Você está na página 1de 5

Tutelas Provisórias (de Urgência

e de Evidência) – Conceitos Fundamentais

Caso concreto
Síntese de entrevista feita com Alvaro Roberto Galante, brasileiro, casado, médico,
portador da cédula de identidade RG nº 223398, inscrito no CPF sob o nº 222.333.888-55,
CTPS nº 12345 série 0011, número do PIS 123456789, residente e domiciliado na Rua das
Flores, nº 0, CEP: 01010-101, Jundiaí – SP. Relatou que foi contratado em 1º de outubro de
2011 pela empresa Hospital Padre Antonio Vieira, inscrita no CNPJ sob o nº
00.111.999/0001-24, cuja sede se localiza na R. Jurararere, 88, CEP: 10101-010, São Paulo
– SP, a fim de exercer a função de anestesista. No contrato de trabalho assinado, havia a
previsão da jornada de trabalho segunda à sexta-feira, das 8 h às 17 h, com uma hora para
repouso e alimentação. Porém, o Reclamante exercia sua função de segunda à sexta-feira,
das 8 h às 18 h com trinta minutos de intervalo para repouso e alimentação. O trabalho do
Reclamante era realizar anestesias no Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Tomografias,
Endoscopias e Cirurgias Ambulatoriais. Entre elas, havia aquelas em que era usado o Arco
Cirúrgico (raio X) em sala, porém o Hospital não possuía quantidade suficiente de aventais
de chumbo para a proteção da equipe, nem mesmo havia paredes e portas protetoras, com a
finalidade de reter a radiação expelida pelo aparelho durante o seu funcionamento. Jamais
recebeu qualquer contraprestação para tal ocorrência. No dia 5 de abril de 2015 foi eleito
vice-presidente da CIPA, tendo concluído seu mandato em 4 de maio de 2016. Relatou que
as férias relativas ao período aquisitivo de outubro de 2013 a outubro de 2014 foram
regularmente gozadas entre os dias 1º e 30 de julho de 2015, mas que foram pagas no dia 5º
dia útil de agosto. No dia 11 de agosto de 2016, durante a realização de uma cirurgia de
coluna, foi chamado aos gritos pelo responsável pelo departamento de Recursos Humanos
do Hospital e, antes de concluir a cirurgia, foi demitido, sem qualquer explicação ou
exposição de motivos, sendo informado apenas que estava dispensado de suas funções, e
não precisaria cumprir o aviso prévio. Até o presente momento, o Reclamante não recebeu
notificações da Reclamada para fins de realizar sua homologação, ou seja, depois de mais de
dois meses de sua

rescisão, o Reclamante nada recebeu quanto às suas verbas rescisórias. Como advogado de
Alvaro proponha a medida processual cabível.

Gabarito comentado
FORMATO – Desenvolver uma Reclamação Trabalhista com Pedido de Tutela de
Urgência Antecipada, com fundamento no art. 840, § 1º, CLT, cumulado com os arts.
300, 303 e 319, todos do CPC. Endereçar para a Vara do Trabalho de São Paulo e
qualificar as partes.
TUTELA DE URGÊNCIA – Afirmar que, uma vez que o Reclamante é estável e foi
dispensado sem justa causa, e não houve homologação, ele nada recebeu quanto às suas
verbas rescisórias. Desse modo, requer que seja concedida tutela de urgência antecipada
para que o Reclamante seja reintegrado e possa levantar os valores depositados em sua
conta de FGTS, bem como que sejam liberadas as guias para o seguro desemprego. Assim,
comprovada a probabilidade do Direito, uma vez que o levantamento do saldo de sua conta
de FGTS e o seguro-desemprego são direitos seus, legalmente conferidos, bem como
demonstrado que ele não recebeu qualquer quantia de verbas rescisórias, faz-se necessária e
justa a concessão da tutela requerida.
DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS – Afirmar que o Reclamante cumpria uma
hora a mais de sua jornada de trabalho, todos os dias, bem como gozava de apenas
trinta minutos de intervalo para repouso. Assim, requerer o pagamento das horas
extraordinárias para tais períodos, bem como reflexo nas demais verbas devidas.
DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE – O candidato deve demonstrar que o
Reclamante prestava sua função em local em que havia radiação, porém nunca recebeu
o adicional devido, devendo o mesmo ser pago.
DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA – O Reclamante, por ter sido eleito vice-
presidente da CIPA, com conclusão de seu mandato em 4 de abril de 2016, possui um
ano de estabilidade desde tal data. Portanto, não pode ser dispensado arbitrariamente,
como foi o caso, devendo ser reintegrado à sua antiga função, conforme art. 165,
parágrafo único, CLT.
DA REMUNERAÇÃO DAS FÉRIAS – O pagamento das férias do Reclamante foi
realizado 5 (cinco) dias após seu retorno, ou seja, em desacordo com a

