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Enunciados dos Magistrados das Varas de Família e Sucessões de SP

1. A transmissibilidade da obrigaçã o alimentar (art. 1.700 CC) pressupõ e seu


prévio estabelecimento por acordo ou sentença judicial, antes da morte do
devedor.

2. O prazo de prisã o civil do devedor de alimentos variará de 1 a 3 meses (art.


528 CPC), revogado o prazo má ximo de 60 dias do art. 19 da L. 5.478/69.

3. Os alimentos devidos entre ex-cô njuges e ex companheiros devem ter


cará ter excepcional, transitó rio e ser fixados por prazo determinado, exceto
quando um deles nã o possua mais condiçõ es de reinserçã o no mercado do
trabalho ou de readquirir autonomia financeira.

4. Com o nascimento com vida da criança, os alimentos gravídicos serã o


convertidos automaticamente em pensã o alimentícia em favor do recém-
nascido, com mudança, assim, da titularidade dos alimentos, sem que, para
tanto, seja necessá rio pronunciamento judicial ou pedido expresso da parte,
perdurando até eventual julgamento de açã o revisional, exonerató ria,
investigató ria ou negató ria de paternidade.

5. É possível o aditamento da açã o de alimentos gravídicos, apó s o nascimento


da criança sem o reconhecimento espontâ neo do suposto pai, para inclusã o do
pedido de investigaçã o de paternidade.

6. Os alimentos pedidos pelo cô njuge ou companheiro como pagamento da


parte da renda líquida dos bens comuns administrados pelo devedor, previstos
no artigo 4º, pará grafo ú nico, da Lei 5.478/68, tem natureza ressarcitó ria e nã o
comportam a prisã o civil do alimentante.
7. O magistrado nã o pode autorizar a assunçã o pelo alimentante da obrigaçã o
tributá ria incidente sobre a verba alimentar devida pelo alimentando.

8. Nas açõ es de alimentos e revisionais de alimentos é cabível, em princípio, o


deferimento de provas para quebra do sigilo bancá rio de empresas em relaçã o
à s quais figure como só cio o alimentante.

9. É cabível a incidência da pensã o alimentícia sobre participaçã o nos lucros e


abonos auferidos pelo alimentante.

10. Os efeitos da sentença proferida em açã o de revisã o de alimentos – seja em


caso de reduçã o, majoraçã o ou exoneraçã o - retroagem à data da citaçã o (Lei
nº5.478/68, art. 13, § 2º), ressalvada a irrepetibilidade dos valores quitados e a
impossibilidade de compensaçã o de eventual excesso pago com prestaçõ es
futuras.

11. Sem prejuízo do protesto, no cumprimento que se processa sob pena de


prisã o, a execuçã o de alimentos nã o comporta acréscimo da multa prevista no
artigo 523 do CPC.

12. Nas execuçõ es de alimentos que se processam pelo rito do artigo 528 do
CPC, nã o cabe a fixaçã o de honorá rios se no prazo de três dias o devedor
proceder ao pagamento do débito alimentar.

13. A exigência de contas prevista no § 5º, art.1.583, do Có digo Civil, requer


indícios de que a pensã o alimentícia nã o está sendo utilizada, parcial ou
totalmente, em benefício dos filhos.

14. No regime da comunhã o parcial de bens constitui bem comum a


indenizaçã o trabalhista correspondente a créditos formados na constâ ncia do
casamento.
15. No regime da comunhã o parcial de bens o saldo do FGTS formado na
constâ ncia do casamento constitui bem comum.

16. No regime da comunhã o parcial de bens o saldo de fundos de previdência


privada formado na constâ ncia do casamento constitui bem comum.

17. No regime da comunhã o parcial de bens nã o se comunicam indenizaçõ es


por acidente de trabalho e por dano moral postuladas somente por um dos
cô njuges ou companheiros, em razã o da natureza personalíssima da reparaçã o.

