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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA DAS

FAMÍLIAS E SUCESSÕES DA COMARCA DE TOLEDO – ESTADO DO PARANÁ.

Autos nº 0014306-25.2023.8.16.0170
Requerente: Gabriella Nascimento Kolling
Requerido: Vinicius Fochesatto Ferreira

VINÍCIUS FOCHESATTO FERREIRA, brasileiro, solteiro,


médico, portador do RG sob o nº 12673757-2 SESP PR, inscrito no CPF/MF sob o
nº 053.555.909-7, residente e domiciliado na Rua Amacio Mazzaropi, nº 41, Santa
Cândida, na cidade e comarca de Curitiba/PR, CEP: 82.640-100, (43) 9.99914-
5421, ora intermediado por seus mandatários ao final firmado, com endereço
profissional e eletrônico descritos no rodapé desta, a qual, em obediência à diretriz
fixada no art. 77, inciso V, do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem, vem,
com o devido acato e respeito à presença de Vossa Excelência, com suporte no art.
335 da Lei 13.105/15 e art. 7º da Lei 11.804/2008, ofertar sua defesa na forma de:

CONTESTAÇÃO
COM PEDIDOS DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

em face da presente Ação de Alimentos Gravídicos cumulado


com Alimentos Provisórios e Alimentos Avoengos aforada por GABRIELLA
NASCIMENTO KOLLING, já devidamente qualificada nos autos da ação supra,
pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas

Servidão Amaral Antero Bastos, nº 29 |Itacorubi | CEP: 88.034-150 | Florianópolis - Santa Catarina
Rua Doutor Flores, nº 742 | Centro | CEP: 88.900-280 | Toledo – Paraná
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SÍNTESE DA INICIAL
Trata-se de Ação de Alimentos Gravídicos cumulada com
Alimentos Prosivórios e Avoengos movida por Gabriella Nascimento Kolling em face
de Vinicius Fochesatto Ferreira e Geisa Danielle Fochesatto.

Pretende a autora o pagamento do valor de R$ 3.500,00 (três


mil e quinhentos reais) a título de alimentos gravídicos e do montante de R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) de alimentos provisórios.

Aduz que, durante a relação afetiva com o Requerido, que


durou supostos 10 (dez) meses, fora constatada a gravidez. Afirma também que o
Requerido supostamente havia assumido ser o pai da criança, contudo, se
desonerado de arcar com os gastos gestacionais e preparatórios para a chegada do
nascituro e acusa o Requerente de ter sugerido que ela realizasse um aborto.

Assevera, ainda, que o estado atual em que se encontra é fruto


do desamparo parental do Requerido, porque este possui uma condição de vida
boa.

Revela que o término da relação de ambos e o descobrimento


da gravidez lhe causou sofrimento – passando a apresentar um quadro de
transtorno depressivo, necessitando, para tanto, afastar-se do trabalho e da
faculdade, contando apenas com o auxílio financeiro de seus genitores para seu
sustento e gastos.

Fora concedida a liminar de forma parcial que fixou os


alimentos gravídicos em R$ 440,00 (quatrocentos e quarenta reais) ou seja, 1/3 do
salário mínimo vigente excluída a ré e suposta avó do polo passivo, considerando
sua ilegitimidade passiva e citou o Requerido para oferecer resposta no prazo de

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cinco (05) dias (art.7º, Lei n.º 11.804/2008), com as advertências do artigo 344 do
Código de Processo Civil.

[...] Diante do exposto, INDEFIRO a petição inicial no tocante à ré GEISA


DANIELLE FOCHESATTO, nos termos do art. 330, inciso II, do CPC, considerando sua
ilegitimidade passiva.

À Secretaria para retificar o polo passivo, fazendo constar como réu


somente VINICIUS FOCHESATTO FERREIRA, com as anotações pertinentes.

Assim, presentes os requisitos legais (art.300, do CPC), DEFIRO


PARCIALMENTE o pedido de tutela de urgência formulado pela autora, arbitrando os
alimentos gravídicos no valor de R$ 440,00 (quatrocentos e quarenta reais) mensais,
equivalente a 1/3 (um terço) do salário mínimo nacional vigente, com base no qual
deverão ser reajustados, devidos a partir da citação, sendo que deverão ser pagos até o
dia dez (10) de cada mês, mediante depósito na conta bancária informada na inicial.

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URGENTE – PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL

AUTOS Nº 0006363-48.2015.8.16.0004
AGRAVANTE: SPERAFICO AGROINDUSTRIAL LTDA.
AGRAVADO 01: ESTADO DO PARANÁ
AGRAVADA 02: Companhia Paranaense de Energia Elétrica – COPEL
JUÍZO DE ORIGEM: 4ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Curitiba-PR

I. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

O presente recurso é próprio, tempestivo, as partes são


legítimas e estão devidamente representadas. Quanto ao cabimento do recurso é
necessário salientar que se busca impugnar (a) o indeferimento da tutela antecipada
pelo juízo de 1º grau e (b) o indeferimento parcial da petição inicial para excluir uma
das agravadas do pólo passivo da ação, em razão da suposta ilegitimidade passiva.
Especialmente sobre o segundo ponto do recurso é indiscutível que se trata de
decisão interlocutória, porquanto não põe termo ao processo. Nesse sentido é a
doutrina de Nelson Nery Júnior:

[...] aquele ato do juiz não se caracteriza como sentença, mas como
decisão interlocutória. Pouco importa haja o magistrado 'colocado fim' à
pretensão do litisconsorte excluído, dando-o por parte ilegítima ou, até por
haver-se operado a decadência relativamente a este. O único dado relevante
para a aferição da natureza do ato do juiz é a continuação ou não do processo,

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sempre se levando em conta o sentido finalístico do pronunciamento judicial,
vale dizer, a aptidão do ato judicial para pôr ou não fim ao processo. Se o ato
judicial não coloca termo ao processo, que vai continuar, configura decisão
interlocutória, ainda que seja de meritis, como por exemplo, o de decretar-se a
decadência liminarmente. Em conclusão, o ato do juiz que exclui um dos
litisconsortes do processo é decisão interlocutória, ensejando impugnação
pela via do recurso de agravo1.

A jurisprudência partilha do mesmo entendimento ao expor que


da decisão que indefere parcialmente a petição inicial e extingue a ação em face de
apenas um dos réus é cabível o agravo de instrumento:

AÇÃO MONITÓRIA - EXTINÇÃO PARCIAL DO PROCESSO -


ILEGITIMIDADE PASSIVA DE UM DOS RÉUS - PROSSEGUIMENTO QUANTO
AOS DEMAIS - RECURSO CABIVEL - AGRAVO DE INSTRUMENTO -
INTERPOSIÇÃO DE APELAÇÃO - INADMISSIBILIDADE - ERRO GROSSEIRO.
O recurso cabível contra decisão que extingue o processo em relação a um
dos réus, pelo reconhecimento da ilegitimidade passiva, ordenando o
prosseguimento em relação aos demais, é o agravo de instrumento.
Inaplicabilidade do princípio da fungibilidade, na medida em que a interposição
de apelação, no caso, constitui erro grosseiro. (TJ-MG - AC:
10069130008803001 MG , Relator: Antônio Bispo, Data de Julgamento:
07/05/2015, Câmaras Cíveis / 15ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
15/05/2015)

EXTINÇÃO DO FEITO POR ILEGITIMIDADE. PROSSEGUIMENTO


DO FEITO EM RELAÇÃO A OUTRA PARTE. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA.
RECURSO CABÍVEL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERPOSIÇÃO DE
APELAÇÃO. ERRO GROSSEIRO. NÃO CONHECIMENTO. Decisão que
extingue o feito por ilegitimidade e o feito prossegue em relação a outra
parte é interlocutória, pelo que sua revisão somente será possível na via do
agravo de instrumento. Anota-se, ainda, ser impossível adotar o princípio da
fungibilidade, ou aproveitar o recurso inadequadamente interposto, uma vez
constatado erro grosseiro. (TJMG - Agravo de Instrumento nº.
1.0027.12.016520-7/001, 13ª Câmara Cível, Rel. Des. Alberto Henrique, julgado
em 22/05/2014, DJ 30/05/2014)
Com efeito, é inequívoco o cabimento do agravo de
instrumento para impugnar tanto o indeferimento da tutela antecipada, quanto à
decisão de exclusão de uma dos réus do pólo passivo.
Demais disso, segue em anexo o comprovante de recolhimento
do preparo recursal.
1
JÚNIOR, Nelson Nery. Princípios Fundamentais: teoria geral dos recursos. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2000, 5ª edição, p. 131/132.

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Portanto, estão preenchidos os pressupostos de
admissibilidade, razão pela qual requer seja o agravo de instrumento conhecido e
provido na forma que se passa a fundamentar.

