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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) FEDERAL DA ___ª VARA FEDERAL

DA SUBSEÇÃ O JUDICIÁ RIA DE XXXXXXXXXX-UF

NOME DA PARTE, profissão, já cadastrado eletronicamente, vem com o devido respeito


perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores, propor
AÇÃ O PREVIDENCIÁ RIA DE PAGAMENTO INDENIZADO DE BENEFÍCIO POR
INCAPACIDADE C/C AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MORAIS
em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), pelos seguintes
fundamentos fá ticos e jurídicos que passa a expor:

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS


A Parte Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciá ria, a concessã o de benefício por
incapacidade NB 31/xxx.xxx.xxx-x que foi deferido, com DIB em xx/xx/xxxx, conforme
comunicado de decisã o anexo.
Nesse sentido, conforme o comunicado, o auxílio-doença foi concedido até xx/xx/xxxx,
sendo possível a apresentaçã o de Pedido de Prorrogaçã o, caso o Autor entendesse que
continuava incapaz ao labor.
Diante disto, foi apresentado o Pedido de Prorrogaçã o perante a Autarquia, no intuito de
realizar nova perícia médica e que fosse prorrogado o benefício.
Contudo, no período em que o Autor postulou a prorrogaçã o do benefício, ocorreu a greve
dos peritos do INSS, tendo sido adiada sua perícia para 19/02/2016 (sendo que havia feito
pedido de reconsideraçã o em 16/10/2015).
Diante disto, o Empregador do Demandante à época (Empresa xxxx LTDA) estabeleceu que
nã o aceitaria o retorno laboral da parte Autora sem que este apresentasse o indeferimento
do INSS, inclusive tendo por intermédio do exame laboral constatado a incapacidade ao
trabalho do Autor.
Ou seja: o Autor ficou sem receber o seu benefício previdenciá rio e nã o pode voltar a
trabalhar!
Prova contundente disto sã o os demonstrativos de pagamento anexos a esta peça exordial,
referentes ao período de xx/xxxx a xx/xxxx, comprovando que o Autor nã o estava
recebendo seu salá rio, eis que nã o foi autorizado a voltar a trabalhar, pois estava
“pendente” de realizar a perícia médica no INSS.
Assim, recorre à via judicial, para que lhe seja reparado o dano que lhe fora causado pela
atitude descompromissada da Autarquia Previdenciá ria.
Dados sobre o processo administrativo:
1. Benefício concedido
auxílio-doença previdenciá rio
2. Nú mero do benefício
xxx.xxx.xxx-x
3. Data do inicio do benefício
xx/xx/xxxx
4. Data da cessaçã o
xx/xx/xxxx
5. Razã o da cessaçã o
Não há justificativa.
Dados sobre a enfermidade:
1. Doença/enfermidade:
Patologias ortopédicas
2. Limitaçõ es decorrentes:
Apresenta incapacidade para as atividades laborativas habituais
A parte Autora postulou a prorrogaçã o do benefício previdenciá rio de auxílio-doença, visto
que persistia sem condiçõ es de desempenhar sua atividade laborativa habitual.
Nesse sentido, cumpria todos os requisitos legais exigidos, tendo satisfeito o período de
carência exigido por lei, tendo em vista as inú meras contribuiçõ es (e.g. o período entre
xx/xxxx e xx/xxxx – vide extrato do CNIS). Ademais, persistia segurado ao RGPS,
considerando que recebia benefício previdenciá rio, portanto, estando em conformidade
com o artigo 15 da Lei 8213/91 quando requereu a prorrogaçã o do benefício.
No entanto, como já exposto anteriormente, a perícia foi agendada para o dia 19/02/2016,
cinco meses após o pedido de prorrogação, período em que o Demandante ficou sem
receber o seu benefício e em que nã o pode voltar a trabalhar, pois além de nã o ter recebido
sua negativa pelo INSS, foi considerado incapaz ao trabalho pelo pró prio empregador!!
Observe, excelência, que conforme o atestado de saúde ocupacional elaborado no dia
xx/xx/xxxx (cinco diz após a indevida cessação do benefício), no âmbito da própria
empresa, deu conta de que o Autor se encontrava INCAPAZ AO LABOR:
[COLACIONAR PERÍCIA DO TRABALHO ATESTANDO INCAPACIDADE, SE HOUVER]
Logo, observa-se desde já a verossimilhança das alegações da Parte Autora, uma vez
que a PRÓPRIA EMPRESA, maior interessada no retorno do Demandante ao labor,
constatou a sua incapacidade quando indevidamente cessado seu benefício.