previsão do art. 145, CLT, devendo, assim, ser a Reclamada condenada no pagamento
dobrado de sua remuneração, conforme dispõe a Súmula 450, TST.
DAS VERBAS RESCISÓRIAS NÃO PAGAS – Uma vez que não houve a
homologação da dispensa do Reclamante, não recebeu ele nada no que diz respeito às
suas verbas rescisórias. Assim, faz jus ao recebimento de saldo de salário, pagamento
de férias vencidas e não gozadas, acrescidas do terço constitucional, do período de
outubro/2014 a outubro de 2015, pagamento de férias proporcionais de 10/12 avos,
acrescidas do terço constitucional, indenização de 42 dias de aviso prévio, décimo
terceiro salário proporcional de 7/12 avos, multa de 40% do FGTS.
DA MULTA DO ART. 477, CLT – Requerer o pagamento da multa do caput e § 8º,
CLT, uma vez que o Reclamante foi dispensado sem justa causa, e suas verbas
rescisórias não foram pagas em até 10 (dez) dias da notificação da sua demissão.
DO DANO MORAL – Demonstrar que a forma de dispensa do Reclamante foi
abusiva, sofrendo ele atentado em sua dignidade da pessoa humana e hora subjetiva, uma
vez que foi dispensado aos gritos, durante a realização da cirurgia de coluna, e sem nem
ao menos poder terminá-la. Assim, requer indenização por dano moral.
DA JUSTIÇA GRATUITA – Requerer a concessão do benefício da Justiça Gratuita
ao Reclamante, uma vez que ele não pode arcar com as custas processuais sem colocar
em risco a sua subsistência e de sua família.
DA MULTA DO ART. 467, CLT - Requerer o pagamento em audiência de todas as
verbas relacionadas na ressalva: compromisso de pagamento cominado com confissão
de dívida, além das demais verbas recalculadas como acima exposto, sob pena de a
Reclamada arcar com a multa prevista no artigo supratranscrito de toda a parte
incontroversa das verbas.
DOS PEDIDOS – Requerer que seja declarada a total procedência da ação, com a
concessão de todos os pedidos requeridos.
FECHAMENTO – Fazer pedido geral de provas; requerer a notificação da
Reclamada; dar o valor da causa; termos em que pede deferimento/ local e
data/advogado, OAB.
Modelo da peça

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA ... VARA DO TRABALHO DE


SÃO PAULO – ... REGIÃO
[Espaço de dez linhas]

ALVARO ROBERTO GALANTE, brasileiro, casado, médico, data de nascimento..., nome da


mãe..., portador da cédula de identidade RG nº 223398, inscrito no CPF sob o nº 222.333.888-55, CTPS nº 12345 série
0011, número do PIS 123456789, possuidor do endereço eletrônico ..., residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 0,
CEP: 01010-101, Jundiaí – SP, por seu advogado que esta subscreve, vem, com fundamento no art. 840, § 1º, da CLT
c/c os arts. 300, 303 e 319, todos do CPC, propor RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE TUTELA
DE URGÊNCIA ANTECIPADA em face de HOSPITAL PADRE ANTONIO VIEIRA, inscrita no CNPJ sob o nº
00.111.999/0001-24, cuja sede se localiza na R. Jurararere, 88, CEP: 10101-010, São Paulo – SP, pelas razões de fato e
de direito a seguir expostas:
I – DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi contratado em 1º de outubro de 2011, a fim de realização da função de
anestesista no Hospital, ora Reclamada.
No contrato de trabalho assinado, havia a previsão da jornada de trabalho de segunda à
sexta-feira, das 8 h às 17 h, com uma hora para repouso e alimentação.
Foi dispensado em 11 de agosto de 2016, informado de que não precisaria cumprir aviso
prévio.
Até o presente momento, o Reclamante não recebeu notificações da Reclamada para fins
de realizar sua homologação, ou seja, depois de mais de dois meses de sua rescisão, o Reclamante nada
recebeu quanto às suas verbas rescisórias, motivo pelo qual se faz necessária a presente medida.
II – DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA - DEMONSTRAÇÃO DA
PROBABILIDADE DO DIREITO E O PERIGO DE DANO
O Reclamante foi dispensado sem justa causa, mesmo sendo estável por ser vice-presidente da CIPA e
não houve homologação, ele nada recebeu quanto às suas verbas rescisórias.
Desse modo, requer que seja concedida tutela de urgência antecipada para que o
Reclamante possa levantar os valores depositados em sua conta de FGTS, bem como que sejam liberadas as
guias para o seguro-desemprego.
Assim, comprovada a probabilidade do Direito, uma vez que o levantamento do saldo de sua conta
de FGTS e o seguro-desemprego são direitos seus, legalmente conferidos, bem como demonstrado que ele não recebeu
qualquer quantia de verbas rescisórias, faz-se necessária e justa a concessão da tutela requerida.
Outrossim, a demora na prestação jurisdicional poderá causar um dano irreparável ao
Reclamante, sendo necessária a célere prestação jurisdicional.
Como restou comprovado com o quanto de fato apresentado, há claros indícios da
existência da probabilidade do direito pleiteado, de forma que plenamente atendidos os requisitos da
demonstração da probabilidade do direito e o perigo de dano.
III – DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS
No contrato de trabalho do Reclamante, havia a previsão da jornada de trabalho segunda à
sexta-feira, das 8 h às 17 h, com uma hora para

