“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
além de outros que visem à melhoria de sua condição social: II – seguro-desemprego em caso de desemprego involuntário.” Seguro-Desemprego Constituição Federal:
“Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma
de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...) III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário.” Seguro-Desemprego O Constituinte de 1988 entendeu ser o desemprego involuntário uma situação de risco social a ser coberto pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS).
Todavia, apesar de sua natureza previdenciária, não se pode
dizer que o seguro-desemprego é um benefício previdenciário. O legislador ordinário trilhou caminho diverso do proposto pelo constituinte, ao excluir do rol dos benefícios do RGPS a cobertura do desemprego involuntário, como expresso no art. 9º, § 1º, da Lei nº 8.213/91: Seguro-Desemprego “Art. 9º, § 1º: O Regime Geral de Previdência Social – RGPS garante a cobertura de todas as situações expressas no art. 1º desta Lei, exceto as de desemprego involuntário, objeto de lei específica, e de aposentadoria por tempo de contribuição para o trabalhador de que trata o § 2º do art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.” Seguro-Desemprego O seguro-desemprego vem sendo pago pelo Ministério da Economia (ME), com recursos provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Ressalta-se que o seguro-desemprego não veio assegurado,
pela primeira vez, pela Constituição Federal de 1988. Antes mesmo desta data, o benefício estava previsto na Constituição de 1946, porém a sua instituição ocorreu somente com o Decreto-Lei nº 2.284/1986. Seguro-Desemprego Atualmente, é regulamentado pela Lei nº 7.998/1990, havendo disposições específicas na Lei Complementar nº 150/2015, relativamente ao empregado doméstico e na Lei nº 10.779/2003 para o pescador artesanal. O benefício tem a finalidade de prover assistência financeira, por um período determinado, ao trabalhador que é dispensado involuntariamente. Integra o Programa do Seguro-Desemprego que, por meio de ações de orientação, recolocação e qualificação profissional, tem a função de auxiliar o trabalhador na manutenção e na busca do emprego. Condições para concessão do Seguro-Desemprego Cabe destacar os trabalhadores que têm direito ao recebimento do benefício:
• empregado dispensado sem justa causa;
• empregado que tenha requerido a rescisão indireta (art. 483 da CLT); • empregado cujo contrato de trabalho foi suspenso em virtude de participação em curso ou programa de qualificação oferecido pelo empregador, conforme art. 476-A da CLT; Condições para concessão do Seguro-Desemprego • pescador profissional durante o período em que a pesca é proibida devido à procriação das espécies; • trabalhador resgatado da condição análoga à de escravidão. • empregado doméstico que for demitido sem justa causa. Empregados Os requisitos para a concessão do seguro-desemprego ao empregado dispensado sem justa causa estão previstos no art. 3º da Lei nº 7.998/1990.
Exige-se do trabalhador demitido sem justa causa, para fins
de recebimento do seguro-desemprego: Empregados I – ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada, relativos a: a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação; b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da segunda solicitação; e c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações; Empregados II – não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio- acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de permanência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973; III – não estar em gozo do auxílio-desemprego; IV – não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família. Empregados V – matrícula e frequência, quando aplicável, nos termos do regulamento, em curso de formação inicial e continuada ou de qualificação profissional habilitado pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 18 da Lei no 12.513, de 26 de outubro de 2011, ofertado por meio da Bolsa-Formação Trabalhador concedida no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pela Lei no 12.513, de 26 de outubro de 2011, ou de vagas gratuitas na rede de educação profissional e tecnológica. Empregados Com as novas regras trazidas pela Lei nº 13.134/2015, o seguro-desemprego será pago por um período máximo variável de três a cinco meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo, contados da data de dispensa que deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Empregados A determinação do período máximo de recebimento do seguro-desemprego observará a seguinte relação entre o número de parcelas mensais do benefício do seguro- desemprego e o tempo de serviço do trabalhador nos 36 (trinta e seis) meses que antecederem a data de dispensa que originou o requerimento do benefício, vedado o cômputo de vínculos empregatícios utilizados em períodos aquisitivos anteriores: Empregados 04 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no QUANDO DA mínimo 12 e no máximo 23 meses no período de referência; 1ª SOLICITAÇÃO DO BENEFÍCIO, 05 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no SERÃO PAGAS: mínimo 24 meses no período de referência.
