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JURISPRUDÊNCIA – PREVIDENCIÁRIO

Teses de Repercussão Geral do STF

Aposentadorias
É constitucional o cômputo, para fins de carência, do período no qual o segurado esteve em
gozo do benefício de auxílio-doença, desde que intercalado com atividade laborativa.

É constitucional o fator previdenciário previsto no art. 29, caput, incisos e parágrafos, da Lei
nº 8.213/91, com a redação dada pelo art. 2º da Lei nº 9.876/99.

A expressão ‘serviço efetivo, em qualquer regime jurídico’, considerado o disposto no artigo


53 do Ato das Disposições Transitórias, não aproveita tempo ficto.

I) É constitucional a vedação de continuidade da percepção de aposentadoria especial se o


beneficiário permanece laborando em atividade especial ou a ela retorna, seja essa atividade
especial aquela que ensejou a aposentação precoce ou não.

II) Nas hipóteses em que o segurado solicitar a aposentadoria e continuar a exercer o labor
especial, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento, remontando a
esse marco, inclusive, os efeitos financeiros. Efetivada, contudo, seja na via administrativa,
seja na judicial a implantação do benefício, uma vez verificado o retorno ao labor nocivo ou
sua continuidade, cessará o pagamento do benefício previdenciário em questão.

I - O direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente


nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade
não haverá respaldo constitucional à aposentadoria especial;
II - Na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a
declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no
sentido da eficácia do Equipamento de Proteção Individual – EPI, não descaracteriza o
tempo de serviço especial para aposentadoria

Em razão do caráter contributivo do regime geral de previdência (CF/1988, art. 201, caput), o
art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 ( § 5º Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver
recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como
salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo
da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não
podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo.) não se aplica à transformação de
auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, mas apenas a aposentadorias por invalidez
precedidas de períodos de auxílio-doença intercalados com intervalos de atividade, sendo
válido o art. 36, § 7º, do Decreto nº 3.048/1999, mesmo após a Lei nº 9.876/1999.

Auxílio Acidente

É inviável a aplicação retroativa da majoração prevista na Lei nº 9.032/1995 aos benefícios de


auxílio-acidente concedidos em data anterior à sua vigência.

Auxílio-Reclusão
Segundo decorre do art. 201, IV, da Constituição Federal, a renda do segurado preso é a que
deve ser utilizada como parâmetro para a concessão do auxílio-reclusão e não a de seus
dependentes.
Comentário: atenção para a carência do auxílio-reclusão, pois até 2019 não era exigida
carência para sua concessão. No entanto, com o advento da Lei nº 13.846/19, passou a ser
exigida carência de 24 contribuições mensais (art. 25, IV, da Lei nº 8.213/91).

Comentário: a questão da renda é porque o art. 201, IV, da CF (assim como o art. 80 da Lei nº
8.213/91) fala que o benefício será devido aos dependentes do segurado de baixa renda. Daí
quem deve ter baixa renda é o segurado, não os dependentes, embora esses é que vão
receber o benefício.

Pensão por Morte


É incompatível com a Constituição Federal o reconhecimento de direitos previdenciários
(pensão por morte) à pessoa que manteve, durante longo período e com aparência familiar,
união com outra casada, porquanto o concubinato não se equipara, para fins de proteção
estatal, às uniões afetivas resultantes do casamento e da união estável.
Comentário: concubinato não gera direito a reconhecimento de união estável nem direito a
benefício previdenciário/pensão por morte.

É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres (CF,


art. 5º, I), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por
morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou
companheiros/companheiras (CF, art. 201, V).

Previdência Complementar
É inconstitucional, por violação ao princípio da isonomia (art. 5º, I, da Constituição da
República), cláusula de contrato de previdência complementar que, ao prever regras distintas
entre homens e mulheres para cálculo e concessão de complementação de aposentadoria,
estabelece valor inferior do benefício para as mulheres, tendo em conta o seu menor tempo
de contribuição.

Temas Diversos
O segurado que implementou as condições para o benefício previdenciário após a vigência da
Lei 9.876, de 26.11.1999, e antes da vigência das novas regras constitucionais, introduzidas
pela EC 103/2019, tem o direito de optar pela regra definitiva, caso esta lhe seja mais
favorável.
Comentário: questão referente à “revisão da vida toda”, em que a regra de transição, que
deveria ser mais benéfica, acabou prejudicando os segurados, desvirtuando de sua
finalidade. Assim, cabe ao segurado optar pela aplicação da regra de transição ou da nova
regra, vedada a aplicação da regra anterior, dado que não há direito adquirido a regime
jurídico.

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei pode criar ou ampliar
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão de extensão do auxílio
da grande invalidez a todas às espécies de aposentadoria.
Comentário: trata do adicional de 25% nas aposentadorias por invalidez caso necessite de
ajuda de terceiros. Essa regra somente não é aplicável às demais aposentadorias por
ausência de previsão legal. Então é possível que seja editada lei ampliando o benefício.
Não encontra amparo no Texto Constitucional revisão de benefício previdenciário pelo valor
nominal do salário mínimo.
Comentário: o que a CF assegura é a preservação do valor real dos benefícios previdenciários,
o que significa apenas a manutenção de seu valor frente a inflação. Em relação ao salário
mínimo e seu valor nominal, ele pode sofrer um aumento maior que aquele necessário para
cobrir o déficit inflacionário, e, além disso, a CF veda a sua vinculação para qualquer fim. Por
esses motivos, não é possível que o beneficiário obtenha uma revisão de seu benefício
conforme o crescimento do salário mínimo. Logo, se seu benefício em 2023 equivalia a 3
salários mínimos, mas houve um aumento deste acima da inflação, e o benefício apenas teve
reajuste conforme a inflação, o fato de o valor do benefício ter passado a ser menor que 3
salários mínimos é irrelevante juridicamente, pois não haveria um direito de que o benefício
mantivesse exata correspondência com a flutuação positiva do valor do salário mínimo.
Comentário: também é importante não confundir a irredutibilidade real e nominal dos
benefícios previdenciários com a irredutibilidade nominal dos benefícios da seguridade
social, o que engloba a assistência social (BPC/LOAS). A seguridade (assistência, saúde e
previdência) submete-se à irredutibilidade nominal, mas a previdência em específico se
submete, também, à irredutibilidade real. Como não esquecer disso? Basta ter em mente a
contributividade do sistema previdenciário, de modo que não seria justo que alguém
contribuísse por anos com o regime e sequer tivesse direito à manutenção do valor de seu
benefício frente a inflação.

Os benefícios concedidos entre 05.10.1988 e 05.04.1991 (período do buraco negro) não estão,
em tese, excluídos da possibilidade de readequação segundo os tetos instituídos pelas EC´s nº
20/1998 e 41/2003, a ser aferida caso a caso, conforme os parâmetros definidos no
julgamento do RE 564.354, em regime de repercussão geral.

São constitucionais os índices de correção monetária adotados pelo INSS para reajustar os
benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000, 2001, 2002 e 2003.

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios e
vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à
'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº
8.213/91.
Comentário: não é que a desaposentação ou a reaposentação sejam vedadas pela Constituição
Federal. O que existe é ausência de previsão legal sobre os referidos institutos. Caso uma lei
venha a regulá-los, não haverá que se falar, a princípio, em inconstitucionalidade. Logo, a
única coisa que afasta atualmente a possibilidade da desaposentação e da reaposentação é a
ausência de lei tratando da matéria.

