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ERA/RS
IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO
I – SUSPENSÃO DO FEITO
Não subsiste o pedido de suspensão, tendo em vista que no caso concreto o mérito
refere-se a forma de cálculo da RMI quando a incapacidade permamente para o trabalho restou
fixada em data anterior à vigência da EC 103/2019, o que a priori, discute-se na seara
infraconstitucional.
Desta forma, não merece prosperar o pedido de suspensão processual requerida pelo
INSS.
No caso concreto é totalmente inaplicável a regra contida no § 2º, III, do art. 26, da
EC 103/201, como pretende o INSS na sua irresignação, isso porque a situação fática noticiada
na inicial dá conta que o expert judicial (LAUDO5, do evento1) fixou data da incapacidade
permanente em 18.02.2019, sendo que a sentença do processo nº. xxxxxx-xx.2022.4.04.xxxx/RS
da 2ª Vara do JEF de Nova Era/RS, julgou procedente a demanda, para a implantação da
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Ademais, quando o STF, em sede de repercussão geral, julgou o TEMA 334 (RE
630.501), assegurou a concessão do benefício mais vantajoso aos segurados.
previdenciário, após a sua conversão, não pode ser reduzido, sob pena de afronta ao artigo 194,
parágrafo único, inciso IV, da Constituição Federal de 1988:
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RECURSO CÍVEL Nº 5000317-33.2021.4.04.7111/RS, RELATOR: JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA
ROCHA, data julgamento: 28 de janeiro de 2022
PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO DOENÇA EM APOSENTADORIA
POR INCAPACIDADE PERMANENTE APÓS A ENTRADA EM VIGOR DA
EC103/2019. VALOR NOMINAL DO BENEFÍCIO NÃO PODE SER REDUZIDO SOB
PENA DE AFRONTA AO PRINCIPIO DA IRREDUTIBILIDADE E DA
PROPORCIONALIDADE. 1. Hipótese em que o segurado teve transformado o
seu auxílio-doença em aposentadoria por incapacidade permanente após a
entrada em vigor da EC 103/2019, em 13/11/2019.2. Embora a legislação
aplicável ao benefício seja a do momento da constatação do caráter
permanente da incapacidade, o valor nominal do amparo previdenciário por
incapacidade, após a sua conversão de auxílio-doença em aposentadoria por
incapacidade permanente, sob as novas regras trazidas pela EC 103/2019,
não pode ser reduzido, sob pena de afronta ao princípio da irredutibilidade,
previsto no artigo 194, parágrafo único, inciso IV, da Constituição Federal de
1988, bem como ao princípio da proporcionalidade, ante o caráter definitivo
da restrição laboral. 3. Recurso parcialmente provido. (5015021-
19.2019.4.04.7112, QUARTA TURMA RECURSAL DO RS, Relatora MARINA
VASQUES DUARTE, julgado em 05/07/2021) (grifei)
...Se por um lado é certo que a lei a ser aplicada ao caso concreto a respeito
do percentual do benefício é a vigente ao tempo da transformação da
incapacidade para permanente, sob pena de regime híbrido, e que a EC
103/2019 fixou o percentual inicial da aposentadoria por invalidez em 60%
(art. 26, da EC 103/2019), também é certo que o artigo 194, parágrafo único,
inciso IV, da CF, garante a irredutibilidade do valor dos benefícios:
A disposição inserta no art. 26, § 2º, III, da EC 103/2019, ao reduzir para 60% da
media contributiva o valor do benefício por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por
invalidez), não faz qualquer sentido na ótica da proteção social, pois justamente após a
constatação da incapacidade permanente o segurado terá uma redução de mais de 30% no valor
do seu benefício.
Neste sentido a TRU4 do TRF4 declarou a inconstitucionalidade do Art. 26, § 2º, III,
da EC 103/2019, sedimentada na violação aos princípios da isonomia, da razoabilidade, da
irredutibilidade do valor dos benefícios e da proibição da proteção deficiente. Vejamos o excerto
da ementa que exprime o ponto central da fundamentação:
àquela competência.”
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Destarte, não prospera a irresignação do INSS no ponto.
Assim sendo, não aplica-se a clausula de reserva do art. 97, da CF/88, às decisões
dos Juízes Singulares e das Turmas Recursais do Juizado Especial.
V – REQUERIMENTO FINAL
Pede deferimento.
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STF - RE (AgR) n. 453.744 , voto do Min. Cezar Peluso (DJ 25.08.2006).