repouso e alimentação.
Entretanto, o Reclamante cumpria uma hora a mais de sua jornada de trabalho, todos os
dias, bem como gozava de apenas trinta minutos de intervalo para repouso. Assim, requerer o pagamento
das horas extraordinárias para tais períodos, bem como reflexo nas demais verbas devidas.
IV – DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE
O trabalho do Reclamante era realizar anestesias no Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico,
Tomografias, Endoscopias e Cirurgias Ambulatoriais.
Entre elas, havia aquelas em que era usado o Arco Cirúrgico (raio X) em sala, porém o
Hospital não possuía quantidade suficiente de aventais de chumbo para a proteção da equipe, nem mesmo
havia paredes e portas protetoras, com a finalidade de reter a radiação expelida pelo aparelho durante o seu
funcionamento.
Entretanto, o Reclamante jamais recebeu qualquer contraprestação para tal ocorrência.
Assim, requer que seja deferido o pagamento do adicional em comento, conforme
previsão do art. 193, § 1º, CLT.
V – DA ESTABILIDADE PROVISÓRIA
O Reclamante, por ter sido eleito vice-presidente da CIPA, em 5 de abril de 2015, com
conclusão de seu mandato em 4 de abril de 2016, possui um ano de estabilidade desde tal data. Portanto, não
pode ser dispensado arbitrariamente, como foi o caso, devendo ser reintegrado à sua antiga função,
conforme art. 165, parágrafo único, CLT.
VI – DA REMUNERAÇÃO DAS FÉRIAS
As férias do Reclamante, relativas ao período aquisitivo de outubro de 2013 a outubro de
2014, foram regularmente gozadas entre os dias 1º e 30 de julho de 2015, mas pagas somente no dia 5º dia
útil de agosto.
Assim, o pagamento das férias do Reclamante foi realizado 5 (cinco) dias após seu
retorno, ou seja, em desacordo com a previsão do art. 145, CLT, devendo, assim, ser a Reclamada
condenada no pagamento dobrado de sua remuneração, conforme dispõe a Súmula 450, TST.
VII – DAS VERBAS RESCISÓRIAS NÃO PAGAS
Uma vez que não houve a homologação da dispensa do Reclamante, não recebeu ele
nada no que diz respeito às suas verbas rescisórias.
Assim, faz jus ao recebimento de saldo de salário, pagamento de férias vencidas e não
gozadas, acrescidas do terço constitucional, do período de outubro/2014 a outubro de 2015, pagamento de
férias proporcionais de 10/12 avos, acrescidas do terço constitucional, indenização de 42 dias de aviso
prévio, décimo terceiro salário proporcional de 7/12 avos, multa de 40% do FGTS.
VIII – DA MULTA DO ART. 477, CLT
Requer o pagamento da multa do caput e § 8º, CLT, uma vez que o Reclamante foi
dispensado sem justa causa, e suas verbas rescisórias não foram pagas em até 10 (dez) dias da notificação da
sua demissão.
IX – DO DANO MORAL
No dia 11 de agosto de 2016, durante a realização de uma cirurgia de coluna, o
Reclamante foi chamado aos gritos pelo responsável pelo departamento de Recursos Humanos do Hospital
e, antes de concluir a cirurgia, foi dispensado, sem qualquer explicação ou exposição de motivos,