Diante disto, tem-se que o réu lesou duplamente o Autor: de um lado o impediu de
trabalhar, pois se queria indeferir o pedido do Demandante, que o fizesse de maneira
célere! E de outro lado, cessou seu benefício, agendando sua perícia para data longínqua, o
deixando sem qualquer assistência, ignorando sua condiçã o de ser humano que necessita
da verba previdenciá ria para se alimentar!
Outrossim, para fins de perícia “oficial”, jamais será possível reconstituir o momento
imediatamente posterior à cessação do benefício pelo INSS, instante em que deveria
ter sido realizada a perícia pelo INSS, para que houvesse o VERDADEIRO
PROGNÓSTICO acerca da doença incapacitante do Demandante. Ou seja: em que pese
o Laudo emitido em 19/02/2016 ter opinado pela inexistência da incapacidade, este
foi realizado em período extremamente longínquo de quando deveria ter sido
realizado, não sendo minimamente idôneo para relatar a (in) capacidade quando
realizado o pedido de prorrogação.
Sendo assim, o atestado emitido pelo pró prio Médico da Empresa empregadora –
comprovando a incapacidade do Autor – faz prova cabal de que o mesmo se encontrava
incapaz quando teve o seu benefício arbitrariamente cessado, sem que fosse realizada a
perícia.
Aliá s, veja-se que inú meros segurados tiveram de impetrar mandados de segurança
perante o TRF-4 para que fossem realizadas as suas perícias:
EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RESTABELECIMENTO DE
AUXÍLIO-DOENÇA. REABILITAÇÃ O PROFISSIONAL. GREVE DOS SERVIDORES DO INSS. No
confronto com o exercício do direito de greve pelos servidores pú blicos federais, legitima-
se o pedido da impetrante, fazendo jus ao deferimento da segurança postulada, para
determinar ao INSS que imediatamente disponibilize efetivo mínimo a fim de
receber a documentação referente ao comparecimento da impetrante à Reabilitação
Profissional do INSS e, em estando em conformidade com os requisitos fixados,
proceda ao restabelecimento do benefício, efetuando o pagamento dos valores em
atraso através de complemento positivo. (TRF4 5007274-81.2015.404.7104, QUINTA
TURMA, Relator ROGER RAUPP RIOS, juntado aos autos em 30/06/2016)
EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. PEDIDO
DE AUXÍLIO-DOENÇA. REALIZAÇÃ O DE PERÍCIA MÉ DICA. GREVE NO INSS. Merece ser
confirmada a sentença que concede segurança para determinar seja dado prosseguimento
ao pedido de benefício por incapacidade, com designação de perícia médica no prazo de
quinze dias, tendo em vista que a segurada não pode ser prejudicada pelo
movimento de greve no INSS. (TRF4 5014297-57.2015.404.7208, SEXTA TURMA, Relator
(AUXÍLIO JOÃ O BATISTA) HERMES S DA CONCEIÇÃ O JR, juntado aos autos em
24/06/2016)
EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUXÍLIO-DOENÇA. agendamento
de PERÍCIA médica. greve do inss. liminar satisfativa. necessidade de confirmaçã o pela
sentença. 1. O agendamento de perícia para data longínqua, quase 03 (três) meses após
a cessação dos pagamentos devidos pelo empregador (pelos primeiros quinze dias de
afastamento), autoriza concluir pela urgência da realizaçã o da perícia. 2. Embora de cará ter
satisfativo a liminar concedida no feito, nã o se trata de perda superveniente do objeto a
ensejar a extinçã o do processo sem resoluçã o de mérito, sendo necessá ria a confirmaçã o da
decisã o concedida em cará ter provisó rio e precá rio por decisã o definitiva de mérito. (TRF4
5013649-77.2015.404.7208, QUINTA TURMA, Relator PAULO AFONSO BRUM VAZ, juntado
aos autos em 21/06/2016)
EMENTA: PROCESSO CIVIL. PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. AUXÍLIO-
DOENÇA. AGENDAMENTO. PERÍCIA MÉ DICA. GREVE DO INSS. CONCESSÃ O DO
MANDAMUS. 1. Considerando-se que ao Estado cabe proteger o segurado da