I - A concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento do interessado, não se


caracterizando ameaça ou lesão a direito antes de sua apreciação e indeferimento pelo INSS,
ou se excedido o prazo legal para sua análise. É bem de ver, no entanto, que a exigência de
prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas;
II – A exigência de prévio requerimento administrativo não deve prevalecer quando o
entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do
segurado;
III – Na hipótese de pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de
benefício anteriormente concedido, considerando que o INSS tem o dever legal de
conceder a prestação mais vantajosa possível, o pedido poderá ser formulado
diretamente em juízo – salvo se depender da análise de matéria de fato ainda não
levada ao conhecimento da Administração –, uma vez que, nesses casos, a conduta
do INSS já configura o não acolhimento ao menos tácito da pretensão; IV – Nas ações
ajuizadas antes da conclusão do julgamento do RE 631.240/MG (03/09/2014) que não
tenham sido instruídas por prova do prévio requerimento administrativo, nas
hipóteses em que exigível, será observado o seguinte: (a) caso a ação tenha sido
ajuizada no âmbito de Juizado Itinerante, a ausência de anterior pedido administrativo
não deverá implicar a extinção do feito; (b) caso o INSS já tenha apresentado
contestação de mérito, está caracterizado o interesse em agir pela resistência à
pretensão; e (c) as demais ações que não se enquadrem nos itens (a) e (b) serão sobrestadas e
baixadas ao juiz de primeiro grau, que deverá intimar o autor a dar entrada no pedido
administrativo em até 30 dias, sob pena de extinção do processo por falta de interesse em agir.
Comprovada a postulação administrativa, o juiz intimará o INSS para se manifestar acerca do
pedido em até 90 dias. Se o pedido for acolhido administrativamente ou não puder ter o seu
mérito analisado devido a razões imputáveis ao próprio requerente, extingue-se a ação. Do
contrário, estará caracterizado o interesse em agir e o feito deverá prosseguir;
V – Em todos os casos acima – itens (a), (b) e (c) –, tanto a análise administrativa quanto a
judicial deverão levar em conta a data do início da ação como data de entrada do
requerimento, para todos os efeitos legais.

Para o cálculo da renda mensal inicial, cumpre observar o quadro mais favorável ao
beneficiário, pouco importando o decesso remuneratório ocorrido em data posterior ao
implemento das condições legais para a aposentadoria, respeitadas a decadência do direito à
revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas.
Comentário: o tema discutido era a possibilidade de o segurado ter calculado seu benefício
previdenciário de acordo com as regras e condições existentes no momento em que foram
preenchidos os requisitos para a concessão do benefício. É o caso de um trabalhador que já
pode se aposentar, mas decide permanecer mais um período na ativa, e, nesse meio tempo, a
sua remuneração acaba diminuindo, o que viria a refletir negativamente na fixação de sua
renda mensal inicial da aposentadoria. O que o STF decidiu é que o segurado tem direito à
fixação da renda mensal inicial conforme as condições que lhes sejam mais favoráveis.
Assim, caso as condições existentes na época em que fora adquirido o direito à aposentadoria,
pelo preenchimento dos requisitos para tal, sejam mais benéficas que as condições existentes
na época do efetivo requerimento do benefício, será possível desconsiderar esse período
posterior e conceder a aposentadoria de acordo com as condições existentes na época do
preenchimento dos requisitos para se aposentar.
Comentário: é um dever do INSS calcular o benefício de modo mais favorável ao
segurado/beneficiário.
Comentário: caso o benefício já tenha sido concedido a menor, eventual revisão deve observar
o prazo decadencial de 10 anos previsto no art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91. E eventuais
valores a maior que não foram pagos sujeitam-se ao prazo prescricional de 05 anos (art. 103,
parágrafo único, da Lei nº 8.213/91).

I – Inexiste prazo decadencial para a concessão inicial do benefício previdenciário;


II – Aplica-se o prazo decadencial de dez anos para a revisão de benefícios concedidos,
inclusive os anteriores ao advento da Medida Provisória 1.523/1997, hipótese em que a
contagem do prazo deve iniciar-se em 1º de agosto de 1997.
A revisão de pensão por morte e demais benefícios, constituídos antes da entrada em vigor da
Lei 9.032/1995, não pode ser realizada com base em novo coeficiente de cálculo estabelecido
no referido diploma legal.

Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional
20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional 41/2003 aos benefícios previdenciários
limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas,
de modo a que passem a observar o novo teto constitucional.
Comentário: esses dispositivos estabeleceram os valores máximos (teto) dos benefícios do
RGPS de que trata o art. 201 da CF.

Na sistemática de cálculo dos benefícios previdenciários, não é lícito ao segurado conjugar as


vantagens do novo sistema com aquelas aplicáveis ao anterior, porquanto inexiste direito
adquirido a determinado regime jurídico.
Comentário: as regras aplicáveis deverão ser a do novo sistema, ou, caso existente e cabível,
as do regime de transição.

Teses de Recursos Especiais Repetitivos do STJ

Adicional de Grande Invalidez


Comprovadas a invalidez e a necessidade de assistência permanente de terceiro, é devido o
acréscimo de 25% (vinte e cinco por cento), previsto no art. 45 da Lei n. 8.213/91, a todos os
aposentados pelo RGPS, independentemente da modalidade de aposentadoria.
Comentário: o STF decidiu em sentido contrário ao STJ, entendendo ser indevida a concessão
do adicional de 25% sem que haja previsão expressa em lei.
Comentário: no julgamento do Tema de Repercussão Geral n. 1095 (RE 1.221.446/RJ), o STF
fixou a seguinte tese: "No âmbito do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), somente lei
pode criar ou ampliar benefícios e vantagens previdenciárias, não sendo possível, por ora, a
extensão do auxílio da grande invalidez (art. 45 da Lei n. 8.213/91) a todas às espécies de
aposentadoria".

Aposentadoria – Servidor
O servidor aposentado do extinto DNER, ainda que passe a integrar o quadro de inativos do
Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventos a retribuição dos
servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do
DNER, não havendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade.

Aposentadoria Especial
O reconhecimento do exercício de atividade sob condições especiais pela exposição ao agente
nocivo ruído, quando constatados diferentes níveis de efeitos sonoros, deve ser aferido por
meio do Nível de Exposição Normalizado (NEN). Ausente essa informação, deverá ser adotado
como critério o nível máximo de ruído (pico de ruído), desde que perícia técnica judicial
comprove a habitualidade e a permanência da exposição ao agente nocivo na produção do
bem ou na prestação do serviço.
O Segurado que exerce atividades em condições especiais, quando em gozo de auxílio-
doença, seja acidentário ou previdenciário, faz jus ao cômputo desse mesmo período como
tempo de serviço especial.
O limite de tolerância para configuração da especialidade do tempo de serviço para o agente
ruído deve ser de 90 dB no período de 6.3.1997 a 18.11.2003, conforme Anexo IV do Decreto
2.172/1997 e Anexo IV do Decreto 3.048/1999, sendo impossível aplicação retroativa do
Decreto 4.882/2003, que reduziu o patamar para 85 dB, sob pena de ofensa ao art. 6º da
LINDB (ex-LICC).
A lei vigente por ocasião da aposentadoria é a aplicável ao direito à conversão entre tempos
de serviço especial e comum, independentemente do regime jurídico à época da prestação do
serviço.
As normas regulamentadoras que estabelecem os casos de agentes e atividades nocivos à
saúde do trabalhador são exemplificativas, podendo ser tido como distinto o labor que a
técnica médica e a legislação correlata considerarem como prejudiciais ao obreiro, desde que
o trabalho seja permanente, não ocasional, nem intermitente, em condições especiais (art. 57,
§ 3º, da Lei 8.213/1991).

