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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA

1º VARA CIVEL DA COMARCA DE PATROCÍNIO/MG

Processo nº: 5001174-41.2017.8.13.0481

JOSE WILSON FERREIRA DA SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe,


na ação movida em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –
INSS, igualmente qualificado, vem, por seus advogados, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, inconformado com a sentença, interpor

RECURSO DE APELAÇÃO

nos termos das anexas razões de apelação, em conformidade com os arts.


994, I e 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil de 2015, através das
razões anexas, as quais requer o recebimento do recurso, sendo remetidos os
autos, com as razões recursais anexas, à Egrégia Turma Recursal, para que,
ao final, seja dado provimento ao presente recurso. Deixa de juntar preparo por
ser beneficiário da gratuidade da justiça

Nestes termos, pede e espera deferimento.


Januária/MG, 20 de novembro de 2023.
Laíza Viana de Barros Cunha
OAB/MG 114.635

Pça. Arthur Bernardes, nº. 240 , Sala 07 Centro, Januária/MG


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RAZÕES DE APELAÇÃO

Colenda Turma,

Da tempestividade do recurso de apelação

Observa-se que a intimação da decisão se deu em 19/10/2020. Desta


feita, presente o pressuposto recursal extrínseco de tempestividade no que
concerne ao presente recurso.

Dos fundamentos de fato

O Autor, ora Recorrente, ajuizou o presente processo judicial visando à


concessão de benefício prestação continuada, considerando o indevido
indeferimento do pedido administrativo.

Com efeito, apresenta incapacidade que o destitui da capacidade de


desempenhar plenamente suas atividades laborais, o que ficou comprovado
com a documentação apresentada no feito.

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Quando da decisão em primeiro grau, todavia, o Exmo. Magistrado entendeu
que não restou configurado o direito à percepção do benefício, ID
10108726653.

Contudo, como se observa do Evento, estamos diante de um claro


cerceamento de defesa posto que não foi oportunizado ao Autor se quer
manifestar acerca do Laudo pericial, de forma que, em face das contradições e
análise deficiente realizada, haveria de ser relativizado o parecer emitido pelo
D. Perito ou, subsidiariamente, a realização de nova perícia médica, com
respostas conclusivas aos quesitos autorais já expostos desde a inicial!

Alias, com vistas ao parecer ministerial o mesmo reitera sobre a deficiência do


autor:

“Denota-se que a incapacidade apresentada é física, advinda de tuberculose


pulmonar, não se tratando de doença mental, a qual poderia afetar a
capacidade civil do requerente.”

Contudo, o MM. Juiz somente apreciou o laudo e desconsiderou todo o


conteúdo probatório dos autos:

“Primeiramente, destaco que é caso de julgamento antecipado do mérito, nos


termos do art. 355 do Código de Processo Civil, haja vista não haver
necessidade da produção de outras provas. Ademais, o juiz, como destinatário
final do conjunto probatório (art. 371 do Código de Processo Civil), tem não

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apenas a faculdade, mas o dever de proferir julgamento quando já se mostrar
possível, afastando a morosidade.”

Ora, para a comprovação da deficiência que acomete o Recorrente, fora


designada perícia médico-judicial e, desde a exordial, como supracitado, já
restavam acostados os QUESITOS que foram IGNORADOS pelo perito, não
apreciados sequer respondidos!!!

Pelo bom debate, estes eram os quesitos, vide ID 21888584:

QUESITOS AO SR. PERITO:

1. Qual a idade e grau de instrução do paciente?

2. O paciente padece de alguma patologia? Qual é ou quais são?


Especificar minuciosamente cada problema.

3. O paciente é portador de tuberculose? A referida doença


necessita de tratamento?

4. As moléstias de que o Autor é portador e seu estado de


saúde geral, justificam tratamento com freqüência? Quais tratamentos?

