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QUALIDADE DE SEGURADO/ PERÍODO DE GRAÇA

Artigo 15 da Lei 8213/91, artigo 13 do D 3048/99, artigo 183 da In128, Portaria


Dirben/INSS 991 de 28 de março de 2022

É um instituto do direito previdenciário, que significa, que a pessoa (pessoa


física) está filiada ao sistema, mantendo todos os direitos perante a Previdência
Social.
A manutenção dessa qualidade é, em regra, indispensável para a concessão dos
benefícios previdenciários.

Após a cessação do benefício ou após a última contribuição é que começa o período de graça
A contribuição depois da EC 103/2019
CF artigo 195
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao
Regime Geral de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual
ou superior à contribuição mínima mensal exigida para sua categoria,
assegurado o agrupamento de contribuições. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 103, de 2019)
Recolhimento pós óbito:
TNU: Súmula n.º 52: “Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a
regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual
posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas
por empresa tomadora de serviços”;

A lei 13.846/2019 acrescentou o parágrafo 7º ao artigo 17 da lei 8213/91:

§ 7º Não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual


e de segurado facultativo.
 Prazos de manutenção da qualidade de segurado:

 Sem limite de prazo quem está em gozo de benefício EXCETO AUXÍLIO-


ACIDENTE.(alteração da Lei 13.846/2019)

 até doze meses após a cessação de benefício por incapacidade ou após a cessação
das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada
abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem
remuneração ( prazo vale para segurado que se desvinculou do RPPS, desde que se
vincule ao RGPS)
 esse prazo será prorrogado para até vinte e quatro meses, se o segurado já tiver
pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da
qualidade de segurado;(prazo vale para quem se desvinculou do RPPS, desde que
se vincule ao RGPS)

 os prazos supra são acrescidos em doze meses para o segurado desempregado,


desde que comprove essa situação por registro no órgão próprio do Ministério do
Trabalho e Emprego.
Então:

 de doze meses após última contribuição, cessação de benefício;


 vinte e quatro meses (para o segurado com mais de 120 contribuições mensais,
sem perda da condição de segurado);
 ou para o segurado com menos de 120 contribuições, comprovando que depois
dos primeiros doze meses de período de graça permanece na situação de
desemprego, pelas anotações referentes ao seguro-desemprego ou ao registro no
Sistema Nacional de Emprego – SINE, do Ministério do Trabalho e Emprego)

 ou trinta e seis meses (quando o segurado com mais de 120 contribuições


mensais, sem perda da qualidade de segurado, comprove, após os primeiros vinte
e quatro meses, que permanece desempregado, conforme registro do SINE-TEM)
OBS: A IN128, artigo 184, §5º aceita como prova de ´desemprego o recebimento
de seguro desemprego
 A regra vale para o segurado especial que pode ter o seu “período de graça”
prorrogado por até 36 (trinta e seis) meses, desde que satisfeitas as condições do
art. 15 da Lei n.º 8.213/1991. Nesse sentido: TRF4, Incidente de Uniformização
JEF n.º 5003093-30.2012.404.7108, Turma Regional de Uniformização, Relator
Juiz Federal Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva, em 21.2.2014.

 A regra também se aplica caso o segurado tenha se desvinculado de regime


próprio de previdência social (ex.: servidor que pede exoneração ou é demitido),
nos termos do § 4.º do art. 13 do Regulamento DL 3048/99, incluído pelo Decreto
n.º 3.265/1999
Doenças de segregação compulsória:

Até doze meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de


segregação compulsória:

Doenças que a vigilância sanitária e epidemiológica, determinem a internação em


separado ou a impossibilidade de contato com outras pessoas.

Assim, além de mantido na condição de segurado durante o período da doença (gozo


de benefício) e terá direito a mais doze meses de período de graça, após a cessação da
segregação, sem necessidade de recolhimento de contribuições.
 E o preso?

 até doze meses após o livramento, o segurado detido ou recluso – o segurado que,
nesta condição, for recolhido a cárcere, impossibilitado, portanto, de exercer
atividade remunerada, permanece na qualidade de segurado, durante a reclusão
ou detenção, uma vez que seus dependentes têm direito ao auxílio-reclusão.
Concedida a liberdade – provisória ou não –, o segurado permanece nesta
condição até doze meses após.
 Obviamente não será segurado o detento ou recluso que não era, ao tempo da
prisão, segurado do RGPS, nem se encontrava em período de graça.

