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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA Xª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃ O JUDICIÁ RIA DE CIDADE - UF

NOME DA PARTE, já devidamente qualificado nos autos do


presente processo, vem respeitosamente perante Vossa Excelência,
por meio de seus procuradores, dizer e requerer o que segue:

Na presente açã o se postula o restabelecimento de benefício por incapacidade, cessado em


virtude de suposta irregularidade quando de sua concessã o.

Neste sentido, salienta que tal cessaçã o deve-se ao fato de a Autarquia ter mudado seu
posicionamento acerca da incapacidade do Autor. Isto, pois muito embora tenha o INSS
reconhecido durante vários anos que a referida incapacidade eclodiu em 17/09/2007, apó s
nova avaliaçã o pericial (realizada em 10/05/2007), o Perito administrativo aduziu que a
incapacidade eclodiu em momento anterior, qual seja: DII em 01/06/2002.

Ainda, nã o somente o INSS tenha cessado o benefício auferido há anos pelo Autor,
também lhe cobrou a verba de R$ XX.XXX,XX, valor correspondente ao período em que o
Demandante permaneceu em gozo da benesse.

Do Início da Incapacidade

Alega o INSS, em sua peça contestató ria (evento XX – XXXXX), que a incapacidade do Autor
eclodiu em momento anterior ao seu ingresso no RGPS e, consequentemente, seu direito ao
benefício restou prejudicado.
Isto, pois quando da realizaçã o de perícia médica administrativa (datada de 10/05/2007),
foi referido pelo Perito daquele feito que o Autor encontrava-se em tratamento com o Dr.
XXXXXXXXXXX (CRM XXXX), com primeiro atendimento efetuado no ano de 2002.

Assim, perceba trecho da referida perícia médica, realizada em Maio/2007 (grifei):

(TRECHO DA PERÍCIA ADMINISTRATIVA)

Porém, tal parecer médico é errôneo, visto que o primeiro atendimento com o Dr.
XXXXXXXXXXX (CRM XXXX) ocorreu em Abril/2007, conforme se depreende dos atestados
médicos acostados à presente demanda, veja:

(ATESTADOS MÉ DICOS)

Desta forma, através do contínuo tratamento realizado pelo Autor junto ao Dr. XXXXXXXXX,
percebe-se o equívoco cometido na esfera administrativa, uma vez que a data correta do seu

primeiro atendimento é 02/04/2007.

Ademais, conforme se observa nos atestados supra, o profissional foi categó rico ao

mencionar que, a partir da data do primeiro atendimento (02/04/2007), o quadro

clínico do Autor evoluiu de forma crônica, gerando diversas sequelas mentais e


comportamentais. Assim, observando os pareceres emitidos pelo Dr. XXXXXXXXX, tem-se
corretíssima a DII (17/09/2007) considerada ao longo dos anos em que o Autor gozou do auxílio-
doença, de modo que indevida sua cessaçã o.

Portanto, tendo o processo administrativo investigado e cessado o benefício auferido pelo


Demandante baseado no errôneo parecer médico do INSS, tal cessaçã o foi indevida, porquanto
tenha sido reiterado pelo Dr. XXXXXXXXXXX que o estado de saúde do Autor agravou-se a partir
do primeiro encontro, de modo que incorreta a DII (01/06/2002) fixada pelo Perito
administrativo.
Da Inexistência de Débito

Por outro lado, apó s a verificaçã o de suposta irregularidade na concessã o do benefício


auferido pelo Demandante, o INSS o oficiou informando da cobrança daqueles valores auferidos a
título do referido benefício, cuja verba equivale a R$ XX.XXX,XX.

Ocorre que tal cobrança é indevida, uma vez que o Autor agiu de boa-fé ao ter a benesse
concedida, cumprindo todos os requisitos legais quando do início da incapacidade, de maneira que
a repetiçã o destes valores torna-se inviá vel.

Isto, pois quando da real DII (momento posterior ao primeiro encontro com o Dr.
XXXXXXXXXX, realizado em 02/04/2007), o Demandante havia cumprido carência e ostentava
qualidade de segurado, bem como encontrava-se incapaz para toda e qualquer atividade,
conforme parecer do profissional.

Dito isso, tem-se correta a concessã o do auxílio-doença à época do requerimento, porquanto


este fora realizado sem qualquer fraude ou irregularidade face à Previdência, bem como o direito
do Autor encontrava amparo nas normas legais aplicá veis.