18. É possível a retificaçã o de assento de nascimento para a averbaçã o da


alteraçã o de sexo, com ou sem alteraçã o do nome, independentemente da prévia
realizaçã o de cirurgia de transgenitalizaçã o, desde que mediante determinaçã o
judicial em açã o pró pria.

19. É possível a coexistência da indicaçã o de filiaçõ es socioafetiva e bioló gica no


registro civil de nascimento, sem identificaçã o, no respectivo assento de
nascimento, da origem ou causa da paternidade ou da maternidade.

20. A retificaçã o do registro civil do nascimento para incluir paternidade ou


maternidade bioló gica, quando já indicada a respectiva filiaçã o (passando a
existir dois pais e uma mã e, ou duas mã es e um pai), depende de determinaçã o
judicial em açã o contenciosa, sendo nessa hipó tese inaplicá vel o Provimento
nº16, da Corregedoria Nacional de Justiça, que em seu art. 6º dispõ e sobre o
reconhecimento espontâ neo de filho realizado pelo genitor mediante
declaraçã o, por escrito particular, feita diretamente ao Oficial de Registro Civil
das Pessoas Naturais.

21. A coexistência de filiaçõ es socioafetiva e bioló gica no Registro Civil das


Pessoas Naturais enseja a partilha da herança, em caso de falecimento do filho,
entre todos os genitores, por cabeça.
22. Na inseminaçã o artificial heteró loga consentida, nã o pode o doador do
material genético pleitear a declaraçã o da paternidade tendo como fundamento
os laços bioló gicos. Na gestaçã o por substituiçã o também nã o se admite em
favor da parturiente a declaraçã o da maternidade em coexistência com a
fornecedora do material genético.

23. Na uniã o está vel incide o regime da separaçã o obrigató ria de bens quando
ao tempo de sua constituiçã o incidir uma das hipó teses do art. 1.641 do Có digo
Civil.

24. Na uniã o está vel os companheiros podem alterar o regime de bens a


qualquer tempo e sem autorizaçã o judicial, ressalvados os efeitos que o regime
anterior produziu em relaçã o aos bens entã o adquiridos, e preservados os
direitos de terceiros. A alteraçã o do regime de bens para o da comunhã o
universal enseja a comunicaçã o dos bens adquiridos anteriormente, ressalvadas
as hipó teses de incomunicabilidade.

25. O direito real de habitaçã o do cô njuge ou companheiro viú vo (art. 1.831 CC)
se extingue em razã o de novo casamento ou uniã o está vel.

26. O direito real de habitaçã o do cô njuge ou companheiro viú vo (art. 1.831 CC)
se aplica a todos os regimes de bens do casamento ou uniã o está vel.

27. O direito real de habitaçã o do cô njuge ou companheiro viú vo (art. 1.831 CC)
nã o se aplica quando o imó vel pertencia ao autor da herança em condomínio
com terceiros.

28. A realizaçã o do inventá rio e da partilha por escritura pú blica nã o impede a


posterior sobrepartilha em açã o judicial, ou a formulaçã o de pedido de alvará
judicial de bens nã o partilhados, devendo na respectiva açã o de sobrepartilha
ou de alvará , porém, ser feita prova de todos os requisitos que forem exigíveis
para o deferimento do pedido, inclusive no que tange à representaçã o
processual do viú vo, do ex companheiro e dos herdeiros.
29. A separaçã o e o divó rcio por escritura pú blica nã o impede posterior
partilha judicial de bens.

30. Na hipó tese de regime de comunhã o universal de bens, no casamento ou


uniã o está vel, o cô njuge ou o companheiro sobreviventes concorrem com
descendentes (art. 1.829, I, do Có digo Civil) se houver bens particulares nos
casos do art. 1.668 do Có digo Civil, limitada a concorrência a esses bens.