II. BREVE RELATO

A autora é empresa que atua do ramo do agronegócio, possui


filial na cidade de Marechal Cândido Rondon-PR e está sofrendo cobrança abusiva
de tributo. Ela é consumidora de energia fornecida pela ré Companhia Paranaense
de Energia Elétrica – COPEL, o que gera tributação de ICMS repassada ao réu
Estado do Paraná.
Verificou-se que as Tarifas TUSD (Tarifa de Uso de Sistema de
Distribuição) e TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão) são incluídas na
base de cálculo do ICMS, o que é ilegal e inconstitucional por ausência do fato
gerador e impossibilidade de incidência de ICMS nas fases preparatórias a efetiva
entrega da energia elétrica ao consumidor. Tal entendimento é pacífico do Superior
Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça Paranaense.
Nesse passo, foi ajuizada “ação declaratória de inexistência de
relação jurídica tributária e anulatória de lançamentos já efetuados, com repetição de
indébito e pedido de tutela antecipada” em face do Estado do Paraná e da COPEL.
Abriu-se tópico específico para demonstrar ao magistrado a
legitimidade passiva da COPEL, vez que ela descumpre o seu dever de informar as
tarifas TUSD e TUSD na fatura de energia elétrica da autora, como imposto pela
resolução nº 414/2010 da ANAEEL, justificando, assim, a sua figuração no pólo
passivo com o Estado do Paraná. Porém, o Douto Juiz determinou a exclusão da
COPEL do pólo passivo da ação com base em entendimento do STJ que não se
aplica à espécie, dada a ausência de verificação do método do distinguish.
Além disso, o pedido de tutela antecipada, que também foi
negado, consistia basicamente: (i) na determinação judicial para que o Estado do
Paraná suspendesse a exigibilidade e a cobrança do ICMS incidente sobre

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quaisquer encargos de transmissão, distribuição e conexão de energia,
especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição
(TUSD); e (ii) na determinação para que a COPEL individualizasse na fatura da
conta de luz da autora o valor do ICMS incidente sobre quaisquer encargos de
transmissão, distribuição e conexão de energia, especialmente as Tarifas de Uso do
Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD), destaque-o em apartado e
não o inclua no valor total da fatura, sob pena de multa por cada fatura que não
respeitasse a determinação judicial.
Pugnou-se, ainda, na eventualidade da COPEL ser excluída do
polo passivo, que a obrigação de fazer antecipada e a multa fossem impostas em
face do Estado do Paraná.
Porém, como já ventilado, o Juiz de 1º Grau negou a tutela
antecipada e excluiu a COPEL do pólo passivo da ação.
Com efeito, passa-se a impugnar a decisão interlocutória de
forma sistematizada, vez que há dois temas em discussão no presente e recurso e
para ambos há pedido de tutela antecipada recursal. Nesse passo, a ordem de
discussão será a seguinte: (a) legitimidade passiva da COPEL, com a consequente
tutela antecipada recursal para a sua imediata citação e (b) preenchimento dos
requisitos da tutela antecipada, com o deferimento de tutela antecipada recursal.

III. MÉRITO RECURSAL

3.1 DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA COPEL – PRESENÇA


DA PERTINÊNCIA JURÍDICA E CERTEZA DE ATINGIMENTO DA SUA ESFERA
JURÍDICA E PATRIMONIAL – DEVER CONSUMERISTA DE INFORMAR AS
TARIFAS NA FATURA DE ENERGIA – RES. 414/2010 DA ANAEEL -
DISTINGUISH – PRECEDENTE DO STJ UTILIZADO PELO MAGISTRADO QUE É
INAPLICÁVEL AO CASO

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Em primeiro lugar cumpre analisar que o Estado do Paraná
possui legitimidade passiva de forma inequívoca, pois ele é o sujeito ativo da
obrigação tributária em questão, conforme previsto no artigo 155, II da Constituição
Federal e reconhecido pelo magistrado.
Porém, o Douto Julgador de primeiro grau se equivocou ao
excluir a COPEL do pólo passivo da ação, pois a ação não trata apenas de Direito
Tributário, mas também de Direito do Consumidor, existindo, portanto, uma relação
jurídica mista em discussão. Veja-se a decisão no ponto em que importa:

O mesmo, contudo, não se pode dizer da COPEL, indicada como ré


na presente demanda.Referida sociedade de economia mista não possui
legitimidadepassiva ad causam, haja vista que o titular do crédito tributário
cujadesconstituição se pretende é especificamente o Estado do Paraná.Note-se
que a responsabilidade da COPEL, mera distribuidora deenergia elétrica, é de
recolhimento do tributo, conforme disposto art.121, parágrafo único, II, c/c art.
128, ambos do Código TributárioNacional.Em corroboração, tanto o Superior
Tribunal de Justiça como oTribunal de Justiça do Paraná.Portanto, como é o
Estado do Paraná quem efetivamente irásuportar os efeitos de eventual decisão
favorável ao contribuinte defato, forte no art. 295, II, c/c art. 267, VI, do CPC,
indefiro a petiçãoinicial em face da Companhia Paranaense de Energia Elétrica -
COPEL. (fl. 03, decisão evento 11.1)

Inicia-se aqui a discussão sobre a ausência de respeito ao


método do distinguish pelo Magistrado ao aplicar decisões do STJ e do TJPR sem
adequá-las ao caso concreto. Nesse passo, não se desconhece a existência de
decisões do STJ e do TJPR reconhecendo a ilegitimidade passiva da concessionária
de serviço público para as ações que questionam a inclusão de TUSD e TUST na
base de cálculo do ICMS. Tanto é que a autora expôs de forma clara na inicial:

Nesse passo, em que pese alguns entendimentos


jurisprudenciais contrários, é inegável a existência de interesse processual
na constituição da lide também em desfavor da COPEL, pois em face dela
serão impostos encargos (obrigações de fazer como especificar valores
nas faturas de energia, apresentar em juízo o valor do ICMS
indevido,aplicaçãodemultapor descumprimento de decisão judicial) caso a ação
seja julgada procedente.Não seria lógico impor encargosa quem não participou
da relação processual,
face o dever de respeito ao contraditório e a ampla defesa, motivo pelo qualse

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faz pertinente a participação da COPEL na presente lide. (fls. 06/07, petição
inicial do evento 1.1, sem grifos no original).

Nessa senda, os entendimentos jurisprudenciais utilizados pelo


Juiz de primeiro grau para excluir a COPEL do pólo passivo não se aplicam ao caso
por dois motivos: (i) os julgados apresentados tratam de ações que foram ajuizadas
única e exclusivamente em face da concessionária de serviços público de energia
elétrica, o que é flagrantemente equivocado e que não é o caso da autora, pois a
agravante ajuizou a ação tanto em face do Estado do Paraná quanto da COPEL. (ii)
Há no caso relação consumerista com a concessionaria de serviços público (art. 22,
CDC)2, bem como o dever, que vem sendo descumprido, de informar as tarifas
TUSD e TUST na fatura de energia elétrica que é imposto pelo art. 6º, III do CDC e
pelo art. 150, § 5º da Constituição Federal 3 que originam o direito à informação do
consumidor sobre os impostos que lhe são cobrados. Tal é reforçado pelo art. 119,
I, ‘l’ e § 4º, IV da Resolução nº 414/2010 da ANAEEL que dispõe o seguinte:

Resolução Normativa nº 414/2010 - Art. 119. A fatura de energia


elétrica deve conter:
I – obrigatoriamente: l) valores correspondentes à energia, ao
serviço de distribuição, à transmissão, às perdas de energia, aos encargos
setoriais e aos tributos, conforme regulamentação específica, aos consumidores
do grupo B e aos consumidores do grupo A optantes pelas tarifas do grupo B;
(Redação dada pela REN ANEEL 657 de 14.04.2015)

2
ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ENERGIA ELÉTRICA. COBRANÇA DE
DÉBITOS PRETÉRITOS. INTERRUPÇÃO. ILEGALIDADE. PRECEDENTES STJ. RELAÇÃO CONSUMERISTA.
AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. O Superior Tribunal de Justiça consagra entendimento no sentido da
ilicitude da interrupção, pela concessionária, dos serviços de fornecimento de energia elétrica por
dívida pretérita, a título de recuperação de consumo, em face da existência de outros meios
legítimos de cobrança de débitos antigos não pagos. Precedentes STJ. 2. "A jurisprudência desta
Corte firmou-se no sentido de que a relação entre concessionária de serviço público e o usuário
final, para o fornecimento de serviços públicos essenciais, tais como energia elétrica, é
consumerista, sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do Consumidor" (AgRg no AREsp
468.064/RS, Primeira Turma, Rel. Min. OG FERNANDES, DJe 7/4/2014). 3. Agravo regimental não
provido. (STJ - AgRg no REsp: 1351546 MG 2012/0228963-9, Relator: Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, Data de Julgamento: 22/04/2014, T1 - PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe
07/05/2014)
3
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

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[...] § 4º A distribuidora deve informar na fatura, de forma clara e
inteligível, os seguintes dados: [...] IV – valor mensal do encargo de uso do
sistema de distribuição;

Tal dever é da COPEL e não do Estado do Paraná, vez que é


aquela quem emite a fatura de energia elétrica, sendo que não há hierarquia entre
os dois réus. Daí porque a necessidade de figuração da COPEL no pólo passivo da
ação. O próprio Estado do Paraná reconhece que não possui poder de ingerência na
COPEL para proceder a retirada dos valores da base de cálculo do ICMS, como se
vê da sua manifestação exarada nos autos nº 0004682-43.2015.8.16.0004, evento
55.1:

O ESTADO DO PARANÁ, pessoa jurídica de direito público interno,


neste ato representado pela Procuradora do Estado adiante assinada, vem,
perante V. Exª., se manifestar acerca do cumprimento da medida liminar nos
seguintes termos: Ao deferir a liminar pleiteada, o juiz da 3ª Vara da Fazenda
Pública determinou “a exclusão das tarifas TUST e TUSD da base de cálculo do
ICMS devido pela parte autora”. Inicialmente, cumpre destacar que, em que pese
o Estado do Paraná ser acionista majoritário da COPEL Distribuidora, a referida
companhia é constituída sob a forma de sociedade de economia mista. Na linha
desse entendimento, em que pese ter sido determinado ao Estado do Paraná a
abstenção da cobrança do ICMS sobre a TUSD e a TUST, a pessoa jurídica
com poder para efetivar o cumprimento dos termos da decisão liminar é a
COPEL DISTRIBUIDORA. Isso porque o Estado do Paraná não possui
qualquer poder, domínio ou gerência para alterar o sistema de cobrança
levado a efeito pela COPEL, circunstância que, por via reflexa, acarretará
consequências tanto no
sistema de faturamento da sociedade de economia mista, quanto no
sistema de natureza técnica e operacional de exclusiva competência
privada. Tal competência foge do âmbito de ação da Administração Pública.
Desse modo, o que se quer dizer é que o Estado não está se
escusando do cumprimento da medida liminar. Mesmo ciente da determinação
judicial, a efetivação da medida, com a consequente retirada desses valores
da fatura de energia da unidade consumidora, bem como as devidas
adaptações de natureza técnica são de exclusiva competência da
Companhia Paranaense de Energia – COPEL DISTRIBUIDORA.
O Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da
Fazenda, não tem como proceder a retirada desses valores das faturas,
tampouco alterar o sistema técnico da sociedade para adaptações dos
valores, sob pena de ingerência negativa nos negócios de exclusiva
competência da Distribuidora de Energia. Assim, tendo em vista que a
COPEL foi devidamente intimada da decisão liminar, o cumprimento da
determinação judicial deverá ser por ela comprovado. Curitiba, 31 de agosto

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de 2015.JULIANA TAVARES LIRA Procuradora do Estado do Paraná
OAB/PR 60.256 (autos projudi nº 0004682-43.2015.8.16.0004, evento 55.1,
negrito do original, sublinhado nosso).

Evidente a necessidade de figuração da COPEL no pólo


passivo da ação, porquanto há o risco dela oferecer resistência à pretensão da
autora, sendo que, caso não partilhe da relação jurídico processual, poderá muito
bem desrespeitar as decisões judiciais, posto que não lhe será aplicado os poderes
de coerção do artigo 461 do CPC, dada a inexistência de formação de contraditório
em face dela caso seja mantida a decisão de primeiro grau.
Por conseguinte, realizou-se na ação pedido consistente em
condenação em obrigação de fazer com a finalidade de coagir a ré COPEL a cumprir
o seu dever de informar as tarifas TUSD, que parou de ser informada desde maio de
2015, e TUST, que nunca foi informada, o que indubitavelmente atingirá a sua esfera
jurídica, gerando, assim, pertinência jurídica para a figuração no pólo passivo da
ação.
Nessa senda, interessa para que alguém figure no pólo passivo
da relação processual a possibilidade de que a sua esfera jurídica seja atingida, o
que se verifica em face da COPEL que poderá oferecer resistência à pretensão da
autora e sofrer multas caso descumpra a decisão judicial. Demais disso, é mais do
que evidente de que a relação de consumo entre a autora e a COPEL faz surgir
o interesse processual desta última. Sobre o tema:

APELAÇÃO - PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR PLANO


DE BENEFÍCIO - PAGAMENTO DE DIFERENÇAS PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA PATROCINADORA. A legitimidade na
polaridade passiva dependerá de ser o réu a pessoa ou entidade que pode
opor-se juridicamente à pretensão porque sua esfera jurídica é diretamente
atingida pela providência requerida. [...]. (TJ-RJ - APL:
03047683920108190001 RJ 0304768-39.2010.8.19.0001, Relator: DES. EDSON
AGUIAR DE VASCONCELOS, Data de Julgamento: 17/04/2015, DÉCIMA
SÉTIMA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 22/04/2015 00:00)

APELAÇÃO [...] 1.É no exame da relação jurídica de direito


material que se colhe a solução de legitimidade ordinária da relação
jurídica processual, com atenção especial aqueles que podem ter sua

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esfera jurídica atingida, por decorrência da pretensão deduzida em Juízo.
[...] (TJ-SP - APL: 2618012120098260000 SP 0261801-21.2009.8.26.0000,
Relator: Vicente de Abreu Amadei, Data de Julgamento: 14/02/2012, 1ª Câmara
de Direito Público, Data de Publicação: 17/02/2012)

É óbvio, pois, que há pertinência subjetiva para o ajuizamento


da ação também em face da COPEL, porquanto a sua esfera jurídica será atingida
tanto pelo provimento final da ação quanto pela tutela antecipada. Sobre o tema:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


ORDINÁRIA. ICMS SOBRE AS TARIFAS DE DISTRIBUIÇÃO E TRANSMISSÃO
DE ENERGIA (TUSD E TUST). ILEGALIDADE. LEGITIMIDADE
CONTRIBUINTE DE FATO. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Em razão de o
ICMS ser um imposto indireto, tanto o contribuinte de direito quanto o de fato, ou
seja, aquele que arcou com o ônus financeiro, tem legitimidade para questionar
a exação.Embora a concessionária do serviço público seja responsável
apenas pelo recolhimento do ICMS incidente nas tarifas de uso do sistema
de distribuição e transmissão de energia (TUSD e TUST), ela detém
pertinência subjetiva para a ação, na medida em que sua esfera jurídica
certamente será atingida pelo provimento final. O ICMS não incide sobre as
TUSD e TUST, eis que o fato gerador do imposto somente ocorre mediante o
efetivo consumo da energia elétrica, momento este estabelecido na sua fase de
geração e não na distribuição e transmissão. Havendo autorização legal
expressa, deve-se admitir a compensação como modalidade extintiva do crédito
tributário. Sentença confirmada no reexame necessário conhecido de ofício.
Recursos de apelação prejudicados. (TJMG - Apelação Cível
1.0035.08.115777-4/002, Relator(a): Des.(a) Albergaria Costa , 3ª CÂMARA
CÍVEL, julgamento em 26/05/2011, publicação da súmula em 07/06/2011)

Repita-se, os julgados utilizados pelo magistrado não foram


adequados ao caso fático em julgamento, pois não houve a perfeita subsunção da
situação desses jugados ao caso posto em análise, vez que, repise-se, nesta ação o
ajuizamento se deu em face do Estado do Paraná e em face da COPEL em alguns
dos julgados o ajuizamento ocorreu apenas em face da concessionária de serviço
público, além de em nenhum momento ter sido ventilado nas decisões apresentadas
a responsabilidade da concessionária de serviço público o seu dever de respeitar a
relação Consumerista e informar as tarifas TUSD e TUST na fatura de energia
elétrica. Ou seja, o que se quer deixar claro são duas premissas: (i) é errado ajuizar
a ação em face apenas da COPEL, pois quem institui o tributo é o Estado do Paraná

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e (ii) é correto ajuizar a ação em face do Estado do Paraná e da COPEL, pois aquele
institui o tributo e esta cobra ele e possui o dever de informar as tarifas TUSD e
TUST nas faturas de energia elétrica, conforme a Resolução nº 414/2010 da
ANAEEL. Vejam-se alguns dos julgados utilizados pelo magistrado:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


RECURSO ESPECIAL. ICMS. DEMANDA CONTRATADA. ENERGIA
ELÉTRICA. CONCESSIONÁRIA.ILEGITIMIDADE AD CAUSAM PARA
FIGURAR NO POLO PASSIVO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. BASE DE
CÁLCULO. REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. OFENSA AO ART.335 DO CPC.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. AGRAVO NÃO PROVIDO.[...]2.
Segundo a jurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, as
concessionárias de energia elétrica não possuem legitimidade ad causam para
figurar no polo passivo das ações que tratam da cobrança de ICMS sobre a
demanda contratada de energia elétrica, uma vez que somente arrecadam e
transferem os valores referentes ao tributo para o Estado.[...]5. Agravo
regimental não provido. (STJ - AgRg no REsp 1127543/RJ, Rel. Ministro
ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/09/2011, DJe
30/09/2011)

Porém, notem Excelências que no caso julgado pelo STJ em


nenhum momento se questiona a relação consumerista e o dever de informar as
taxas nas faturas de energia elétrica, que existe no caso posto em mesa para
julgamento. Isto é, o julgado é aparentemente aplicável à espécie, porém não o é de
fato porquanto existe entre a autora e a COPEL relação jurídica consumerista e o
dever de informação sobre as tarifas TUSD e TUSD, como imposto pela ANEEL,
matéria essa que não foi ventilada em nenhum momento no REsp1127543 que foi
utilizado como fundamentado pelo Juiz de primeiro grau. Daí porque o julgado não
se aplica ao caso, pois ele possui tese diferente da analisada pelo Superior Tribunal
de Justiça. O outro julgado utilizado pelo Juiz de primeiro grau também não ventilou
a relação consumerista que se tentar levar aos olhos do magistrado:

EMENTA: Mandado de Segurança. [...]2. Legitimidade "ad


causam" concessionária. Em ações em que se discute a incidência de
ICMS sobre energia elétrica, a Copel Distribuidora S/A. não possui
legitimidade "ad causam" (ativa ou passiva), uma vez que o titular do
crédito tributário é o Estado. [...]. (TJPR - 3ª C.Cível em Composição Integral -

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MS - 1217869-5 - Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba
- Rel.: Hélio Henrique Lopes Fernandes Lima - Unânime - - J. 09.12.2014)

Não se discute na ação o tributo em face da COPEL, pois o


ente tributante é o Estado do Paraná, isso é evidente, o que se quer é que a COPEL
cumpra o seu dever de informar as tarifas TUSD e TUST e tal tese não foi ventilada
em nenhum dos julgados apresentados pelo Juiz de primeiro grau. Evidente que as
decisões utilizadas não se adequam ao caso, basta a mera leitura para essa
constatação.
Nesse passo, sempre quando o operador do Direito for utilizar
um julgado a fim de embasar a sua tese deve realizar a perfeita subsunção do caso
concreto ao julgado, não sendo suficiente a mera citação da decisão ou a
adequação do caso a apenas alguns pontos do julgado. Repise-se, deve haver a
perfeita adequação do julgado a situação em análise. Deve sempre ser feito o
DISTINGUISH que se trata de método de verificação se um julgado se aplica ao
caso posto em mesa para julgamento. Sobre o tema distingish-método e distinguish-
resultado discorre Fredie Didier Júnior:

Fala-se em distinguishing (ou distinguish) quando houver distinção


entre o caso concreto (em julgamento) e o paradigma, seja porque não há
coincidência entre os fatos fundamentais discutidos e aqueles que serviram de
base à ratiodecidendi (tese jurídica) constante no precedente, seja porque, a
despeito de existir uma aproximação entre eles, algumas peculiaridades no caso
em julgamento afasta a aplicação do precedente. Sendo assim, pode-se
utilizar o termo ‘distinguish’ em duas acepções: (i) para designar o método
de comparação entre o caso concreto e o paradigma ( distinguish-método);
(ii) e para designar o resultado desse confronto, nos casos em que se conclui
haver entre eles alguma diferença (distinguish-resultado).4 (sem grifos no
original).

Nos casos em que o magistrado está vinculado a precedentes


judiciais, a sua primeira atitude é verificar se o caso em julgamento guarda
alguma semelhança com o(s) precedente(s). Para tanto, deve valer-se de um
método de comparação: à luz de um caso concreto, o magistrado deve analisar
os elementos objetivos da demanda, confrontando-os com os elementos
caracterizadores de demandas anteriores. Se houver aproximação, deve então

4
Fredie Didier Jr., Curso de Direito Processual Civil, Introdução ao Direito Processual Civil e Processo
de Conhecimento, vol. 2, 14.ª edição, 2014, p. 454.

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dar um segundo passo, analisando a ratiodecidendi (tese jurídica) firmada nas
decisões proferidas nessas demandas anteriores. Fala-se em distinguishing (ou
distinguish) quando houver distinção entre o caso concreto (em julgamento) e o
paradigma, seja porque não há coincidência entre os fatos fundamentais
discutidos e aqueles que serviram de base à ratiodecidendi (tese jurídica)
constante no precedente, seja porque, a despeito de existir uma aproximação
entre eles, algumas peculiaridades no caso em julgamento afasta a aplicação do
precedente. (...) Notando, pois, o magistrado que há distinção
(distinguishing) entre o caso sub judice e aquele que ensejou o precedente,
pode [...] dar à ratiodecidendi uma interpretação restritiva, por entender que
peculiaridades do caso concreto impedem a aplicação da mesma tese
jurídica outrora firmada (restrictivedistinguishing), caso em que julgará o
processo livremente, sem vinculação ao precedente.5

Esse Egrégio Tribunal de Justiça utiliza a técnica do


distinguish:

[...] Há que se aplicar aqui o instituto do distinguishing (ou


distinguish), ou seja, quando houver distinção entre o caso concreto (em
julgamento) e o paradigma, seja porque não há coincidência entre os fatos
fundamentais discutidos e aqueles que serviram de base à ratiodecidendi (tese
jurídica) constante no precedente, seja porque, a despeito de existir uma
aproximação entre eles, algumas peculiaridades no caso em julgamento afasta a
aplicação do precedente. Logo, não há que se falar em precedente [...].(Trecho
do Voto da Relatora do julgamento do caso: TJPR - 1ª Turma Recursal -
0001701-38.2012.8.16.0039/1 - Andirá - Rel.: Maria Ângela CarobrezFranzini - -
J. 22.04.2015)

Além disso, esse Egrégio Tribunal já deferiu agravo de


instrumento para que a tutela antecipada fosse concedida em face da COPEL, ou
seja, impôs obrigação de fazer em face dela sem questionar a sua ilegitimidade
passiva:

Agravo de instrumento - Ação declaratória de inexistência de relação


jurídica tributária - ICMS. Decisão agravada que autoriza o depósito judicial
mensal do valor pertinente ao crédito tributário de ICMS incidente sobre a tarifa
de uso do sistema de distribuição de energia elétrica (TUSD), com o escopo de
suspender sua exigibilidade, deixando de determinar à Copel que

5
DIDIER JR., Fredie, BRAGA, Paula Sarno e OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: teoria
da prova, direito probatório, teoria do precedente, decisão judicial, coisa julgada e antecipação dos
efeitos da tutela. 4ª ed., v. 2, Salvador: Juspodivm, 2009, p. 392-393.

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individualize o valor respectivo e deixe de incluí-lo no montante total da
fatura de energia elétrica - Determinação, todavia, que se mostra
indispensável - Dados constantes na fatura de energia elétrica que, por si
só, não são suficientes para calcular, com precisão, o valor atinente ao
ICMS incidente sobre a TUSD - Manutenção de tal montante nas faturas,
outrossim, que não permitirá o pagamento do valor incontroverso nas
redes bancárias. Recurso provido. (TJPR - 3ª C.Cível - AI - 1407367-7 -
Curitiba - Rel.: Rabello Filho - Unânime - - J. 01.09.2015)

Inequívoca, portanto, a existência de pertinência jurídica da


COPEL na relação apresentada em juízo e sua legitimidade passiva para a ação.
Destarte, pugna-se pela reforma da decisão interlocutória de
primeiro grau para se reconhecer a legitimidade passiva da COPEL para a ação.
Devendo, assim, tanto a COPEL quanto o Estado do Paraná integrar passivamente
a presente relação jurídico-processual, inclusive de forma liminar como se passa a
fundamentar para que um dos efeitos da tutela (citação) passe a surtir efeitos
jurídicos desde de já e não cause tumulto processual futuramente.

3.1.1 DA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL PARA A


DETERMINAÇÃO DE MANUTENÇÃO PROVISÓRIA DA COPEL NO PÓLO
PASSIVO E SUA IMEDIATA CITAÇÃO – RISCO DE NULIDADE, TUMULTUO
PROCESSUAL E DESRRESPEITO AO CONTRADITÓRIO COM A DEMORA NA
CITAÇÃO A SER EFETIVADA APÓS O JULGAMENTO DO AGRAVO DE
INSTRUMENTO

Pugna-se neste tópico pela concessão de tutela antecipada


recursal (art. 527, III, CPC), a fim de que o relator do recurso determine a
manutenção provisória da COPEL no pólo passivo da ação e determine a sua
citação, evitando futura nulidade dos atos praticados sem a sua ciência e respeito ao
seu contraditório.
Viu-se anteriormente que a necessidade de manutenção da
COPEL no pólo passivo da ação é inequívoca, dada a relação de consumo e o seu
dever, que não está sendo cumprindo, de informar as tarifas TUSD e TUSD na

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fatura de energia elétrica, conforme a Resolução nº 414/2010 da ANAEEL 6.
Presente, portanto, a verossimilhança das alegações.
Nesse passo, é imprescindível que um dos efeitos da tutela
(citação) seja antecipado a fim de evitar a indesejável nulidade dos atos anteriores à
citação da ré COPEL a ser efetivada somente ao final do julgamento do agravo de
instrumento. Caracterizado está o dano de difícil reparação (leia-se aquele que é
de onerosa reparação, porém não é impossível de ser reparado), pois todos os atos
processuais terão que ser repetidos, ou seja, desde a apresentação de contestação.
Visa-se, ainda, evitar o desnecessário tumulto processual que
certamente ocorrerá caso a citação ocorra futuramente e somente com o julgamento
de mérito do agravo de instrumento, momento em que já poderão ter sido praticados
vários atos processuais sem a participação da ré COPEL. Busca-se também evitar o
tolhimento ao direito de defesa da ré COPEL, vez que a demora na sua citação fará
com que o processo tome o seu curso normal e não receba a sua contestação,
sendo que com a demora na citação deferida ao final do julgamento do agravo
de instrumento a ré COPEL certamente exigirá seu direito de contestar a ação,
bagunçando-a ainda mais e invertendo a ordem natural das coisas. Presente,
pois, o perigo na demora.
Por fim, a tutela antecipada pretendida é perfeitamente
reversível (art. 273, § 2º, CPC), pois caso o agravo de instrumento seja indeferido
neste ponto ou a sentença de mérito confirme a ilegitimidade passiva da COPEL,
bastará que a citação e os atos processuais por ela realizados sejam ignorados.
Destarte, pugna-se ao Excelentíssimo Senhor Relator a
concessão de tutela antecipada recursal a fim de se manter provisoriamente, até o
julgamento de mérito do agravo de instrumento, a COPEL no pólo passivo da ação e

