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Luciano Ferreira de Andrade OAB/SE nº 6233

ADVOGADO

EXCELENTÍSSIMO SR(A). DOUTOR(A) DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE

Execução nº 201810201648
Agravante: JOEL GONSIOROSKI DA SILVA JUNIOR
Agravado: NATANAEL DE SOUZA JUNIOR

JOEL GONSIOROSKI DA SILVA JUNIOR, brasileiro, médico, casado, CPF nº


66130964587, RG nº 1123457 SSP/SE, residente e domiciliado na Rua Arauá nº 696, Cond. Fontes de
Montjuic, Apto 1103, Bairro São José, Aracaju/SE CEP 49010-330, por seu advogado, nos autos do
processo em epígrafe (EXECUÇÃO), inconformado com a decisão interlocutória, proferida no processo
acima identificado movido contra si pelo NATANAEL DE SOUZA JUNIOR, já qualificado, vem,
respeitosamente, opor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO C/ PEDIDO LIMINAR DE EFEITO
SUSPENSIVO, com fundamento nos artigos 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil.

Nestes termos, aguardando o recebimento, conhecimento e provimento do


presente recurso, juntando-se as anexas razões, pede deferimento.

Aracaju/SE, 20 de agosto de 2020.

Luciano Ferreira de Andrade


OAB-SE 6233

Rua Nely Correia de Andrade nº 55, bairro Coroa do Meio, Aracaju/SE CEP 49036-245
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Tel. (79) 98842-5299 e (79) 99105-3990
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ADVOGADO

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SERGIPE

Agravante: JOEL GONSIOROSKI DA SILVA JUNIOR


Agravado: NATANAEL DE SOUZA JUNIOR

RAZÕES DO AGRAVANTE

DOUTA CÂMARA

NOBRE RELATOR

PRELIMINAR

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

O Agravante declara que não possui recursos suficientes para pagar as custas, as
despesas processuais e os honorários advocatícios, motivo pelo qual, requer seja concedido o
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

Ressalta-se, que no decorrer deste processo, ficará claro o estado de insolvência


financeira do Agravante.

DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO DO AGRAVO:

O Agravante fora citado da decisão de fls. 188/189, ora recorrida, através do Oficial de
Justiça no dia 30/07/2020, sexta-feira. Assim, terá como dia ad quem, até o dia 21/08/2020
(sexta-feira).

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Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o cunho decisório é o que basta para que o
provimento seja objeto de recurso, de acordo com o que se verifica nos julgados exarados por
este (Resp 1.022.910/PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª Tuma, DJe de 02.10.2009; Resp
195.848/MG, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, 4ª Turma, DJ de 18.02.02; Resp 603.266/PB, Rel.
Min. Gilson Dipp, 5ª Turma, DJ de 01.07.04), entendimento este partilhado por juristas como
Nelson Nery Junior e José Carlos Barbosa Moreira:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇAO ANULATÓRIA.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. DECISAO INTERLOCUTÓRIA.
DESPACHO MERO EXPEDIENTE. CONTEÚDO DECISÓRIO. GRAVAME À
PARTE. AGRAVO. CABIMENTO. Independentemente do nome que se
dê ao provimento jurisdicional, é importante deixar claro que, para
que ele seja recorrível, basta que possua algum conteúdo decisório
capaz de gerar prejuízo às partes. Na hipótese, o provimento judicial
impugnado por meio de agravo possui carga decisória, não se tratando
de mero impulso processual consubstanciado pelo cumprimento da
sentença transitada em julgado. Recurso especial provido.
(STJ – RECURSO ESPECIAL Nº 1.219.082 – GO (2010/0183255-3),
RELATORA: MINISTRA NANCY ANDRIGHI)

Nas precisas palavras de BARBOSA MOREIRA “todo e qualquer despacho em que o


órgão judicial decida questão, no curso do processo, pura e simplesmente não é despacho,
ainda que assim lhe chame o texto: encaixando-se no conceito de decisão interlocutória (art.
162, 2.º), ipso facto deixa de pertencer à outra classe. Absurdo lógico seria conceder-lhe lugar
em ambas”. (Comentários ao Código de Processo Civil, op. cit., p. 245).

Nesse sentido, também NELSON NERY JR. se posiciona dispondo que “todo o
despacho é de mero expediente. São atos do juiz destinados a dar andamento ao processo,
não possuindo nenhum conteúdo decisório. Se contiver nele embutido um tema decisório
capaz de causar gravame ou prejuízo à parte ou ao interessado, não será despacho, mas
sim decisão interlocutória. Isso ressalta cristalino do sistema do código”. ( Teoria geral dos
recursos , 6ª ed., São Paulo: RT, 2004, p. 236-237).

