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Nº CNJ : 0003504-41.2013.4.02.

9999
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ESPIRITO SANTO
APELANTE : SEBASTIAO CARLOS BARRIAS DA SILVA
PROCURADOR : DEFENSORIA PUBLICA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
APELANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
PROCURADOR : JOSEMAR LEAL PESSANHA
APELADO : OS MESMOS
ORIGEM : 1A. VARA ESTADUAL - ITAOCARA/RJ
(00015717720108190025)

RELATÓRIO

Trata-se de apelações interpostas pelo INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL - INSS e por SEBASTIÃO CARLOS BARRIAS DA
SILVA contra a sentença (fls. 112/115) prolatada pelo MM. Juízo da 01ª Vara
Estadual de Itaocara/RJ, que julgou procedente o pedido, para condenar a
autarquia previdenciária a conceder à parte autora o benefício de
aposentadoria por invalidez a contar do laudo pericial juntado aos autos.

Diante de tal decisão, interpuseram, o INSS e o autor, apelação, requerendo o


primeiro fosse concedido o benefício de auxílio-doença, ao invés de
aposentadoria por invalidez, e o segundo a modificação da data de início do
seu benefício para o dia de requerimento.

Em suas razões (fls. 119/125), a parte autora sustenta que o termo inicial de
seu benefício deve corresponder à data do requerimento administrativo e não à
data do laudo pericial, como decidido pelo magistrado sentenciante.

Por outro lado, o INSS (fls. 135/137) afirma que, de acordo com o laudo
pericial, o autor está parcialmente incapacitado, não está impossibilitado de
exercer atividades laborativas e que tem condições de se reabilitar
profissionalmente, o que implicaria na concessão de auxílio-doença e não de
aposentadoria por invalidez.

Contrarrazões do INSS às fls. 132/134.

Contrarrazões de SEBASTIÃO CARLOS BARRIAS DA SILVA às fls.


140/143.

Manifestação do Ministério Público Federal, às fls. 147/148, pela não


intervenção no feito.

É o relatório.
Rio de Janeiro,

DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ESPIRITO SANTO

Relator

VOTO

Como relatado, trata-se de apelações interpostas pelo INSTITUTO


NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e por SEBASTIÃO CARLOS
BARRIAS DA SILVA contra a sentença que condenou a autarquia
previdenciária a conceder o benefício de aposentadoria por invalidez à parte
autora desde a data do laudo pericial.

Diante de tal decisão, interpuseram o INSS e o autor apelação, requerendo o


primeiro que fosse concedido o benefício de auxílio-doença ao invés de
aposentadoria por invalidez, e o segundo que fosse alterada a data de início do
benefício.

Como o autor postulou pela concessão de aposentadoria por invalidez, e,


alternativamente, pela concessão do benefício de auxílio-doença, cumpre
transcrever os arts. 59 e 42, da Lei nº 8.213/91, que estabelecem os requisitos
necessários para a concessão dos referidos benefícios:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta
Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua
atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado


que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador
da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício,
salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão
ou agravamento dessa doença ou lesão.

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida,


quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado
que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado
incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga
enquanto permanecer nesta condição.
A qualidade de segurado especial restou demonstrada pelo contrato de
arrendamento acostado às fls. 29/30, pelo comprovante de pagamento do
Imposto sobre a propriedade Territorial Rural- ITR (fls. 31/32) e pelas
declarações de fls. 34/38.

Além disso, o INSS não questiona a qualidade de segurado do autor, sendo


incontroverso, pois, o aludido requisito.

Neste contexto, resta averiguar se a incapacidade é total e permanente a ponto


de tornar o autor incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de
toda e qualquer atividade laborativa ou se é apenas temporária.

Em resposta aos quesitos 04 e 06 formulados pelo autor, o perito afirmou que


a doença reduziu a capacidade laborativa, mas não é definitiva, já que pode
ser tratada cirurgicamente. Tal afirmação foi ratificada por ocasião das
respostas aos quesitos 02 e 05 formulados pelo INSS, na medida em que o
expert atestou que a doença do autor é parcialmente incapacitante e que pode
ser minimizada mediante tratamentos clínico e cirúrgico adequados, tendo,
ainda, sido claro ao afirmar que a doença não é permanente e que não
impossibilita o autor para todo e qualquer trabalho.

O Relatório do INTO (fl. 97) converge com as informações do perito, eis que
indica cirurgia para corrigir o problema no joelho e fisioterapia para o
problema da mão, donde se conclui que as patologias diagnosticadas têm cura.

Não obstante possam impossibilitar o exercício de atividades que demandem


grande esforço físico, as referidas limitações não incapacitam o autor para o
exercício de toda e qualquer atividade laborativa.

Assim, como a recuperação deverá ocorrer com a cirurgia para qual o autor
aguarda ser chamado (fl. 97), o benefício previdenciário a que faz jus é o
auxílio-doença e não a incapacidade por invalidez.

Considerando que houve requerimento administrativo, conforme se vê à fl. 23,


o termo inicial para o pagamento do auxílio-doença deve corresponder àquela
data.

A propósito, como o objeto do apelo do autor cinge-se à modificação da DIB


da aposentadoria por invalidez concedida pelo magistrado sentenciante, seu
recurso está prejudicado, já que, como demonstrado, o benefício a que tem
direito é o auxílio-doença.

Diante do exposto, DOU PROVIMENTO à apelação do INSS, para condenar


a autarquia previdenciária a conceder o benefício de auxílio-doença ao autor,
determinando que o benefício seja pago a partir da data do requerimento
administrativo (23/06/2010) e JULGO PREJUDICADA a apelação interposta
pelo autor.

É como voto.

Rio de Janeiro,

DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ESPIRITO SANTO

Relator

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÕES. INCAPACIDADE TEMPORÁRIA.


DOENÇA PARCIALMENTE INCAPACITANTE PARA ATIVIDADES
LABORAIS. DIREITO AO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA. DIB
QUE DEVE CORRESPONDER À DATA DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO.

I- De acordo com o laudo pericial, em que pese ter reduzido a capacidade


laborativa do autor, a doença que o acomete não é definitiva, já que pode ser
tratada cirurgicamente. O expert atestou, ainda, que a patologia é parcialmente
incapacitante e que não impossibilita o autor para todo e qualquer trabalho.

II- Relatório do hospital em que o autor foi atendido dando conta de que o
mesmo está aguardando ser chamado para cirurgia. Limitações que não
incapacitam para o exercício de toda e qualquer atividade laborativa, razão
pela qual o benefício devido não é o de aposentadoria por invalidez, mas sim
o de auxílio-doença.

III- Data do início do benefício que deve corresponder à data do requerimento


administrativo.

IV- Como o objeto do apelo do autor cinge-se à modificação da DIB da


aposentadoria por invalidez concedida pelo magistrado sentenciante, o recurso
está prejudicado, já que, como demonstrado, o benefício a que tem direito é o
auxílio-doença.

V- Provimento da apelação do INSS. Recurso interposto pelo autor


prejudicado.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os presentes autos, em que são partes as acima indicadas,


acordam os membros da Primeira Turma Especializada do Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, por unanimidade, dar provimento ao recurso do INSS e
julgar prejudicado o recurso da parte autora, nos termos do voto do Relator.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2013.

DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ESPIRITO SANTO

Relator

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