Aposentadoria por Incapacidade Permanente


No período entre o indeferimento administrativo e a efetiva implantação de auxílio-doença ou
de aposentadoria por invalidez, mediante decisão judicial, o segurado do RPGS tem direito ao
recebimento conjunto das rendas do trabalho exercido, ainda que incompatível com sua
incapacidade laboral, e do respectivo benefício previdenciário pago retroativamente.
A aposentadoria por invalidez decorrente da conversão de auxílio-doença, sem retorno do
segurado ao trabalho, será apurada na forma estabelecida no art. 36, § 7º, do Decreto
3.048/99, segundo o qual a renda mensal inicial - RMI da aposentadoria por invalidez oriunda
de transformação de auxílio-doença será de cem por cento do salário-de-benefício que serviu
de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio-doença, reajustado pelos mesmos
índices de correção dos benefícios em geral.

Auxílio Acidente
O termo inicial do auxílio-acidente deve recair no dia seguinte ao da cessação do auxílio-
doença que lhe deu origem, conforme determina o art. 86, § 2º, da Lei 8.213/91,
observando-se a prescrição quinquenal da Súmula 85/STJ.

O segurado especial, cujo acidente ou moléstia é anterior à vigência da Lei n. 12.873/2013,


que alterou a redação do inciso I do artigo 39 da Lei n. 8.213/91, não precisa comprovar o
recolhimento de contribuição como segurado facultativo para ter direito ao auxílio-acidente.

Para fins de fixação do momento em que ocorre a lesão incapacitante em casos de doença
profissional ou do trabalho, deve ser observada a definição do art. 23 da Lei 8.213/1991,
segundo a qual 'considera-se como dia do acidente, no caso de doença profissional ou do
trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual,
ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo
para este efeito o que ocorrer primeiro'.

Exige-se, para concessão do auxílio-acidente, a existência de lesão, decorrente de acidente do


trabalho, que implique redução da capacidade para o labor habitualmente exercido. O nível
do dano e, em consequência, o grau do maior esforço, não interferem na concessão do
benefício, o qual será devido ainda que mínima a lesão.
Para a concessão de auxílio-acidente fundamentado na perda de audição (...), é necessário
que a sequela seja ocasionada por acidente de trabalho e que acarrete uma diminuição
efetiva e permanente da capacidade para a atividade que o segurado habitualmente exercia.
Será devido o auxílio-acidente quando demonstrado o nexo de causalidade entre a redução
de natureza permanente da capacidade laborativa e a atividade profissional desenvolvida,
sendo irrelevante a possibilidade de reversibilidade da doença.
Comprovados o nexo de causalidade e a redução da capacidade laborativa, mesmo em face
da discutia em grau inferior ao estabelecido pela Tabela Fowler, subsiste o direito do obreiro
ao benefício de auxílio- acidente.
A majoração do auxílio-acidente, estabelecida pela Lei 9.032/95 (lei nova mais benéfica), que
alterou o § 1º, do art. 86, da Lei n.º 8.213/91, deve ser aplicada imediatamente, atingindo
todos os segurados que estiverem na mesma situação, seja referente aos casos pendentes
de concessão ou aos benefícios já concedidos.

Auxílio-Reclusão
Para a concessão de auxílio-reclusão (art. 80 da Lei 8.213/1991) no regime anterior à vigência
da MP 871/2019, o critério de aferição de renda do segurado que não exerce atividade
laboral remunerada no momento do recolhimento à prisão é a ausência de renda, e não o
último salário de contribuição.

Benefício de Prestação Continuada – LOAS


Aplica-se o parágrafo único do artigo 34 do Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/03), por analogia,
a pedido de benefício assistencial feito por pessoa com deficiência a fim de que benefício
previdenciário recebido por idoso, no valor de um salário mínimo, não seja computado no
cálculo da renda per capita prevista no artigo 20, § 3º, da Lei n. 8.742/93.

A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se
comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade,
ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita
inferior a 1/4 do salário mínimo.

Complementação de Aposentadoria e Pensão


O art. 5º da Lei 8.186/91 assegura o direito à complementação à pensão, na medida em que
determina a observância das disposições do parágrafo único do art. 2º da citada norma, o qual,
de sua parte, garante a permanente igualdade de valores entre ativos e inativos.

Conversão do Tempo de Serviço


A adoção deste ou daquele fator de conversão depende, tão somente, do tempo de
contribuição total exigido em lei para a aposentadoria integral, ou seja, deve corresponder ao
valor tomado como parâmetro, numa relação de proporcionalidade, o que corresponde a um
mero cálculo matemático e não de regra previdenciária.
Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais
para comum após 1998, pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente
convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava
o referido § 5º do art. 57 da Lei n. 8.213/1991.

Cumulação de Benefícios

A acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria pressupõe que a


eclosão da lesão incapacitante, apta a gerar o direito ao auxílio-acidente, e a concessão
da aposentadoria sejam anteriores à alteração do art. 86, §§ 2º e 3º, da Lei 8.213/1991,
promovida em 11.11.1997 pela Medida Provisória 1.596-14/1997, posteriormente convertida
na Lei 9.528/1997.

Data de Início de Benefício – DIB


A citação válida informa o litígio, constitui em mora a autarquia previdenciária federal e deve
ser considerada como termo inicial para a implantação da aposentadoria por invalidez
concedida na via judicial quando ausente a prévia postulação administrativa.

Pagamento Indevido e Devolução


Com relação aos pagamentos indevidos aos segurados decorrentes de erro administrativo
(material ou operacional), não embasado em interpretação errônea ou equivocada da lei pela
Administração, são repetíveis, sendo legítimo o desconto no percentual de até 30% (trinta
por cento) de valor do benefício pago ao segurado/beneficiário, ressalvada a hipótese em que
o segurado, diante do caso concreto, comprova sua boa-fé objetiva, sobretudo com
demonstração de que não lhe era possível constatar o pagamento indevido.

Pensão por Morte


O menor sob guarda tem direito à concessão do benefício de pensão por morte do seu
mantenedor, comprovada sua dependência econômica, nos termos do art. 33, § 3º do
Estatuto da Criança e do Adolescente, ainda que o óbito do instituidor da pensão seja
posterior à vigência da Medida Provisória 1.523/96, reeditada e convertida na Lei 9.528/97.
Funda-se essa conclusão na qualidade de lei especial do Estatuto da Criança e do Adolescente
(8.069/90), frente à legislação previdenciária.

Não há falar em restabelecimento da pensão por morte ao beneficiário, maior de 21 anos e


não inválido, diante da taxatividade da lei previdenciária, porquanto não é dado ao Poder
Judiciário legislar positivamente, usurpando função do Poder Legislativo.

É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa
qualidade, preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do
seu óbito.

Prescrição e Decadência
Na ação de conhecimento individual, proposta com o objetivo de adequar a renda mensal do
benefício previdenciário aos tetos fixados pelas Emendas Constitucionais 20/98 e 41/2003 e
cujo pedido coincide com aquele anteriormente formulado em ação civil pública, a
interrupção da prescrição quinquenal, para recebimento das parcelas vencidas, ocorre na
data de ajuizamento da lide individual, salvo se requerida a sua suspensão, na forma do art.
104 da Lei 8.078/90.
Aplica-se o prazo decadencial de dez anos estabelecido no art. 103, caput, da Lei 8.213/1991
às hipóteses em que a questão controvertida não foi apreciada no ato administrativo de
análise de concessão de benefício previdenciário.

Incide o prazo decadencial previsto no caput do artigo 103 da Lei 8.213/1991 para
reconhecimento do direito adquirido ao benefício previdenciário mais vantajoso.