03 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no
mínimo 09 e no máximo 11 meses no período de referência; QUANDO DA 2ª SOLICITAÇÃO 04 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no DO BENEFÍCIO, mínimo 12 e no máximo 23 meses no período de referência. SERÃO PAGAS: 05 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no mínimo 24 meses no período de referência. Empregados 03 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no mínimo 06 e no máximo 11 meses no período de referência; QUANDO DA 04 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo 3ª SOLICITAÇÃO, empregatício de no mínimo 12 e no máximo 23 EM DIANTE, meses no período de referência; SERÃO PAGAS: 05 parcelas, se o empregado tiver tido vínculo empregatício de no mínimo 24 meses no período de referência. Trabalhador resgatado Há, ainda, a possibilidade de recebimento do seguro- desemprego no caso de empregado resgatado de regime de trabalho forçado ou da condição análoga à escravidão.
Ressalta-se que essa hipótese de benefício, prevista no art.
2º-C, da Lei nº 7.998/1990, foi criada pela Lei nº 10.608/2002, e, portanto, somente após esse período, os trabalhadores resgatados puderam ter direito ao seguro-desemprego. Trabalhador resgatado O trabalhador que vier a ser identificado como submetido a regime de trabalho forçado ou reduzido a condição análoga à de escravo, em decorrência de ação de fiscalização do Ministério da Economia será dessa situação resgatado e terá direito à percepção de três parcelas de seguro-desemprego no valor de um salário mínimo cada. Trabalhador resgatado São requisitos para o recebimento do benefício para os empregados resgatados do regime de trabalho escravo: • comprovar o resgate do regime de trabalho escravo ou da condição análoga à escravidão; • não receber nenhum benefício da Previdência Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; • não possuir renda própria para seu sustento e de sua família; • pedido realizado até 90 dias após o resgate. Trabalhador resgatado Será vedado o recebimento do mesmo benefício, em situação similar, nos 12 (doze) meses seguintes à percepção da última parcela. Empregado doméstico Inicialmente, há que se registrar que, após a promulgação da EC nº 72/2013, o direito ao seguro-desemprego passou a ser garantido aos empregados domésticos nos termos do art. 7º, parágrafo único, CF/88.
O referido dispositivo, no entanto, apresenta eficácia
limitada, e somente poderá ser exigido após a promulgação de lei regulamentadora do tema. Empregado doméstico A regulamentação do direito do empregado doméstico ao seguro-desemprego veio, então, com a publicação da Lei Complementar nº 150/2015, que revogou a Lei nº 5859/72, tornando obrigatória a inscrição do empregado doméstico no FGTS. Empregado doméstico Para se habilitar ao benefício do seguro-desemprego, o empregado doméstico deverá apresentar ao órgão competente do Ministério da Economia: I) Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do contrato de trabalho doméstico e a data de dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses; II) termo de rescisão do contrato de trabalho; Empregado doméstico III) declaração de que não está em gozo de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto auxílio- acidente e pensão por morte; e
IV) declaração de que não possui renda própria de
qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família. Empregado doméstico O empregado doméstico receberá, no máximo, 03 (três) parcelas de seguro-desemprego no valor de 01 (um) salário mínimo cada uma.
O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 90
(noventa) dias contados da data de dispensa.
Novo seguro-desemprego só poderá ser requerido após o
cumprimento de novo período aquisitivo, cuja duração será definida pelo Codefat. Pescador artesanal: seguro-defeso A Lei nº 10.779/2003 veio garantir ao pescador artesanal receber o recebimento do seguro-desemprego, no valor de 01 (um) salário mínimo, durante o período de defeso de atividade pesqueira para a preservação da espécie. Esse benefício é, também, chamado de seguro-defeso.