5. O paciente tem plenitude de locomoção e agilidade para


trabalhos que exijam maior raciocínio e força física?
6. Descrever as condições físicas e mentais da paciente.
Relatar quais os medicamentos consumidos e qual a necessidade em usá-los
continuamente.
7. Explicar minuciosamente e esclarecer quais as conseqüências
geradas ao longo do tempo, pelas doenças que acometem o paciente. Estas tem a
capacidade de inviabilizar ou diminuir o normal desenvolvimento de atividades
diárias e ou profissionais?

8. Existe alguma possibilidade de recuperação total de seus


males? Se for possível explicar como e se com eventual reabilitação ou

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tratamento, é possível o paciente realizar atividades profissionais.

9. Encontra-se incapacitado para o trabalho ou qualquer


atividade que lhe garanta a subsistência? (Isso considerando incapacidade
laboral, segundo termo médico legal).

10. A incapacidade é permanente? Há prognostico de reversão?


Cabe reabilitação?

11. O paciente, em virtude de seus males, consegue viver sozinho


sem ajuda de terceiros na vida diária?

12. É possível temporalizar o início da patologia, ou seja,

quando ela surgiu?

13. Informe o Sr. Perito, se os males hoje diagnosticados são os


mesmos da época do primeiro pedido administrativo em janeiro de 2017, de
acordo com os laudos médicos apresentados.

14. Informe finalmente se os atestados médicos e exames


anexados aos autos e apresentados na perícia, correspondem à realidade, ou
seja, o diagnóstico e conclusão estão corretos? Se discordar, fundamentar.

Nos termos ora comprovados dos autos tem-se que o Requerente é portador
de tuberculose. O problema traz a necessidade de afastamento do convívio
com as demais pessoas, com tratamento a longo prazo e por isso o impede de
exercer atividades laborais, conforme exame complementar (vide ID
21889294 e 21889623). Tanto que o MM. Juiz a quo entendeu por ser devida
a antecipação de tutela ID 23507724:

“Considerando todas as provas existentes nos autos, entendo que restou


comprovado, quantum satis, para os fins do artigo 300 do Código de Processo

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Civil, que o autor possui problemas de saúde e não dispõe de condições
para trabalhar. Além disso, verifico que o autor vive em estado de
penúria, necessitando de auxílio de terceiros. “ (Grifei)

Contudo, em laudo pericial de ID109889313 o expert entendeu que “Não foi


constatada deficiência no momento do ato pericial.”

Porém, com vistas ao transcurso processual restou evidenciado o cerceamento


de defesa haja vista que desse laudo não restou oportunizado ao autor
manifestar-se e, tão logo, fora surpreendido com uma sentença julgando
improcedente o seu pedido por julgamento antecipado do mérito.

Por essa razão, tem-se que o cerceamento de defesa aqui vislumbrado, ceifa a
participação do autor no procedimento que prepara o provimento/sentença,
além de agredir direitos originários, agride a ordem jurídica, macula a
jurisdição, nega o devido processo legal!

TJ-MG - Apelação Civel: AC 10352140022844001 MG

Jurisprudência • Acórdão • Data de publicação: 23/06/2020

EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA - APELAÇÃO CÍVEL - PRELIMINAR DE


CERCEAMENTO DE DEFESA - ARGUIÇÃO DE OFÍCIO - PERÍCIA JUDICIAL
- DEFERIMENTO - PRODUÇÃO DO LAUDO PERICIAL - INOBSERVANCIA
DOS REQUISITOS LEGAIS CONTIDOS NO ARTIGO 473 DO CPC -
IMPUGNAÇÃO PELA AUTORA - AUSENCIA DE APRECIAÇÃO JUDICIAL -

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CERCEAMENTO DO DIREITO DE PRODUZIR PROVAS - OCORRÊNCIA –
SENTENÇA CASSADA. - A dicção do artigo 473 do CPC preconiza em seu
teor os requisitos obrigatórios à composição do laudo pericial produzido em
juizo - Evidenciada a manifesta nulidade da prova pericial realizada no juízo de
origem, diante da notória inobservância dos requisitos legais impostos pelo
ordenamento processual à elaboração do seu laudo, assim como a ausência
de apreciação pelo magistrado a quo sobre a irresignação a ela oposta pela
autora, seguida de pedido de produção de nova perícia, inconteste se revela o
cerceamento do seu direito de produzir provas, à luz do artigo 373, inciso I, do
CPC, impondo-se a cassação da sentença, com o consequente retorno dos
autos à primeira instância, para a realização de novo procedimento pericial.

