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Rua Imperador Dom Pedro II, 511, Santo Antônio, RECIFE - PE - CEP: 50010-240 - F:( )
Processo nº 0006871-19.2017.8.17.2001
INTEIRO TEOR
Relator:
FABIO EUGENIO DANTAS DE OLIVEIRA LIMA
Relatório:
RELATÓRIO
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Relata o autor, beneficiário do plano de saúde oferecido pela operadora ré, que a
parte ré negou-se a custear o tratamento, sob o argumento de que o procedimento
cirúrgico com técnica robótica, não encontra cobertura contratual por não constar no
rol de procedimentos da ANS.
É o relatório.
Recife,
Desembargador Relator
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, 2019-02-08, 08:41:52
Voto vencedor:
VOTO
O laudo do médico urologista, Dr. Tibério Moreno de Siqueira Jr., CRM 10903, foi claro ao
assentar que o paciente – idoso de 67 anos, portador de neoplasia maligna de próstata –
necessita ser submetido a prostatectomia radical via laparoscopia robótica. Ressalta que
referida técnica é indicada por ser minimamente invasiva, conferir rápida recuperação
pós-operatória, resultado estético excelente, taxa de cura oncológica acima de 90%, além de
baixíssima taxa de incontinência urinária e elevada taxa de recuperação da função erétil.
Acrescenta que o procedimento deverá ser realizado no Hospital Esperança porquanto não está
disponível na rede hospitalar da Unimed Recife (4951835).
Por outro lado, o documento de ID 4951839 (pág. 45) comprova que o plano de saúde autorizou a
realização de cirurgia pelo método convencional no Hospital Unimed Recife,
recusando,entretanto, a cobertura para o procedimento pela técnica robótica por não contar da
RN 387/2015 da ANS.
Anote-se que, malgrado o contrato (ID 4951903) estabeleça que os serviços serão prestados
preferencialmente pela rede própria, o documento de ID 4951838 mostra que o Hospital Esperança
é credenciado pela operadora-ré.
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Registre-se, por oportuno, que o plano de saúde não pode se substituir aos médicos na opção
terapêutica. Se a patologia está prevista no contrato, não pode haver negativa ou qualquer
mitigação quanto ao procedimento recomendado pelo médico quando da avaliação do paciente e de
sua patologia, sobretudo quando indicado método mais moderno e adequado à preservação da
integridade física e ao restabelecimento da saúde do paciente.
Ademais, se o contrato garante cobertura para determinada doença ou patologia está, por
consequência lógica e direta, assegurando os procedimentos técnicos, indicados pelo médico
assistente como alternativa para o tratamento e a cura do beneficiário do plano de saúde.
No mesmo sentido: STJ - REsp 1053810/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado
em 17/12/2009, DJe 15/03/2010; REsp 1046355/RJ, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, DJe 05/08/2008;
REsp 735.168/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, DJe 26/03/2008).
Assim, não se sustenta a restrição imposta pela apelante, devendo, por isso, arcar com os
danos daí decorrentes. Isso porque, muito embora, em regra de princípio, o mero inadimplemento
contratual não seja suficiente para causar danos extrapatrimoniais, a jurisprudência atual vem
reconhecendo que a indevida recusa a cobertura de seguro de saúde pode sim ensejar a
configuração de dano moral indenizável.
Nesta linha, o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento segundo o qual “conquanto
geralmente nos contratos o mero inadimplemento não seja causa para ocorrência de danos morais,
a jurisprudência desta Corte vem reconhecendo o direito ao ressarcimento dos danos morais
advindos da injusta recusa de cobertura de seguro saúde, pois tal fato agrava a situação de
aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado, uma vez que, ao pedir a autorização
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A propósito do tema, este Eg. Tribunal de Justiça editou a Súmula 35, cujo enunciado preceitua
“A negativa de cobertura fundada em cláusula abusiva de contrato de assistência à saúde pode
dar ensejo à indenização por dano moral” (Precedentes: AC 128893-5 DECISÃO: 31/08/2006 DJ 190
DATA: 07/10/2006; AC 116602-3 DECISÃO: 06/06/2006 DJ 134 DATA: 19/07/2003; AC 109687-5
DECISÃO: 01/11/2005 DJ 222 DATA: 28/11/2005; AC 118206-9 DECISÃO: 23/08/2005 DJ 187 DATA:
01/10/2005; AC 101828-4 DECISÃO: 09/03/2005 DJ 58 DATA: 30/03/2005).
A indenização por dano moral, que deve ser fixada pelo prudente, racional e motivado
arbitramento judicial, tem por finalidade, a um só tempo, compensar o ofendido e punir o
ofensor, cuja sanção volta-se destacadamente à prevenção.
No caso, o valor de R$10.000,00 (dez mil reais) fixado na sentença a título de dano moral, em
razão da negativa de cobertura para o procedimento cirúrgico, atende aos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade, e, ainda, ao caráter punitivo-pedagógico da reprimenda, de
modo que não merece ser alterado.
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É como voto.
Recife,
Desembargador Relator
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, 2019-02-08, 08:42:36
Demais votos:
Ementa:
Rua Imperador Dom Pedro II, 511, Santo Antônio, RECIFE - PE - CEP: 50010-240 - F:( )
EMENTA: DIREITO CIVIL. PLANO DE SAÚDE. PROSTATECTOMIA RADICAL POR VIA LAPAROSCÓPICA ROBÓTICA.
NEGATIVA DE COBERTURA. ABUSIVIDADE. DANO MORAL CONFIGURADO. RAZOABILIDADE DO VALOR ARBITRADO
NA INSTÂNCIA INFERIOR. APELO IMPROVIDO.
1. O plano de saúde não pode se substituir aos médicos na opção terapêutica. Se a patologia
está prevista no contrato, não pode haver qualquer mitigação quanto ao procedimento
recomendado pelo médico quando da avaliação do paciente e de sua patologia, afigurando-se
abusiva a negativa de procedimento de prostatectomia radical por via laparoscópica robótica
recomendada pelo médico assistente, sobretudo por se tratar de método mais moderno e adequado
à preservação da integridade física e ao restabelecimento da saúde do paciente.
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3. A indenização por dano moral, que deve ser fixada pelo prudente, racional e motivado
arbitramento judicial, tem por finalidade, a um só tempo, compensar o ofendido e punir o
ofensor, cuja sanção volta-se destacadamente à prevenção.
4. O arbitramento da indenização por dano moral em R$ 10.000,00 (dez mil reais), em razão da
negativa de cobertura para o procedimento cirúrgico, atende aos princípios da razoabilidade e
proporcionalidade, e, ainda, ao caráter punitivo-pedagógico da reprimenda, de modo que não
merece ser alterado.
5. Considerando os parâmetros estabelecidos no artigo 85, §2º, do CPC/15, para fixação dos
honorários sucumbenciais, razoável a sua fixação em 15% (quinze por cento) sobre o valor da
condenação. Entretanto, ante o improvimento da apelação da ré, impõe-se a majoração dos
honorários advocatícios sucumbenciais para 20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação
(art. 85, § 11, CPC/15).
6. Apelo improvido.
ACÓRDÃO
Recife,
Desembargador Relator
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Proclamação da decisão:
Magistrados:
ALBERTO NOGUEIRA VIRGINIO
CANDIDO JOSE DA FONTE SARAIVA DE MORAES
FABIO EUGENIO DANTAS DE OLIVEIRA LIMA
ROBERTO DA SILVA MAIA
STENIO JOSE DE SOUSA NEIVA COELHO
Magistrado
19022814564964200000005873887
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