previdência quando se encontra em situação de vulnerabilidade a que não deu
causa, a Administração Pública, dentro dos limites da razoabilidade, tem o poder-
dever de evitar que a greve de seus servidores prive o acesso aos benefícios
previdenciários a que poderia fazer jus o segurado. 2. O agendamento da perícia
médica para exame de concessão de auxílio-doença em prazo excessivo é prejudicial
à parte impetrante, tanto pelo caráter alimentar do benefício, como por lhe obstar o
pleno exercício de seus direitos, pois enquanto não houver resposta por parte da
autarquia previdenciária, está o segurado desamparado. (TRF4, AC 5024596-
20.2015.404.7200, QUINTA TURMA, Relator (AUXÍLIO ROGER) TAÍS SCHILLING FERRAZ,
juntado aos autos em 24/06/2016)
EMENTA: PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. RESTABELECIMENTO DE
AUXÍLIO-DOENÇA CANCELADO EM VIRTUDE DE GREVE DOS SERVIDORES DO INSS. No
confronto com o exercício do direito de greve pelos servidores pú blicos federais, legitima-
se o pedido da impetrante, fazendo jus ao deferimento da segurança postulada, para
determinar ao INSS que imediatamente restabeleça o benefício cancelado e submeta
o segurado ao exame médico pericial para avaliação da manutenção/cancelamento
do benefício. (TRF4 5002023-85.2015.404.7103, QUINTA TURMA, Relator LUIZ ANTONIO
BONAT, juntado aos autos em 20/04/2016) (grifos acrescidos)
Diante disto, já é reconhecido pela jurisprudência que a atitude do INSS, ao permitir que
suas agências ficassem sem efetivo para realizaçã o das perícias médicas, é atitude
manifestamente ilegal, nã o podendo o segurado, parte hipossuficiente na relaçã o com a
Administraçã o Pú blica, ser prejudicado.
Logo, como nos julgados supracitados, o benefício deveria ter sido mantido, nã o podendo o
INSS cessar arbitrariamente benefícios sem que realizada a respectiva perícia. Assim, deve
ser concedido o benefício de forma indenizada à Parte Autora referente ao período em que
fora cessado o seu auxílio-doença e a data da efetiva realizaçã o da perícia, eis que,
conforme a pró pria perícia da empresa empregadora, se encontrava incapaz ao trabalho.
DA INDENIZAÇÃO PELO DANO MORAL
Como já foi suficientemente referido, o benefício foi cessado arbitrariamente pelo INSS,
sem a consequente realizaçã o de perícia médica. Isto impediu o Autor de receber o
benefício, e também o impediu de voltar ao labor, eis que nã o recebeu a decisã o
administrativa, visto que a perícia ainda estava “pendente”.
Ademais, tendo sido constatado pelo pró prio empregador a incapacidade laborativa, o
Demandante teve todos os meios de prover seu sustento tolhidos. De um lado o INSS o
destituiu do seu direito à percepçã o do benefício (sem ao menos realizar a avaliaçã o
pericial), e de outro o pró prio empregador nã o o pode readmitir diante da constataçã o na
avaliaçã o médica da empresa de que persistia incapaz ao trabalho.
Nesse sentido, tendo sido o benefício cessado em outubro de 2015 sem que o Demandante
fosse submetida a perícia médica, ou seja, sem que houvesse motivação no ato
denegatório do INSS (visto que nã o houve perícia administrativa de revisã o), configura-se
a VIOLAÇÃ O pelo INSS ao artigo 50, I, da Lei nº 9.784/99 (lei do processo administrativo).
Veja-se:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicaçã o dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
Portanto, a cessaçã o ao benefício do Demandante FOI ILÍCITA (eis que imotivada), e a lesã o
imposta ao Demandante deve ser reparada, pois gerou enorme abalo substancial em sua
esfera moral e material, uma vez que nã o pode receber a benesse, e também foi rejeitada a
sua volta ao trabalho pelo empregador, ficando sem qualquer renda.
