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VITÓRIA - PARANÁ
2. DO INTERESSE DE AGIR
Nota-se que a orientação da Coordenadoria é para que em ações judiciais que tratam de
conversão de auxílio-doença em auxílio-acidente, não há o que se falar em carência de ação pela falta do
pedido administrativo, uma vez que este pedido administrativo sequer consta no sistema informatizado do
INSS. Importante destacar que o pedido de auxílio-acidente não consta no sistema informatizado
justamente porque ele decorre da prévia concessão do auxílio-doença.
No mesmo sentido, uma vez concedido o benefício por incapacidade denominado auxílio-
doença, somente é permitida sua cessação no instante em que se verificar que o estado de saúde e a
capacidade laborativa do segurado não mais permitem a prorrogação deste auxílio-doença ou a concessão
de auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. Essa concepção prospera, uma vez que os benefícios
de auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez são decorrências lógicas do auxílio-doença.
Art. 621. O INSS deve conceder o melhor benefício a que o segurado fizer jus, cabendo ao servidor
orientar nesse sentido.
2. DA CAUSA DE PEDIR
2.1. DOS FUNDAMENTOS DE FATO
Em 09/12/2010 o autor sofreu queda de uma árvore e em razão disso, FRATURA DE
PERNA, PARTE NÃO ESPECIFICADA – CID S82.9. Recebeu o benefício de auxílio-doença
cadastrado sob o NB 543.780.879-4 entre 12/11/2010 a 1503/2012. Chegou a apresentar mais um
requerimento de prorrogação do benefício, cadastrado sob o NB 550.666.691-4, concedido até 3105/2012,
quando então teve definitivamente cessado o benefício de auxílio-doença.
O Laudo Médico Pericial disponível no sistema SABI – Sistema de Administração de
Benefícios por Incapacidade – indica que o requerente sofreu FRATURA DE PERNA, PARTE NÃO
ESPECIFICADA – CID S82.9.
Após o tratamento realizado, o autor teve suas sequelas consolidadas, as quais ocasionaram
em perda significava de mobilidade, perda de equilíbrio, força e, principalmente, encurtamento de
membro, reduzindo sua capacidade laborativa.
Com o fim da prestação do benefício de auxílio-doença, cabia à perícia médica do INSS a
avaliação e sua imediata conversão em auxílio-acidente, a fim de indenizar o segurado pela diminuição da
capacidade para o labor habitualmente exercido e/ou a necessidade de empenho de maior grau de esforço
para a realização das suas atividades em razão das sequelas permanentes adquirida.
A fratura de perna e suas sequelas permanentes podem ter um impacto significativo na
capacidade do autor para desempenhar suas atividades de reflorestamento, tais como:
1. Dificuldade na mobilidade: A perda significativa de mobilidade causada pelas sequelas da
fratura de perna impede o autor de realizar tarefas que exigem locomoção constante e ágil em terrenos
acidentados e irregulares, como é comum nas atividades de reflorestamento.
2. Perda de equilíbrio: A redução do equilíbrio resultante das sequelas da fratura pode
prejudicar a habilidade do requerente de se manter firme em superfícies irregulares, como encostas e
áreas de reflorestamento com terreno acidentado, aumentando o risco de novos acidentes durante o
exercício de suas funções.
3. Redução da força física: O encurtamento do membro afetado pela fratura pode causar uma
perda significativa de força física, tornando difícil o manuseio de equipamentos pesados e a realização de
atividades que exijam esforço físico considerável, o que é comum na profissão de auxiliar de
reflorestamento.
4. Dificuldade em realizar tarefas específicas: A fratura e suas sequelas podem impactar a
capacidade do autor de executar tarefas específicas relacionadas ao reflorestamento, como plantar mudas,
cortar árvores ou transportar equipamentos, devido à limitação física imposta pelas sequelas permanentes.
5. Necessidade de esforço adicional: Em virtude das limitações impostas pela fratura
consolidada, o autor pode estar se esforçando em um grau maior do que um trabalhador saudável para
realizar as atividades de reflorestamento, o que pode levar a um desgaste físico e mental mais rápido.
6. Risco ocupacional aumentado: O trabalho de reflorestamento frequentemente envolve
atividades perigosas e exposição a riscos, como o manuseio de ferramentas cortantes e o contato com
árvores instáveis. As sequelas da fratura podem tornar o autor mais suscetível a acidentes no ambiente de
trabalho, colocando-o em maior risco ocupacional.
Todavia, diante do fim da invalidez temporária, o INSS cessou o benefício de auxílio-
doença, sem, contudo, instituir o auxílio-acidente em favor do segurado, desconsiderando o fato de que a
sua reabilitação profissional se dera em cunho meramente parcial, face às sequelas permanentes
ocasionadas pelo acidente.
A omissão por parte do INSS ao não conceder de ofício o benefício de auxílio-acidente
demonstra total descompasso com a legislação previdenciária vigente, razão pela qual a parte autora
recorre à tutela jurisdicional do Estado, a fim de ter acesso ao benefício de auxílio-acidente não concedido
pela parte requerida.
No caso dos autos, a redução da capacidade laborativa esta mais que evidente, nem
sendo necessária a realização de exame pericial para constatá-la, devendo o juízo, ao apreciar as provas,
desconsiderar as conclusões do laudo, nos termos do artigo 479 do Código de Processo Civil.
Assim, encontra-se satisfeita a integralidade dos requisitos exigidos para a prestação
do benefício de auxílio-acidente, fazendo jus à sua concessão.
2.2.1 DO AUXÍLIO-ACIDENTE
4. REAFIRMAÇÃO DA DER
A possibilidade da reafirmação da DER foi objeto do REsp 1.727.063/SP, REsp
1.727.064/SP e REsp 1.727.069/SP, representativos da controvérsia repetitiva descrita no Tema 995 -
STJ, com julgamento em 22/10/2019, cuja tese firmada foi no sentido de que é possível a reafirmação da
DER (Data de Entrada do Requerimento) para o momento em que implementados os requisitos para a
concessão do benefício, mesmo que isso se dê no interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da
prestação jurisdicional nas instâncias ordinárias, nos termos dos artigos 493 e 933 do Código de Processo
Civil, observada a causa de pedir.
7. DOS PEDIDOS
Ante todo o exposto, a parte autora vem requerer a Vossa Excelência:
1) A citação do réu INSS, para, querendo, responder a presente ação no prazo legal,
sob pena de revelia, sendo desnecessária a designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo
334, Código de Processo Civil.