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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

23/02/2021

Número: 0002334-04.2012.4.01.3304
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: Juizado Especial Cível e Criminal Adjunto à 2ª Vara Federal da SSJ de Feira de
Santana-BA
Última distribuição : 23/03/2012
Valor da causa: R$ 1.500,00
Assuntos: Aposentadoria Especial (Art. 57/8)
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LUIZ APOLONIO SILVA (AUTOR) JUSSARA BRASIL RIBEIRO (ADVOGADO)
Instituto Nacional do Seguro Social (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
45063 20/02/2021 15:38 Impugnação ao cumprimento de sentença Impugnação ao cumprimento de sentença
4871
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL FEDERAL
EQUIPE REGIONAL DE EXECUÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA 1ª REGIÃO
EQUIPE DE ATUAÇÃO TÉCNICA ESPECIALIZADA

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DO(A) JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL ADJUNTO


À 2ª VARA FEDERAL DA SSJ DE FEIRA DE SANTANA-BA

NÚMERO: 0002334-04.2012.4.01.3304
IMPUGNANTE(S): INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS
IMPUGNADO(S): LUIZ APOLONIO SILVA E OUTROS

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito público,


representado(a) pelo membro da Advocacia-Geral da União infra assinado(a), vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, apresentar,

IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

com fulcro no art. 535 do Código de Processo Civil, consoante os relevantes fundamentos
de fato e de direito que passa a expor.

DA TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO

Cumpre ressaltar a tempestividade desta impugnação, tendo em vista que o prazo de 30


(trinta) dias assinalado pelo art. 535 do CPC/2015 para fins de oferecimento de impugnação à execução
apenas teve sua fluência iniciada no primeiro dia útil subseqüente à data da intimação pessoal do
representante judicial da autarquia federal impugnante, por carga, remessa ou meio eletrônico, conforme
disciplinam os artigos 230, 231, II, c/c o art. 224, § 1º, ambos do CPC/2015.

DA CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO

Nos termos do CPC, art. 525, § 6º, do CPC/2015, dois são os requisitos para que seja
atribuído efeito suspensivo à impugnação: (a) relevância dos argumentos e (b) grave dano no
prosseguimento da execução. Da análise dos argumentos expendidos na presente impugnação, os
fundamentos são relevantes e o prosseguimento da execução, na forma proposta, é suscetível de causar
ao impugnante grave dano de difícil ou incerta reparação, razão pela qual a presente impugnação deve ser
recebida no efeito suspensivo, tendo em vista a presença de todos os requisitos necessários para isso.

SÍNTESE DO FEITO

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Trata-se de processo de execução de sentença, no qual pretende o exequente a percepção
de valores que alega serem devidos por esta Autarquia a título de principal e honorários advocatícios. A
parte autora da ação apresentou cálculo, sendo este desfavorável ao INSS.

Apresentado o cálculo, o valor executado pela exequente foi o principal de R$ 180.953,56.

Todavia, verificam-se erros no cálculo efetuado pela parte exequente, acarretando visível
excesso de execução.

O Setor de Cálculos da autarquia previdenciária, por sua vez, observou que o valor principal
devido foi de R$ 56.159,97.

Logo, há um excesso de R$ 124.793,59, conforme será demonstrado adiante.

DO EXCESSO DE EXECUÇÃO

O exequente comete os seguintes erros na sua conta:

1 - PERÍODO DE CÁLCULO INCORRETO: A CONTADORIA DA PARTE AUTORA


CONTABILIZA PARCELAS DESDE 11/2007. CONTUDO, O ACÓRDÃO
ESTABELECEU A DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO A PARTIR DA CITAÇÃO
EM 18/05/2012;

2 - PARCELAS POSTERIORES A DIP: A CONTADORIA DA PARTE AUTORA


CONTABILIZA PARCELAS POSTERIORES A DATA DE INÍCIO DE PAGAMENTO
ADMINISTRATIVO;

