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E, por fim, não menos importante citar a inserção

do empregado doméstico na obtenção do direito de reque-


rer tal benefício, conforme artigo 26 da Lei Complementar
150/15, in verbis:

"Art. 26. O empregado doméstico que for dispen-


sado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-de-
semprego, na forma da Lei no 7.998, de 11 de janeiro de
1990, no valor de 1 (um) salário-mínimo, por período má-
ximo de 3 (três) meses, de forma contínua ou alternada."

4.3. A Lei n.º 7.998, de 1990

A Lei n.º 7.998/90, com importantes alterações da-


das especialmente pela Lei n.º 13.134/15, regula o Progra-
ma do Seguro-Desemprego e do Abono Salarial, instituin-
do o Fundo de Amparo ao Trabalhador, o qual seguindo
a intenção do legislador possui duas finalidades precípuas:
custear o seguro-desemprego e o abono anual; e fomentar
programas desenvolvimentistas de cunho econômico, de
onde se depreende uma intersecção notória entre a política
social e a política econômica, a qual tomou vulto grandioso
nos tempos atuais.
Tem como natureza jurídica a prestação previden-
ciária na modalidade denominada “benefício”, median-
te pagamento pecuniário, e “serviço”, por intermédio de
qualificação profissional e intermediação de mão de obra,

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conforme previsto no artigo 201, II, da Carta Magna Bra-
sileira, sendo que o pagamento não é realizado diretamente
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas sim
pela Caixa Econômica Federal, mediante disponibilidade de
recursos oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador.
Essa é a estrutura mínima organizacional para compreensão
dos trâmites financeiros, para que o benefício do seguro-
-desemprego possa ser disponibilizado ao trabalhador que
se enquadrar no critério da involuntariedade.
Já, o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)
possui natureza financeiro-contábil, vinculado ao Ministé-
rio do Trabalho e Emprego (MTE), destinado ao custeio
do Programa Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e
dos programas de desenvolvimento econômico, tendo por
principal fonte de renda a contribuição realizada para o
Programa de Integração Social (PIS), criado pela Lei Com-
plementar n.º 07, de 07 de setembro de 1970, e para o Pro-
grama de Formação do Patrimônio do Servidor Público
(PASEP), instituído pela Lei Complementar n.º 08, de 03
de setembro de 1970.
Cabe aqui nos reportar ao que dispõe o artigo 239
da Constituição Federal:

Artigo 239. A arrecadação decorrente das con-


tribuições para o Programa de Integração Social, criado
pela Lei Complementar n.º 07, de 07 de setembro de
1990, e para o Programa de Formação do Patrimônio
do Servidor Público, criado pela Lei Complementar n.º

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08, de 03 de dezembro de 1970, passa, a partir da pro-
mulgação desta Constituição, a financiar, nos termos
que a lei dispuser o programa do seguro-desemprego e
o abono de que trata o § 3.º deste artigo.
§ 1º. Dos recursos mencionados no “caput” des-
te artigo, pelo menos quarenta por cento serão destina-
dos a financiar programas de desenvolvimento econô-
mico, através do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social, com critérios de remuneração que
lhes preservem o valor.
§ 2º. Os patrimônios acumulados do Programa
de Integração Social e do Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público são preservados, man-
tendo-se os critérios de saque nas situações previstas
nas leis específicas, com exceção da retirada por motivo
de casamento, ficando vedada a distribuição da arreca-
dação de que trata o “caput” deste artigo, para depósito
nas contas individuais dos participantes.
§ 3º. Aos empregados que percebam de empre-
gadores que contribuem para o Programa de Integra-
ção Social ou para o Programa de Formação do Patri-
mônio do Servidor Público, até dois salários mínimos
de remuneração mensal, é assegurado o pagamento de
um salário mínimo anual, computado neste valor o ren-
dimento das contas individuais, no caso daqueles que
já participavam dos referidos programas, até a data da
promulgação desta Constituição.
§ 4º. O financiamento do seguro-desemprego

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receberá uma contribuição adicional da empresa cujo
índice de rotatividade da força de trabalho superar o
índice médio da rotatividade do setor, na forma esta-
belecida por lei.

Isso significa que, a partir do dia 05 de outubro


de 1988, quando foi promulgada a Constituição Federal
Brasileira, os recursos provenientes da arrecadação do PIS
e do PASEP foram destinados ao custeio do Programa
do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e, pelo menos
quarenta por cento de sua verba, ao financiamento de Pro-
gramas de Desenvolvimento Econômico, sendo que estes
últimos a cargo do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), valendo ressalvar que as
cotas individuais do Fundo de Participação PIS-PASEP
foram mantidas como direito adquirido.
O artigo 239, em seu parágrafo quarto, dispõe
que o financiamento do seguro-desemprego receberá uma
contribuição adicional da empresa cujo índice de rotativi-
dade da força de trabalho superará o índice médio da rota-
tividade do setor, na forma estabelecida por lei, porém até
o presente momento, esse dispositivo não fora regulamen-
tado e, portanto, não pode ser considerado válido.

