ativo junto
ao Conselho Regional de Enfermagem, pode atuar de forma autônoma na execução do
procedimento de perfuração de orelha com a técnica de body piercing (cateter estéril), desde
que capacitado para tal.

Recomenda-se que sejam estabelecidos protocolos específicos relacionados à forma de


aplicação do procedimento a fim de evidenciar a técnica do procedimento a ser realizado, os
resultados esperados, a anamnese e exame físico com registros fotográficos, desde que o paciente
concorde em termo de consentimento.

A partir dos fatos apresentados os profissionais de enfermagem Técnicos de enfermagem e


Auxiçiares de Enfermagem possuem competência legal para realizar o procedimento de
perfuração do lóbulo auricular desde capacitados para tal e que atendam as normas vigentes.
Antes de desempenharem esta atividade é necessário que o papel de cada integrante da equipe para
realizar esse procedimento componha os serviços prestados pela instituição por meio do
Procedimento Operacional Padrão (POP). Ressalta-se que as atividades desempenhadas por
técnicos e auxiliares de enfermagem somente podem ser exercidas sob a responsabilidade e
supervisão do enfermeiro.

Contudo, toda a consulta de enfermagem que envolve o procedimento de execução do


procedimento de perfuração de orelha com a técnica de body piercing (cateter estéril) deve ser
registrada conforme prevê a Resolução Cofen nº358/2009.

Este é o Parecer Fiscal, salvo melhor juízo.

Niterói, 17 de junho de 2021.

Carolyne da Silva Quinta Couto


Enfermeira Fiscal – Mat. 301
Coren-RJ 127826 – ENF

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Referências

1)BRASIL. Lei nº 5.905 de 12 de julho de 1973. Dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e Regionais
de Enfermagem e dá outras providências. Brasília, DF, 1973.

2)BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da


enfermagem, e da outras providências. Brasília, DF, 1986.

3)BRASIL. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498 de 25 de junho


de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF, 1987.

4)BRASIL. Resolução COFEN nº 564/2017, de 06 de dezembro de 2017. Aprova a reformulação


do Código de Ética dos profissionais de enfermagem. Brasília, DF, 2017.

5)SOUZA, NTC. Responsabilidade Civil do Enfermeiro. Boletim Jurídico, Uberaba, n.160, 9 jan.
2006. Disponível em: .Acesso em: 17 de junho de 2021.

6) BRASIL. Resolução COFEN nº 358/2009, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a


Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em
ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras
providências. Brasília, DF, 2009.

7) BRASIL. Resolução Nº 568/2018 de 09 de fevereiro de 2018. Alterada pela Resolução COFEN


Nº 606/2019 que regulamenta o funcionamento dos Consultórios e Clínicas de Enfermagem.

8)AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNICIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada


(RDC) Anvisa Nº 63, de 25 de novembro de 2011. Dispõe sobre os Requisitos de Boas Práticas de
Funcionamento para os Serviços de Saúde. Brasília, DF, 2009.

9) CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM ALAGOAS. PARECER TÉCNICO Nº


019/2020 COREN-AL, de 15 de outubro de 2020. Parecer Técnico sobre a legalidade da prática
dos profissionais de enfermagem na execução do procedimento de perfuração de orelha com a
técnica de body piercing (cateter estéril). Alagoas, 2020.

10) AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNICIA SANITÁRIA. Resolução da Diretoria Colegiada


(RDC) Anvisa Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE 2009, dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas
para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação e da comercialização de produtos e da
prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias e dá outras providências. Brasília, DF,
2009.

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11) CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE ALAGOAS. Decisão COREN 043/ 2018


de 22 de agosto de 2018. Aprova o Manual para elaboração de regimento interno, normas, rotinas e
protocolos operacionais padrão (pop) para a assistência de enfermagem. Maceió - AL, 2018.

12) PIMENTA, C. A. M. et al. Guia para construção de protocolos assistenciais


enfermagem/COREN-SP. São Paulo: Coren-SP, 2015.
13) BRASIL. Resolução COFEN nº 429/2012, de 11 de junho de 2012. Dispõe sobre o registro das
ações profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem,
independente do meio de suporte – tradicional ou eletrônico. Brasília, DF, 2012.

14)BRASIL. Resolução COFEN nº 514/2016, de 06 de junho de 2016. Aprova o Guia de


Recomendações para registros de enfermagem no prontuário do paciente. Brasília, DF, 2016.

15)CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE ALAGOAS. Parecer COREN-AL Nº


010/2020 de 22 de julho de 2020. Revisão do Parecer Técnico do COREN-AL Nº 001/2015 que
trata sobre o procedimento do lóbulo auricular pela equipe de enfermagem. Disponível em:
http://al.corens.portalcofen.gov.br/parecer-tecnico-no-010-2020-coren-al/. Acesso em: 17 de junho
de 2021.

16)BRASIL. Resolução COFEN nº370/2010 de 03 de novembro de 2010. Aprova o “Código de


Processo Ético dos Conselhos de Enfermagem e dá outras providências. Brasília, DF, 2015.

17)CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE GOIAS. Parecer COREN/GO Nº


037/CTAP/2016 de 23 de agosto de 2016. Perfuração do lóbulo auricular em recém-nascidos e
adultos pela equipe de enfermagem. Disponível em:
http://www.corengo.org.br/wpcontent/uploads/2016/10/Parecer-n%C2%BA037.2016-
Perfura%C3%A7%C3%A3o-dol%C3%B3bulo-auricular-em-rec%C3%A9m-nascido-e-adultos-pela-
equipe-deenfermagem.pdf. Acesso em: 17 de junho de 2021.

18) BRASIL.Lei n°4.398, de 27 de agosto de 2009 - Institui normas para instalação e


funcionamento de estabelecimentos que executam procedimentos inerentes à pratica de tatuagem e
body piercing e dá outras providências. Brasília, DF, 2009.

19)CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM SÃO PAULO. Furo Humanizado: enfermeira


realiza a prática na orelha de bebês de forma acolhedora e indolor, de 28 de agosto de 2019.
Disponível em: https://portal.coren-sp.gov.br/noticias/furo-humanizado-enfermeira-realiza-a-pratica-
na-orelha-de-bebes-de-forma-acolhedora-e-indolor/ Acesso em: 17 de junho de 2021.

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