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MANUAL DE DIREITO
PREVIDENCIÁRIO
8a edição
Revista, ampliada
e atualizada
2023
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SEGURO-DESEMPREGO
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Cf. Súmula 389 do TST: “Seguro-desemprego. Competência da Justiça do Trabalho. Direito à
indenização por não liberação de guias. I – Inscreve-se na competência material da Justiça do
Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não forne-
cimento das guias do seguro-desemprego. II – O não fornecimento pelo empregador da guia
necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização”.
7.3. CUSTEIO
Quanto ao custeio da prestação em estudo, o art. 239 da Constituição
da República prevê que a arrecadação decorrente das contribuições para o
Programa de Integração Social (PIS), criado pela Lei Complementar 7/1970,
e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP),
criado pela Lei Complementar 8/1970, passa, a partir da promulgação da
Constituição (05.10.1988), a financiar, nos termos que a lei dispuser, o pro-
grama do seguro-desemprego, outras ações da Previdência Social e o chamado
abono do PIS/PASEP, previsto no § 3º do mesmo dispositivo constitucional.
Dos recursos mencionados no caput do art. 239 da Constituição Federal
de 1988, no mínimo 28% devem ser destinados para o financiamento de
programas de desenvolvimento econômico, por meio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social, com critérios de remuneração que
preservem o seu valor (art. 239, § 1º, da Constituição Federal de 1988, com
redação dada pela Emenda Constitucional 103/2019).
Os programas de desenvolvimento econômico financiados na forma do
§ 1º do art. 239 da Constituição da República e seus resultados devem ser
anualmente avaliados e divulgados em meio de comunicação social eletrô-
nico e apresentados em reunião da comissão mista permanente de que trata
o § 1º do art. 166 da Constituição Federal de 1988, ou seja, da Comissão
mista permanente de Senadores e Deputados (art. 239, § 5º, da Constituição
da República, incluído pela Emenda Constitucional 103/2019).
Os patrimônios acumulados do Programa de Integração Social e do
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público são preservados,
mantendo-se os critérios de saque nas situações previstas nas leis específi-
cas, com exceção da retirada por motivo de casamento, ficando vedada a
distribuição da arrecadação de que trata o art. 239, caput, da Constituição
Federal de 1988, para depósito nas contas individuais dos participantes (art.
239, § 2º, da Constituição da República).
Aos empregados que percebam de empregadores que contribuem para o
Programa de Integração Social ou para o Programa de Formação do Patrimô-
nio do Servidor Público até dois salários mínimos de remuneração mensal,
é assegurado o pagamento de um salário mínimo anual, computado neste
valor o rendimento das contas individuais, no caso daqueles que já partici-
pavam dos referidos programas, até a data da promulgação da Constituição
da República (art. 239, § 3º, da Constituição Federal de 1988). Trata-se do
chamado abono do PIS/PASEP.
O financiamento do seguro-desemprego deve receber uma contribuição
adicional da empresa cujo índice de rotatividade da força de trabalho superar
7.4. BENEFICIÁRIOS
7.5. OBJETIVOS
A Lei 7.998/1990 regula o programa do seguro-desemprego e o abono
de que tratam o art. 7º, inciso II, o art. 201, inciso IV, e o art. 239 da
Constituição Federal de 1988, bem como institui o Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT).
O programa do seguro-desemprego tem por finalidade:
I – prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado
em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e ao trabalhador
comprovadamente resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição
análoga à de escravo (art. 2º da Lei 7.998/1990).
O seguro-desemprego, assim, é devido no caso de desemprego involun-
tário decorrente de dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado.
A dispensa indireta é prevista essencialmente no art. 483 da Consolidação
das Leis do Trabalho, ao versar sobre os casos de justa causa do empregador.
Nos contratos de trabalho por prazo determinado em que o emprega-
dor, sem justa causa, despedir o empregado (art. 479 da CLT), havendo
desemprego involuntário, o seguro-desemprego é devido, se preenchidos os
requisitos legais.
Da mesma forma, nos casos de extinção do contrato de trabalho por
motivo de força maior (art. 502 da CLT) e em razão da cessação da atividade
da empresa, por morte do empregador pessoa física (art. 485 da CLT), por
se equipararem à dispensa sem justa causa e haver desemprego involuntário,
pode-se dizer que também é devido o seguro-desemprego quando presentes
os seus requisitos.
