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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO

PARECER COREN-SP 005/2009 – CT


Atualização em 18/10/2015

Ementa: Administração de medicamentos em cateter


venoso central por Enfermeiro.

1. Do fato

Solicitado parecer sobre atividade privativa do enfermeiro de administração de


medicamentos em cateteres venosos centrais.

2. Da fundamentação e análise

De acordo com a Lei 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação
do exercício da Enfermagem e dá outras providências, compete ao Enfermeiro, privativamente no
Art. 11, Inciso I, alínea “m”, cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que
exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas.
No caso do Cateter Venoso Central, sua definição indica ser aquele cuja ponta distal fica
localizada na Veia Cava superior ou inferior, próximo ao Átrio Direito (ARAÚJO, 2003). Nesta
categoria, encontram-se os cateteres de curta e longa permanência, passados pelo profissional
médico, entre eles os cateteres acessados por punção direta percutânea (Intracath®), por
venodissecção, semi-implantáveis (Broviac®, Hickman®), totalmente implantáveis (Port-a-
cath®) e o cateter cuja competência de passagem é do Enfermeiro, o Cateter Central de Inserção
Periférica (PICC), respaldado tanto pela RDC 45/2003, no sub-ítem 3.2.19: “É responsabilidade
do Enfermeiro estabelecer o acesso venoso periférico, incluindo o Cateter Central de Inserção
Periférica (PICC)” , quanto pela Resolução 258/2001 do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN) que assegura a passagem do Cateter Central de Inserção Periférica (PICC) como

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atividade do Enfermeiro, desde que o mesmo tenha se submetido a qualificação e/ou capacitação
profissional.
Ainda segundo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, a
RDC 45, de 12 de março de 2003, que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de
Utilização das Soluções Parenterais (SP) em Serviços de Saúde, no Anexo II, Item 3.2.
Administração, salienta:

[...]
3.2.2. O enfermeiro é o responsável pela administração das SP e prescrição dos
cuidados de enfermagem em âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar.
3.2.3. A equipe de enfermagem envolvida na administração da SP é formada pelo
enfermeiro, técnico e ou auxiliar de enfermagem, tendo cada profissional suas
atribuições específicas em conformidade com a legislação vigente.
3.2.4. O enfermeiro deve regularmente desenvolver, rever e atualizar os
procedimentos escritos relativos aos cuidados com o paciente sob sua
responsabilidade.
3.2.5. O enfermeiro deve participar e promover atividades de treinamento
operacional e de educação continuada, garantindo a atualização da equipe de
enfermagem.
3.2.6. O treinamento deve seguir uma programação preestabelecida e adaptada às
necessidades do serviço, com os devidos registros. (ANVISA, 2003, p. 12, grifo
nosso)

Desta forma, sendo o Enfermeiro responsável pela administração da SP, responsável


também por manter sua equipe treinada e atualizada, preparada e adaptada para as necessidades
do serviço e de acordo com as normas institucionais, pode delegar a administração de medicações
de rotina (analgésicos, antiinflamatórios, antibióticos), bem como a manutenção do acesso
central, aos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, sob sua supervisão.
As medicações de maior complexidade e risco, como quimioterápicos devem ser
administradas exclusivamente pelo Enfermeiro, conforme Resolução-RDC nº 220 da ANVISA,
de 21 de setembro de 2004, que Aprova o Regulamento Técnico de funcionamento dos Serviços
de Terapia Antineoplásica e pela Resolução COFEN nº 453 de 16 de janeiro de 2014 que Aprova
a Norma Técnica que dispõe sobre a Atuação da Equipe de Enfermagem em Terapia Nutricional;
sedativos e drogas vasoativas devem ser da competência exclusiva do Enfermeiro quanto ao
controle da velocidade de infusão, conforme protocolos institucionais, e essas drogas devem ser
administradas preferencialmente em bombas de infusão.
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Salienta-se que na prática assistencial, o preparo e administração de medicamentos de alta
vigilância como anticoagulantes, hipoglicemiantes e eletrólitos em alta concentração podem ser
delegados para Técnicos e Auxiliares de Enfermagem, sob supervisão do Enfermeiro e sempre
mediante dupla checagem, para garantia da segurança na administração destes fármacos.
Aconselha-se ainda a leitura no site do COREN-SP o Parecer da Câmara Técnica
021/2010 referente a Terapias intravenosas.