31. Ante a decisã o do STF no RE 878.694, declarando inconstitucional o art.


1.790 do Có digo Civil, assentando que, à luz da Constituiçã o, nã o é cabível
distinçã o nos regimes sucessó rios derivados do casamento e da uniã o está vel, o
companheiro figura em igualdade de condiçõ es com o cô njuge: 1) na ordem da
vocaçã o hereditá ria; 2) como herdeiro necessá rio; 3) como titular de direito real
de habitaçã o; 4) no direito à quarta parte da herança na concorrência com
descendentes; 5) e na obrigaçã o de trazer doaçõ es à colaçã o (Có digo Civil, arts.
1.829, 1.845, 1.831, 1.832 e 2002/2003 respectivamente).

32. O direito sucessó rio do cô njuge sobrevivente, separado de fato até dois
anos, previsto no art. 1.830 do Có digo Civil, cessa se, antes desse prazo de dois
anos, o de cujus havia constituído uniã o está vel.

33. A partir da Emenda Constitucional 66/2010, que passou a admitir divó rcio
sem prazo mínimo de casamento e sem discussã o de culpa, tornou-se
inconstitucional a previsã o do art. 1.830 do Có digo Civil, parte final, no sentido
de que o direito sucessó rio do cô njuge sobrevivente poderia se estender além
de dois anos da separaçã o de fato se provado que a convivência se tornara
impossível sem culpa dele. Em consequência, decorridos dois anos de separaçã o
de fato, extingue-se esse direito, sem possibilidade de prorrogaçã o.

34. Concorrendo simultaneamente com descendentes comuns e exclusivos do


de cujus, o cô njuge ou companheiro sobreviventes nã o têm o direito à quarta
parte da herança, previsto no art. 1.832 do Có digo Civil. Só têm direito a essa
quarta parte se todos os filhos concorrentes forem comuns, ou seja, filhos do de
cujus com o cô njuge ou companheiro sobreviventes.

35. A exigência de justa causa para gravar a legítima por testamento, com
inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade (Có digo Civil, art.
1.848) se aplica igualmente à imposiçã o dessas clá usulas por doaçã o, sobre o
adiantamento da legítima, para manutençã o da coerência do sistema e para
evitar que, por doaçõ es, o autor da herança possa burlar a limitaçã o legal.

36. A aparente antinomia entre o disposto no artigo 2.004 do Có digo Civil e o


artigo 639, pará grafo ú nico do CPC se resolve em favor do primeiro dispositivo,
que delimita com maior precisã o o patrimô nio do falecido efetivamente
transmitido, nã o se computando acessõ es ou benfeitorias depois introduzidas,
nem valorizaçõ es ou desvalorizaçõ es subsequentes à liberalidade.

37. Ao contrá rio do artigo 1031, § 2º, do CPC de 1973, o artigo 659, § 2º, do CPC
em vigor nã o mais estabelece a concordâ ncia da Fazenda quanto à suficiência
dos tributos como condiçã o à expediçã o de alvará s e formais de partilha nos
arrolamentos. Transitada em julgado a sentença, o juízo se limita a dar ciência à
Fazenda da existência do procedimento sucessó rio, expedindo em seguida os
alvará s e formais de partilha.

38. Nã o é obrigató ria a realizaçã o de avaliaçã o biopsicossocial por equipe


multidisciplinar nos pedidos de curatela, quando a perícia mostra-se suficiente
para avaliar o grau de deficiência do curatelado.

39. No curso do processo de interdiçã o nã o pode o juiz de oficio ou a


requerimento do Ministério Pú blico, converter o pedido em tomada de decisã o
apoiada, prevista no artigo 1.783-A do Có digo Civil.

40. Na fixaçã o da guarda compartilhada deve ser estipulado o local do domicílio


do menor ou incapaz e regime de convivência.
41. A guarda compartilhada nã o exime o pagamento de alimentos aos filhos.

42. A obrigaçã o alimentar dos avó s tem natureza complementar e subsidiá ria,
somente se configurando no caso da impossibilidade total ou parcial de seu
cumprimento pelos pais.

43. No casamento do menor com suprimento judicial é possível determinar o


regime da comunhã o parcial, se a imposiçã o do regime da separaçã o obrigató ria
lhe for prejudicial.

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