3 - RMI INCORRETA: A CONTADORIA DA PARTE AUTORA CONTABILIZA


VALORES SUPERIORES DEVIDOS E RECEBIDOS. O EXEQUENTE FIXOU RMI
NO VALOR DE R$ 1.850,27 A PARTIR DE 11/2007. A CEAB-DJ, POR SUA VEZ,
FIXOU A RMI NO VALOR DE R$ 1.637,81 COM DIB EM 18/05/2012;

PERÍODO DE CÁLCULO ERRADO

Ocorre que o período que consta no demonstrativo de débito do exequente indica período
indevido, haja vista que não está de acordo com o título executivo, incidindo em excesso de execução.

Isso porque o débito deve ser apurado entre a DIB definida pelo título executivo e o efetivo
pagamento do benefício, o que não ocorre na planilha que embasa a pretensão executória.

No caso em apreço, a Contadoria da parte autora pretende executar parcelas a partir de


11/2017. Contudo, o Acórdão exequendo estabeleceu a DIB a partir da data da citação:

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Por essa razão, devem prevalecer os cálculos da autarquia.

CÁLCULO INCLUI VALORES APÓS A DIP

A planilha de cálculos apresentada inclui valores já devidamente disponibilizados na via


administrativa, isto é, todo o período após a DIP do benefício estabelecida em 06/08/2018.

RMI INCORRETA

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Trata-se de execução de título executivo judicial em que o INSS foi condenado a
implementar benefício previdenciário e pagar os valores retroativos.

No caso em tela o exequente, em sua pretensão, utiliza-se de RMI superior à apurada pelo
INSS, inflando artificialmente o débito, uma vez que isso repercute sobre todas as parcelas da planilha de
cálculos juntada.

Sempre que o INSS concede determinado benefício, seja administrativamente, seja por
força de decisão judicial, é realizado o cálculo da RMI - Renda Mensal Inicial do benefício, que será reflexo
do salário de benefício baseado no salário de contribuição da época da concessão, ou seja, na DIB - Data
de Início do Benefício. É o que se nota da leitura da Lei 8.213/91, verbis.

Art. 29. O salário-de-benefício consiste:


I - para os benefícios de que tratam as alíneas b e c do inciso I do art. 18, na média
aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta
por cento de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário;
II - para os benefícios de que tratam as alíneas a, d, e e h do inciso I do art. 18, na
média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a
oitenta por cento de todo o período contributivo.

Ou seja, o INSS procede com cálculo da renda mensal inicial que é baseada no salário de
benefício no momento da concessão.

Essa renda mensal inicial dos benefícios nunca pode ser maior do que o salário de
contribuição e é reajustada anualmente de acordo com os índices legalmente aplicáveis aos benefícios,
conforme se dessume da leitura do Decreto 3.048/99 que regulamenta a Lei 8.213/91.

Art. 35. A renda mensal do benefício de prestação continuada que substituir o


salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado não terá valor
inferior ao do salário mínimo nem superior ao limite máximo do salário-de-
contribuição, exceto no caso previsto no art. 45.
§ 2º A renda mensal inicial, apurada na forma do § 9º do art. 32, será reajustada
pelos índices de reajustamento aplicados aos benefícios, até a data da entrada
do requerimento, não sendo devido qualquer pagamento relativamente a período
anterior a esta data.

Ou seja, o benefício tem sua renda mensal de cada ano definida a partir da atualização da
renda mensal inicial, que é definida de acordo com as contribuições recolhidas e homologadas pelo INSS,
e, assim sendo, é necessário que cada parcela cobrada reflita a renda mensal atualizada referente à RMI
definida pelo INSS para aquele benefício, sob pena de incidir em excesso de execução pelo uso de base
de cálculo maior que a devida.

