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Dr.

Cristiano de Souza
OAB/SC 18770
Direito Civil - Direito Previdenciário - Direito Bancário - Direito Trabalhista - Direito Criminal

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL


PREVIDENCIÁRIO DA CIRCUNSCRIÇÃO DE LAGUNA - SEÇÃO JUDICIARIA
DO ESTADO DE SANTA CATARINA.

TESE: APLICAÇÃO DO ARTIGO 29,


29 § 5º DA LEI 8.213/91 (INVALIDEZ)
(SÚMULA 09 DA TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA)

ADRIANO LIMAS LEONARDO, brasileiro, solteiro,


aposentado, inscrito no CPF sob o nº 000.065.559-77,
residente e domiciliado na Rua Leandro Cripa, nº 86 (fundos)
Magalhães, nesta cidade de Laguna/SC, residente e
domiciliado na Estrada Geral de Caputera, nesta cidade de
Laguna/SC, vem com fulcro no artigo 29 da lei 8.213/91, por
meio de seu advogado infra-assinado, com escritório
profissional situado na Rua Coronel Fernandes Martins, 155,
Centro, Laguna/SC - CEP 88790-000 Fone/Fax (48) 36460156,
onde recebe intimações e notificações propor:

AÇÃO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO,

contra o INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL –


INSS, entidade autárquica, estabelecida na Rua Raulino Horn,
140 Centro - Laguna - SC - CEP: 88790-000, face os seguintes
fatos e fundamentos:
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DOS FATOS

A parte Autora é detentora do benefício nº 136.898.569-3, com


APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, espécie 32, com Data de Início de
Benefício - DIB em 08/02/2006, sendo que referido benefício foi precedido de
auxílio doença, conforme constata-se da documentação em anexo.

Por seu turno, o Instituto Nacional de Seguro Social – INSS é Autarquia


Federal, instituída pela lei n°8029/90, responsável pela arrecadação das
contribuições sociais e pela concessão e manutenção de benefícios
previdenciários de trabalhadores urbanos e rurais.

Quando do cálculo da renda mensal inicial da aposentadoria por


invalidez, a Autarquia-RÉ limitou-se a alterar o coeficiente da RMI de 91% para
100% do salário- de -beneficio que serviu de base para o cálculo mensal inicial de
auxílio - doença.

Este procedimento, porém, previsto no artigo 36, §7°, do Decreto n°


3.048/99, extrapola os limites de regulamentação da LBPS, posto que viola
disposições expressas da Lei n°8.213/91.

Em análise sistemática da legislação aplicável à espécie, encontramos o


seguinte:

Dispõe o artigo 44, da lei 8.213/91 que

“a aposentadoria por invalidez, inclusive a decorrente de acidente do


trabalho, consistirá numa renda mensal correspondente a 100% (cem
por cento) do salário-de-benefício, observado o disposto na Seção
III, especialmente no art.33 desta lei”.

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Por seu turno, o salário-de-benefício é calculado conforme as


disposições do artigo 28 e seguinte da lei 8.213/91.
No caso da aposentadoria por invalidez, consiste “na média aritmética
simples dos maiores salários-de-contribuição correspondente a oitenta por cento
de todo o período contributivo”, ex vi dos artigos 29, inciso II c/c 18, inciso I, letra
“a”, da lei 8.213/91.

E o §5°, do citado artigo 29, da lei 8.213/91, estabelece expressamente


que:

“§5°. Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido


benefícios por incapacidade, sua duração será contada,
considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-
de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal ,
reajustado na mesmas épocas e bases do benefício em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo”. (grifamos e
destacamos).

Assim, após esta breve análise, podemos facilmente constatar que, ao


adotar procedimento diferente daquele traçado pelo comando legal supra para o
cálculo da aposentadoria por invalidez, o INSS provocou prejuízo financeiro ao
Autor, que vem se perpetuando ao longo dos anos e que deve ser agora
reparado, com o recálculo da RMI utilizando a regra contida no artigo, 29,§5°, da
lei 8.213/91.

Nesse sentido, colaciona-se importante lição extraída de decisão da e.


Turma Recursal da Seção Judiciária de Santa Catarina, em que foi Relatora a e.
Juíza Federal ELIANA PAGGIARIN MARINHO:

“Analisando o dispositivo legal acima transcrito (Lei n° 8.213/91),


infiro que o procedimento adotado pelo INSS não se mostra legítimo,
tendo o Decreto n° 3.048/99 extrapolado os limites de
regulamentação da LBPS. De fato, ausente exceção traçada pela
própria Lei, improcede o argumento de que a regra do artigo 29, § 5º
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da Lei n° 8.213/91, tem aplicação somente para o cálculo das demais


espécies de benefícios (exceto aposentadoria por invalidez).
Destaco, a propósito, que um ou outro procedimentos não gerariam
resultados diversos tivesse a lei n° 8.213/91 sido mantida na sua
redação original, onde o mesmo índice que atualizava salários-de-
contribuição para fins de cálculo de salário-de-benefício também
servia para a majoração dos benefícios em manutenção. Na época, a
sistemática traçada pelo Decreto regulamentador da LBPS era mais
prática e nenhum prejuízo causava ao segurado. Toda via a partir do
momento em que os índices passaram ser diferenciados, mostra-se
necessário o cálculo de salário-de-benefício, tal como estabelece o
artigo 29, § 5°, da Lei n° 8.213/91, sob pena de perpetuar-se no novo
benefício (aposentadoria por invalidez) defasagem presente naquele
extinto (auxílio-doença). Concluo, pois, que a sistemática de cálculo
da RMI da aposentadoria por invalidez utilizada pelo INSS e
disciplinada no artigo 36, § 7°, do Decreto n° 3.048/99 (mera
majoração do coeficiente), contraria o disposto no artigo 29, § 5°, da
Lei n° 8.213/91. A situação, esclareço, é diferente daquela relativa ao
deferimento de pensão, para a qual a própria lei estabelece que o
benefício corresponderá a percentual aplicado sobre o valor do
benefício que o segurado recebia ou teria direito a receber quanto do
óbito. Assim, faz jus a parte Autora à revisão de sua aposentadoria
por invalidez, a fim de que seja calculado um novo salário-de-
benefício (salário-de-contribuição imediatamente anteriores à
DIB/DER, considerando-se, se for o caso, como tal o salário-de-
benefício do auxilio- doença,devidamente reajustado).” 1

