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EXMO(A). SR(A). JUIZ(A).

FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL PREVIDENCIÁRIO DE $


{processo_cidade}

${cliente_nomecompleto}, já cadastrado eletronicamente, vem com o devido respeito perante


Vossa Excelência por meio de seus procuradores, propor

 AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE REVISÃO DE BENEFÍCIO


PREVIDENCIÁRIO
 em face do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelos fundamentos fáticos e jurídicos
que passa a expor:

1 - FATOS
A parte Autora recebe o benefício de pensão por morte nº ${informacao_generica} desde $
{data_generica}.

O benefício fora concedido considerando o óbito do seu cônjuge, o Sr. ${cliente_nome}, o qual


percebia a aposentadoria por idade nº ${informacao_generica}.

Ocorre que o benefício do de cujus havia sido pago em valor inferior ao devido (o que acarreta
em reflexo no benefício derivado – pensão por morte), de forma que deve ser revisado, mediante
aplicação, aos 24 salários de contribuição mais distantes, de correção monetária pelo índice da
ORTN/OTN, conforme se demonstrará a seguir.

2 - DIREITO
2.1 – DA DECADÊNCIA

Inicialmente, imperioso destacar que não ocorreu a decadência em relação ao pedido de revisão
da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por idade.

Isto porque, em se tratando de pensão por morte derivada de benefício objeto da revisão, aplica-
se o princípio da actio nata, de forma que o prazo decadencial deve ser contado da data do
primeiro dia do mês seguinte ao primeiro pagamento da pensão por morte, e não do benefício
originário.

Este foi o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do
REsp 1571465/RS:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PENSÃO POR MORTE.


DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. ART. 535, II, DO CPC.

O recorrente sustenta que o art. 535, II, do CPC foi violado, mas deixa de apontar, de forma clara,
o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Assim, é inviável o conhecimento do
Recurso Especial nesse ponto, ante o óbice da Súmula 284/STF.
O início do prazo decadencial se deu após o deferimento da pensão por morte, em
decorrência do princípio da actio nata, tendo em vista que apenas com o óbito do segurado
adveio a legitimidade da parte recorrida para o pedido de revisão, já que, por óbvio, esta
não era titular do benefício originário de seu marido, direito personalíssimo.

Em se tratando de benefício previdenciário, incide na hipótese de revisão do ato de


concessão/indeferimento de benefício o disposto no art. 103 da Lei 8.213/1991: "É de dez anos o
prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a
revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do
recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento
da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo". Como a concessão da pensão que
a recorrida pretende ver recalculada se deu no dia 17.8.2008 e o ajuizamento da ação ocorreu em
8.9.2010, não houve a decadência do direito à revisão dos benefícios previdenciários.

Recurso Especial não provido.

(REsp 1571465/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2016,
DJe 31/05/2016 - grifado)

Portanto, considerando que o benefício de pensão por morte foi concedido em ${data_generica},
não há o que se falar em decadência, em que não se decorreram mais de dez anos desde então.

2.2 - DO MÉRITO
Anteriormente à entrada em vigência da Lei 8.213/91, a correção monetária dos salários de
contribuição dava-se por mandamento da CLT, que admitia a necessidade de correção dos 24
salários de contribuição mais distantes, a fim de preservar o valor da RMI dos benefícios
previdenciários em face da inflação.

Com a entrada em vigor da Lei 6.423/77, a variação da ORTN consolidou-se como critério oficial
de correção monetária no cálculo dos salários de contribuição para fins de identificação da RMI
dos benefícios (com exceção dos benefícios por incapacidade, pensão por morte não derivada e
auxílio-reclusão).

Todavia, a Previdência Social manteve-se utilizando critérios próprios para atualização dos
salários de contribuição, motivo pela qual exsurgiu a possibilidade revisional ora em comento.

Desnecessárias são maiores reflexões acerca da presente revisão, tendo em vista que o
entendimento restou sumulado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

Súmula 02/TRF4: Para o cálculo da aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, no regime
precedente à Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se os salários-de-contribuição,
anteriores aos doze últimos meses, pela variação nominal da ORTN/OTN.

E no caso concreto, conforme os cálculos em anexo, verifica-se que o INSS não aplicou a


variação da ORTN nos 24 salários de contribuição mais distante do benefício do segurado
instituidor, de sorte que é devida a presente revisão.

Portanto, considerando que o benefício originário foi concedido antes da promulgação da CF/88,
e após a entrada em vigor da Lei 6.426/77, e o INSS não aplicou a variação da ORTN nos 24
últimos salários de contribuição, mostra-se plenamente devida a presente revisão devendo ser
revisado o benefício de aposentadoria concedido ao de cujus e consequentemente o benefício
derivado de pensão por morte.

3 - DO IMEDIATO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER


Conforme inteligência do artigo 43 da Lei 9.099/95 c/c artigo 1º da Lei 10.259/01, no âmbito dos
Juizados Especiais Federais o recurso inominado interposto, via de regra, não possui efeito
suspensivo. Por este motivo, eventual deferimento do presente petitório compele o INSS a
cumprir de forma imediata a decisão de primeiro grau, para o efeito de revisar o benefício em
favor da Parte Autora.

4 –  DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO


Considerando o notório e reiterado posicionamento do INSS em sentido contrário ao pedido
apresentado na presente demanda, a parte Autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319,
inciso VII, do CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação ou
mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as
partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC/2015.

  5 – PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em vista que a parte Autora


não tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de sua
família;
2. O recebimento e deferimento da presente peça inaugural;
3. A citação da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;
4. O julgamento antecipado da lide, com fulcro no art. 355 do Código de Processo Civil,
haja vista que o processo trata de matéria exclusivamente de direito. Caso não seja este
o entendimento de Vossa Excelência, requer a produção de todos os meios de provas em
direito admitidos, em especial o documental;
5. O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:
6. Revisar o benefício de aposentadoria por idade nº ${informacao_generica}, aplicando o
aplicando a variação da ORTN/OTN nos 24 salários de contribuição mais distantes, e
consequentemente, revisar o benefício de pensão por morte nº ${informacao_generica};
7. Pagar as diferenças que se formarem em decorrência da revisão aqui pleiteada, com o
adimplemento de todas as parcelas vencidas desde a data da concessão da pensão por
morte e, corrigidas desde a época da competência de cada parcela até o efetivo
pagamento, respeitada a prescrição quinquenal;

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

 
Dá à causa o valor de R$ ${processo_valordacausa}[1].

${processo_cidade}, ${processo_hoje}.

${advogado_assinatura}

[1] Valor da causa = Parcelas Vencidas + Parcelas Vincendas 

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