3. Da Conclusão

Assim, acredita-se haver indicação precisa da implementação dos cuidados diretos ao


paciente portador de cateteres venosos centrais pelo Enfermeiro, devendo ser de sua
responsabilidade privativa a administração de fármacos de risco como quimioterápicos e NPT;
cabe ainda ao enfermeiro a responsabilidade de assegurar a capacitação profissional permanente
de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem para que exerçam atividades de média complexidade
referentes a esta prática, devendo tais atribuições constar de protocolos assistenciais de
Enfermagem, a fim de promover a segurança do paciente que recebe cuidados de Enfermagem.
No caso de preparo e administração de medicamentos de alta vigilância delegados ao Técnicos e
Auxiliares de Enfermagem, devem ser feitos sob supervisão do Enfermeiro sempre mediante
dupla checagem.
Ressalta-se a importância do registro em prontuário das ações realizadas pelo Enfermeiro
mediante implementação do Processo de Enfermagem, previsto na Resolução COFEN Nº
358/2009.

É o parecer.

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Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº45, de 12 de março


de 2003. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das Soluções
Parenterais (SP) em Serviços de Saúde. Disponível em:< http://portal.anvisa.
gov.br/wps/wcm/connect/e8e87900474597449fc2df3fbc4c6735/RDC+N.%C2%BA+45,+DE+12
+DE+MAR%C3%87O+DE+2003.pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em 18 ago 2015.

______. Resolução RDC nº220, de 21 de setembro de 2004. Aprova o Regulamento Técnico de


funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica. Disponível em: http://portal.anvisa.
gov.br/wps/wcm/connect/a5d8d680474597419facdf3fbc4c6735/RDC+N%C2%BA+220-
2004.pdf?MOD=AJPERES. Acesso em 18 ago 2015.

ARAÚJO, S. Acessos Venosos Centrais e Arteriais Periféricos – Aspectos Técnicos e Práticos.


RBTI, v. 15, n. 2, p. 70-82, Abr/jun 2003. Disponível em: http://www.estes.ufu.br/
sites/estes.ufu.br/files/Anexos/Comunicados/Acessos%20venosos%20centrais%20e%20arteriais
%20perif%C3%A9ricos%20-%20aspectos%20t%C3%A9cnicos%20e%20pr%C3%A1ticos.pdf.
Acesso em 24 jul 2015.

BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da


Enfermagem e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
Leis/L7498.htm> Acesso em 24 jul 2015.

______. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25 de junho


de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em:
< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D94406.htm >. Acesso em: 24 jul
2015.

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CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem e a Implementação do Processo de Enfermagem
em ambientes públicos ou privados em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem e dá
outras providências. Disponível em < http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_
4384.html>. Acesso em 18 de ago de 2015.

______. Resolução COFEN 453/2014. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de


Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou
privados. Disponível em http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-04532014_23430.html.
Acesso em 18 de ago de 2015.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM SÃO PAULO. Parecer CT COREN-SP


021/2010. Passagem, cuidados e manutenção de PICC e cateterismo umbilical. Disponível em:
http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2010_21.pdf . Acesso em 18
ago 2015.

São Paulo, 13 de Agosto de 2009.

Dra. Ariane Ferreira Machado Avelar Profª.DrªMaria De Jesus de Castro Harada


COREN-SP – 86722 COREN-SP-34855
Profª. Drª Mavilde L. G. Pedreira Coordenadora da Câmara de Apoio Técnico
COREN-SP-46737
Membro da Câmara de Apoio Técnico

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Atualizado em 18 de outubro de 2015 por:

Silvia Cristina Fürbringer e Silva, COREN-SP-29664, Doutora em Enfermagem na Saúde


do Adulto. Membro da Câmara Técnica de Atenção à Saúde.

Aprovado em 28 de outubro de 2015 na 62ª Reunião da Câmara Técnica do COREN – SP.

Homologado pelo Plenário do COREN – SP na 947ª Reunião Ordinária Plenária.

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