6
Resolução Normativa nº 414/2010 - Art. 119. A fatura de energia elétrica deve conter:
I – obrigatoriamente: l) valores correspondentes à energia, ao serviço de distribuição, à
transmissão, às perdas de energia, aos encargos setoriais e aos tributos, conforme regulamentação
específica, aos consumidores do grupo B e aos consumidores do grupo A optantes pelas tarifas do
grupo B; (Redação dada pela REN ANEEL 657 de 14.04.2015)
[...] § 4º A distribuidora deve informar na fatura, de forma clara e inteligível, os seguintes
dados: [...] IV – valor mensal do encargo de uso do sistema de distribuição;

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determinar a sua imediata citação a fim de evitar futuro tumultuo processual ou
nulidade do processo, por razões de invalidação dos atos praticados sem a ciência
da ré COPEL.

3.2 DO INDEFERIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA –


PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS

O Juiz de primeiro grau negou o pedido de tutela antecipada,


sob o fundamento de ausência de preenchimento dos requisitos para a sua
concessão, especialmente a verossimilhança do direito. Veja-se a fundamentação
utilizada na r. decisão:

No caso em espécie, os requisitos autorizadores da tutela


liminar não se fazem presentes. Certo é que nas faturas de cobrança de energia
elétrica trazidas aos autos se verifica fazerem parte da base de cálculo do ICMS,
para além da energia consumida pelo contribuinte, encargos de uso dos
sistemas de distribuição e transmissão de energia elétrica, quais sejam, “Energia
Elétrica USD Ponta”, “Energia Elétrica USD FPonta” e “Demanda USD” (seq. 1.5
a 1.13).
Ora, consoante art. 155, II, da Constituição Federal, compete
aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre operações
relativas à circulação de mercadorias. Ademais, pelo art. 12, I, da Lei
Complementar nº 87/96, considera-se ocorrido o fato gerador do
ICMS no momento da saída de mercadoria de estabelecimento de
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo
titular, hipótese em que a base de cálculo do imposto será, pelo art.
13, I, da LC, o valor da operação. Portanto, o cálculo do imposto deve
ser efetuado sobre o preço praticado na operação final.
A hipótese de incidência tributária em questão consolida-se
através da entrega de energia elétrica da unidade consumidora, mais
exatamente no seu ponto de entrega, que “é a conexão do sistema
elétrico da distribuidora com a unidade consumidora e situa-se no
limite da via pública com a propriedade onde esteja localizada a
unidade consumidora...”. Não se está afirmando que a mera formalização de
contrato de fornecimento de energia elétrica caracteriza circulação de
mercadoria, mas se leva em consideração que a produção da energia
elétrica não se confunde com sua transmissão. É dizer, a partir do
momento em que o sistema elétrico faz a conexão física até o
consumidor, a energia elétrica estará disponível a ele.
Na situação em exame, a hipótese de incidência tributária é
concretizada quando o consumidor paga para garantir a demanda

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energética à sua disposição no ponto de entrega. De outro modo,
estar-se-ia desconsiderando que o pequeno consumidor amortiza o custo da
demanda de potência, incorporado ao custo do
fornecimento de energia, e sobre ele recai o ICMS, pois ao grande
consumidor isso não sucederia. Tudo em nítido desrespeito ao
princípio da capacidade contributiva. Sob esse contexto, conclui-se, neste
momento processual preliminar, que o valor relativo ao uso do sistema de
distribuição e transmissão pode sim compor a base de cálculo do tributo em
questão, pois componente da operação final.
Ressalte-se que a legislação tributária determina interpretação
restritiva de dispositivos que tratam de exclusão do crédito tributário
(art. 111, I, do CTN).

Em que pese o respeitável entendimento do Juiz de primeiro


grau, deve a tutela antecipada ser concedida vez que preenchidos todos os
requisitos do instituto. Necessário salientar que a concessão de tutela antecipada
não é discricionariedade do magistrado, porquanto se trata de poder-dever de
concessão quando presentes os seus requisitos, como é o caso. Nesse sentido,
Cássio Scarpinella Bueno:

Não há “discricionariedade” na análise da presença dos


pressupostos que conduzem o magistrado à antecipação da tutela. Fazendo eco
à melhor doutrina sobre o assunto, o magistrado, nesses casos, limita-se a
interpretar “conceitos vagos e indeterminados” à luz das situações fáticas que
lhe são apresentadas e provadas. Não há qualquer margem de liberdade para o
magistrado conceder, ou não, a tutela antecipada. Ele, diante da verificação da
existência dos pressupostos, deve deferir a medida; na ausência deles, deve
indeferi-la. Não há uma terceira opção, e, tampouco, nenhuma margem de
apreciação livre para o magistrado na análise da concorrência ou não dos
pressupostos legais. Nenhum juiz concede ou indefere o pedido de tutela
antecipada (e, de resto, não profere qualquer decisão ao longo do processo)
com base em juízos de conveniência ou de oportunidade. Bem diferentemente,
cabe a ele explicar e demonstrar quais são os pressupostos que o conduziram à
concessão da tutela antecipada, e, inversamente, se indeferir o pedido, quais
pressupostos faltaram ou em que medida a diretriz do § 2º do art. 273 impediu-o
de atender o requerimento tal qual formulado. É no sentido do último parágrafo
que o dever de o magistrado fundamentar sua decisão tem de ser entendido. O
§ 1º do art. 273, ao impor que, “Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará,
de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento”, é, no entanto,
repetitivo do ponto de vista da lei processual civil e do ponto de vista do “modelo
constitucional”.[...]A fundamentação a que se refere o § 1º do art. 273 nada mais
é do que o dever de o magistrado, ainda que sinteticamente, justificar em que
medida os pressupostos que legitimam a antecipação da tutela fazem-se
presentes no caso concreto: ele deve localizá-los e analisá-los, levando em

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consideração as peculiaridades de cada situação. Inversamente, se os
pressupostos não se fazem presentes, ele deve destacar a sua ausência7.

Nesse passo, incumbe destacar que o pedido de tutela


antecipada se restringiu a dois pontos: (i) que fosse suspensa pelo Estado do
Paraná a exigibilidade e a cobrança do ICMS incidente sobre quaisquer encargos de
transmissão, distribuição e conexão de energia, especialmente as Tarifas de Uso do
Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD) em face da autora; e (ii)
fosse determinada a Companhia Paranaense de Energia – COPEL que
individualizasse na fatura da conta de energia da autora o valor do ICMS incidente
sobre os encargos de transmissão, distribuição e conexão de energia,
especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição
(TUSD), destacasse em apartado e não o incluísse no valor total da fatura, a fim de
possibilitar que a autora pagasse apenas a parte incontroversa da fatura na rede
bancária.
Notem Excelências que o último ponto integrante da tutela
antecipada é essencial à tutela de urgência em si, porquanto caso não seja
concedido obstará a efetivação da tutela antecipada no todo, tornando-a inócua, vez
que não se trata de simples cálculo e cujo monopólio de dados pertence à
Companhia Paranaense de Energia – COPEL. O ICMS impugnado incide sobre
tarifa (TUSD e TUST), que é preço público, sendo, portanto, variável e volátil a base
de tal cálculo, cujo conhecimento é de monopólio da COPEL.
Tal valor deve ser destacado mensalmente pela COPEL na
fatura de energia elétrica da autora, mas nela não deve ser incluído, possibilitando o
normal pagamento da parte incontroversa da fatura de energia elétrica pela via
bancária.
Insta salientar que a pretensão da autora em ser determinado à
Copel que individualize na fatura da conta de luz o valor do ICMS incidente sobre a
TUSD e TUST, destaque-o em apartado e não o inclua no valor total da fatura, vem
7
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito processual civil, vol. 4: tutela
antecipada, tutela cautelar, procedimentoscautelares específicos. — 6. ed.rev. e atual. — São
Paulo: Saraiva, 2014, págs. 65/67.

