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Dr. João Eclair M.

Padilha

OAB/RS 29.349

Dra. Rayssa F. M. Padilha

OAB/RS 113.515

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO


JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE SÃO LEOPOLDO/RS

MAURO PEDROSO GARIBALDI, brasileiro, divorciado, aposentado, portador do


RG nº 6009856938, inscrito no CPF sob o nº 318.432.710-87 residente e domiciliado à Rua
Presidente Lucena, nº 45, Bairro Santos Dumont, no município de São Leopoldo/RS, CEP:
93120-050, por intermédio de seu procurador signatário com endereço que consta em
procuração juntada, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA - REVISIONAL DAS ATIVIDADES


CONCOMITANTES

(TEMA 1070 STJ)

Avenida João Corrêa, Sala 701. Centro. São Leopolodo. (51) 3509-1486 contatomouraepadilha@gmail.com
COM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

em face do INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, autarquia


federal, a qual deverá ser citada eletronicamente, pelas razões de fato e de direito que passa a
expor.

RESUMO DA AÇÃO

Pedido: Revisão das atividades concomitantes (STJ, Tema 1070)

Número do Benefício: NB 618287669-0

RMI original: R$ 2.443,78

RMI c/ revisão: R$ 2.504,08

Valor da causa: R$ 6.784,25

DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte autora não possui condições financeiras de arcar com as custas processuais sem
prejuízo para seu sustento e de sua família, razão pela qual requer a concessão dos benefícios
da Justiça Gratuita nos termos do art. 5º, inciso LXXIV, da CF/88 e nos arts. 98 e 99 do
CPC/15.

DOS FATOS E FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Por ocasião da concessão do benefício da parte autora (NB 618287669-0), com DIB em
19/04/2017, o cálculo da RMI (Renda Mensal Inicial) elaborado pelo INSS resultou em R$
2.443,78.

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Tal valor decorreu da aplicação da redação original do art. 32 da Lei 8.213/91, vigente
à época da DIB; assim, nos meses em que houve recolhimentos em razão do exercício de mais
de uma atividade concomitante, ao invés de somar seus valores, o INSS aplicou um
redutor sobre o salário de contribuição das atividades por ele consideradas como secundárias.

Essa metodologia de cálculo ostentava sentido lógico-jurídico até o advento da Lei


9.876/99 pois, até então, grosso modo, a RMI era calculada com base na média das últimas 36
contribuições. Assim, a redação original do art. 32 da Lei 8.213/91 tinha por objetivo evitar
que os segurados aumentassem subitamente os salários de contribuição nos meses que
antecediam a aposentadoria para elevarem exageradamente a RMI.

Essa limitação, todavia, passou a ser incompatível com a nova sistemática inaugurada
pela Lei 9.876/99; é que, a partir da sua vigência, o cálculo da RMI passou a considerar todos
os salários de contribuição do segurado desde 07/1994. Portanto, a partir de então não havia
mais qualquer necessidade de tentar evitar aumentos do valor do salário de contribuição nas
vésperas da aposentadoria, já que o PBC foi expandido para considerar todos os salários de
contribuição de 07/1994 em diante.

Tal incongruência normativa veio a ser posteriormente reconhecida pelo próprio


legislador reformador; com o advento da Lei n. 13.846 de 18/06/2019, a redação do art. 32 foi
corrigida para consignar expressamente a necessidade de soma dos salários de contribuição
das atividades concomitantes:

Art. 32. O salário de benefício do segurado que contribuir em razão de


atividades concomitantes será calculado com base na soma dos salários de
contribuição das atividades exercidas na data do requerimento ou do óbito, ou
no período básico de cálculo, observado o disposto no art. 29 desta Lei. (Redação
dada pela Lei nº 13.846, de 2019)

Contudo, embora a iniquidade tenha sido retificada a partir da Lei n. 13.846/2019, o


INSS apenas aplica a sistemática da soma dos salários de atividades concomitantes a partir do
advento da referida Lei (18/06/2019), de forma que todos os benefícios com DIB / DER
anteriores a tal data continuam com o cálculo sendo feito de forma equivocada, já que a
autarquia não reconhece a revogação tácita do art. 32 já desde o advento da Lei 9.876/99.

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A questão, porém, é pacífica e já foi uniformizada em sede judicial. Conforme
amplamente divulgado no meio jurídico, em maio/2022, no julgamento representativo de
controvérsia do Tema n. 1070, o STJ entendeu que a Lei 9.876/99 promoveu verdadeira
revogação tácita do art. 32 da Lei 8.213/91, de forma que os benefícios concedidos após o
advento da Lei 9.876/99 devem ter os valores dos recolhimentos concomitantes somados, sem
a aplicação de qualquer redutor.