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4.4. O Programa do Seguro-Desemprego

São basilares para o Programa do Seguro- Desem-


prego e, por consequência, para as políticas de emprego
em território nacional:

a) Benefício do seguro-desemprego, pelo qual


se promove a assistência financeira temporária ao traba-
lhador desempregado e ao trabalhador comprovadamente
resgatado de regime de trabalho forçado e ou escravo, em
virtude de dispensa sem justa causa da empresa.
b) Intermediação de mão de obra, de onde se
busca a recolocação do trabalhador no mercado, de forma
célere e primando a redução de custos de tempo de espera,
tanto à pessoa física quanto à pessoa jurídica envolvida na
relação.
c) Qualificação profissional, de onde se visa ca-
pacitar trabalhadores e elevar sua condição de empregabi-
lidade, contribuindo para sua inserção e reinserção profis-
sional.

Nesse diapasão, temos que as ações do Programa


Seguro-Desemprego são executadas por meio do Sistema
Nacional de Emprego (SNE), composto por agências pri-
vadas ligadas às entidades sindicais e entidades contratadas
pelos órgãos estaduais do trabalho, além de outras parcerias
com sistemas de educação profissional como: Sesi, Senai,
Senac, universidades, sindicatos representantes de classes de

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trabalhadores, dentre outros, contando com a participação
das Comissões de Empregos locais, se houver.
De acordo com o artigo 3º da Lei n.º 7.998/90, tem
direito a perceber o benefício do seguro-desemprego o tra-
balhador dispensado sem justa causa, mesmo que de modo
indireto, que comprove:
I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de
pessoa física a ela equiparada, relativos a: (Redação dada pela
Lei nº 13.134, de 2015)
a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos
18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à data
de dispensa, quando da primeira solicitação; (Incluído
pela Lei nº 13.134, de 2015)
b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos
12 (doze) meses imediatamente anteriores à data de
dispensa, quando da segunda solicitação; e (Incluído
pela Lei nº 13.134, de 2015)
c) cada um dos 6 (seis) meses imediata-
mente anteriores à data de dispensa, quando das
demais solicitações; (Incluído pela Lei nº 13.134, de
2015)

II - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.134, de


2015)
III - não estar em gozo de qualquer benefício pre-
videnciário de prestação continuada, previsto no Regula-
mento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o
auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº

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6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de
permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de
junho de 1973;
IV - não estar em gozo do auxílio-desemprego; e
V - não possuir renda própria de qualquer natureza
suficiente à sua manutenção e de sua família.

Adequado informar que, pelo Decreto n.º 3.000,


de 26 de março de 1999, estabelece-se a equiparação da
pessoa física à pessoa jurídica, conforme disposto no arti-
go 150, II, para os fins de contribuição previdenciária:
Artigo 150. As empresas individuais, para os
efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pesso-
as jurídicas (Decreto-Lei n.º 1.706, de 23 de outubro de
1979, artigo 2.º).
§ 1º. São empresas individuais:
(...)
II – As pessoas físicas que, em nome individual,
explorem. Habitual e profissionalmente, qualquer ati-
vidade econômica de natureza civil e comercial, com o
fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros
de bens e serviços.
(...)
§ 2º. O disposto no inciso II do parágrafo ante-
rior não se aplica às pessoas físicas que, individualmen-
te, exerçam as profissões ou explorem as atividades de:
I – Médico, engenheiro, advogado, dentista, ve-
terinário, professor, economista, contador, jornalista,

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pintor, escritor, escultor e outras que lhes possam ser
assemelhadas;
II – Profissões, ocupações e prestação de servi-
ços não comerciais;
III – Agentes, representantes e outras pessoas
sem vínculo empregatício que, tomando parte em atos
de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta pró-
pria;
IV – Serventuários da justiça, como tabeliães,
notários, oficiais públicos e outros;
V – Corretores, leiloeiros e despachantes, seus
prepostos e adjuntos;
VI – Exploração individual de contratos de
empreitada unicamente de lavor, qualquer que seja a
natureza, quer se tratem de trabalhos arquitetônicos,
topográficos, terraplanagem, construções de alvenaria
e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pú-
blica, tanto de estudos quanto de construções;
VII – Exploração de obras artísticas, didáticas,
científicas, urbanísticas, projetos técnicos de construção,
instalações ou equipamentos, salvo quando não explora-
dos diretamente pelo autor ou criador do bem ou da obra.