A norma extraída do caput do art. 103 da Lei 8.213/91 não se aplica às causas que
buscam o reconhecimento do direito de renúncia à aposentadoria, mas estabelece
prazo decadencial para o segurado ou seu beneficiário postular a revisão do ato de
concessão do benefício, o qual, se modificado, importará em pagamento retroativo, diferente
do que se dá na desaposentação.

O suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 é o


direito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. Incide o prazo de
decadência do art. 103 da Lei 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997,
convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos
anteriormente a esse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência
(28.6.1997).

Os atos administrativos praticados antes da Lei 9.784/99 podem ser revistos pela
Administração a qualquer tempo, por inexistir norma legal expressa prevendo prazo para tal
iniciativa. Somente após a Lei 9.784/99 incide o prazo decadencial de 5 anos nela previsto,
tendo como termo inicial a data de sua vigência (01.02.99). (...) Antes de decorridos 5 anos da
Lei 9.784/99, a matéria passou a ser tratada no âmbito previdenciário pela MP 138, de
19.11.2003, convertida na Lei 10.839/2004, que acrescentou o art. 103-A à Lei 8.213/91 (LBPS)
e fixou em 10 anos o prazo decadencial para o INSS rever os seus atos de que decorram efeitos
favoráveis a seus beneficiários.

Previdência Complementar
a) A concessão do benefício de previdência complementar tem como pressuposto a prévia
formação de reserva matemática, de forma a evitar o desequilíbrio atuarial dos planos. Em tais
condições, quando já concedido o benefício de complementação de aposentadoria por
entidade fechada de previdência privada, é inviável a inclusão dos reflexos de quaisquer
verbas remuneratórias reconhecidas pela Justiça do Trabalho nos cálculos da renda mensal
inicial dos benefícios de complementação de aposentadoria.
b) Os eventuais prejuízos causados ao participante ou ao assistido que não puderam contribuir
ao fundo na época apropriada ante o ato ilícito do empregador poderão ser reparados por
meio de ação judicial a ser proposta contra a empresa ex-empregadora na Justiça do Trabalho.

A partir da vigência da Circular/Susep n. 11/1996, é possível ser pactuado que os reajustes dos
benefícios dos planos administrados pelas entidades abertas de previdência complementar
passem a ser feitos com utilização de um índice geral de preços de ampla publicidade
(INPC/IBGE, IPCA/IBGE, IGP-M/FGV, IGP-DI/FGV, IPC/FGV ou IPC/FIPE). Na falta de
repactuação, deve incidir o IPCA-E.

I - A concessão do benefício de previdência complementar tem como pressuposto a prévia


formação de reserva matemática, de forma a evitar o desequilíbrio atuarial dos planos. Em tais
condições, quando já concedido o benefício de complementação de aposentadoria por
entidade fechada de previdência privada, é inviável a inclusão dos reflexos das verbas
remuneratórias (horas extras) reconhecidas pela Justiça do Trabalho nos cálculos da renda
mensal inicial dos benefícios de complementação de aposentadoria;
II - Os eventuais prejuízos causados ao participante ou ao assistido que não puderam
contribuir ao fundo na época apropriada ante o ato ilícito do empregador poderão ser
reparados por meio de ação judicial a ser proposta contra a empresa ex-empregadora na
Justiça do Trabalho;
III - Modulação de efeitos (art. 927, § 3º, do CPC/2015): para as demandas ajuizadas na Justiça
Comum até a data do presente julgamento, e ainda sendo útil ao participante ou assistido,
conforme as peculiaridades da causa, admite-se a inclusão dos reflexos de verbas
remuneratórias (horas extras), reconhecidas pela Justiça do Trabalho, nos cálculos da renda
mensal inicial dos benefícios de complementação de aposentadoria, condicionada à previsão
regulamentar (expressa ou implícita) e à recomposição prévia e integral das reservas
matemáticas com o aporte de valor a ser apurado por estudo técnico atuarial em cada caso;

IV - Nas reclamações trabalhistas em que o ex-empregador tiver sido condenado a recompor a


reserva matemática, e sendo inviável a revisão da renda mensal inicial da aposentadoria
complementar, os valores correspondentes a tal recomposição devem ser entregues ao
participante ou assistido a título de reparação, evitando-se, igualmente, o enriquecimento sem
causa do ente fechado de previdência complementar.

Nos planos de benefícios de previdência privada patrocinados pelos entes federados - inclusive
suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou
indiretamente -, para se tornar elegível a um benefício de prestação que seja programada e
continuada, é necessário que o participante previamente cesse o vínculo laboral com o
patrocinador, sobretudo a partir da vigência da Lei Complementar nº 108/2001,
independentemente das disposições estatutárias e regulamentares.

1.1. Em caso de migração de plano de benefícios de previdência complementar, não é cabível


o pleito de revisão da reserva de poupança ou de benefício, com aplicação do índice de
correção monetária.
1.2. Em havendo transação para migração de plano de benefícios, em observância à regra da
indivisibilidade da pactuação e proteção ao equilíbrio contratual, a anulação de cláusula que
preveja concessão de vantagem contamina todo o negócio jurídico, conduzindo ao retorno
ao status quo ante.

Nos planos de benefícios de previdência complementar administrados por entidade fechada, a


previsão regulamentar de reajuste, com base nos mesmos índices adotados pelo Regime Geral
de Previdência Social, não inclui a parte correspondente a aumentos reais.

I - A patrocinadora não possui legitimidade passiva para litígios que envolvam


participante/assistido e entidade fechada de previdência complementar, ligados estritamente
ao plano previdenciário, como a concessão e a revisão de benefício ou o resgate da reserva de
poupança, em virtude de sua personalidade jurídica autônoma. II - Não se incluem no âmbito
da matéria afetada as causas originadas de eventual ato ilícito, contratual ou extracontratual,
praticado pelo patrocinador.
O regulamento aplicável ao participante de plano fechado de previdência privada para fins
de cálculo da renda mensal inicial do benefício complementar é aquele vigente no momento
da implementação das condições de elegibilidade, haja vista a natureza civil e estatutária, e
não o da data da adesão, assegurado o direito acumulado.

a) Nos planos de benefícios de previdência privada fechada, patrocinados pelos entes


federados - inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas
controladas direta ou indiretamente -, é vedado o repasse de abono e vantagens de qualquer
natureza para os benefícios em manutenção, sobretudo a partir da vigência da Lei
Complementar n. 108/2001, independentemente das disposições estatutárias e
regulamentares;
b) Não é possível a concessão de verba não prevista no regulamento do plano de benefícios
de previdência privada, pois a previdência complementar tem por pilar o sistema de
capitalização, que pressupõe a acumulação de reservas para assegurar o custeio dos
benefícios contratados, em um período de longo prazo.

O benefício especial de renda certa, instituído pela Caixa de Previdência dos Funcionários do
Banco do Brasil - PREVI, é devido exclusivamente aos assistidos que, no período de atividade,
contribuíram por mais de 360 meses (30 anos) para o plano de benefícios.

O auxílio cesta-alimentação, parcela concedida a título indenizatório aos empregados em


atividade, mediante convenção coletiva de trabalho, não se incorpora aos proventos da
complementação de aposentadoria pagos por entidade fechada de previdência privada.

Compete à Justiça Estadual processar e julgar litígios instaurados entre entidade de


previdência privada e participante de seu plano de benefícios.

É devida a restituição da denominada reserva de poupança a ex-participantes de


plano de benefícios de previdência privada, devendo ser corrigida monetariamente
conforme os índices que reflitam a real inflação ocorrida no período, mesmo que o
estatuto da entidade preveja critério de correção diverso, devendo ser incluídos os expurgos
inflacionários (Súmula 289/STJ).

