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AO JUÍZO DE DIREITO DE UM DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA

FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE MOSSORÓ - RN.

PROCESSO REFERÊNCIA: 0807348-46.2022.8.20.5106

RECORRENTE: VERISSIMO ALVES DE MEDEIROS.

RECORRIDO: ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE.

VERISSIMO ALVES DE MEDEIROS, qualificado nos


autos do processo em epígrafe, por intermédio de seu advogado subscrito, com
endereço profissional nesta cidade, vem, perante este EGRÉGIO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, no prazo legal, interpor RECURSO INOMINADO, com fulcro nos
arts. 41 a 43, da lei nº 9.099/1995, pugnando seja a recurso adiante recebido e
autuado, na forma da legislação processual pertinente, inclusive, com a
intimação da parte Recorrida, nos moldes prescritos do art. 1.019, II, do CPC.

I. DO PREPARO
Na oportunidade, o Recorrente junta o
comprovante de recolhimento de custas.

II. DA TEMPESTIVIDADE
O presente Recurso Inominado é tempestivo, visto
que a publicação de intimação ocorreu em 12/08/2022. Assim o prazo de 10
(dez) dias úteis para interposição do recurso termina no dia 19/09/2022.

III. DA JUNTADA DAS PEÇAS OBRIGATÓRIAS E FACULTATIVAS

O Recorrente, na forma do §5º do artigo 1.017 do


CPC/2015, deixa de juntar aos autos as peças referidas nos incisos I e II do caput
do mesmo artigo, visto os autos originais serem eletrônicos.

IV. DO NOME E ENDEREÇO COMPLETO DOS ADVOGADOS:


Em tempo oportuno, informa que o Recorrente
deverá ser intimado, através do seu representante processual:

RENAN MENESES DA SILVA - OAB/RN nº 13754, com endereço profissional a


Rua José Damião, 302, Abolição I, Mossoró-RN, CEP 59.611-140.

Outrossim, o Recorrido deverá ser intimado, na pessoa de seus Patronos:

Dr. LUIZ ANTÔNIO MARINHO DA SILVA - Procurador Geral do Estado do Rio


Grande do Norte, com endereço profissional na Av. Afonso Pena, 1155 – Tirol,
Natal- RN, 59020-100.

ANTE O EXPOSTO, REQUER o recebimento do


presente, na forma da legislação processual vigente, por ser de direito e justiça.

Nestes termos,
Espera deferimento.
Mossoró/RN, 16 de setembro de 2022.

GUILHERME DE ALMEIDA HENRIQUES LEITE VALE


Estagiário de Direito

RENAN MENESES DA SILVA


OAB/RN 13.754

Pelo Recorrido,
RAZÕES DO RECURSO

Colenda Turma Recursal,


Eméritos Juízes.

PROCESSO REFERÊNCIA: 0807348-46.2022.8.20.5106

RECORRENTE: VERISSMO ALVES DE MEDEIROS.

RECORRIDO: ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

I – BREVE RELATO PROCESSUAL

O Recorrente ajuizou AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE


FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA, em desfavor do Recorrido,
buscando compelir a demandada Estado do Rio Grande do Norte a adotar as
providências necessárias no sentido de realizar de forma urgente o
procedimento cirúrgico de CORREÇÃO DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL
POR VIA ABERTA, PARA IMPLANTAÇÃO DE PRÓTESE DE DÁCRON RETA.

O Recorrente é portador de ANEURISMA DE


AORTA ABDOMINAL COM ACOMETIMENTO DAS ARTÉRIAS RENAIS (CID
I71.4 E CID 171.0), doença grave com alto risco a vida do paciente, podendo
evoluir, levando a óbito. O Recorrente, nascido em 07 de janeiro de 1946, 76
(setenta e seis) anos atualmente, é usuário do Sistema Único de Saúde (Cartão
Nacional de Saúde nº 704.8085.4635.5045), conforme anexado.

O Recorrente realizou os exames, confirmando que


o mesmo sofre de ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL COM ACOMETIMENTO
DAS ARTÉRIAS RENAIS (CID I71.4 E CID 171.0), permanecendo internado na
Unidade de Terapia Intensiva – UTI, do HOSPITAL WILSON ROSADO, em leito
de SUS/SESAP.

Foi requerido bloqueio judicial de valores para a


realização do procedimento urgente, visando preservar a vida do Requerente,
pedido atendido pela Juíza de Direito.
Fato contínuo, o Recorrente conseguiu realizar o
procedimento cirúrgico que necessitava.