Pela pertinência, transcrevemos o acórdão do e. STJ no referido julgamento:

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DA


CONTROVÉRSIA. TEMA 1.070. APOSENTADORIA NO RGPS.
EXERCÍCIO DE ATIVIDADES CONCOMITANTES. CÁLCULO DO
SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. SOMA DE TODOS OS SALÁRIOS-DE-
CONTRIBUIÇÃO VERTIDOS PELO SEGURADO EM SUAS
SIMULTÂNEAS ATIVIDADES. POSSIBILIDADE. EXEGESE DA LEI N.
9.876/99. INAPLICABILIDADE DOS INCISOS DO ART. 32 DA LEI
8.213/91 EM SUA REDAÇÃO ORIGINAL. 1. Segundo a redação original dos
incisos I, II e III do art. 32 da Lei 8.213/91, que tratavam do cálculo dos
benefícios previdenciários devidos no caso de atividades concomitantes, a soma
integral dos salários-de-contribuição, para fins de apuração do salário-de-
benefício, somente seria possível nas hipóteses em que o segurado reunisse todas
as condições para a individual concessão do benefício em cada uma das
atividades por ele exercida. 2. O espírito do referido art. 32 da Lei 8.213/91,
mormente no que tocava ao disposto em seus incisos II e III, era o de impedir
que, às vésperas de implementar os requisitos necessários à obtenção do
benefício, viesse o segurado a exercer uma segunda e simultânea atividade
laborativa para fins de obter uma renda mensal inicial mais vantajosa, já que
seriam considerados os últimos salários-de-contribuição no cômputo de seu
salário-de-benefício. 3. No entanto, a subsequente Lei 9.876/99 alterou a
metodologia do cálculo dos benefícios e passou a considerar todo o histórico
contributivo do segurado, com a ampliação do período básico de cálculo; a renda
mensal inicial, com isso, veio a refletir, de forma mais fiel, a contrapartida
financeira por ele suportada ao longo de sua vida produtiva, além de melhor
atender ao caráter retributivo do Regime Geral da Previdência Social. 4. A
substancial ampliação do período básico de cálculo - PBC, como promovida pela
Lei 9.876/99, possibilitou a compreensão de que, respeitado o teto previdenciário,
as contribuições vertidas no exercício de atividades concomitantes podem, sim,

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ser somadas para se estabelecer o efetivo e correto salário-de-benefício, não mais
existindo espaço para aplicação dos incisos do art. 32 da Lei 8.213/91,
garantindo-se, com isso, o pagamento de benefício que melhor retrate o histórico
contributivo do segurado. 5. Acórdão submetido ao regime dos arts. 1.036 e
seguintes do CPC/2015 e art. 256-I do RISTJ, com a fixação da seguinte TESE:
"Após o advento da Lei 9.876/99, e para fins de cálculo do benefício de
aposentadoria, no caso do exercício de atividades concomitantes pelo
segurado, o salário-de-contribuição deverá ser composto da soma de todas as
contribuições previdenciárias por ele vertidas ao sistema, respeitado o teto
previdenciário". 6. SOLUÇÃO DO CASO CONCRETO: hipótese em que a
pretensão do INSS vai na contramão do enunciado acima, por isso que seu
recurso especial resulta desprovido. (REsp n. 1.870.793/RS, relator Ministro
Sérgio Kukina, Primeira Seção, DJe de 24/5/2022.)

No caso concreto, é justamente o que ocorre com a parte autora: conforme cálculo em
anexo, já realizado de acordo com os ditames do referido julgamento, acaso o cálculo da RMI
seja refeito com a soma simples dos salários de contribuição concomitantes, chega-se numa
RMI de R$ 2.504,08, razão pela qual propõe-se a presente ação revisional.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, a parte autora pugna pela CONDENAÇÃO do INSS na obrigação
de fazer, consubstanciada na revisão da RMI do benefício NB 618287669-0 para R$ 2.504,08,
a qual foi majorada, conforme cálculo em anexo, em razão da soma simples dos salários de
contribuição concomitantes, bem como na CONDENAÇÃO do INSS na obrigação de pagar
as diferenças devidas desde a DIB do benefício até a data da efetiva implantação da revisão,
devidamente atualizadas pelo manual de cálculos da Justiça Federal e do Tema 810 do STF
por ocasião do cumprimento de sentença.

DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA

Nos termos do art. 311 do CPC:

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Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da
demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando: (...)

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente


e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante;

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

Destarte, considerando que o direito à revisão já foi reconhecido pelo e. STJ em sede de
recurso repetitivo, pugna-se pela concessão de antecipação dos efeitos da tutela nos termos do
art. 311, inc. II do CPC, para os fins de determinar ao INSS que revise o benefício da parte
autora, nos moldes aqui requeridos, sob pena de cominação de multa diária.

DOS REQUERIMENTOS

Nos termos do art. 22, §4º do Estatuto da OAB (Lei nº 8.906/94), pugna-se pelo
destaque dos honorários contratuais conforme contrato juntado à presente.

A parte autora informa inexistir interesse em audiência de conciliação, sobretudo por se


tratar de matéria de direito e ante a notória impossibilidade de acordo em questões como a
presente por parte do INSS.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se a causa o valor de R$ 6.784,25 (valores para 08/2023), equivalente aos valores
vencidos até o ajuizamento da ação somados às 12 parcelas vincendas, conforme planilha em
anexo.

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Nestes termos,

Pede deferimento.

SÃO LEOPOLDO/RS, 09 de Agosto de 2023.

Rayssa F. Maggio Padilha João Eclair M.Padilha

OAB/RS 113.515 OAB/RS 29.349

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