Processo Administrativo e Judicial Previdenciário


1ª) As inscrições em dívida ativa dos créditos referentes a benefícios previdenciários ou
assistenciais pagos indevidamente ou além do devido constituídos por processos
administrativos que tenham sido iniciados antes da vigência da Medida Provisória nº 780, de
2017, convertida na Lei n. 13.494/2017 (antes de 22.05.2017) são nulas, devendo a
constituição desses créditos ser reiniciada através de notificações/intimações administrativas
a fim de permitir-se o contraditório administrativo e a ampla defesa aos devedores e, ao final,
a inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os prazos prescricionais aplicáveis; e
2ª) As inscrições em dívida ativa dos créditos referentes a benefícios previdenciários ou
assistenciais pagos indevidamente ou além do devido contra os terceiros beneficiados que
sabiam ou deveriam saber da origem dos benefícios pagos indevidamente em razão de fraude,
dolo ou coação, constituídos por processos administrativos que tenham sido iniciados antes da
vigência da Medida Provisória nº 871, de 2019, convertida na Lei nº 13.846/2019 (antes de
18.01.2019) são nulas, devendo a constituição desses créditos ser reiniciada através de
notificações/intimações administrativas a fim de permitir-se o contraditório administrativo e a
ampla defesa aos devedores e, ao final, a inscrição em dívida ativa, obedecendo-se os prazos
prescricionais aplicáveis.

I. O disposto no art. 112 da Lei n. 8.213/1991 é aplicável aos âmbitos judicial e administrativo;
II. Os pensionistas detêm legitimidade ativa para pleitear, por direito próprio, a revisão do
benefício derivado (pensão por morte) - caso não alcançada pela decadência -, fazendo jus a
diferenças pecuniárias pretéritas não prescritas, decorrentes da pensão recalculada;
III. Caso não decaído o direito de revisar a renda mensal inicial do benefício originário do
segurado instituidor, os pensionistas poderão postular a revisão da aposentadoria, a fim de
auferirem eventuais parcelas não prescritas resultantes da readequação do benefício original,
bem como os reflexos na graduação econômica da pensão por morte; e
IV. À falta de dependentes legais habilitados à pensão por morte, os sucessores (herdeiros) do
segurado instituidor, definidos na lei civil, são partes legítimas para pleitear, por ação e em
nome próprios, a revisão do benefício original - salvo se decaído o direito ao instituidor - e, por
conseguinte, de haverem eventuais diferenças pecuniárias não prescritas, oriundas do
recálculo da aposentadoria do de cujus.

Os Juizados Especiais da Fazenda Pública não têm competência para o julgamento de ações
decorrentes de acidente de trabalho em que o Instituto Nacional do Seguro Social figure como
parte.

Nas ações de acidente do trabalho, os honorários periciais, adiantados pelo INSS,


constituirão despesa a cargo do Estado, nos casos em que sucumbente a parte autora,
beneficiária da isenção de ônus sucumbenciais, prevista no parágrafo único do art. 129 da Lei
8.213/91.

O Segurado tem direito de opção pelo benefício mais vantajoso concedido


administrativamente, no curso de ação judicial em que se reconheceu benefício menos
vantajoso. Em cumprimento de sentença, o segurado possui o direito à manutenção do
benefício previdenciário concedido administrativamente no curso da ação judicial e,
concomitantemente, à execução das parcelas do benefício reconhecido na via judicial ,
limitadas à data de implantação daquele conferido na via administrativa.

É possível a reafirmação da DER (Data de Entrada do Requerimento) para o momento


em que implementados os requisitos para a concessão do benefício, mesmo que isso
se dê no interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação jurisdicional nas
instâncias ordinárias, nos termos dos arts. 493 e 933 do CPC/2015, observada a causa de pedir.
A competência para processar e julgar as demandas que têm por objeto obrigações
decorrentes dos contratos de planos de previdência privada firmados com a Fundação Rede
Ferroviária de Seguridade Social (REFER) é da Justiça Estadual.

A reforma da decisão que antecipa os efeitos da tutela final obriga o autor da ação a devolver
os valores dos benefícios previdenciários ou assistenciais recebidos, o que pode ser feito por
meio de desconto em valor que não exceda 30% (trinta por cento) da importância de
eventual benefício que ainda lhe estiver sendo pago.

"(...)a concessão de benefícios previdenciários depende de requerimento administrativo",


conforme decidiu o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 631.240/MG,
sob o rito do artigo 543-B do CPC, observadas "as situações de ressalva e fórmula de transição
a ser aplicada nas ações já ajuizadas até a conclusão do aludido julgamento (03/9/2014) "
Renda Mensal Inicial – RMI
O marco inicial da fluência do prazo decadencial, previsto no caput do art. 103 da Lei n.
8.213/1991, quando houver pedido de revisão da renda mensal inicial (RMI) para incluir
verbas remuneratórias recebidas em ação trabalhista nos salários de contribuição que
integraram o período básico de cálculo (PBC) do benefício, deve ser o trânsito em julgado da
sentença na respectiva reclamatória.

Incide o fator previdenciário no cálculo da renda mensal inicial de aposentadoria por tempo
de contribuição de professor vinculado ao Regime Geral de Previdência Social, independente
da data de sua concessão, quando a implementação dos requisitos necessários à obtenção do
benefício se der após o início da vigência da Lei 9.876/1999, ou seja, a partir de 29/11/1999.

O décimo terceiro salário (gratificação natalina) somente integra o cálculo do salário de


benefício, nos termos da redação original do § 7º do art. 28 da Lei 8.212/1991 e § 3º do art. 29
da Lei n. 8.213/1991, quando os requisitos para a concessão do benefício forem preenchidos
em data anterior à publicação da Lei n. 8.870/1994, que expressamente excluiu o décimo
terceiro salário do cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI), independentemente de o Período
Básico de Cálculo (PBC) do benefício estar, parcialmente, dentro do período de vigência da
legislação revogada.

O Plano de Benefícios da Previdência Social - PBPS, dando cumprimento ao art. 202, caput, da
Constituição Federal (redação original), definiu o valor mínimo do salário-de-benefício, nunca
inferior ao salário mínimo, e seu limite máximo, nunca superior ao limite máximo do salário-
de-contribuição.

Rurícola
O tamanho da propriedade não descaracteriza, por si só, o regime de economia familiar,
quando preenchidos os demais requisitos legais exigidos para a concessão da aposentadoria
por idade rural.
O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo, anterior ao advento da Lei
8.213/1991, pode ser computado para fins da carência necessária à obtenção da
aposentadoria híbrida por idade, ainda que não tenha sido efetivado o recolhimento das
contribuições, nos termos do art. 48, § 3o. da Lei 8.213/1991, seja qual for a predominância
do labor misto exercido no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no momento
do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo.

APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. AVERBAÇÃO DE TRABALHO RURAL COM REGISTRO


EM CARTEIRA PROFISSIONAL PARA EFEITO DE CARÊNCIA. POSSIBILIDADE. (...) Mostra-se
incontroverso nos autos que o autor foi contratado por empregador rural, com registro em
carteira profissional desde 1958, razão pela qual não há como responsabilizá-lo pela
comprovação do recolhimento das contribuições.

O segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade mínima
para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu benefício.
Ressalvada a hipótese do direito adquirido, em que o segurado especial, embora não tenha
requerido sua aposentadoria por idade rural, preenchera de forma concomitante, no passado,
ambos os requisitos carência e idade.
Mostra-se possível o reconhecimento de tempo de serviço rural anterior ao documento mais
antigo, desde que amparado por convincente prova testemunhal, colhida sob contraditório.