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sendo aceita por esse Egrégio Tribunal de Justiça Paranaense, como se vê do
seguinte julgado:

Agravo de instrumento - Ação declaratória de inexistência de relação


jurídica tributária - ICMS. Decisão agravada que autoriza o depósito judicial
mensal do valor pertinente ao crédito tributário de ICMS incidente sobre a tarifa
de uso do sistema de distribuição de energia elétrica (TUSD), com o escopo de
suspender sua exigibilidade, deixando de determinar à Copel que
individualize o valor respectivo e deixe de incluí-lo no montante total da
fatura de energia elétrica - Determinação, todavia, que se mostra
indispensável - Dados constantes na fatura de energia elétrica que, por si
só, não são suficientes para calcular, com precisão, o valor atinente ao
ICMS incidente sobre a TUSD - Manutenção de tal montante nas faturas,
outrossim, que não permitirá o pagamento do valor incontroverso nas
redes bancárias. Recurso provido. (TJPR - 3ª C.Cível - AI - 1407367-7 -
Curitiba - Rel.: Rabello Filho - Unânime - - J. 01.09.2015)

Com efeito, ultrapassada a celeuma inicial, passa-se a


demonstração do equívoco judicial e do preenchimento dos requisitos da tutela
antecipada.
A verossimilhança das alegações resta demonstrada das
faturas em anexo, que evidenciam que o Estado do Paraná, por meio da Companhia
Paranaense de Energia – COPEL, vem impingindo na fatura da autora a incidência
de ICMS sobre a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD), que não é fato
gerador do referido tributo e não pode ser incluída na base de cálculo do ICMS.
Soma-se à verossimilhança a ilegalidade sobejamente confirmada pelos tribunais
sobre a inclusão da TUSD e da TUST na base de cálculo do ICMS. Tal abusividade
vem sendo confirmada em peso pela jurisprudência, tendo sido firmado
entendimento solidificado no Colendo Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal de
Justiça Paranaense:

PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO


CPC. NÃO OCORRÊNCIA. ICMS SOBRE "TUST" E "TUSD". NÃO INCIDÊNCIA.
AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO JURÍDICA DA MERCADORIA. PRECEDENTES.
1. Recurso especial em que se discute a incidência de Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços sobre a Taxa de Uso do Sistema de Distribuição
(TUSD). 2. Inexiste a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação

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jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, conforme se depreende
da análise do acórdão recorrido. 3. Esta Corte firmou orientação, sob o rito dos
recursos repetitivos (REsp 1.299.303-SC, DJe 14/8/2012), de que o consumidor
final de energia elétrica tem legitimidade ativa para propor ação declaratória
cumulada com repetição de indébito que tenha por escopo afastar a incidência
de ICMS sobre a demanda contratada e não utilizada de energia elétrica. 4. É
pacífico o entendimento de que "a Súmula 166/STJ reconhece que 'não constitui
fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro
estabelecimento do mesmo contribuinte'. Assim, por evidente, não fazem
parte da base de cálculo do ICMS a TUST (Taxa de Uso do Sistema de
Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do Sistema de
Distribuição de Energia Elétrica)". Nesse sentido: AgRg no REsp
1.359.399/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,
julgado em 11/06/2013, DJe 19/06/2013; AgRg no REsp 1.075.223/MG, Rel.
Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe
11/06/2013; AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/02/2013, DJe 14/02/2013.
Agravo regimental improvido.(STJ - AgRg no REsp: 1408485 SC 2013/0330262-
7, Relator: Ministro HUMBERTO MARTINS, Data de Julgamento: 12/05/2015, T2
- SEGUNDA TURMA, Data de Publicação: DJe 19/05/2015)

APELAÇÃO 1 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL - QUESTÕES


PRELIMINARES AFASTADAS - INOCORRÊNCIA DE NULIDADE DA
SENTENÇA POR ILIQUIDEZ - CORRETA DETERMINAÇÃO DE APURAÇÃO
DO QUANTUM DEBEATUR EM FASE POSTERIOR À SENTENÇA -
CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO CONFIGURADO - CADERNO
PROCESSUAL SUFICIENTEMENTE INSTRUÍDO - AUTOR QUE SE
DESINCUMBIU DO ÔNUS DA PROVA - DIREITO TRIBUTÁRIO - ENERGIA
ELÉTRICA - BASE DE CÁLCULO DO ICMS - TARIFA DE USO DO SISTEMA
DE DISTRIBUIÇÃO (TUSD) - VALOR QUE NÃO CORRESPONDE A
PAGAMENTO PELA ENERGIA ELÉTRICA EFETIVAMENTE CONSUMIDA -
NÃO INCIDÊNCIA DO TRIBUTO ESTADUAL - APELO NÃO PROVIDO.
APELAÇÃO 2 - AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE REPETIÇÃO DE
INDÉBITO - ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA - APLICAÇÃO
DO MESMO ÍNDICE ADOTADO PARA OS CRÉDITOS FAZENDÁRIOS -
INTELIGÊNCIA DA LEI ESTADUAL Nº 11.580/96 - REFORMA EM PARTE DA
SENTENÇA PARA DETERMINAR A INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC, SEM
CUMULAÇÃO COM QUALQUER OUTRO ÍNDICE - APELO PROVIDO. (TJ-PR -
AC: 6161679 PR 0616167-9, Relator: Espedito Reis do Amaral, Data de
Julgamento: 09/02/2010, 3ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 355)

DECISÃO: Acordam os Magistrados Integrantes da Primeira


Câmara Cível, por unanimidade de votos, em negar provimento ao
recurso. EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCESSÃO DE
LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA.REQUISITOS DO ARTIGO 6º
DA LEI 12.016/2009 EVIDENCIADOS. LEGITIMIDADE ATIVA DO
CONSUMIDOR DE FATO. MATÉRIA PACIFICADA PELO STJ NO RESP
1.299.303/SC.ICMS QUE INCIDE SOBRE A TRANSMISSÃO E

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DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.IMPOSSIBILIDADE.
PRECEDENTES DO STJ E DESSE TRIBUNAL. RECURSO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO. (TJPR - 1ª C.Cível - AI - 1269141-5 - Cascavel -
Rel.: Fabio Andre Santos Muniz - Unânime - - J. 04.11.2014)

Com efeito, resta demonstrada a verossimilhança das


alegações da autora.
Lado outro, no presente caso o perigo na demora reside no
fato de que a ré COPEL parou de discriminar nas faturas a TUSD e nunca
informou o valor da TUST, o que viola o dever de informação imposto pelo art. 6º,
III do CDC; pelo art. 119, I, ‘l’ e § 4º, IV da Resolução nº 414/2010 da ANAEEL e
pelo art. 150, § 5º da Constituição Federal 8 que destacam o direito à informação do
consumidor sobre os impostos que lhe são cobrados. Seguem as disposições da
Resolução nº 414/2010 da ANAEEL:

Art. 119. A fatura de energia elétrica deve conter:


I – obrigatoriamente: l) valores correspondentes à energia, ao
serviço de distribuição, à transmissão, às perdas de energia, aos encargos
setoriais e aos tributos, conforme regulamentação específica, aos consumidores
do grupo B e aos consumidores do grupo A optantes pelas tarifas do grupo B;
(Redação dada pela REN ANEEL 657 de 14.04.2015)
[...] § 4º A distribuidora deve informar na fatura, de forma clara e
inteligível, os seguintes dados: [...] IV – valor mensal do encargo de uso do
sistema de distribuição;

Veja-se a comprovação do aqui alegado (fato da ré nunca ter


informado a inclusão da TUST na base de cálculo do ICMS e a partir do mês de
maio deste ano ter parado de cumprir o seu dever de informar a incidência da
TUSD):

8
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos
impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

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A própria COPEL reconhece em seu site o dever de apresentar
na fatura do consumidor as informações em discussão:

Informações sobre a fatura de energia


TUSD e TE: sua conta com mais informação
Por determinação da Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL, a partir de 1º de setembro de 2012 a fatura de energia passa a
apresentar, devidamente separados, o quanto você paga para que a
energia chegue até sua casa - ou seja, pelo uso do sistema elétrico - e pelo
que é efetivamente consumido. A Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
(TUSD) remunera todos as instalações, equipamentos e componentes da
rede de distribuição utilizados para levar a energia com qualidade e
continuidade até a sua casa. Já a Tarifa de Energia (TE) refere-se ao valor da
energia consumida em sua casa no último mês, desde assistir à televisão até
secar o cabelo, tomar banho, cozinhar, iluminar a casa etc. Na fatura, os
valores vêm discriminados como ENERGIA ELET USO DO SISTEMA e
ENERGIA ELET CONSUMO9.

Evidente, assim, a caracterização do perigo na demora na


ausência de informação do consumidor sobre os tributos que lhe são cobrados, que
impossibilitará o correto recolhimento da fatura de energia e do ICMS na parte
incontroversa.
Soma-se ao perigo na demora a continuidade da submissão
da cobrança indevida. Ademais, a ausência da tutela antecipatória implicará na
obrigatoriedade de pagamento do ICMS indevido, possibilitando a inscrição da
autora em dívida ativa, caso não efetue o respectivo pagamento, com evidentes
prejuízos ao desempenho de sua atividade empresarial, como eventual restrição de
crédito.
Quanto ao dano irreparável ou de difícil reparação (leia-se
aquele que é de onerosa reparação, porém não é impossível de ser reparado) insta
salientar que é cediço que o Estado do Paraná possui dívida de bilhões de reais a
título de precatórios, o que caracteriza o receio de irreparabilidade ou difícil
9
BRASIL. Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL. Disponível em:
<http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?endereco=%2Fhpcopel%2Findustrial
%2Fpagcopel2.nsf%2Fdocs%2F884064B55796BEFE032573F40049415D>. Acesso em: 10 de outubro de
2015.