No mesmo norte, decisão de lavra do e. Desembargador federal


AFONSO BRUM VAZ, do Tribunal Regional Federal da 4° região:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PRECEDIDA


DE AUXÍLIO – DOENÇA. CÁLCULO DA RMI. INCLUSÃO DO
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO DO MÊS DO AFASTAMENTO.
IMPOSSIBILIDADE.
- Consoante o art.29, § 5°, da Lei n° 8.213/91, em caso de
recebimento, no período básico de cálculo, de benefício por
incapacidade, considerar-se-á salário-de-contribuição, no período, o
salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda
mensal.” 2

No caso concreto, como houve recebimento de auxílio-doença durante o


período básico de cálculo (PBC), deve ser considerado como salário-de-
1
Processo n° 2004.72.95.003073-9- Recorrente: Dionísio Loch e Recorrido: INSS,j. em 19/08/2004.
2
AC n° 1999.71.12.000255-3/RS, r. Des. Federal Paulo Afonso Brum Vaz, publicado no DJU em 02/04/03, p. 728.
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contribuição, no período em que esteve recebendo o auxílio-doença, o salário-de-


benefício do referido benefício, devidamente corrigido nas épocas próprias,
conforme preceitua a Lei 8.213/91, em seu art. 29, §5°, devendo ser, pois,
observada, a seguinte sistemática de cálculo:

1 - Atualização de todos os salários-de-contribuição desde o início


da concessão;
2 - verificação de quais são os 80% maiores salários;
3 - extração da média dos 80% maiores salários.

O direito da parte autora já foi reconhecido pela Turma Recursal de


Santa Catarina, que editou a Súmula 09, verbis:

Na fixação da renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez


precedida de auxílio-doença deve-se apurar o salário-de-benefício na forma
do artigo 29, § 5º, da Lei nº 8.213/91.

ISTO POSTO, requer se digne Vossa Excelência:

a) Determinar a citação do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO


SOCIAL (INSS), pessoa jurídica de direito público, sob a forma de Autarquia
Federal, na pessoa de seu representante legal, para, querendo, contestar o
presente feito, no prazo legal, sob pena de revelia, bem como que junte aos
presentes autos todos os elementos necessários para o prosseguimento do
feito, uma vez que referidos documentos se encontram sob o seu poder.

b) Julgar procedente a presente ação, condenado o INSS a revisar o


valor da Renda Mensal Inicial (RMI) da aposentadoria por invalidez, objeto da
presente ação, realizada o cálculo do salário-de-benefício na forma preconizada
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pelo artigo 29, §5°, da Lei 8.213/91; implantando-se as diferenças encontradas


nas parcelas vincendas, em prazo a ser estabelecida por Vossa Excelência, sob
pena de cominação de multa diária;

c) Condenar o INSS ao pagamento das diferenças verificadas pelo novo


cálculo da RMI (respeitada a prescrição qüinqüenal), acrescidas de correção
monetária a partir do vencimento de cada prestação até a efetiva liquidação,
adotando-se os critérios da Lei n.° 6.899/81 c/c a lei 8.213/91, mais juros de mora
de 12%, ao ano ( Súmula n° 02 da TRSC ), a contar da citação;

d) A condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios na


base de 20% (vinte por cento) sobre as parcelas vencidas e as vincendas,
apuradas em liquidação, caso haja recurso, conforme dispõe o art. 55 da Lei n.°
9.009/95;

e) Considerando ainda que a questão de mérito é unicamente de direito,


requer o autor o julgamento antecipado da lide, conforme dispõe o art. 330, I,
do Código de Processo Civil.

f) Se assim não entender Vossa Excelência, requer a produção de todos


os meios de prova em direito admitidos, requerendo desde já a apresentação
pelo INSS do Processo de Concessão de Benefício da parte Autora, para
posterior remessa dos autos à Contadoria Judicial para apuração dos valores
devidos ao mesmo, caso os documentos ora anexados sejam insuficientes à
elaboração do cálculo pretendido.

g) Requer também, a parte Autora, na condição de aposentado(a) e


pobre, na acepção jurídica de termo e, portanto, sem condições de arcar com as

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despesas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família, que lhe
seja concedido o BENEFÍCIO DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA, na forma do artigo
4°, da Lei 1.060/50, com a redação imposta pela Lei 7.510/86, e artigos 128,Lei
8.213/91.

h) Requer, por derradeiro e desde já, a juntada da cópia do contrato


de honorários advocatícios para que, quando do pagamento sejam estes
descontados e depositados em conta vinculada este juízo em nome de
CRISTIANO DE SOUZA.

Diante da impossibilidade de valorar precisamente a causa, dá-se


provisoriamente o valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), apenas para efeitos
fiscais.

Nestes termos
Espera deferimento

Laguna, 24 de maio de 2023.

CRISTIANO DE SOUZA
OAB/SC 18770

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