O segurado que tenha provado o desempenho de serviço rurícola em período anterior à


vigência da Lei n. 8.213/1991, embora faça jus à expedição de certidão nesse sentido para
mera averbação nos seus assentamentos, somente tem direito ao cômputo do aludido tempo
rural, no respectivo órgão público empregador, para contagem recíproca no regime estatutário
se, com a certidão de tempo de serviço rural, acostar o comprovante de pagamento das
respectivas contribuições previdenciárias, na forma da indenização calculada conforme o
dispositivo do art. 96, IV, da Lei n. 8.213/1991.

Aplica-se a Súmula 149/STJ ('A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação
da atividade rurícola, para efeitos da obtenção de benefício previdenciário') aos trabalhadores
rurais denominados 'boias-frias', sendo imprescindível a apresentação de início de prova
material. Por outro lado, considerando a inerente dificuldade probatória da condição de
trabalhador campesino, a apresentação de prova material somente sobre parte do lapso
temporal pretendido não implica violação da Súmula 149/STJ, cuja aplicação é mitigada se a
reduzida prova material for complementada por idônea e robusta prova testemunhal.
Em exceção à regra geral (...), a extensão de prova material em nome de um integrante do
núcleo familiar a outro não é possível quando aquele passa a exercer trabalho incompatível
com o labor rurícola, como o de natureza urbana.

O trabalho urbano de um dos membros do grupo familiar não descaracteriza, por si só, os
demais integrantes como segurados especiais, devendo ser averiguada a dispensabilidade do
trabalho rural para a subsistência do grupo familiar, incumbência esta das instâncias
ordinárias (Súmula 7/STJ).

A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para


efeito da obtenção de benefício previdenciário.

Salário de Contribuição
Após o advento da Lei 9.876/99, e para fins de cálculo do benefício de aposentadoria, no caso
do exercício de atividades concomitantes pelo segurado, o salário-de-contribuição deverá ser
composto da soma de todas as contribuições previdenciárias por ele vertidas ao sistema,
respeitado o teto previdenciário.

É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo do


salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão
concedidos antes da vigência da CF/1988.

Temas Diversos
No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios e
vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à 'desaposentação',
sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91

Há de se reconhecer o direito à restituição de contribuições pagas ao extinto Instituto de


Previdência dos Congressistas - IPC, fundo fechado de previdência, visto que os segurados, ex-
contribuintes, após a extinção, nenhum benefício receberão em contrapartida, evitando-se,
assim, o enriquecimento ilícito da União, sucessora nos direitos e obrigações do IPC.
Os débitos previdenciários remanescentes pagos mediante precatório, devem ser
convertidos, à data do cálculo, em quantidade de Unidade Fiscal de Referência - UFIR ou em
outra unidade de referência oficial que venha a substituí-la.

JURISP – DIZER DIREITO PREV. 2023

NÃO há prescrição de fundo de direito nas ações em que se busca a concessão do BPC-LOAS

A pretensão à concessão inicial ou ao direito de revisão de ato de indeferimento,


cancelamento ou cessação do BPC-LOAS não é fulminada pela prescrição do fundo de direito,
mas tão somente das prestações sucessivas anteriores ao lustro prescricional previsto no art.
1º do Decreto nº 20.910/1932.O BPC-LOAS envolve relação de trato sucessivo e atende
necessidades de caráter alimentar e humanitária (assistencial), razão pela qual não se admite a
tese de prescrição do fundo de direito.O direito de pleitear o BPC-LOAS tem natureza de
direito indisponível e não prescreve. Somente as prestações não reclamadas no prazo de 5
anos é que prescreverão, uma a uma, em razão da inércia do beneficiário.Desse modo, se a
parte demorou mais de 5 anos para ingressar com a ação judicial pleiteando o BPC-LOAS, ela
não perdeu a possibilidade de obter o benefício. O que ela perdeu foi apenas as parcelas que
venceram há mais de 5 anos contados da propositura da ação.STJ. 1ª Seção.REsp 1.803.530-PE,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 22/11/2023 (Info 796).

O valor correspondente à participação do trabalhador no auxílio alimentação ou auxílio


transporte, descontado do salário do trabalhador, integra a base de cálculo da contribuição
previdenciária

Os valores descontados dos empregados relativos à participação deles no custeio do vale-


transporte e auxílio-alimentação não constam no rol das verbas que não integram o conceito
de salário de contribuição, listadas no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, razão pela qual
devem constituir a base de cálculo da contribuição previdenciária, de terceiros e do SAT/RAT a
cargo da empresa.STJ. 2ª Turma. REsp 2033904-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
7/2/2023 (Info 763)

Aplica-se o prazo prescricional de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto nº 20.910/32, à


ação de ressarcimento de benefício previdenciário pago indevidamente, quando
comprovada a má-fé do beneficiário

A prescrição é a regra no ordenamento jurídico. Assim, ainda que configurada a má-fé do


beneficiário no recebimento dos valores, inexistindo prazo específico definido em lei, o prazo
prescricional aplicável é o de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/1932, em
respeito aos princípios da isonomia e simetria.Enquanto não reconhecida a natureza ímproba
ou criminal do ato causador de dano ao erário, a pretensão de ressarcimento sujeita-se
normalmente aos prazos prescricionais.STJ. 2ª Turma. AgInt no REsp 1998744-RJ, Rel. Min.
Mauro Campbell Marques, julgado em 6/3/2023 (Info 768).

É constitucional a exclusão do 13º salário da base de cálculo de benefício previdenciário


É constitucional a exclusão da gratificação natalina (13º salário) da base de cálculo de benefício
previdenciário, notadamente diante da inexistência de ofensa à garantia constitucional da
irredutibilidade do valor dos benefícios da seguridade social.É constitucional, em especial
diante da ausência de violação ao direito adquirido, a eliminação do abono de permanência
em serviço do rol dos benefícios previdenciários sujeitos à carência de 180 contribuições
mensais, já que mantido esse período de carência para as demais prestações pecuniárias
previstas (aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço e aposentadoria
especial).STF. Plenário. ADI 1049/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 6/3/2023 (Info
1085).

É inconstitucional — por violar a independência do Ministério Público — norma estadual que


permite que a Secretaria de Fazenda do estado retenha, na fonte, as contribuições
previdenciárias devidas pelo órgão ministerial, e por seus membros e servidores.São
constitucionais normas estaduais que impõem:(i) a vinculação do Ministério Público ao regime
próprio de previdência social daquela unidade federativa e(ii) a participação do referido órgão
no financiamento do sistema previdenciário estadual, inclusive mediante o custeio do abono
de permanência dos seus membros e servidores.Teses fixadas pelo STF:1. É constitucional
norma de lei estadual que imponha ao Ministério Público:(i) a vinculação ao regime próprio de
previdência social do respectivo ente federado; e(ii) a participação, juntamente com os
poderes e demais órgãos autônomos, do custeio previdenciário.2. É inconstitucional norma de
lei estadual que autorize a Secretaria de Estado de Fazenda a reter o valor correspondente às
contribuições previdenciárias devidas pelo Ministério Público, seus membros e servidores.STF.
Plenário. ADI 4824/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 13/03/2023 (Info 1086).