Assim sendo, se, por exemplo, determinado benefício é concedido com RMI de R$
1.000,00, no ano seguinte, obviamente, o valor da renda mensal desse benefício será igual à renda
mensal inicial atualizada pelo índice de atualização da previdência social, que é o INPC, conforme art. 41-
A da Lei 8.213/91. Daí que é essencial que o cálculo seja realizado tomando em conta o valor da RMI do
benefício, ou seja, da renda mensal do momento da concessão, atualizada conforme o INPC para cada
ano seguinte.

Não cabe, por isso, v.g. utilizar renda mensal atual como renda mensal inicial, porque a
evolução do cálculo sofreria dupla atualização. Também descabe utilizar a RMI do benefício e evoluí-la
segundo índices diversos do INSS. Daí a importância de que o cálculo do retroativo tome como base
sempre a RMI do momento da concessão considerando a evolução dessa renda anualmente pelo INPC.

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No caso em apreço, o exequente utiliza valores diverso de RMI tanto da aposentadoria
especial como a de por tempo de contribuição.

Conforme se pode observar, a RMI do benefício de aposentadoria especial é de R$


1.656,04:

Por sua vez, a RMI do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição é de R$


1.637,81.

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Desse modo, o exequente considera valores superiores tanto na coluna de valor recebido
como devido, o que terminou por inflar artificialmente toda a conta exequenda.

Resulta daí que os cálculos do exequente estão eivados de excesso de execução, vez que
não observaram a RMI - renda mensal inicial do benefício, o que gera inequivocamente excesso de
execução.

Assim, pelos motivos expostos, devem prevalecer os cálculos da autarquia.

Ante o exposto, requer seja reconhecido o excesso de execução.

Por tais razões, afigura-se inviável a cobrança dos valores pretendidos pelo exequente, sob
pena de flagrante e ilegal excesso de execução, consoante dispõe o artigo 917, § 2º, ambos do Código de
Processo Civil:

Art. 917. (...)


§2º Há excesso de execução quando:
I – o exequente pleiteia quantia superior à do título;
II – ela recai sobre coisa diversa daquela declarada no título;
III – ela se processa de modo diferente do que foi determinado no título;
IV – o exequente, sem cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o
adimplemento da prestação do executado;
V – o exequente não prova que a condição se realizou.

Em última análise, resta evidente a impossibilidade de prosseguimento da execução na


forma pretendida pelo exequente, sendo imperiosa a redução de seu valor, nos termos do cálculo
apresentados em anexo.

DO PEDIDO

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Diante do exposto, REQUER o impugnante seja recebida a presente impugnação ao
cumprimento, determinando-se:

a) a concessão de efeito suspensivo;

b) a intimação da parte exequente embargada/impugnada para, querendo, concordar com


os presentes termos ou impugná-los, presumindo-se verdadeiros os fatos alegados pela autarquia
embargante na ausência de impugnação;

c) em havendo a concordância do exequente/impugnado com a conta de liquidação


apresentada em anexo, sejam adotadas as providências para a expedição da RPV, com vistas ao
pagamento do valor devido, nos termos do art. 535, §3º, do novo CPC;

d) inexistindo consenso/anuência do exequente/impugnado com a conta de liquidação do


julgado apresentada pela Autarquia Federal, REQUER a procedência desta impugnação, reconhecendo-
se como correto o valor apontado pela ora impugnante, com a redução do quantum debeatur ao
efetivamente devido de R$ 56.159,97, condenando a exequente/impugnada ao pagamento das despesas
processuais e dos honorários advocatícios, nos termos do art. 85, §§ 1º e 3º, do novo CPC.

Atribui-se à impugnação o valor de R$ 124.793,59, correspondentes à diferença apurada


do valor do crédito, objeto da presente impugnação.

Nesses termos, pede deferimento.

Brasília, 19 de fevereiro de 2021.

DANIEL SOUZA BRITTO


PROCURADOR FEDERAL

Documento assinado eletronicamente por DANIEL SOUZA BRITTO, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 580771925 no
endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): DANIEL SOUZA
BRITTO. Data e Hora: 19-02-2021 18:28. Número de Série: 17353605. Emissor: Autoridade Certificadora
SERPRORFBv5.

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