Acompanhando tal entendimento, vem o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de


Janeiro, senão vejamos:
“PROCESSO CIVIL – DECISÃO DE MERO EXPEDIENTE –
AUSÊNCIA DE GRAVAME – IRRECORRIBILIDADE –

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ART. 557 DO CPC NÃO VIOLADO. 1. As decisões de mero expediente,


quando causam gravame à parte, podem ser objeto de recurso, o que
não se aplica à hipótese dos autos, pois a decisão que, de fato causou
o gravame, foi a sentença, passível de recurso com efeito suspensivo,
para evitar a conversão dos depósito em renda. Art. 504 do CPC não
violado.2. Sendo incabível o recurso, perfeitamente aplicável o
art. 557 do CPC, cuja violação se afasta.3. Recurso especial
improvido. ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos os autos em que
são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar
provimento ao recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Franciulli Netto, João Otávio de Noronha e Francisco
Peçanha Martins votaram com a Sra. Ministra Eliana Calmon.” (Grifos
acrescidos)”

Sendo assim, tem total cabimento a interposição do presente Agravo de Instrumento


sobre o despacho de fls. 188/189, pois possui natureza decisória e causará gravame ao
Agravante.

DAS PEÇAS OBRIGATÓRIAS

Em alusão ao art. 1.017, em seus incisos e parágrafos, instrui o presente agravo com:

A - cópias da petição inicial (fls. 04/07), da decisão agravada (fls. 188 e 189), do mandado
de intimação dando ciência da respectiva decisão definitiva, e da procuração outorgadas ao
advogado do agravante.

B – Dos documentos comprovatórios das alegações do Agravante.

Se, pela eventualidade, este douto juízo, por meio de sua relatoria, entender necessário
a comprovação de algum outro fato ou documento, por ventura não comprovado, ou no caso
de algum outro vício que comprometa a admissibilidade do presente agravo de instrumento,
pleiteia, desde já que seja aplicado o art. 1.017, § 3º, oportunizando o saneamento pelo
agravante no tempo e forma da lei processual.

DOS FATOS

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O Agravante é médico e tem como principal fonte de renda os atendimentos que


faz no seu consultório no Shopping Jardins. Durante esta pandemia, o agravante teve uma
queda brusca em seus rendimentos devido ao fechamento do shopping. A conta corrente
principal do agravante é a de nº. 0049339-2, Ag. 3490, do Banco Bradesco, conta essa, que
sofreu bloqueio neste processo, no valor de R$ 2.586,69 (dois mil quinhentos e oitenta e seis
reais e sessenta e nove centavos), valor correspondente ao total de tudo que estava na conta,
e não apenas 30% conforme decisão e vontade das partes:

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Neste diapasão, estando em situação financeira dificílima por conta da falta de


atendimentos, por este dinheiro bloqueado ser o seu salário mensal, única renda que possui no
momento e com a qual não vem conseguindo contar integralmente, pediu em caráter de
urgência o desbloqueio dos respectivos valores, pois, está se tirando a única fonte de
subsistência do Agravante, ferindo, portanto, mandamento legal que considera impenhorável
o salário e mandamentos constitucionais, tais como: o direito ao mínimo existencial e a
dignidade da pessoa humana. Vale salientar que o Agravante possui uma filha especial com
autismo e possui despesas grandes no tratamento.

A decisão de fls. 188/189 MM. Juiz afirmou que:

“Quanto ao pedido de penhora de ativos financeiros, cabe registrar a


limitação já imposta por meio do acórdão no agravo de instrumento de nº
201900815866, cujos limites (30%), no entendimento deste juízo, não
ficaram limitados àquele ato processual, mas extensíveis ao mesmo
procedimento, mais em espaços diferentes de exteriorização. Nesse toar,
DEFIRO a penhora de ativos financeiros, limitados ao percentual de 30%
do que encontrado, devendo aguardar na CPE o prazo de 15 (quinze) dias
para retorno das informações”

A penhora considerou o cheque especial e não o valor que


efetivamente estava na conta. Portanto bloqueou 100% que estava disponível!

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Para atacar essa decisão que se presta o presente agravo.

DO DIREITO

A Legislação Adjetiva Civil aduz que:

Art. 833 - São impenhoráveis:

(...)

IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as


remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios
e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos
de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal,
ressalvado o § 2º;

Deveras, sem qualquer esforço se nota que a constrição é nula e incapaz de


produzir qualquer efeito.