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reparação dos danos causados a autora, consubstanciada na certeza sobre a
demora em receber o que lhe está sendo cobrado de forma ilegítima. Pois a
reparação via precatório, que possui data incerta e se afigura morosa em face da
extensa dívida do Estado, só agravará a situação de lesão causada à autora. Nesse
passo, com a concessão de tutela antecipada, a autora poderá, com a confirmação
em sentença, satisfazer a sua pretensão de devolução dos valores referentes ao
período posterior ao ajuizamento da ação sem a necessidade de se valer do moroso
procedimento do precatório, sendo que somente os indébitos anteriores à ação é
que se constituirão em crédito tributário a ser pago via precatório. Sobre o tema já se
manifestou o Tribunal de Justiça Paranaense:

TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO


DE TUTELA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 273, DO CPC.
VEROSSIMILHANÇA DEMONSTRADA DIANTE DO ENTENDIMENTO
JURISPRUDENCIAL PREVALENTE SOBRE A MATÉRIA. PERIGO DE DANO
IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO CONFIGURADO EM RAZÃO
DA DIFICULDADE DE REAVER TRIBUTOS PAGOS INDEVIDAMENTE.
IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS (ICMS).
DEMANDA RESERVADA DE ENERGIA ELÉTRICA. INOCORRÊNCIA DE
CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA. RECURSO PROVIDO. - O fundado receio
de dano irreparável ou de difícil reparação está evidenciado a partir do
momento em que sendo declarado indevido o pagamento do tributo, para
reaver o montante gasto, o contribuinte é obrigado será obrigado a
enfrentar longa fila de espera para quitação de precatórios requisitórios,
quando a cobrança do ICMS sobre a parcela referente à demanda
contratada de energia é, a princípio, indevida. (TJPR - Agravo de Instrumento
574590-6- Rel.: Des. Paulo Habith - 3ª C.Cível – Decisão Monocrática - - J.
6/4/2009 - - Pub. 16/04/2009)

Por fim, a tutela antecipada pretendida é perfeitamente


reversível (art. 273, § 2º, CPC), pois a autora é Empresa de grande porte
econômico, vasta confiança e credibilidade no mercado e com patrimônio
considerável, que poderá ser utilizado no futuro pelo Estado do Paraná para a
satisfação do tributo, com as devidas atualizações, caso a ação seja julgada
improcedente.

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A jurisprudência vem acolhendo pedidos de tutela antecipada
como o formulado nesta ação, sendo uníssono o Tribunal de Justiça Paranaense
que concede a tutela antecipada em sede de agravo de instrumento:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICO. FATURA DE


ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA DE ENERGIA. TARIFA DE USO DO SISTEMA
DE DISTRIBUIÇÃO. Há verossimilhança quanto à obrigatoriedade de a
concessionária de energia elétrica discriminar nas faturas a incidência da
Tarifa de Uso dos Sistemas Distribuição (TUSD) e da Tarifa de Energia (TE).
A relação estabelecida entre as partes é de consumo, a teor do que dispõe
o artigo 6º, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor. Resolução nº
414/2010 da ANEEL que preceitua o dever de informação de forma clara e
inteligível. Evidente risco de dano de difícil reparação diante da falta de
informação ao usuário que paga mensalmente por serviço não
discriminado. Direito invocado pela agravante não negado pela agravada, a
qual se limita a alegar a ausência de requerimento extrajudicial, o que não
procede. Garantia de acesso ao Poder Judiciário conforme leciona o artigo
5º, inciso XXXV, da Constituição Federal. RECURSO PROVIDO EM
DECISÃO MONOCRÁTICA. (TJRS - Agravo de Instrumento Nº 70064797319,
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada
Jaccottet, Julgado em 16/08/2015)

DECISÃO: Acordam os integrantes da Segunda Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Paraná, por unanimidade de votos, em conhecer do
recurso para, no mérito, dar-lhe provimento a fim de conceder a antecipação
da tutela jurisdicional para que seja suspensa a cobrançade ICMS sobre
encargos de transmissão e conexão na entrada de energia, especialmente
as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição
(TUSD). EMENTA: TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ICMS. AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA.
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA JURISDICIONAL. PRESENÇA DOS
REQUISITOS DO ART. 273, I, DO CPC. FATURAS QUE COMPROVAM A
COBRANÇA DE ICMS SOBRE A TOTALIDADE DOS ENCARGOS PAGOS
PELOS AGRAVANTES. ENCARGOS DE TRANSMISSÃO E CONEXÃO NA
ENTRADA DE ENERGIA. AS TARIFAS DE USO DO SISTEMA DE
TRANSMISSÃO (TUST) OU DISTRIBUIÇÃO (TUSD). NÃO INCIDÊNCIA DO
ICMS. ENTENDIMENTO DO STJ E DESTE TRIBUNAL. VEROSSIMILHANÇA
DAS ALEGAÇÕES VERIFICADA. RISCO DESNECESSÁRIO DE DANO DE
DIFÍCIL REPARAÇÃO PELA CONTINUIDADE DA COBRANÇA.
ANTECIPAÇÃO DA TUTELA QUE DEVE SER CONCEDIDA PARA
SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DA COBRANÇA. RECURSO PROVIDO.
(TJPR - 2ª C.Cível - AI - 1291153-2 - Região Metropolitana de Londrina - Foro
Central de Londrina - Rel.: Silvio Dias - Unânime - - J. 10.03.2015)

Agravo de instrumento - Ação declaratória de inexistência de relação


jurídica tributária - ICMS. Antecipação dos efeitos da tutela - Possibilidade -

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Preenchimento dos requisitos autorizadores previstos no artigo 273 do
Código de Processo Civil - Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão de
energia elétrica (TUST) e Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição de
energia elétrica (TUSD) que, em princípio, não integram a base de cálculo
do ICMS - Hipótese de incidência desse tributo que se concretiza no
momento em que a energia elétrica sai do estabelecimento do prestador e é
efetivamente utilizada pelo consumidor, o que, em tese, não se constata
nas fases de distribuição e transmissão - Precedentes do Superior Tribunal
de Justiça e desta Corte - Fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação, outrossim, que também se verifica. Recurso provido. (TJPR - 3ª
C.Cível - AI - 1398689-7 - Curitiba - Rel.: Rabello Filho - Unânime - - J.
01.09.2015)

Com efeito, pugna-se pela reforma de decisão interlocutória do


Juiz de primeiro grau, a fim de que seja concedida a tutela antecipada nos seguintes
e percucientes termos:
(i) seja determinado ao Estado do Paraná para que suspenda a
exigibilidade e a cobrança do ICMS incidente sobre quaisquer encargos de
transmissão, distribuiçãoe conexão de energia, especialmente as Tarifas de Uso
do Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD), em respeito ao artigo
151, V do CTN10;
(ii) seja determinada a Companhia Paranaense de Energia –
COPEL que individualize na fatura da conta de luz da autora o valor do ICMS
incidente sobre quaisquer encargos de transmissão, distribuição e conexão de
energia, especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e
Distribuição (TUSD), destaque-o em apartado e não o inclua no valor total da fatura,
sob pena de multa por cada fatura que não respeitar a determinação judicial, que se
sugere R$ 15.000,00 (quinze mil reais) - art. 461, §§ 3º e 4ºdo CPC -. Notem
Excelências que o valor da multa deve ser apto a ponto de não se exaurir o poder de
coerção, pois estamos falamos de concessionária de serviço público de alto poder
econômico, além do que a fatura de energia da autora gira em torno de R$
700.000,00 (setecentos mil reais). Na eventualidade, que não se espera, de
manutenção da decisão de exclusão da COPEL do polo passivo da ação, pugna-se

10
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial;

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para que a obrigação de fazer e a multa sejam impostas em face do Estado do
Paraná.

3.2.1 DA CONCEÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA EM SEDE


RECURSAL

Pugna-se neste tópico pela concessão de tutela antecipada


recursal (art. 527, III, CPC), a fim de que o Relator do recurso conceda a liminar
pleiteada no juízo a quo e que foi negada.
Os requisitos da tutela antecipada recursal são os mesmos da
tutela antecipada anteriormente defendida, razão pela qual, e por motivos de
brevidade e economia processual, remeta-se o nobre julgador ao tópico anterior e se
faz neste momento apenas uma breve resumo do que ali foi exposto, a fim de
demonstrar os requisitos da antecipação da tutela recursal.
A verossimilhança das alegações está calcada no fato de as
faturas em anexo comprovarem que a autora sofre em sua fatura de energia elétrica
a inclusão das tarifas TUSD e TUST na base de cálculo do ICMS. Soma-se à
verossimilhança o entendimento pacífico no STJ e no TJPR sobre a ilegalidade da
inclusão dessas tarifas na base de cálculo do ICMS.
Lado outro, demonstrou-se anteriormente que o perigo na
demora reside no fato de que a ré COPEL parou de discriminar nas faturas a
TUSD e nunca informou o valor da TUST, o que viola o dever de informação
imposto pelo art. 6º, III do CDC; pelo art. 119, I, ‘l’ e § 4º, IV da Resolução nº
414/2010 da ANAEEL11 e pelo art. 150, § 5º da Constituição Federal que destacam o
direito à informação do consumidor sobre os impostos que lhe são cobrados.