O seguro-desemprego é benefício previdenciário as-


segurado no artigo 7.º, inciso II, da Constituição Federal, sen-
do que tem direito ao benefício o empregado contratado pelo
regime da Consolidação das Leis do Trabalho; o empregado

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temporário; o avulso que trabalha por meio de entidade de
classe; o pescador profissional que exerça atividade de forma
artesanal ou em regime de economia familiar; o empregado
doméstico, desde que o empregador tenha optado pelo reco-
lhimento ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT),
em sua Convenção n.º 102, artigo 24, item 03, disciplina,
porém, que há um tempo de espera de sete dias para que o
cidadão tenha acesso ao benefício do seguro-desemprego:

“Artigo 24. 03. A prestação não poderá ser paga


por um período de espera fixado nos sete primeiros
dias em cada caso de suspensão de vencimentos, con-
tando como parte de um mesmo período de suspensão
de vencimentos os dias de desemprego anterior e pos-
terior de um emprego temporário que não exceda uma
duração prescrita (La prestaciónpodrá no ser pagada
por un período de espera fijado em los siete primeros
dias en cada caso de suspensión de ganancias, contando
como parte delmismo caso de suspensión de ganancias
los dias de desempleo antes y después de unempleo
temporal que no exceda de una duración prescrito)”.

Para tais fins, considera-se o hiato temporal para


que o mesmo busque recolocação no mercado de traba-
lho, porém não tão extenso a ponto de prejudicar a sua
própria subsistência e a de sua família, por isso deve ser

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disponibilizado a partir do oitavo dia após o desemprego
involuntário.

4.5. O Direito de Fruição

A assistência financeira é concedida de acordo com


os critérios estipulados no artigo 4º da Lei n.º 7.998/90,
contendo as robustas inclusões dadas pela Lei 13.134/15,
e que é disponibilizada pelo Ministério de Estado do Tra-
balho e Emprego vinculado à Presidência da República,
conforme segue:

“Art. 4º O benefício do seguro-desemprego será


concedido ao trabalhador desempregado, por período
máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma
contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, conta-
dos da data de dispensa que deu origem à última habili-
tação, cuja duração será definida pelo Conselho Delibe-
rativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).
(Redação dada pela Lei nº 13.134, de 2015)
§ 1º O benefício do seguro-desemprego poderá
ser retomado a cada novo período aquisitivo, satisfeitas
as condições arroladas nos incisos I, III, IV e V do ca-
put do art. 3o. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
§ 2º A determinação do período máximo mencio-
nado no caput observará a seguinte relação entre o núme-
ro de parcelas mensais do benefício do seguro-desempre-

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go e o tempo de serviço do trabalhador nos 36 (trinta e
seis) meses que antecederem a data de dispensa que

I - para a primeira solicitação: (Incluído pela Lei nº


13.134, de 2015)
a) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses
e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de
referência; ou (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
b) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e qua-
tro) meses, no período de referência; (Incluído pela Lei
nº 13.134, de 2015)

II - para a segunda solicitação: (Incluído pela Lei nº


13.134, de 2015)
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar
vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa fí-
sica a ela equiparada de, no mínimo, 9 (nove) meses e,
no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
(Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses
e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de
referência; ou (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)

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c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e qua-
tro) meses, no período de referência; (Incluído pela Lei nº
13.134, de 2015)

III - a partir da terceira solicitação: (Incluído pela


Lei nº 13.134, de 2015)
a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar
vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa fí-
sica a ela equiparada de, no mínimo, 6 (seis) meses e,
no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;
(Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses
e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de
referência; ou (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador compro-
var vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa
física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e qua-
tro) meses, no período de referência. (Incluído pela Lei nº
13.134, de 2015)

§ 3º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias


de trabalho será havida como mês integral para os efei-
tos do § 2º. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
§ 4º Nos casos em que o cálculo da parcela do

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seguro-desemprego resultar em valores decimais, o va-
lor a ser pago deverá ser arredondado para a unidade
inteira imediatamente superior. (Incluído pela Lei nº
13.134, de 2015)
§ 5º O período máximo de que trata o caput po-
derá ser excepcionalmente prolongado por até 2 (dois)
meses, para grupos específicos de segurados, a critério
do Codefat, desde que o gasto adicional representado
por esse prolongamento não ultrapasse, em cada se-
mestre, 10% (dez por cento) do montante da reserva
mínima de liquidez de que trata o § 2º do art. 9º da Lei
no 8.019, de 11 de abril de 1990. (Incluído pela Lei nº
13.134, de 2015)
§ 6º Na hipótese de prolongamento do período
máximo de percepção do benefício do seguro-desempre-
go, o Codefat observará, entre outras variáveis, a evolução
geográfica e setorial das taxas de desemprego no País e
o tempo médio de desemprego de grupos específicos de
trabalhadores. (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)
§ 7º O Codefat observará as estatísticas do mer-
cado de trabalho, inclusive o tempo médio de perma-
nência no emprego, por setor, e recomendará ao Mi-
nistro de Estado do Trabalho e Emprego a adoção de
políticas públicas que julgar adequadas à mitigação da
alta rotatividade no emprego. (Incluído pela Lei nº
13.134, de 2015)."

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