sendo informado apenas que estava dispensado de suas funções, e não precisaria cumprir o aviso prévio.
Além disso, até o presente momento, o Reclamante não recebeu notificações da Reclamada para fins de
realizar sua homologação, ou seja, depois de mais de dois meses de sua rescisão, o Reclamante nada recebeu quanto às suas
verbas rescisórias.
A forma de dispensa do Reclamante foi abusiva, sofrendo ele atentado em sua dignidade da
pessoa humana e honra subjetiva, uma vez que foi dispensado aos gritos, durante a realização da cirurgia de
coluna, e sem nem ao menos poder terminá-la. Como se não bastasse, dois meses se passaram e não houve
homologação ou pagamento de suas verbas rescisórias.
Assim, faz-se justa e necessária a condenação da Reclamada em indenização por danos
morais.
X – DA JUSTIÇA GRATUITA
Requer a concessão do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art. 790, §§ 3º e 4º,
CLT, por se tratar, o(a) Reclamante, de pessoa que não possui condições de arcar com as custas e despesas
processuais, sem prejuízo do próprio sustento, nos termos da anexa declaração de pobreza.
XI – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA
Requer a fixação dos honorários advocatícios de sucumbência, nos termos do art. 791-A,
CLT, calculados sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa.
XII – DA MULTA DO ART. 467, CLT
Requer o pagamento em audiência de todas as verbas relacionadas na ressalva: compromisso de
pagamento cominado com confissão de dívida, além das demais verbas recalculadas como acima exposto, sob pena de
a Reclamada arcar com a multa prevista no art. 467, CLT, de toda a parte incontroversa das verbas.
XIII – DOS PEDIDOS
Diante dos fatos e fundamentos descritos pelo Reclamante na causa de pedir é a presente
para requerer a total procedência da ação, acrescido de atualização monetária e juros, para o fim de
condenar a Reclamada nos seguintes pedidos:
a) Conceda a tutela de urgência antecipada, determinando a liberação dos valores
depositados em razão do FGTS, bem como das guias para seguro desemprego;
b) A condenação da Reclamada ao pagamento das horas extraordinárias no período de
extrajornada contratual, bem como no intervalo intrajornada, assim como o reflexo nas demais verbas
devidas;
c) Condene a Reclamada no pagamento de adicional de periculosidade;
d) Determine a reintegração do Reclamante, pois em estabilidade provisória;
e) A condenação da Reclamada no pagamento em dobro das férias do Reclamante,
quando pagas em período distinto do legal;
f) Condenação da Reclamada no pagamento das verbas rescisórias do Reclamante, quais
sejam: saldo de salário, pagamento de férias vencidas e não gozadas, acrescidas do terço constitucional, do
período de outubro/2014 a outubro de 2015, pagamento de férias proporcionais de 10/12 avos, acrescidas do
terço constitucional, indenização de 42 dias de aviso prévio, décimo terceiro salário proporcional de 7/12
avos, multa de 40% do FGTS;

g) Condene a Reclamada no pagamento da multa do caput do art. 477 e seu § 8º, CLT;
h) Determine a indenização por dano moral ao Reclamante;
i) Conceda ao Reclamante o benefício da Justiça Gratuita;
j) Determine o pagamento da multa do art. 467, CLT, sobre a parte incontroversa das
verbas;
XIV – DA NOTIFICAÇÃO
Requer, por fim, se digne Vossa Excelência determinar a NOTIFICAÇÃO da Reclamada
na pessoa de seu representante legal, para comparecer em audiência a ser designada por esse digno Juízo, e,
nesta ocasião, responder aos termos da presente ação, podendo sofrer os efeitos da revelia e confissão.
XV – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado, por todos os meios de provas em direito admitidas,
especialmente pelo depoimento pessoal da Reclamada, que fica desde já requerido, sob pena de sofrer os
efeitos da confissão, juntada de novos documentos, oitiva de testemunhas, periciais e o que mais se fizer
necessário para a elucidação dos fatos.
XVI – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à presente causa o valor de R$ ... (Valor por extenso).
Termos em que, pede deferimento.
Local e data.
Advogado...
OAB...

Você também pode gostar