No caso em análise, o maior interesse recai sobre a autonomia institucional, que se desdobra
em(a) autonomia administrativa e(b) autonomia financeira e orçamentária. A autonomia
administrativa significa a capacidade de autogestão; isto é, o poder de expedir normas internas
e praticar atos administrativos destinados à estruturação e organização da instituição e de seus
agentes públicos, sem sofrer interferência de qualquer Poder. A autonomia financeira e
orçamentária, a seu turno, envolve dois aspectos:(a) a prerrogativa de elaborar a própria
proposta orçamentária art. 127, § 3º, CF/88); e(b) o direito de receber os recursos
correspondentes às dotações orçamentárias, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês (art.
168, CF/88). Quanto a esse segundo aspecto, a autonomia financeira e orçamentária do
Parquet envolve o direito de exigir o repasse das dotações orçamentárias previstas em seu
favor, em duodécimos, até o dia 20 de cada mês (art. 168, CF/88), independentemente das
circunstâncias vivenciadas pelo ente político, tais como crise econômica e calamidade
financeira.

No caso concreto, o art. 7º da LC nº 39/2004 do Estado do Piauí permite à Secretaria de


Fazenda do Estado reter na fonte as contribuições para o fundo de previdência, inclusive as
dos servidores e membros do Ministério Público. Nesse ponto, há afronta à independência do
Ministério Público.Como visto, a autonomia financeira e orçamentária do MP impede
retenções ou contingenciamentos pelo Poder Executivo, devendo o repasse dos duodécimos
abranger a integralidade das verbas destinadas ao órgão autônomo, ao qual cabe gerenciar os
próprios recursos.Assim, compete ao Parquet calcular o montante destinado à quitação das
contribuições e recolhê-las para o fundo de previdência em relação aos seus membros e
servidores. A retenção será realizada pelo próprio órgão autônomo antes de realizar o
pagamento dos subsídios e remunerações.

É constitucional lei estadual que imponha ao Judiciário participar, juntamente com os


demais poderes e órgãos, da cobertura de déficit e do custeio do regime próprio de
previdência e realizar o pagamento do abono de permanência dos seus membros e
servidores

É inconstitucional — por violar a independência do Poder Judiciário — norma estadual que


permite que a Secretaria de Fazenda do estado retenha, na fonte, as contribuições
previdenciárias devidas pelo Poder Judiciário, e por seus membros e servidores.São
constitucionais normas estaduais que impõem a participação do Poder Judiciário no
financiamento do sistema previdenciário estadual mediante(i) a cobertura de déficits e o
custeio do regime próprio de previdência social;(ii) o recolhimento da contribuição patronal
relativa a seus servidores inativos e pensionistas; ou(iii) o custeio do abono de permanência
dos seus membros e servidores.Teses fixadas pelo STF:1. É constitucional norma de lei estadual
que imponha ao Poder Judiciário (i) participar, juntamente com os demais poderes e órgãos
autônomos, da cobertura de déficit e do custeio do regime próprio de previdência social e (ii)
realizar o pagamento do abono de permanência dos seus membros e servidores.2. É
inconstitucional norma de lei estadual que autorize a Secretaria de Estado de Fazenda a reter o
valor correspondente às contribuições previdenciárias devidas pelo Poder Judiciário, seus
membros e servidores.STF. Plenário. ADI 4859/PI, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
13/03/2023 (Info 1086).

É constitucional a contribuição à seguridade social, a cargo do empregador rural pessoa


jurídica, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção,
prevista no art. 25 da Lei nº 8.870/94, na redação dada pela Lei 10.256/2001

É constitucional o art. 25, I e II, da Lei nº 8.870/94, com a redação dada pela Lei nº
10.256/2001, que prevê contribuição à seguridade social, a ser paga pelo empregador rural
pessoa jurídica, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização de sua
produção, em substituição à contribuição incidente sobre a folha de salários de que tratam os
incisos I e II do art. 22 da Lei nº 8.212/1991.É constitucional a contribuição social destinada ao
SENAR, a ser paga pelo empregador pessoa jurídica que se dedique à produção rural,
estabelecida pelo § 1º do art. 25 da Lei nº 8.870/1994.Teses fixada pelo STF:I – É
inconstitucional a contribuição à seguridade social, a cargo do empregador rural pessoa
jurídica, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua produção,
prevista no art. 25, I e II, da Lei nº 8.870/1994, na redação anterior à Emenda Constitucional
20/1998;II – É constitucional a contribuição à seguridade social, a cargo do empregador rural
pessoa jurídica, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da sua
produção, prevista no art. 25, I e II, da Lei nº 8.870/1994, na redação dada pela Lei nº
10.256/2001;III – É constitucional a contribuição social destinada ao Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar), de que trata o art. 25, § 1º, da Lei nº 8.870/1994, inclusive na
redação conferida pela Lei nº 10.256/2001.STF. Plenário. RE 700922/RS, Rel. Min. Marco
Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 15/03/2023 (Repercussão
Geral – Tema 651) (Info 1087).

Para a concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC) à pessoa com deficiência,


disciplinado na Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS, não cabe ao intérprete exigir
requisitos mais rígidos do que aqueles previstos para a sua concessão

Para efeito de concessão do benefício de prestação continuada, o art. 20 da Lei nº 8.742/93


não exige determinado grau de incapacidade para fins de configuração da deficiência, não
cabendo ao intérprete da lei a imposição de requisitos mais rígidos do que aqueles previstos
para a sua concessão.STJ. 2ª Turma. REsp 1.962.868-SP, Rel. Min. Assusete Magalhães, julgado
em 21/3/2023 (Info 770).

Ao julgar o Tema 955, o STJ modulou os efeitos da decisão reconhecendo a possibilidade de,
nas ações ajuizadas até 8/8/2018, ser possível a inclusão dos reflexos das verbas
reconhecidas na Justiça do Trabalho

Nas demandas ajuizadas na Justiça comum até 8/8/2018 (Tema repetitivo 955/STJ), admite-se
a inclusão no benefício de previdência complementar dos reflexos das verbas reconhecidas na
Justiça Trabalhista, condicionada à previsão regulamentar, e desde que observados os aportes
necessários.STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1.931.439-DF, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 3/4/2023 (Info 12 – Edição Extraordinária)

Competência para julgar ação proposta contra o patrocinador para recomposição de reserva
matemática, em cumulação sucessiva ao pedido de revisão do benefício pela entidade
fechada de previdência privada complementar

Não compete à Justiça comum processar e julgar causas ajuizadas contra o patrocinador para
recomposição de reserva matemática, em cumulação sucessiva ao pedido de revisão do
benefício pela entidade fechada de previdência privada complementar, em consequência da
integração, ao salário de participação, de verbas reconhecidas pela Justiça do Trabalho.STJ. 2ª
Seção. EAREsp 1.975.132-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 12/4/2023 (Info 773).

Incide a contribuição previdenciária a cargo do empregador sobre o auxílio-alimentação


pago em pecúnia

Para que determinada verba componha a base de cálculo da contribuição previdenciária


patronal: 1) habitualidade; 2) caráter salarial.O auxílio-alimentação é parcela que constitui
benefício concedido aos empregados para custear despesas com alimentação (necessidade
essa que deve ser suprimida diariamente) sendo, portanto, inerente à sua natureza a
habitualidade.O auxílio-alimentação pago em dinheiro ao empregado possui natureza
salarial(art. 458, § 2º, da CLT).Logo, incide a contribuição previdenciária a cargo do
empregador sobre o auxílio-alimentação pago em pecúnia.STJ. 1ª Seção. REsp 1.995.437-CE,
Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/4/2023 (Recurso Repetitivo – Tema 1164) (Info 772).
Ato normativo infralegal pode fixar prazo máximo para trabalhador requerer seguro-
desemprego

A Lei nº 7.998/90 atribuiu expressamente ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao


Trabalhador - CODEFAT a competência para regulamentar seus dispositivos, sendo ínsito a tal
poder a possibilidade de complementar o diploma legal relativamente a situações
procedimentais necessárias à sua adequada consecução.A fixação, por ato normativo
infralegal, de prazo máximo para o trabalhador formal requerer o seguro-desemprego, não
extrapola os limites da outorga legislativa, sendo consentânea com a razoabilidade e a
proporcionalidade considerando a necessidade de se garantir a efetividade do benefício e de
se prevenir - ou dificultar - fraudes contra o programa, bem como assegurar a gestão eficiente
dos recursos públicos.Tese fixada: É legal a fixação, em ato normativo infralegal, de prazo
máximo para o trabalhador formal requerer o seguro-desemprego.STJ. 1ª Seção. REsp
1.959.550-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 14/6/2023 (Recurso Repetitivo –
Tema 1136) (Info 779).