Portanto, o parecer do Perito não pode prevalecer.

O Decreto 6.214/07, tem-se que a deficiência deve ser analisada somente após
a realização de perícia médica e socioeconômica. Isto, pois, embora seja
possível, hipoteticamente, a recuperação, sob o ponto de vista médico, muitas
vezes, aqueles que postulam o Benefício Assistencial não possuem condições
para efetivamente realizar o tratamento. O que não se observou nos autos:

“Assim, não havendo provas de eventual deficiência do autor, não se faz


necessária a designação de estudo social.”

Por tais razões, carecendo a ação de provas e demonstração do


preenchimento dos requisitos para a concessão do benefício, a pretensão
autoral não prospera.”

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Neste sentido, é o artigo 16 do referido Decreto:

Art. 16. A concessão do benefício à pessoa com


deficiência ficará sujeita à avaliação da deficiência e do grau de
incapacidade, com base nos princípios da Classificação
Internacional de Funcionalidades, Incapacidade e Saúde - CIF,
estabelecida pela Resolução da Organização Mundial da
Saúde no 54.21, aprovada pela 54a Assembleia Mundial da
Saúde, em 22 de maio de 2001.

§ 1º A avaliação da deficiência e do grau de incapacidade


será composta de avaliação médica e social. (...)
(sem grifos no original)

Portanto, não tendo sido realizada avaliação socioeconômica no presente


processo (embora tenha sido expressamente requerida), a sentença proferida,
além de incorreta, é prematura e cerceou o Direito de defesa do Autor!

Neste sentido:

PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL.


SENTENÇA ANULADA. REABERTURA PARA PRODUÇÃO
DE NOVO LAUDO MÉDICO PERICIAL E DE ESTUDO
SOCIOECONÔMICO. CERCEAMENTO DE DEFESA.
Insuficiente a perícia médica e não realizado estudo
socioeconômico, elementos essenciais para a verificação da
incapacidade da postulante ao benefício de prestação
continuada, determinada a anulação da sentença, com a

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reabertura da instrução para que seja produzido novo laudo
médico pericial e estudo social, com levantamento detalhado
da moléstia e da condição econômica, a serem elaborados por
médico especialista e assistente social, bem como as demais
provas que as partes entenderem pertinentes. (TRF4, AC
0009291-94.2013.404.9999, Quinta Turma, Relator Rogerio
Favreto, D.E. 06/09/2013, sem grifos no original)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.


CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. NÃO
REALIZAÇÃO DAS PERÍCIAS MÉDICA E
SOCIOECONÔMICA. CERCEAMENTO DE DEFESA.
ANULAÇÃO DA SENTENÇA. A não realização das perícias
médica e socioeconômica, apesar do requerimento expresso
na petição inicial, reiterado em ocasiões posteriores,
caracteriza, no caso, o cerceamento de defesa, merecendo a
sentença ser anulada para a reabertura da instrução
processual. (TRF4, AC 0003858-12.2013.404.9999, Sexta
Turma, Relator Celso Kipper, D.E. 07/08/2013, sem grifos no
original)

Portanto, é necessária a reabertura da instrução processual no presente


processo, visando-se a produção de perícia socioeconômica, que permitirá a
análise completa dos requisitos inerentes ao Benefício Assistencial.

DOS PEDIDOS

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ASSIM SENDO, requer o provimento do Recurso de Apelação, para o fim de
anulação da r. decisão proferida pelo Juiz a quo, sendo reaberta a instrução
processual e designada a realização de perícia socioeconômica no presente
processo, nos termos da fundamentação retro.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

Januária/MG, 20 de novembro de 2023.

Laíza Viana de Barros Cunha


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