Sobre o dano moral em casos como o epigrafado, veja-se a decisã o do Superior Tribunal de
Justiça, de que é lesã o in re ipsa:
PREVIDENCIÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CESSAÇÃO INDEVIDA DE
AUXÍLIOACIDENTE POR ERRO NA IDENTIFICAÇÃ O DO Ó BITO DE HOMÔ NIMO DO
BENEFICIÁ RIO. DANO MORAL IN RE IPSA. DIVERGÊ NCIA JURISPRUDENCIAL. NÃ O
OCORRÊ NCIA. SÚ MULA 83/STJ. 1. A irresignaçã o do INSS se restringe, basicamente, ao
entendimento perfilhado pelo acó rdã o de origem de que a cessaçã o indevida do benefício
previdenciá rio implicaria dano moral in re ipsa, apontando divergência jurisprudencial em
relaçã o a precedentes do Tribunal Regional Federal da 4ª Regiã o em que se exigira a prova
do dano moral para autorizar sua indenizaçã o. 2. Nã o obstante o posicionamento
dissonante entre os arestos colacionados pelo recorrente, o Superior Tribunal de Justiça já
teve oportunidade de dispensar a prova do sofrimento psicoló gico em inú meros situaçõ es,
a exemplo da inscriçã o indevida em cadastro de inadimplentes (AgRg no AREsp
331.184/RS, Rel. Ministro Joã o Otá vio de Noronha, Terceira Turma, DJe 5/5/2014), da
suspensã o indevida do fornecimento de á gua por débitos pretéritos (AgRg no AREsp
484.166/RS, Rel. Ministro Napoleã o Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 8/5/2014), do
protesto indevido de título (AgRg no AREsp 444.194/SC, Rel. Ministro Sidnei Beneti,
Terceira Turma, DJe 16/5/2014), da recusa indevida ou injustificada, pela operadora de
plano de saú de, em autorizar a cobertura financeira de tratamento médico a que esteja
legal ou contratualmente obrigada (AgRg no AREsp 144.028/SP, Rel. Ministro Marco Buzzi,
Quarta Turma, DJe 14/4/2014), entre outros. 3. No caso concreto, o acó rdã o de origem traz
situaçã o em que o INSS suspendeu o auxílio-doença em virtude da equivocada identificaçã o
do ó bito de homô nimo do autor. Nessas circunstâ ncias, é presumível o sofrimento e a
angústia de quem, de inopino, é privado da sua fonte de subsistência mensal, e, no
caso, o benefício previdenciário decorre de auxílio-acidente. 4. Agravo Regimental nã o
provido. [AgRg no AREsp 486.376/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 10/06/2014, DJe 14/08/2014] (grifado)
Logo, o caso epigrafado apresenta a semelhança em relaçã o ao caso exposto de que, sem
motivo justo e razoá vel, o benefício foi cessado indevidamente. Ocorre que enquanto no
julgamento do STJ a cessaçã o ocorreu pelo falecimento de um homô nimo do autor daquele
feito, na presente açã o o caso é mais grave, pois a cessaçã o ocorreu em pedido de
prorrogação mesmo que não realizada a perícia, em decorrência da greve dos médicos
da Previdência Social.
Assim, nã o paira dú vida de que houve dano à esfera moral do Demandante, que arbitraria e
ilicitamente foi vitimado pela conduta reprová vel do INSS que nã o tendo elementos para
comprovar a capacidade laboral cessou o benefício mesmo sem realizar a perícia, deixando
o Autor sem condições de manter a sua própria dignidade e autonomia, eis que se
encontrava incapaz ao labor e não poderia sequer trabalhar para manter sua
subsistência básica.
Nesse contexto, Rui Stoco estabelece uma dupla funçã o do dano moral:
Segundo nosso entendimento a indenizaçã o da dor moral há de buscar duplo objetivo:
Condenar o agente causador do dano ao pagamento de certa importâ ncia em dinheiro, de
modo a puni-lo, desestimulando-o da prá tica futura de atos semelhantes, e, com relaçã o à
vítima, compensá-la pela perda que se mostrar irrepará vel e pela dor e humilhaçã o
impostas, com uma importâ ncia mais ou menos aleató ria. [1] (grifado)
Ou seja, o dano moral possui uma dupla finalidade: punir o agente causador do dano e
compensar a vítima pelo prejuízo sofrido. Nesse seguimento, Sérgio Cavalieri Filho ensina
sobre a funçã o punitivo do dano moral que:
nã o se pode ignorar a necessidade de se impor uma pena ao causador do dano moral, para
não passar impune a infração e, assim, estimular novas agressões. A indenizaçã o
funcionará também como uma espécie de pena privada em benefício da vítima. [2]
(grifado)
Assim, no entendimento dos ilustres doutrinadores, o dano moral possui esta dupla face: de
uma lado busca reparar o dano sofrido pela vítima e por outro buscar punir o infrator e
desestimular que este venha a repetir o ilícito. No caso em tela, percebe-se claramente a
lesã o causada pelo INSS ao Autor ao deixar o mesmo desprovida de sua verba
previdenciá ria, afetando diretamente o nú cleo essencial dos seus direitos fundamentais.
