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IV.

DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA NO LAUDO PERICIAL
A sentença da MM Juíza a quo indeferiu o pleito da
Recorrente considerando a perícia médica realizada.
Ocorre que a Demandante não consegue mais
desempenhar suas tarefas laborativas, tendo em vista
o fato de que, conforme relatórios médicos e exames
colacionados à exordial, é portadora de Tendinopatia
Crônica do Manguito Rotador do ombro direito,
Tendinopatia dos Tendões Subescapular e Infra-
espinhoso e Bursite Subacromial-Subdeltoidea (CID
M65) e ainda de Fibromialgia; Transtorno Depressivo
Recorrente e Transtornos Ansiosos (CID M79.7 e F33
+ F41), como se pode notar dos trechos em recorte:

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Relatório atesta Tendinopatia Crônica do


Manguito Rotador Direito - Incapacidade Laborativa.

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Ultrassonografia do Ombro Direito -


Tendinopatia Crônica do Manguito Rotador Direito.

Ressalta-se que os trechos acima destacados servem


apenas como demonstrativo do que já fora extensamente
comprovado através dos documentos juntados à peça
inaugural.

Acontece, Exas., que o laudo pericial apresentado


diverge do posicionamento esboçado pelos médicos
especialistas que acompanham a Sra. Josiane e se
furta de esclarecer pontos essenciais para a formação
da convicção quanto a incapacidade ou não da
Recorrente para a concessão do benefício pleiteado.
Notem que os quesitos foram respondidos de forma
lacônica, sem qualquer argumentação ou fundamentação que
confira base sólida para o posicionamento final do perito.

Em casos de incapacidade laborativa, as conclusões do


perito devem ser lançadas para prova de fato que depende de
conhecimento especial. O laudo pericial envolve
ordinariamente um juízo e, o juízo vale pelo rigor da
argumentação.

Seria imprescindível, portanto, que o laudo pericial fosse


fundamentado para a obtenção de esclarecimentos sobre o
grau de comprometimento da saúde da Recorrente.

Desta forma, laudo sem motivação, fundamentação, não


se presta para embasar sentença judicial, ainda que se trate de
laudo pericial judicial. As respostas aos quesitos formulados
hão de ser completas e devem oferecer as razões suficiente. Do
contrário, a perícia de nada vale.

É o que se pode inferir do art. 473, inciso IV, §


1º do Código de Processo Civil, que preceitua que o
perito deve fundamentar a sua convicção, indicando
como alcançou suas conclusões, in verbis :
Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

(...)

II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e


demonstrando ser predominantemente aceito pelos
especialistas da área do conhecimento da qual se originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos apresentados pelo


juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.
§ 1º No laudo, o perito deve apresentar sua fundamentação
em linguagem simples e com coerência lógica, indicando
como alcançou suas conclusões.

Neste mesmo sentido encontra-se o parecer encartado na


Resolução 1658/2005 do CFM, alterado pela Resolução
1851/2008 , dispõem:

Resolução 1658/2005 do CFM Art. 6º Somente aos médicos e


aos odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão, é
facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de
afastamento do trabalho.
§ 3º O atestado médico goza da presunção de
veracidade , devendo ser acatado por quem de
direito, salvo se houver divergência de entendimento
por médico da instituição ou perito .
Resolução 1851/2008 EMENTA: O médico assistente no
desempenho de sua atividade pode atestar sobre capacidade
laboral de seu paciente. Quando houve discordância do
médico perito este deve fundamentar
consistentemente sua decisão , observando, ambos, as
normativas sobre o assunto e o contido no Código de Ética
Médica. (PARECER CFM Nº 5/08)

Desta forma, considerando que os relatórios


médicos apresentados pelo pela Autora, ora
Recorrente, atestam que o seu quadro clínico é
incompatível com o exercício de atividades
laborativas, devem ser levados em consideração, não
podendo portanto, o juízo se ater somente às provas
suscitadas na perícia, mesmo porque esta foi
realizada com desrespeito às normas que
regulamentam a matéria.

Assim, imperioso se considerar e utilizar das provas


produzidas durante o procedimento judicial. Também, os
princípios da RAZOABILIDADE e da PROPORCIONALIDADE
devem ser cuidadosamente aplicados, já que são guias para o
respeito à exigência constitucional de fundamentação das
decisões judiciais.

Merecem relevo os relatórios anexos ao presente recurso,


os quais atestam expressamente a incapacidade laborativa da
Sra. Josiane.

Insta salientar que, os relatórios médicos são dotados de


presunção de veracidade, motivo pelo qual, caberia ao médico
perito do juízo, em discordância, fundamentar sua decisão, o
que, como devidamente exposto, não fora feit

V. DA SENTENÇA ORA ATACADA


Em sentença, a Recorrente teve seu pedido negado sob a
alegação de haver capacidade para o trabalho, tendo em vista o
laudo pericial juntado, conforme se pode depreender:

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Todavia, a sentença proferida merece reforma, uma vez


que baseada em uma prova que contraria toda a documentação
médica juntada aos autos. De fato, a perícia judicial foi feita
por médico que não avaliou o quadro de saúde da Recorrente
da maneira correta, posto que, emitiu um laudo lacunoso que
não esclarece a real situação da Recorrente.

Veja-se que o laudo pericial sequer atendeu aos preceitos


do Código de Processo Civil Pátrio, muito embora a
documentação médica que consta dos autos ateste para
incapacidade da Recorrente, o expert do juízo se limitou à uma
análise genérica e superficial, não se debruçando sobre o caso
concreto.
A irresignação se dá pelo fato de que o exame
médico pericial tenha sido realizado, além de uma
anamnese exígua de dados, de forma pouco analítica
em relação à complexidade que o caso requer.
Inegável a necessidade de nova perícia, dessa vez
realizada por médico disposto a de fato examinar a
Demandante, vez que, conforme relatado pela
Recorrente, o perito sequer examinou a
documentação médica entregue.

Desta feita, com base no art. 480 do Código de Processo


Civil, requer a realização de nova perícia, a fim de que a
matéria fique suficientemente esclarecida, ou,
subsidiariamente, que as divergências apontadas sejam
esclarecidas, com base no art. 477, § 2º, inciso I, do CPC.

Nota-se que a jurisprudência não apenas autoriza


como encoraja a realização de nova perícia quando o
exame original é insuficiente:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU


AU

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