Trata-se de assistência temporária ao pescador profissional
que realiza as atividades de forma artesanal, individualmente ou em economia familiar, durante o período de defeso de atividade pesqueira. Pescador artesanal: seguro-defeso O período de defeso é aquele em que ocorre a reprodução dos peixes. Esse interstício é fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique. O pescador fica impossibilitado de exercer a atividade. Pescador artesanal: seguro-defeso O antigo Ministério do Trabalho deixou de ser o responsável pelos requerimentos do seguro-defeso a partir de abril de 2015. Com a nova regra trazida pela Medida Provisória nº 665/2014, convertida na Lei nº 13.134/2015, o INSS passou a receber e processar os requerimentos e habilitar os beneficiários para o seguro-defeso, nos termos do regulamento. Mas, o pagamento deste benefício continua sendo pago à conta do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT). Pescador artesanal: seguro-defeso Para se habilitar ao benefício, o pescador deverá apresentar ao INSS os seguintes documentos:
I) registro como pescador profissional, categoria
artesanal, devidamente atualizado no Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), pela Secretaria Especial da Aquicultura e da Pesca com antecedência mínima de 1 (um) ano, contado da data de requerimento do benefício; Pescador artesanal: seguro-defeso II) cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previdenciária de que trata o § 7º do art. 30 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante de recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e Pescador artesanal: seguro-defeso III) outros estabelecidos em ato do Ministério da Economia que comprovem: a) o exercício da profissão de pescador artesanal; b) que se dedicou à pesca durante no período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor; c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira. Pescador artesanal: seguro-defeso O INSS, no ato de habilitação ao benefício, deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores ao requerimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor. O INSS deverá divulgar mensalmente lista com todos os beneficiários que estão em gozo do seguro-desemprego no período de defeso, detalhados por localidade, nome, endereço e número e data de inscrição no RGP. Pescador artesanal: seguro-defeso Desde que atendidos os requisitos para a obtenção do seguro-defeso, o benefício será concedido ao pescador profissional artesanal cuja família seja beneficiária de programa de transferência de renda com condicionalidades, e caberá ao órgão ou à entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa a suspensão do pagamento pelo mesmo período da percepção do benefício de seguro-desemprego. Pescador artesanal: seguro-defeso O pescador não poderá estar em gozo de nenhum benefício decorrente de benefício previdenciário ou assistencial de natureza continuada, exceto pensão por morte e auxílio- acidente. Pescador artesanal: seguro-defeso Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, todo aquele que fornecer ou beneficiar-se de atestado falso para o fim de obtenção do benefício do seguro-defeso estará sujeito:
I) a demissão do cargo que ocupa, se servidor público;
II) a suspensão de sua atividade, com cancelamento do seu registro, por dois anos, se pescador profissional. Pescador artesanal: seguro-defeso O pescador profissional artesanal não fará jus a mais de um benefício de seguro-desemprego no mesmo ano decorrente de defesos relativos a espécies distintas.
A concessão do benefício não será extensível às atividades
de apoio à pesca e nem aos familiares do pescador profissional que não satisfaçam os requisitos e as condições estabelecidos na Lei. O benefício do seguro-desemprego é pessoal e intransferível. Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego O benefício do seguro-desemprego será suspenso nas seguintes hipóteses:
I) admissão do trabalhador em novo emprego;
II) início de percepção de benefício de prestação continuada da Previdência Social, exceto o auxílio-acidente, o auxílio suplementar e o abono de permanência em serviço; III) início de percepção de auxílio-desemprego. Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego A Lei nº 13.134/2015 acrescentou mais uma hipótese de suspensão do seguro-desemprego: – a recusa injustificada por parte do trabalhador desempregado em participar de ações de recolocação de emprego, conforme regulamentação do Codefat. Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego O benefício do seguro-desemprego será cancelado:
I) pela recusa por parte do trabalhador desempregado de
outro emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior; II) por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação; Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego
III) por comprovação de fraude visando à percepção
indevida do benefício do seguro-desemprego; ou
IV) por morte do segurado.
Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego No que diz respeito ao seguro-defeso, poderá ser cancelado o benefício nas seguintes hipóteses:
I) início de atividade remunerada;
II) início de percepção de outra renda; III) morte do beneficiário; IV) desrespeito ao período de defeso; ou V) comprovação de falsidade nas informações prestadas para a obtenção do benefício. Suspensão e cancelamento do seguro-desemprego Em relação ao seguro-desemprego do empregado doméstico, o benefício será cancelado: I) pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior; II) por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação; III) por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro-desemprego; ou IV) por morte do segurado. Outras questões Por fim, é dever do empregador conceder as guias para o recebimento do seguro-desemprego. A recusa injustificada em fornecer essa documentação dará ensejo à indenização. Nesse sentido, prevê a jurisprudência do TST: Outras questões Súmula nº 389 do TST. Seguro-desemprego. Competência da justiça do trabalho. Direito à indenização por não liberação de guias I – Inscreve-se na competência material da Justiça do Trabalho a lide entre empregado e empregador tendo por objeto indenização pelo não fornecimento das guias do seguro-desemprego. II – O não fornecimento pelo empregador da guia necessária para o recebimento do seguro-desemprego dá origem ao direito à indenização. Outras questões A Súmula nº 389, item I, do TST versa sobre o pedido dessa indenização, por ausência das guias do seguro-desemprego. Ademais, o reconhecimento judicial da ilegalidade da dispensa por justa causa retroage no tempo, de modo a ensejar o pagamento da indenização substitutiva pela não liberação das guias do seguro-desemprego de que trata a Súmula nº 389, II, do TST. Assim, não importa o fato de o empregador não estar obrigado a fornecer as mencionadas guias no momento da rescisão contratual, pois o pagamento da indenização visa minimizar o prejuízo sofrido pelo empregado.