 Vale dizer, o indivíduo que não era segurado antes do cumprimento da pena não
adquire tal condição ao ser solto.
 SERVIÇO MILITAR

 Até três meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas


para prestar serviço militar – a prestação de serviço militar citada na lei é a do
serviço militar obrigatório, que suspende o contrato de trabalho dos segurados
empregados.

 Aquele que já era segurado antes de prestar o serviço militar permanece nessa
condição, durante o período junto às Forças Armadas, até três meses após sua
“baixa”.
 Segurado Facultativo: até seis meses após a cessação das contribuições, uma vez
tendo iniciado a contribuir como tal, tem o permissivo legal de não contribuir por
até seis meses contínuos, permanecendo durante esse prazo na condição de
segurado; porém, o período em que não houve contribuição não será computado
para fins de contagem de tempo para aposentadoria.

 Caso o segurado obrigatório em gozo de seu período de graça torne-se contribuinte


facultativo, ao deixar de contribuir poderá usufruir do período de graça que lhe for
mais vantajoso entre os prazos de contribuinte obrigatório ou facultativo, conforme
§ 7.° do art. 184 da IN 128/2022.
Termo inicial do período de graça

§ 4.º do art. 15 da Lei n.º 8.213/1991


A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo
fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da
contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos
fixados neste artigo e seus parágrafos.

O termo inicial do período de graça é o mês imediatamente posterior à última


contribuição do segurado. Desse modo, mesmo que o contrato de trabalho tenha se
encerrado no início do mês, o período de graça começará a valer apenas no mês
seguinte.
Possibilidades:
Recolheu mais de 120 contribuições mensais sem interrupção e não comprovou
desemprego: terá um período de graça total de 24 meses (art. 15, inciso II c. c.
art. 15, §1º).
Não recolheu mais de 120 contribuições mensais sem interrupção e comprovou
desemprego: terá um período de graça total de 24 meses (art. 15, inciso II c. c.
art. 15, §2º).
Recolheu mais de 120 contribuições mensais sem interrupção e comprovou
desemprego: terá um período de graça total de 36 meses (art. 15, inciso II c. c.
art. 15, §1º e §2º).
Resumindo:

Durante o período de graça, o segurado não está efetuando contribuições. Se o


segurado tem sua atividade laborativa assegurada ao final do período (por
exemplo, segurado empregado após retornar do auxílio-doença), a contribuição
presume-se realizada tão logo este retorne ao posto de trabalho (art. 33, § 5.º, da
Lei n.º 8.212/1991), não cabendo falar em perda da qualidade de segurado nessas
circunstâncias.
PARA EVITAR A PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO

No caso do segurado que está desempregado, e ao final do período de graça não


consegue se recolocar no mercado de trabalho:
Para se manter na condição de segurado, deverá realizar contribuição, como
facultativo ou contribuinte individual. Para tanto, o prazo de recolhimento da é o
dia 15 do mês subsequente ao da competência, MEI até dia 20.
Então, se o período de graça, por exemplo, expirar em abril, a primeira
contribuição deverá ser feita sobre o mês de maio. Esta, por seu turno, deverá ser
recolhida pelo contribuinte até o dia 15 do mês seguinte, ou seja, 15 de junho ( ou
primeiro dia útil)

Caso a pessoa não faça a contribuição até esta data, então, perderá a qualidade de
segurado.
Na prática, então, o segurado contribuinte individual possui 13 meses e 15 dias no
mínimo como período de graça, podendo chegar a 37 meses e 15 dias, por
interpretação sistemática do §4.º do art. 15 da LBPS.
PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO E AS APOSENTADORIAS
PROGRAMÁVEIS

IMPORTANTE:
O fato de perder a qualidade não implica perder o direito adquirido à aposentadoria,
desde que já cumpridos demais requisitos, segundo a legislação vigente na época em
que tais requisitos foram atendidos.