Destarte, no decimo primeiro dia de pós-operatório,


o Recorrente passou a apresentar quadro de pneumonia, com tosses constantes,
resultando em evisceração de pontos cirúrgicos do procedimento realizado
anteriormente, vejamos:

Devido a este fato, foi necessária uma nova


intervenção cirúrgica para a correção dos danos causados pela evisceração,
visando preservar a vida do Recorrente.

As despesas do novo procedimento cirúrgico foram


orçadas em R$ 11.500,00 (Onze mil e quinhentos reais), entre honorários
médicos, auxiliares e equipe de anestesistas para realização do procedimento
cirúrgico de urgência - quantificado em R$ 5.500,00 (Cinco mil e quinhentos
reais), já o custeio do centro cirúrgico ficou em R$ 6.000,00 (Seis mil reais),
consoante notas fiscais (ID 82834229 e ID 82834230).

Logo, foi requisitado um novo bloqueio, visto que a


pneumonia adquirida pelo Recorrente é fato contínuo à sua moléstia originária,
fazendo parte do procedimento cirúrgico, que consiste em pré-operatório,
procedimento cirúrgico e pós-operatório, para então o paciente ser liberado do
tratamento de urgência.
Ademais, a Magistrada a quo indeferiu o pedido do
pagamento, por entender que ‘’Não obstante as razões apresentadas, entendo
que o pedido não pode prosperar, haja vista que ultrapassa os limites da lide,
bem como já houve a citação do ente demandado e o processo está pronto para
julgamento. O pedido de bloqueio para cobrir outros procedimentos importa em
emenda à inicial”, vejamos:

Por fim, INDEFIRO o pedido de novo bloqueio no valor de


R$ 11.500,00 (Onze mil e quinhentos reais .

Entretanto, o entendimento supra não merece


prosperar, sobretudo, posto que o pedido autoral atende a todos os requisitos
indispensáveis à concessão de novo bloqueio judicial.

II – DAS RAZÕES DO RECURSO

É fato inquestionável e cristalino, a


responsabilidade do Ente Estadual em solucionar o caso em tela, visto que o
Recorrente se encontrava em grave risco de perder sua função renal, podendo
o quadro evoluir constantemente ao ponto de o levar à óbito.

Todavia, não entendeu assim o magistrado de


primeiro grau, isso porque, ao analisar o processo, indeferiu o novo bloqueio
judicial para o pagamento dos custos de procedimento cirúrgico urgente, que
preservou a vida do Requerente.

Ainda, não foi levado em consideração que o pós-


operatório, situação em que o Requerente se encontrava no momento que
contraiu a pneumonia e internado no Hospital onde realizou o procedimento
cirúrgico, é ato contínuo do tratamento, já que não houve a devida alta médica.

Entende-se por pós-operatório o período que


transita desde o momento da saída do paciente da sala de cirurgia até a sua
recuperação.
Todavia, a Juíza de primeiro grau aponta em sua
decisão que tal matéria não faria parte da lide inicial, o que está em desacordo
com a situação exposta.
Note-se excelência, que a Juíza de primeiro grau se
ateve a negar o novo bloqueio, tão somente pelo fato de o Recorrente não ter
solicitado tal procedimento na inicial.

Desta feita destacou ainda o Juiz de primeiro de


grau:
Frisa-se, ainda, que a utilização da verba pública decorrente
de bloqueio deve ser empregada apenas para o custeio do
procedimento solicitado na inicial.

Em que pese o entendimento do magistrado a quo,


o Recorrente atende a todos os requisitos necessários ao deferimento do seu
procedimento cirúrgico solicitado através da inicial, com o objetivo de
preservar as funções renais e vida do mesmo.

Urgência e emergência são conceitos diferentes,


que definem o tipo de atendimento médico e tratamento que um paciente irá
receber.
A urgência, é uma ocorrência imprevista com ou
sem risco potencial à vida, onde o indivíduo necessita de assistência médica
imediata, como o caso em questão.

A cirurgia para a correção da evisceração não


poderia ser prevista, e ocorreu tão somente em decorrência da primeira
cirurgia, que foi concedida em liminar pela Juíza de primeiro grau.

Todavia, a Magistrada a quo frisou que o


tratamento urgente do pós operatório não era parte da inicial, não liberando
assim, o custeio necessário ao Recorrente.

É importante frisar, que o recorrente comprovou


sua hipossuficiência na inicial e portanto, não possui condições de arcar com o
custo adicional relativo ao seu tratamento de reabordagem cirúrgica.