Nesse diapasã o, pede-se vênia para transcrever o §s 1º e 2º do art. 100 da Constituiçã o
Federal:
§ 1º Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salá rios,
vencimentos, proventos, pensõ es e suas complementaçõ es, benefícios previdenciários e
indenizaçõ es por morte ou por invalidez, fundadas em responsabilidade civil, em virtude
de sentença judicial transitada em julgado, e serã o pagos com preferência sobre todos os
demais débitos, exceto sobre aqueles referidos no § 2º deste artigo. (Redaçã o dada pela
Emenda Constitucional nº 62, de 2009).
§ 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade
ou mais na data de expediçã o do precató rio, ou sejam portadores de doença grave,
definidos na forma da lei, serã o pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o
valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no § 3º deste artigo,
admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem
cronoló gica de apresentaçã o do precató rio. (Redaçã o dada pela Emenda Constitucional nº
62, de 2009). (grifado)
Excelência, a Lei Maior nã o poderia ser mais oportuna ao erigir os benefícios
previdenciá rios ao status de verba de natureza alimentícia, ou seja, que possui como
fundamento a subsistência da pessoa humana e como consequência a salvaguarda de sua
dignidade.
Diante deste quadro, nã o se pode relativizar a indiscutível falha na prestaçã o estatal do
direito social-fundamental do Demandante. O Estado enquanto instituiçã o destinada a
prover direitos fundamentais, dentre os quais o direito social à seguridade social, nã o pode
buscar se esquivar de sua obrigação Constitucional de proteçã o dos grupos sociais que
mais precisam de sua prestaçã o.
Aliá s, o INSS veio a violar inclusive o direito do Demandante ao trabalho (art. 6º da CRFB),
eis que ao nã o emitir carta de indeferimento no momento anterior à perícia, apenas
cessando o seu benefício, nã o deixou alternativa ao empregador que nã o o de negar sua
volta ao labor.
Nesse seguimento, se os médicos da Previdência Social nã o desempenham sua funçã o (por
motivo de greve), entã o que se mantenha o benefício auferido. Negar a continuidade de
uma prestaçã o recebida por segurado acometido de doenças é ilicitude que enseja forte
reprovaçã o, e a medida mais acertada para tanto é a condenaçã o do Réu em reparar o dano
moral sofrido, na proporçã o da lesã o experimentada. A agravar a lesã o, o fato de que houve
violaçã o legal na decisã o de cessaçã o, que ignorou o princípio da motivaçã o dos atos
administrativos, conforme já referido.
Aliá s, havendo a greve dos médicos da Previdência Social levanta-se o questionamento:
quanto segurados foram prejudicados da mesma forma que o Demandante foi? E quantos
nã o foram a juízo postular seus direitos? E por fim: quantos sequer foram buscar
administrativamente a reparaçã o pelo dano sofrido? Nesse sentido, a já explanada funçã o
punitiva/preventiva do dano moral se faz extremamente adequada no presente caso, posto
que tal indenizaçã o além de constituir a reparaçã o do patrimô nio jurídico individual do
Recorrente representa uma resposta social necessá ria em face da ilicitude cometida pela
Autarquia Previdenciá ria. Com isto estar-se-á demonstrando para o INSS que em caso de
novo comportamento ilegal este poderá vir a ser condenado novamente, prevenindo a
eventual ocorrência de novos casos como o em comento.
Como se nã o bastasse, giza-se que nã o é a primeira vez que a greve dos
servidores/funcioná rios/peritos do INSS é motivo de cessaçõ es arbitrá rias em benefícios e
nã o realizaçã o de perícias, tal situaçã o já se tornou recorrente, veja-se:
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PERCEPÇÃ O DO BENEFÍCIO DE SALÁ RIO
MATERNIDADE. GREVE DE SERVIDORES DO INSS. 1. A greve dos servidores do INSS
não pode prejudicar o usuário que preenche os requisitos estabelecidos em lei para
obtenção de benefício previdenciário de caráter urgente, como o salá rio maternidade.