É altamente ilustrativo transcrever o seguinte aresto:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. O MAGISTRADO DETERMINOU A CONVERSÃO DO
BLOQUEIO BACENJUD EM PENHORA. DECISÃO INCORRETA. VERBAS
SALARIAIS. O ART. 649, IV DO CPC [CPC/2015, art. 833, inc. IV] PREVÊ
A IMPENHORABILIDADE. ART. 7º DA CF. INVIOLÁVEL. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. DECISÃO UNANIME. I. A decisão agravada
determinou a conversão do bloqueio bacenjud em penhora. II. É sabido
que o art. 649, IV do CPC [CPC/2015, art. 833, inc. IV] prevê a
impenhorabilidade dos valores depositados em conta corrente quando
se tratarem de vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações,

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proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as


quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento
do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os
honorários de profissional liberal. III. Conforme dispõe o art. 7º, X da
Constituição Federal, o salário do trabalhador tem caráter alimentar e é
inviolável, uma vez que se destina ao seu próprio sustento e de sua
família. lV. Recurso conhecido e provido. (TJPA; AI 0074733-
48.2015.8.14.0000; Ac. 156538; Primeira Câmara Cível Isolada; Relª
Desª Gleide Pereira de Moura; Julg. 29/02/2016; DJPA 03/03/2016; Pág.
137)

O agravante se viu obrigado pegar empréstimos de cheque especial porque lhe foi
recusado a opção de bloqueio de 30% (trinta por cento) de seu salário. Note que o agravante
não se recusa a pagar, apenas queria fosse bloqueado o valor justo de 30% da sua conta para
que sua família não ficasse desassistida.

Registre-se, que o bloqueio existente nesse processo, se não desfeito, vai complicar
a renda do Agravante, comprometendo sua subsistência e sua dignidade de forma definitiva,
entrando num ciclo vicioso de dívidas e juros no cheque especial.
Portanto, Excelência, a penhora sobre 100% de sua conta salário é, em regra, ilegal,
pois tal medida é extremamente gravosa e desproporcional. Há visível nulidade absoluta, que
pode ser arguida a qualquer tempo.

Sabe-se que a jurisprudência pátria já vem firmando entendimento no sentido de


ser cabível a penhora parcial de valores oriundos de conta salário, quando verificada a natureza
alimentar do débito exequendo. Porém, a única exceção hábil a possibilitar a penhora de
valores oriundos de conta corrente, deve ser observado o limite de até 30% (trinta por cento)
da verba percebida.

CONCLUSÃO.
Deste modo, pugna o Executado pelo desbloqueio dos valores excedentes
a 30% (trinta por cento) da verba que se encontra em conta corrente (natureza alimentar) no

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valor R$ 1.810,69 (mil oitocentos e dez reais e sessenta e nove centavos) e que seja bloqueado
apenas o valor R$ 776,00 (setecentos e setenta e seis reais) correspondente a 30%(trinta por
cento) do valor do salário, a fim de viabilizar a expedição do alvará nesse mês e assim nos
meses subsequentes até que se complete todo montante da indenização.

DO PEDIDO
DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Requer que seja deferida a gratuidade de justiça, vez que, como se depreende dos
autos, o Agravante não possui recursos suficientes para pagar as custas, as despesas
processuais e os honorários advocatícios.

DA LIMINAR (Efeito Suspensivo)

Ante o exposto, considerando o destacado prejuízo que o Agravante vem sofrendo,


aguarda o pronto deferimento de liminar consubstanciada em efeito suspensivo da decisão
(tutela antecipada recursal), para determinar o cancelamento do bloqueio realizado na conta
corrente do Agravante, Conta nº. 0049339-2, Ag. 3490, do Banco Bradesco em nome do titular
JOEL GONSIOROSKI DA SILVA JUNIOR, CPF nº 661.309.645-87.

DA DECISÃO FINAL

Requer ainda que o presente recurso seja recebido, conhecido e provido, nos
termos da liminar supra solicitada, para reformar a decisão do MM. Juiz de primeiro grau e
determinar o cancelamento definitivo do bloqueio realizado na conta corrente do Agravante,
conta corrente do Agravante, Conta nº. 0049339-2, Ag. 3490, do Banco Bradesco em nome do
titular JOEL GONSIOROSKI DA SILVA JUNIOR, CPF nº 661.309.645-87, bloqueando apenas o
valor de R$ 776,00 (setecentos e setenta e seis reais)

Nestes Termos,
Pede e Espera Deferimento.
Aracaju(SE), 21 de agosto de 2020.
LUCIANO FERREIRA DE ANDRADE
OAB/SE 6233

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