É o cumprimento da regra constitucional que determina o respeito ao direito


adquirido (§ 1.º do art. 180 do Decreto n.º 3.048/1999).

Lei 8213/91, Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos
direitos inerentes a essa qualidade. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997)

§ 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para


cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em
vigor à época em que estes requisitos foram atendidos.
ÓBITO FORA DA QUALIDADE DE SEGURADO
No caso da pensão por morte, no caso do de cujus ter perdido a qualidade de
segurado, esta somente é devida, atendidas as demais exigências legais, se o
falecido já tivesse direito adquirido a alguma espécie de aposentadoria, por
ter cumprido todos os requisitos à época em que estava filiado ao RGPS (§ 2.º
do art. 180 do Regulamento).

STF Súmula 416: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado
que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitos legais para
obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito”
AGU súmula 26:

“Para concessão de benefício por incapacidade, não será considerada a perda da


qualidade de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante.”

“Assim, identificada a incapacidade para o trabalho no período de graça e que, no


caso da pensão, tenha tal limitação se estendido até o evento óbito, seja tal inaptidão
permanente ou temporária, restará inconteste o direito ao recebimento do benefício
correspondente. Istó é, auxílio-doença para o segurado ou pensão para os
dependentes que demonstrem a obediência aos demais requisitos”( Robert, Malcon,
Qualidade de Segurado e período de graça e carência, Editora Dinâmica, pag.44)
DISPOSIÇÃO BENÉFICA DA NOVA
IN128
Art. 185. Para os segurados relacionados no § 1º, as contribuições efetuadas em atraso poderão ser
computadas para efeito de manutenção de qualidade de segurado, desde que o seu recolhimento seja
anterior à data do fato gerador do benefício pleiteado.

§ 1º O disposto no caput se aplica aos segurados na categoria de contribuinte individual, inclusive o


Microempreendedor Individual de que tratam os artigos 18-A e 18-C da Lei Complementar nº 123, de
2006, de facultativo e de segurado especial que esteja contribuindo facultativamente.

§ 2º Aplica-se o disposto no caput ainda que o recolhimento em atraso tenha sido efetuado após a
perda da qualidade de segurado, para os segurados mencionados no §1º, exceto o segurado facultativo.

§ 3º Para fins do disposto no caput, presume-se regular o recolhimento em atraso constante no CNIS
sem indicador de pendências, na forma do art. 19 do RPS.

.
§ 4º Os recolhimentos efetuados a título de complementação não devem ser
considerados para fins de reconhecimento do atraso nas contribuições.

§ 5º Não se aplica o disposto no caput ao contribuinte individual prestador de serviço


em relação aos períodos de atividade comprovada a partir da competência abril de
2003, por força da Medida Provisória nº 83, de 12 de dezembro de 2002, convertida
na Lei nº 10.666, de 2003.

§ 6º A análise da perda da qualidade de segurado observará a data do recolhimento,


não sendo verificada a competência.

§ 7º Deve ser considerada, para efeito de manutenção da qualidade de segurado, o


recolhimento referente a competência do fato gerador, desde que efetuado dentro do
seu vencimento.
§ 8º O disposto no caput se aplica a todos os requerimentos de benefícios pendentes
de análise, independentemente da data do recolhimento
Além dos prazos de manutenção da qualidade de segurado, a legislação aplicável traz
expressa disposição de que o período de graça acaba no dia seguinte ao do
vencimento da contribuição do contribuinte individual, que por sua vez deve ser feita
até o dia 15 do mês seguinte àquele a que se refere a contribuição (§4º, do artigo 15,
da Lei 8.213/91; artigo 14, do decreto 3.048/99 e inciso II, artigo 30, da Lei 8.212/91).
Como contar na prática período de graça
• Caso concreto
• Caso ocorra a demissão de um segurado empregado no dia
05/01/2023, mantém-se a qualidade de segurado pelo menos até
15/03/2024 (na regra geral de 12 meses de prorrogação).

• Google calculadora de qualidade de segurado

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