Entretanto, a demissão voluntária pelo próprio empregado, o término
do contrato de trabalho a prazo certo, a despedida por justa causa (art.
483 da CLT) e por culpa recíproca (art. 484 da CLT) não geram direito ao
seguro-desemprego.
A extinção do contrato por acordo entre empregado e empregador não
autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego (art. 484-A, § 2º,
da CLT).
Entende-se que a adesão aos planos de demissão voluntária ou similar
também não confere direito ao benefício do seguro-desemprego, por não
caracterizar despedida involuntária.
O art. 149 do Código Penal prevê o crime de redução a condição aná-
loga à de escravo.
O prazo limite de cinco meses, fixado no art. 476-A da CLT, pode ser
prorrogado mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho e aquies-
cência formal do empregado, desde que o empregador arque com o ônus
correspondente ao valor da bolsa de qualificação profissional, no respectivo
período (art. 476-A, § 7º, da CLT).
A periodicidade, os valores, o cálculo do número de parcelas e os de-
mais procedimentos operacionais de pagamento da bolsa de qualificação
profissional, nos termos do art. 2º-A da Lei 7.998/1990, bem como os
pré-requisitos para habilitação, serão os mesmos adotados em relação ao
benefício do seguro-desemprego, exceto quanto à dispensa sem justa causa
(art. 3º-A da Lei 7.998/1990).
7.6. REQUISITOS
Tem direito à percepção do seguro-desemprego o trabalhador dispensado
sem justa causa que comprove:
I – ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela
equiparada, relativos a:
a) pelo menos 12 meses nos últimos 18 meses imediatamente anteriores
à data de dispensa, quando da primeira solicitação;
b) pelo menos 9 meses nos últimos 12 meses imediatamente anteriores
à data de dispensa, quando da segunda solicitação; e
c) cada um dos 6 meses imediatamente anteriores à data de dispensa,
quando das demais solicitações;
Deve-se registrar que, em razão da elevada rotatividade no emprego que
se observa no Brasil, essa exigência de duração mais longa do contrato de
trabalho, principalmente para as primeiras solicitações, pode deixar consi-
derável número de pessoas que foram injustamente despedidas sem acesso
ao seguro-desemprego, embora necessitem do benefício até mesmo para
a sobrevivência, ou seja, sem qualquer proteção social, o que afrontaria a
dignidade da pessoa humana.
Isso pode resultar na violação do direito social, de natureza fundamental,
à proteção do trabalhador em situação de desemprego involuntário, exigida
pelos arts. 7º, inciso II, e 201, inciso III, da Constituição da República.
O inciso II do art. 3º da Lei 7.998/1990 foi revogado pela Lei 13.134/2015.
III – não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de pres-
tação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência
Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na
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ASSISTÊNCIA SOCIAL
da proteção e garantia das pessoas com deficiência (art. 23, inciso II, da
Constituição Federal de 1988).
Assim, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar con-
correntemente sobre proteção e integração social das pessoas com deficiência
(art. 24, inciso XIV, da Constituição da República). No âmbito da legislação
concorrente, a competência da União deve se limitar a estabelecer normas
gerais. Portanto, a competência da União para legislar sobre normas gerais
não exclui a competência suplementar dos Estados.
Além disso, compete aos Municípios legislar sobre assuntos de interesse
local, como é o caso da assistência social, bem como suplementar a legislação
federal e a estadual no que couber (art. 30, incisos I e II, da Constituição
Federal de 1988).
12.3. CONCEITO
12.4. PRINCÍPIOS
12.5. OBJETIVOS
12.6. CUSTEIO
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“Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majo-
rado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5º do art. 195
da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17. § 1º É dispensada da compensação
referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de: I – concessão de benefício a quem
satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente; II – expansão quantitativa
12.7. DIRETRIZES
As ações governamentais na área da Assistência Social devem ser orga-
nizadas com base nas seguintes diretrizes:
I – descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as
normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos
programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes
e de assistência social;
A descentralização política e administrativa da Assistência Social ocorre
de forma organizada, integrada e harmônica.
Desse modo, é atribuição da União a coordenação das ações e prestações
assistenciais.
A execução dos programas de Assistência Social fica a cargo dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, bem como das entidades beneficentes e
de assistência social, que atuam de forma complementar no referido sistema.
II – participação da população, por meio de organizações representativas,
na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis (art.
204 da Constituição da República).