Nesta senda, em que pese o direito e a boa-fé do Requerente quando da concessã o do


benefício, alega o INSS que “a devolução dos valores recebidos irregularmente, nem mesmo o
recebimento indevido de boa-fé isenta o beneficiário da devolução, conforme o disposto na Lei
8.213/91, art. 115”.

Porém, tal argumento nã o merece prosperar, visto que a jurisprudência é pacífica ao


entender pela inviabilidade de repetição dos valores percebidos pelo beneficiário de boa-fé,
veja:

PREVIDENCIÁ RIO. REPETIÇÃ O VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ .


IRREPETIBILIDADE. BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO. DESCONTO.
IMPOSSIBILIDADE. 1. A devolução dos valores, na forma do artigo 115 da
Lei 8.213/91, somente é de ser feita nos casos em que comprovada a
má-fé no recebimento, o que nã o é o caso dos autos, tendo em vista que a
impetrante apresentou ao INSS declaraçã o de pró prio punho solicitando a baixa do
benefício de amparo social quando passou a receber pensã o por morte decorrente
de açã o judicial. 2. Ademais, tratando-se de benefício no valor de um salário-
mínimo, inviável a incidência de qualquer desconto, sob pena de comprometer
a subsistência da parte autora. 3. Garantia prevista no art. 201, § 2º, da CF/88, ao
assentar que nenhum benefício que substitua o salá rio de contribuiçã o ou o
rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salá rio mínimo.
(TRF4, APELREEX 5000294-31.2014.404.7209, Sexta Turma, Relator p/ Acó rdã o
(auxílio Joã o Batista) Paulo Paim da Silva, juntado aos autos em 28/08/2014, com
grifos acrescidos)

PREVIDENCIÁ RIO. VALORES RECEBIDOS A MAIOR EM RAZÃ O DE ERRO


ADMINISTRATIVO. BOA-FÉ DO SEGURADO. IRREPETIBILIDADE. SENTENÇA
CONFIRMADA. 1. Esta Corte vem se manifestando no sentido da
impossibilidade de repetição dos valores recebidos de boa-fé pelo
segurado, dado o caráter alimentar das prestações previdenciárias,
sendo relativizadas as normas dos arts. 115, II, da Lei nº 8.213/91 , e
154, § 3º, do Decreto nº 3.048/99. 2. Hipótese em que, diante do
princípio da irrepetibilidade ou da não-devolução dos alimentos, deve
ser afastada a cobrança dos valores determinada pela autarquia. 3. O
acolhimento do pedido de concessã o ou restabelecimento de benefício
previdenciá rio e a rejeiçã o do pedido de indenizaçã o por danos morais implica o
reconhecimento da sucumbência recíproca, autorizando a compensaçã o dos
honorá rios advocatícios. (TRF4, APELREEX 5003608-13.2013.404.7114, Sexta
Turma, Relator p/ Acó rdã o (auxílio Joã o Batista) Paulo Paim da Silva, juntado aos
autos em 28/08/2014, com grifos acrescidos)

ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚ BLICO FEDERAL.


DEVOLUÇÃ O DE VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ . IMPOSSIBILIDADE. Tendo em
conta a natureza alimentar das verbas salariais, a jurisprudência é
pacífica no sentido de que é incabível a devolução dos valores pagos
indevidamente quando o equívoco resulta de erro administrativo e a
quantia é recebida de boa-fé pelo servidor. (TRF4, AG 5017319-
87.2013.404.0000, Terceira Turma, Relator p/ Acó rdã o Roger Raupp Rios, juntado
aos autos em 26/09/2013, com grifos acrescidos)
Portanto, tem-se demonstrada a inviabilidade das cobranças realizadas pelo INSS em face do
Requerente, eis que, nã o somente este tenha cumprido todos os requisitos legais para a concessã o
do benefício (quando da real DII – 17/09/2007), também agiu de boa-fé ao gozar da benesse
que lhe foi concedida, de modo que a repetiçã o dos valores pleiteada pela Autarquia mostra-se
equivocada.

ISTO POSTO, restam infundados todos os argumentos elencados pelo réu em sua
contestaçã o, devendo ser dado prosseguimento ao feito, com o final julgamento da demanda com
TOTAL PROCEDÊNCIA.

Nestes Termos;
Pede Deferimento.

CIDADE, DIA de MÊ S de ANO.

NOME DO ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

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