Pelo exposto, é fato cristalino que o novo


procedimento cirúrgico (reabordagem cirúrgica) faz parte do tratamento da
primeira moléstia, CORREÇÃO DE ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL POR
VIA ABERTA, PARA IMPLANTAÇÃO DE PRÓTESE DE DÁCRON RETA, pois foi
fato contínuo que precedeu a total recuperação e liberação médica do
Recorrente.

A Constituição Federal deixa bem claro, o direito à


saúde é imprescindível, e o Estado tem o dever de garantir a todos os cidadãos.
As políticas públicas devem ter como objetivo reduzir o risco de doenças, e
evitar agravos de condições.

O art. 196 da CF/88 dita:


A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos.

A vida é um direito público subjetivo indisponível


de todo e qualquer ser humano, cujo fundamento primeiro repousa no próprio
direito natural e cuja garantia encontra-se expressamente assegurada pela
Constituição Federal e Legislação Infraconstitucional pátria. Daí a sua
inconteste configuração como direito líquido e certo.

Na realidade, a Constituição Federal prevê ações


programáticas para assegurar à coletividade o direito à saúde. Ora, a saúde ou a
doença está no corpo, impondo-se preservar a primeira, mediante ações
programáticas, e curar a segunda, através do fornecimento gratuito e irrestrito
de medicamentos, materiais(insumos), próteses e PROCEDIMENTOS MÉDICOS
às pessoas que necessitam.

Aguardar por um novo bloqueio judicial para a


realização da reabordagem cirúrgica, que buscou salvar a vida do Recorrente,
durante o pós-operatório da primeira moléstia, seria desumano e acarretaria
no agravamento do quadro clínico do Recorrente.

Em tal situação, a intervenção cirúrgica para


tratamento da evisceração foi necessária para a preservação da vida e foi fato
contínuo ao primeiro procedimento cirúrgico, não podendo ser pedido na
inicial pela sua imprevisibilidade, restando claro que o novo procedimento é
parte da lide inicial.

O Recorrente se tornou refém da situação exposta,


já que foi devidamente provada sua hipossuficiência, e o mesmo foi acometido
de forma imprevisível pela pneumonia durante o seu pós-operatório.

O Estado falha em garantir o Direito Fundamental,


uma vez que o custeio da intervenção devido a evisceração é claramente parte
da lide inicial, até que o Recorrente se encontre totalmente recuperado e seja
liberado pelos médicos responsáveis.

Diante da conduta do Estado do RN, se faz


imperioso que esta turma determine que o Recorrido arque com os custos da
intervenção cirúrgica para correção da evisceração, decorrente da pneumonia
em pós-operatório, que salvou a vida do Recorrente.

Portanto, por restar sobejamente demonstrada a


presença de todos os pressupostos e requisitos, se faz necessário o deferimento
desta, para compelir a demandada Estado do Rio Grande do Norte a adotar as
providências necessárias ao cumprimento de seus deveres constitucionais,
através do custeio da intervenção cirúrgica para correção de evisceração,
decorrente de pneumonia em pós-operatório, sob pena de multa diária a ser
arbitrada por este douto juízo.

VV– –DOS
DOSREQUERIMENTOS
REQUERIMENTOS

ANTE O EXPOSTO, REQUER que essa Colenda Corte


se digne com arrimo nos fatos e argumentos supramencionados, a:

i) Conhecer o presente o presente Recurso Inominado, para


reformar a sentença contida no ID (86277605), no sentido de
compelir o Estado do RN a custear a intervenção cirúrgica, orçada
em R$ 11.500,00 (Onze mil e quinhentos reais), sob pena de
bloqueio de valores para o pagamento dos prestadores de serviço;

ii) Que seja o Recorrido intimado;

iii) A condenação do recorrido nas custas e honorários advocatícios,


nos moldes do artigo 55 da Lei 9.099/95;

iv) Por fim, decretar o provimento da pretensão recursal, para,


confirmando os efeitos pretendidos no item I deste pedido,
assegurar o custeio de todo o tratamento de saúde que se fizer
necessário, nos termos da indicação médica, tudo por ser medida
de direito e em respeito a mais basilar justiça.

Protesta pelos meios genéricos de provas


permitidos em direito, especialmente, pelos documentos que instruem a
presente peça.

Termos em que,
Espera deferimento.
Mossoró/RN, 16 de setembro de 2022.

GUILHERME DE ALMEIDA HENRIQUES LEITE VALE


Estagiário de Direito

RENAN MENESES DA SILVA


OAB/RN 13.754

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