É possível o reconhecimento do tempo de serviço rural mediante a apresentação de início de


prova material, desde que corroborado por testemunhos idôneos

Ao decidir o Tema 554, o STJ fixou a seguinte tese:A prova exclusivamente testemunhal é
insuficiente para comprovação da atividade laborativa do trabalhador rural “boia-fria”, sendo
indispensável que ela venha corroborada por razoável início de prova material, conforme exige
o art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991.STJ. 1ª Seção. REsp 1321493-PR, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 10/10/2012 (recurso repetitivo - Tema 554) (Info 506).Vale relembrar,
ainda, que: a jurisprudência do STJ admite como início de prova material, para fins de
comprovação de atividade rural, certidões de casamento e nascimento dos filhos, nas quais
conste a qualificação como lavrador e, ainda, contrato de parceria agrícola em nome do
segurado, desde que o exercício da atividade rural seja corroborado por idônea e robusta
prova testemunhal (STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1.939.810/SP, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 11/4/2022).STJ. 1ª Turma.AgInt no AREsp 2.147.830-SP, Rel. Min. Gurgel
de Faria, julgado em 19/6/2023 (Info 782)

Súmula 657-STJ: Atendidos os requisitos de segurada especial no RGPS e do período de


carência, a indígena menor de 16 anos faz jus ao salário-maternidade.STJ. 1ª Seção. Aprovada
em 23/8/2023, DJe de 28/8/2023 (Info 784

São constitucionais os novos critérios de cálculo da pensão por morte trazidos pelo art. 23 da
EC 103/2019

É constitucional o art. 23, caput, da Emenda Constitucional 103/2019, que fixa novos critérios
de cálculo para a pensão por morte no Regime Geral e nos Regimes Próprios de Previdência
Social. O dispositivo impugnado teve como propósito a restauração do equilíbrio financeiro e
atuarial do sistema previdenciário, de modo que inexiste ofensa ao princípio da
contributividade. Desse modo, a instituição da pensão por morte deve considerar, além da
necessidade dos dependentes, a possibilidade real do sistema de arcar com esse custo.
Ademais, essa reforma previdenciária resguardou os direitos adquiridos (EC 103/2019, art. 3º)
e não violou as legítimas expectativas ou a segurança jurídica, pois, mesmo ausente regra de
transição específica para as pensões, as regras incidentes sobre a aposentadoria acabam por
produzir reflexos no cálculo do benefício por morte. Nesse contexto, a ocorrência de um
decréscimo relevante no valor do benefício — que exigirá um planejamento financeiro maior
dos segurados com dependentes — não significa violação a nenhuma cláusula pétrea, eis que
o núcleo essencial do direito à previdência social e do princípio da dignidade da pessoa
humana não oferece parâmetros precisos para o cálculo da prestação pecuniária. Além disso,
vedou-se que o benefício seja inferior ao salário-mínimo quando for a única fonte de renda
formal do dependente.STF. Plenário. ADI 7.051/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em
24/6/2023 (Info 1101).

É possível a reafirmação da DER para o momento em que implementados os requisitos para


a concessão do benefício, mesmo que isso se dê no interstício entre o ajuizamento da ação e
a entrega da prestação jurisdicional nas instâncias ordinárias

A reafirmação da DER é um instituto típico do Direito Processual Civil Previdenciário que


ocorre quando se reconhece o direito a benefício por fato superveniente ao requerimento
administrativo, fixando-se a sua data de início (Data de Início do Benefício - DIB) para o
momento do adimplemento dos requisitos legais.A Primeira Seção do STJ, no julgamento do
Tema 995/STJ, fixou orientação segundo a qual é possível a reafirmação da DER para o
momento em que restarem implementados os requisitos para a concessão do benefício,
mesmo que isso se dê no interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação
jurisdicional nas instâncias ordinárias (STJ. 1ª Seção. REsp 1.727.064-SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 23/10/2019).Em sede de Embargos de Declaração, a Primeira
Seção deliberou pela impossibilidade de reafirmação da DER para a data de implemento dos
requisitos de concessão quando o fato superveniente for anterior à propositura da
ação.Analisando, contudo, o julgamento dos embargos de declaração, é possível extrair a
compreensão de que somente se poderá admitir o reconhecimento dos efeitos financeiros
desde o momento do implemento dos requisitos para a concessão do benefício quando o fato
superveniente for posterior ao ajuizamento da ação. Isso não significa, contudo, que se proibiu
o reconhecimento do direito ao benefício previdenciário nas hipóteses em que as regras de
concessão foram preenchidas em momento anterior ao ajuizamento da ação.O que o STJ
proibiu foi apenas a possibilidade de reafirmação da DER para a data de implemento dos
requisitos correspondentes ao benefício.Ex: a decisão administrativa negatório foi em 02/02
porque faltava 1 mês de contribuição; o autor continuou trabalhando; em 02/03, ele
preencheu os requisitos; em 02/04, ele ajuizou a ação contra o INSS; em 02/05, o INSS foi
citado. Será possível sim reconhecer judicialmente o benefício. O que não será possível é
retroagir o pagamento para 02/03.Desse modo, impõe-se a fixação do termo inicial, nessas
hipóteses, na data da citação válida do INSS (02/05).STJ. 1ª Turma. AgInt nos EDcl no REsp
2.004.888-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Rel. para acórdão Min. Regina Helena Costa, julgado
em 22/8/2023 (Info 785).
Não ofende a razoabilidade ou o princípio tributário da vedação ao efeito confiscatório
norma estadual que determine o incremento escalonado das alíquotas de contribuição
previdenciária, de 11% a 14%

A majoração escalonada de 11% para 14% da alíquota de contribuição previdenciária de


servidores públicos estaduais ativos, inativos e pensionistas, e de militares, destinada a custear
o Regime Próprio de Previdência Social, revela-se razoável e proporcional, de modo que não
ofende o princípio tributário da vedação ao confisco.STF. Plenário. ADI 5.944/CE, Rel. Min.
André Mendonça, julgado em 22/09/2023 (Info 1109).

Distribuição de lucros aos administradores sem vínculo empregatício integram salário de


contribuição; por outro lado, não incide contribuição previdenciária sobre os valores
vertidos a planos de previdência privada complementar de administradores não empregados

A distribuição de lucros e resultados destinada aos administradores sem vínculo empregatício,


na condição de segurados obrigatórios (contribuintes individuais), constitui verba
remuneratória, devendo integrar o salário de contribuição. Não incide a contribuição
previdenciária da Lei nº 8.212/91 sobre os valores vertidos a planos de previdência privada
complementar de administradores não empregados, mesmo quando não disponibilizados à
totalidade de empregados e dirigentes da empresa.STJ. 1ª Turma. REsp 1.182.060-SC, Rel. Min.
Sérgio Kukina, julgado em 7/11/2023 (Info 794)

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