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AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
I – DOS FATOS
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acelerada do tendão de Aquiles, região onde o autor sofreu
a lesão.
II – DO DIREITO APLICÁVEL
1
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será
apurada mediante a verificação de culpa.
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objetiva da instituição hospitalar2, sendo aquela
pressuposto desta3. No caso, foi justamente a conduta
culposa do médico, ao realizar de forma negligente e
imprudente a cirurgia, o que veio a causar a lesão grave na
parte inferior da perna do autor. Tal fato gera, por
conseguinte, a responsabilidade objetiva da instituição
hospitalar.
3
“A responsabilidade do estabelecimento hospitalar, mesmo sendo
objetiva, é vinculada à comprovação da culpa do médico. Ou seja, mesmo
que se desconsidere a atuação culposa da pessoa jurídica, a
responsabilização desta depende da atuação culposa do médico, sob pena
de não haver o dito erro médico indenizável”. Vide Apelação Cível Nº
70026181198, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 17/12/2008.
5
Cível, do Tribunal de Justiça do RS, relatada pela
Desembargadora Íris Helena Medeiros Nogueira, julgado em
11/06/2008:
4
Apelação Cível Nº 70028052017, Décima Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Paulo Antônio Kretzmann, Julgado em
26/03/2009.
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O primeiro efeito decorrente da constatação da
responsabilidade civil dos demandados é o fato de que o
autor sofreu dano no que concerne à perda de uma chance,
evidenciada pelo fato de que o demandante, que estava
prestes a ser promovido na sua empresa, não obteve tal
promoção justamente devido à lesão que sofreu, tendo em
vista a conduta dos requeridos.
“a observação da seriedade e da
realidade das chances perdidas é o
critério mais utilizado pelos tribunais
franceses para separar os danos potenciais
e prováveis e, portanto indenizáveis, dos
danos puramente eventuais e hipotéticos,
cuja reparação deve ser rechaçada.”
5
Apelação Cível Nº 70040330409, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Leonel Pires Ohlweiler, Julgado em 23/11/2011.
6
Responsabilidade Civil pela Perda de uma Chance. 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 2009, p. 138.
7
“A teoria da perda de uma chance
(perte d’une chance) guarda certa relação
com o lucro cessante uma vez que a
doutrina francesa, onde a teoria teve
origem na década de 60 do século passado,
dela se utiliza nos casos em que o ato
ilícito tira da vítima a oportunidade de
obter uma situação futura melhor.
Caracteriza-se essa perda de uma chance
quando, em virtude da conduta de outrem,
desaparece a probabilidade de um evento
que possibilitaria um benefício futuro
para a vítima, como progredir na carreira
artística ou militar, arrumar um melhor
emprego, deixar de recorrer de uma
sentença desfavorável pela falha do
advogado, e assim por diante. Deve-se,
pois entender por chance a probabilidade
de se obter um lucro ou de evitar uma
perda.”
7
Programa de Responsabilidade Civil. 9ª ed. São Paulo: Atlas, 2010, p.
77.
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No caso em tela, em razão do ato cometido que gerou
fratura grave no autor, tal fato gerou profundo dano moral
ao mesmo, comprometendo ainda sua locomoção. Nesse sentido,
é notório que o dano ocorrido lhe causou profunda dor
íntima, pois o autor dependia de sua condição física plena
para exercer suas atividades de prover seu sustento;
ademais, como se constata pelos elementos de prova ora
juntados, é notório que as lesões provocadas no autor
decorrentes da má cirurgia lhe causaram profunda dor
íntima, atingindo a sua integridade físico-corporal,
gerando, por conseguinte, o dano moral.
8
Danos à Pessoa Humana. Uma Leitura Civil-Constitucional dos Danos
Morais. Rio de Janeiro: RENOVAR, 2009, p. 157.
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No âmbito constitucional, não se pode olvidar que a
Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X,
normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a
intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano
material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de
previsão inserida no Título dos Direitos e Garantias
Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali referidos são
cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.
Portanto, é crucial investigar o bem jurídico ofendido pela
conduta lesiva para a configuração do dano indenizável,
pois nem todo prejuízo é passível de indenização.
9
Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 4ª ed. 2006, p. 60.
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Outrossim, a indenização por danos extrapatrimoniais,
partindo desta pré-compreensão segundo a qual está
interligada com a própria idéia de dignidade humana,
insere-se nos fins da ordem econômica, pois no artigo 170
da Constituição Federal, está previsto como um dos seus
fins assegurar a todos existência digna, além da defesa do
consumidor (inciso V).
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Tendo em vista tal situação, a lei assegura à parte a
possibilidade da concessão da assistência judiciária
gratuita, o que desde já se postula, conforme declaração de
carência sócio-econômica em anexo. Gize-se que para a
concessão do benefício em tela, é suficiente a simples
declaração do postulante sobre a impossibilidade de arcar
com as custas processuais e os honorários advocatícios sem
prejuízo de seu próprio sustento, a teor do disposto no
art. 4º da Lei nº 1.060/5010.
IV – DOS PEDIDOS
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Nesse sentido: Agravo de Instrumento Nº 70040557944, Décima
Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio
Roque Menine, Julgado em 28/12/2010; Agravo de Instrumento Nº
70040558694, Nona Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Iris Helena Medeiros Nogueira, Julgado em 22/12/2010;
Agravo de Instrumento Nº 70040560799, Nona Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary,
Julgado em 21/12/2010.
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c.2) Condenar ambos os demandados, solidariamente, ao
pagamento do valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais) a
título de danos morais, em razão dos fundamentos expostos
na inicial, corrigidos pelo IGP-M e acrescidos de juros de
mora de 1% ao mês, a contar do evento danoso (Súmula 54 do
STJ).
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