2. Remessa oficial desprovida. ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. PERCEPÇÃ O
DO BENEFÍCIO DE SALÁ RIO MATERNIDADE. GREVE DE SERVIDORES DO INSS. 1. A greve
dos servidores do INSS nã o pode prejudicar o usuá rio que preenche os requisitos
estabelecidos em lei para obtençã o de benefício previdenciá rio de cará ter urgente, como o
salá rio maternidade. 2. Remessa oficial desprovida. (REO 2001.34.00.028973-9/DF, Rel.
Desembargador Federal José Amilcar Machado, Primeira Turma,DJ p.25 de 06/10/2003)
(TRF-1 - REO: 28973 DF 2001.34.00.028973-9, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ
AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 23/09/2003, PRIMEIRA TURMA, Data de
Publicaçã o: 06/10/2003 DJ p.25)
PREVIDENCIÁ RIO - MANDADO DE SEGURANÇA - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ -
GREVE DOS FUNCIONÁRIOS DO INSS - IMPOSSIBILIDADE DA REALIZAÇÃO DE PERÍCIA
MÉDICA - UTILIZAÇÃO DE ATESTADOS MÉDICOS APRESENTADOS PELO SEGURADO -
ADMISSIBILIDADE. 1 - Em questõ es que envolvem benefícios de natureza urgente, como o
auxílio-doença, a concessã o do benefício se justifica, mesmo que com base em atestados
médicos, como meio de tornar efetiva a prestaçã o jurisdicional que, se retardada, causaria
ao segurado um dano irrepará vel, ou por ser obrigado a trabalhar sem ter condiçõ es de
saú de para tanto, ou por se ver privado de sua fonte de sustento. 2 - O segurado nã o pode
ficar desamparado em virtude de obstá culos de ordem interna do INSS e o mandado de
segurança é o instrumento viá vel para evitar que lesã o aos seus direitos se efetive. (TRF-4 -
AMS: 28955 RS 2001.71.00.028955-0, Relator: ANTONIO ALBINO RAMOS DE OLIVEIRA,
Data de Julgamento: 21/05/2003, QUINTA TURMA, Data de Publicaçã o: DJ 25/06/2003
PÁ GINA: 775)
PREVIDENCIÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. GREVE NO SERVIÇO
PÚBLICO.MANUTENÇÃ O DO BENEFÍCIO ACIDENTÁ RIO. LICENÇA POR ACIDENTE DO
TRABALHO. AFASTAMENTO PRORROGADO ATÉ O TÉ RMINO DA
PARALISAÇÃ O.POSSIBILIDADE DE REAVALIAÇÃ O CLÍNICO-PERICIAL DA
SEGURADA.UTILIZAÇÃ O DA VIA MANDAMENTAL. ADEQUAÇÃ O. 1. A greve dos
servidores públicos previdenciários não elide a obrigação do INSS à manutenção do
pagamento do benefício de auxílio-doença acidentário da parte impetrante, até que
seja reavaliada clinicamente a sua capacidade para o trabalho mediante nova perícia
médica oficial, uma vez que caracteriza omissã o do Estado, em face do descumprimento
de serviço pú blico essencial, ofendendo, assim, o direito líquido e certo da segurada à
percepçã o de benefício de cará ter alimentar. 2. Sem honorá rios advocatícios, de acordo
com as Sú mulas nº 512 do STF e nº 105 do STJ. 3. Remessa oficial improvida. (TRF-4 - REO:
39520 RS 2003.71.00.039520-6, Relator: NYLSON PAIM DE ABREU, Data de Julgamento:
06/10/2004, SEXTA TURMA, Data de Publicaçã o: DJ 20/10/2004 PÁ GINA: 874)
APELAÇÃ O CÍVEL - AÇÃ O DE INDENIZAÇÃ O POR DANOS MATERIAIS - BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁ RIO - MOVIMENTO DE GREVE DA AUTARQUIA FEDERAL - INSS -
INCAPACIDADE LABORAL COMPROVADA - VALORES DEVIDOS E NÃO PAGOS
DURANTE O PERÍODO DE GREVE - CONTRA O PARECER - RECURSO PROVIDO. (TJ-MS -
AC: 5369 MS 2010.005369-3, Relator: Des. Rubens Bergonzi Bossay, Data de Julgamento:
15/03/2010, 3ª Turma Cível, Data de Publicaçã o: 18/03/2010)
REEXAME NECESSÁ RIO. MANDADO DE SEGURANÇA. BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA.