11
Art. 119. A fatura de energia elétrica deve conter:
I – obrigatoriamente: l) valores correspondentes à energia, ao serviço de distribuição, à
transmissão, às perdas de energia, aos encargos setoriais e aos tributos, conforme regulamentação
específica, aos consumidores do grupo B e aos consumidores do grupo A optantes pelas tarifas do
grupo B; (Redação dada pela REN ANEEL 657 de 14.04.2015)
[...] § 4º A distribuidora deve informar na fatura, de forma clara e inteligível, os seguintes
dados: [...] IV – valor mensal do encargo de uso do sistema de distribuição;

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Frisou-se, ainda, que se acresce ao perigo na demora a
continuidade da submissão da cobrança indevida. Sendo que a ausência da tutela
antecipatória implicará na obrigatoriedade de pagamento do ICMS indevido,
possibilitando a inscrição da autora em dívida ativa, caso não efetue o respectivo
pagamento, com evidentes prejuízos ao desempenho de sua atividade empresarial,
como eventual restrição de crédito.
Destacou-se quanto ao dano irreparável ou de difícil
reparação (leia-se aquele que é de onerosa reparação, porém não é impossível de
ser reparado) que é cediço que o Estado do Paraná possui dívida de bilhões de
reais a título de precatórios, o que caracteriza o receio de irreparabilidade ou difícil
reparação dos danos causados a autora, consubstanciada na certeza sobre a
demora em receber o que lhe está sendo cobrado de forma ilegítima. Pois a
reparação via precatório, que possui data incerta e se afigura morosa em face da
extensa dívida do Estado, só agravará a situação de lesão causada à autora.
Vale destacar Excelentíssimo Senhor Relator que a tutela
antecipada recursal é perfeitamente reversível (art. 273, § 2º, CPC), pois a
autora(Sperafico Agroindustrial LTDA.) é Empresa de grande porte econômico, vasta
confiança e credibilidade no mercado e com patrimônio considerável, que poderá ser
utilizado no futuro pelo Estado do Paraná para a satisfação do tributo, com as
devidas atualizações, caso a ação seja julgada improcedente.
Note Excelentíssimo Senhor Relator que esse Egrégio Tribunal
de Justiça vem concedendo tutela antecipada recursal, como se vê da decisão
monocrática exarada pelo Desembargador Pinto Rabelo Filho da 3ª Câmara Cível,
cuja cópia segue anexa, no agravo de instrumento nº 1398689-7 interposto contra
decisão dos autos nº 0003811-13.2015.8.16.0004:

[...] 3. Verifico existir relevância na fundamentação posta no agravo,


em ordem a autorizar a antecipação dos efeitos da tutela recursal pretendida, na
medida em que, em princípio, a hipótese de incidência do ICMS se concretiza no
momento em que a energia elétrica sai do estabelecimento do prestador e é
efetivamente utilizada pelo consumidor, o que não se constata nas fases de sua
distribuição e transmissão.

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3.1. Daí porque, presente como também está o risco de dano, defiro,
em antecipação de tutela, a pretensão recursal (CPC, art. 527, inc. III, c/c art.
558), para o fim de determinar que o réu se abstenha de incluir os valores
atinentes as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão e de Distribuição do
Sistema de Energia Elétrica na base de cálculo do ICMS, cuja exigibilidade fica
suspensa.

Depois, a tutela antecipada recursal foi confirmada pela


Câmara como se vê da seguinte ementa:

DECISAO: ACORDAM os integrantes da Terceira Câmara Cível do


Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. EMENTA: Agravo de
instrumento - Ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária -
ICMS. Antecipação dos efeitos da tutela - Possibilidade - Preenchimento dos
requisitos autorizadores previstos no artigo 273 do Código de Processo Civil -
Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão de energia elétrica (TUST) e Tarifa de
Uso do Sistema de Distribuição de energia elétrica (TUSD) que, em princípio,
não integram a base de cálculo do ICMS - Hipótese de incidência desse tributo
que se concretiza no momento em que a energia elétrica sai do estabelecimento
do prestador e é efetivamente utilizada pelo consumidor, o que, em tese, não se
constata nas fases de distribuição e transmissão - Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça e desta Corte - Fundado receio de dano irreparável ou de
difícil reparação, outrossim, que também se verifica. Recurso provido. (TJPR - 3ª
C.Cível - AI - 1398689-7 - Curitiba - Rel.: Rabello Filho - Unânime - - J.
01.09.2015)

Com efeito, requer-se ao Excelentíssimo Relator a concessão


de tutela antecipada recursal, a fim de que seja de plano concedida a tutela
antecipada negada pelo Juiz de primeiro grau nos seguintes e percucientes termos:
(i) seja determinado ao Estado do Paraná para que suspenda a
exigibilidade e a cobrança do ICMS incidente sobre quaisquer encargos de
transmissão, distribuiçãoe conexão de energia, especialmente as Tarifas de Uso
do Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD), em respeito ao artigo
151, V do CTN;
(ii) seja determinada a Companhia Paranaense de Energia –
COPEL que individualize na fatura da conta de luz da autora o valor do ICMS
incidente sobre quaisquer encargos de transmissão, distribuição e conexão de
energia, especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) e

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Distribuição (TUSD), destaque-o em apartado e não o inclua no valor total da fatura,
sob pena de multa por cada fatura que não respeitar a determinação judicial, que se
sugere R$ 15.000,00 (quinze mil reais) - art. 461, §§ 3º e 4ºdo CPC -. Notem
Excelências que o valor da multa deve ser apto a ponto de não se exaurir o poder de
coerção, pois estamos falamos de concessionária de serviço público de alto poder
econômico, além do que a fatura de energia da autora gira em torno de R$
700.000,00 (setecentos mil reais). Na eventualidade, que não se espera, de
manutenção da decisão de exclusão da COPEL do polo passivo da ação, pugna-se
para que a obrigação de fazer e a multa sejam impostas em face do Estado do
Paraná.

IV. CONCLUSÃO

Por todo o exposto, requer seja o presente agravo de


instrumento conhecido e provido, reformando-se a r. decisão, nos seguintes
termos:
a) Requer-se urgência na conclusão ao relator para análise
dos dois pedidos de antecipação de tutela recursal;
b) Seja reformada a decisão interlocutória de primeiro grau
para se reconhecer a legitimidade passiva da COPEL para
a ação. Devendo, assim, tanto a COPEL quanto o Estado
do Paraná integrar passivamente a presente relação
jurídico-processual;
c) Pugna-se ao Excelentíssimo Relator a concessão de
tutela antecipada recursal a fim de se manter
provisoriamente, até o julgamento de mérito do agravo
de instrumento, a COPEL no pólo passivo da ação e
determinar a sua imediata citação a fim de evitar futuro
tumultuo processual ou nulidade do processo, por

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razões de invalidação dos atos praticados sem a
ciência da ré COPEL (item 3.1.1);
d) Seja observado que ambas as rés (COPEL e ESTADO
DO PARANÁ) deverão ser intimadas para contrarrazoar
o presente agravo de instrumento, porquanto a decisão
de exclusão da COPEL do pólo passivo da ação ainda
não operou o seu trânsito em julgado;
e) Pugna-se pela reforma de decisão interlocutória do Juiz de
primeiro grau, a fim de que seja concedida a tutela
antecipada nos seguintes e percucientes termos: (i) seja
determinado ao Estado do Paraná para que suspenda a
exigibilidade e a cobrança do ICMS incidente sobre
quaisquer encargos de transmissão, distribuiçãoe
conexão de energia, especialmente as Tarifas de Uso do
Sistema de Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD), em
respeito ao artigo 151, V do CTN; (ii) seja determinada a
Companhia Paranaense de Energia – COPEL que
individualize na fatura da conta de luz da autora o valor do
ICMS incidente sobre quaisquer encargos de
transmissão, distribuição e conexão de energia,
especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de
Transmissão (TUST) e Distribuição (TUSD), destaque-o em
apartado e não o inclua no valor total da fatura, sob pena de
multa por cada fatura que não respeitar a determinação
judicial, que se sugere R$ 15.000,00 (quinze mil reais) - art.
461, §§ 3º e 4ºdo CPC, dada a capacidade econômica da ré
e a fatura da autora girar em torno de R$ 700.000,00;
f) Requer-se ao Excelentíssimo Relator a concessão de
tutela antecipada recursal, a fim de que seja de plano
concedida a tutela antecipada negada pelo Juiz de

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primeiro grau nos termos do pedido anterior (letra ‘e’)
(item 3.2.1);
g) Caso seja mantida, tanto pelo Relator no julgamento da
tutela antecipada recursal quanto pela Câmara no
julgamento de mérito, a decisão de exclusão da COPEL
do pólo passivo sejam todos os pedidos deste recurso
direcionados em face do Estado do Paraná;
h) Na oportunidade, requer sejam as intimações realizadas e
publicadas exclusivamente em nome do procurador Rogério
Augusto da Silva, OAB/PR 46.823, sob pena de nulidade
(artigo 236, § 1º, c/c 247 e 248, CPC).

Nestes termos,
pede e espera DEFERIMENTO.

Toledo/PR, 26 de janeiro de 2024.

ROGERIO AUGUSTO DA SILVA


OAB/PR 46.823

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