GREVE DE SERVIDORES DO INSS. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. O impetrante não pode
sofrer os ônus decorrentes da descontinuidade de prestação do serviço público de
caráter necessário. O serviço pú blico é regido pelo princípio da continuidade e da
eficiência, de forma que, durante a greve dos servidores pú blicos, deve ser garantida a
continuidade das atividades bá sicas, evitando-se a ocorrência de danos irrepará veis ou de
difícil reparaçã o ao cidadã o. 2. Na presente hipó tese, a Impetrante necessita da realizaçã o
de perícia médica para constataçã o de sua capacidade para o trabalho. 3. Remessa oficial a
que se nega provimento. (TRF-1 - REOMS: 403985720104013400 DF 0040398-
57.2010.4.01.3400, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL KASSIO NUNES MARQUES, Data
de Julgamento: 16/12/2013, SEXTA TURMA, Data de Publicaçã o: e-DJF1 p.136 de
13/01/2014)
Portanto, é dever do Poder Judiciá rio condenar o Instituto Nacional do Seguro Social em
indenizar a Recorrente, na proporçã o da lesã o sofrida, de modo que o valor seja suficiente
para reparar o dano e prevenir a ocorrência de novos ilícitos por parte da Autarquia que
atingem milhõ es de segurados, haja visto que trata-se de situaçã o recorrente em inú meros
estados da federaçã o.
Ademais, tendo em vista que: 1) nã o poderia ter sido cessado o benefício sem que fosse
realizada a pericia médica oficial; 2) que o Demandante foi submetido ao procedimento
pericial somente x meses apó s o pedido de prorrogaçã o e 3) que a perícia realizada no
â mbito da empresa empregadora no dia xx/xx/xxxx deu conta de que o Autor se
encontrava incapaz ao labor, deve ser concedido o benefício de auxílio-doença de forma
indenizada pelo interregno de xx/xx/xxxx até xx/xx/xxxx.
DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO
Considerando a necessidade de produçã o de provas no presente feito, bem como a política
atual de acordo zero adotada pelos procuradores federais, o Autor vem manifestar, em
cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC/2015, que nã o há interesse na realizaçã o de
audiência de conciliaçã o ou mediaçã o, haja vista a iminente ineficá cia do procedimento e a
necessidade de que ambas as partes dispensem a sua realizaçã o, conforme previsto no art.
334, § 4º, inciso I, do CPC/2015.
PEDIDOS
FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:
1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o deferimento da
gratuidade da justiça, pois a parte Autora nã o tem condiçõ es de arcar com as custas
processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
2) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar
defesa;
3) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente documental, testemunhal e
pericial.
4) A não realização de audiência de conciliaçã o ou mediaçã o;
5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:
5.1) conceder o benefício de auxilio doença à parte Autora, de forma indenizada, a partir do
dia posterior à data de cessaçã o indevida do benefício (xx/xx/xxxx) até a data da perícia
médica (xx/xx/xxxx);
5.2) Pagar a título indenizató rio o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) à parte autora, em
decorrência do sofrimento causado (dano moral) pela cessaçã o ilícita e imotivada do
benefício que até entã o auferia, nos termos da fundamentaçã o anterior;
5.3) Pagar as parcelas vencidas e vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo
vencimento e acrescidas de juros legais e morató rios, incidentes até a data do pagamento.
5.4) Em caso de recurso, ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios, eis que
cabíveis em segundo grau de jurisdiçã o, com fulcro no art. 55 da lei 9.099/95 c/c art. 1º da
Lei 10.259/01.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Dá à causa o valor[3] de R$ xx.xxx,xx.
Local, data.
Nome do advogado
OAB/UF xx.xxx

[1] STOCO, Rui. Tratado de Responsabilidade Civil. 6 ed. Sã o Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2004, p. 1684.
[2] CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade Civil. 6 ed. Sã o Paulo:
Malheiros Editores, 2005, p. 103.
[3] Valor da causa = Indenização por dano moral (R$ 10.000,00) + parcelas vencidas
(R$ xx.xxx,xx) = R$ xx.xxx,xx.
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