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O crime de apropriação indébita previdenciária encontra-se previsto no art. 168-A do Código Penal (CP) que
assim dispõe:
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos contribuintes,
no prazo e forma legal ou convencional:
II – recolher contribuições devidas à previdência social que tenham integrado despesas contábeis
ou custos relativos à venda de produtos ou à prestação de serviços;
III – pagar benefício devido a segurado, quando as respectivas cotas ou valores já tiverem sido
reembolsados à empresa pela previdência social.
§ 3º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento
da contribuição social previdenciária, inclusive acessórios; ou
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
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Verifica-se no caput do artigo 168-A do Código Penal que a conduta a ser punida é o não repasse à
Previdência Social das contribuições retidas dos contribuintes pelo agente no prazo legal ou convencional.
Nesse caso, são consideradas todas as contribuições que devem ser descontadas do contribuinte e
repassadas aos cofres da União, como:
• as contribuições retidas do produtor rural, pessoa física, do segurado especial e dos consórcios de
produtores rurais quando vendem sua produção à empresa, consignatária adquirente, etc.;
• a retenção dos 11% incidentes sobre a nota fiscal ou fatura de serviço quando da prestação de serviço por
empreitada ou cessão de mão de obra;
• a retenção da contribuição das associações que mantêm equipe profissional de futebol sobre a receita
bruta dos espetáculos desportivos e sobre as verbas de patrocínio, etc., recebidas.
O sujeito ativo do crime é o substituto tributário, ou seja, aquele que tem a obrigação de reter a contribuição
e repassar à Previdência Social.
É um crime omissivo próprio, uma vez que haverá por parte do agente uma omissão – “deixar de
repassar...”. Aqui não importa a intenção do agente de apropriar-se dos valores, bastando que proceda ao
desconto e não o repasse à Previdência Social. É próprio, porque vai ser praticado pelo substituto tributário
que tem a obrigação de descontar a contribuição de outros e repassar à Previdência Social.
Se os valores das contribuições previdenciárias não forem descontados nas remunerações dos
empregados e demais pessoas, ainda que não haja os recolhimentos devidos à previdência social, não há se
falar em prática do delito de apropriação indébita previdenciária.
A competência para processar e julgar a apropriação indébita previdenciária é da Justiça Federal e a ação
penal é pública incondicionada, a ser proposta pelo Ministério Público Federal.
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A ação penal deve ser promovida somente após encerrado o procedimento administrativo fiscal que
verificou a conduta do agente. O Ministério Público Federal não poderá oferecer denúncia antes do término
do procedimento administrativo-fiscal que gerou o lançamento das contribuições não recolhidas à
Previdência Social.
Segundo entendimento adotado pela Corte do Superior Tribunal de Justiça, “os crimes de sonegação de
contribuição previdenciária e apropriação indébita previdenciária, por se tratarem de delitos de caráter
material, somente se configuram após a constituição definitiva, no âmbito administrativo das exações que
são objeto das condutas.”.
Esse é o entendimento da Súmula Vinculante nº 24 do STF que tem sido aplicado, também, para os crimes
de apropriação indébita previdenciária e sonegação previdenciária:
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV,
da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo.
Importante, ainda, destacar que as figuras delitivas dispostas no § 1º do art. 168-A, CP, traduzem crimes
omissivos próprios e estarão sujeitos à mesma pena de reclusão de 02 (dois) a 5 (cinco) anos e à multa.
No que diz respeito à extinção da punibilidade, prevista no art. 168-A, § 2º do CP, exige-se que o agente,
espontaneamente, declare, confesse e efetue o pagamento das contribuições, importâncias ou valores e
preste as informações devidas à Previdência Social, antes do início da ação fiscal. Para a exclusão, é
necessário o recolhimento integral do devido antes da ação fiscal, que se inicia, em regra, pelo termo de
início da ação fiscal (TIAF).
Não se pode confundir pagamento com parcelamento do débito para fim de extinguir a
punibilidade em relação ao crime de apropriação indébita previdenciária.
O parcelamento suspende a pretensão punitiva do Estado e não faz correr a prescrição criminal.
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1.2. Perdão judicial
• tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a denúncia, o pagamento da
contribuição social previdenciária, inclusive acessórios. Essa hipótese resta, hoje, sem aplicação, diante do
entendimento que o pagamento a qualquer tempo extingue a punibilidade do crime.
• Se o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
Previdência Social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais, o que está limitado como R$ 20.000,00.
Há que se chamar atenção do leitor sobre a inclusão do § 4º ao art. 168-A do Código Penal. O perdão judicial
não poderá ser aplicado aos casos de parcelamento de contribuições previdenciárias cujo valor, seja
superior àquele estabelecido administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas
execuções fiscais.
O crime de sonegação de contribuição previdenciária encontra-se previsto no art. 337-A do Código Penal
(CP) que assim dispõe:
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante
as seguintes condutas:
III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
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§ 2º É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
primário e de bons antecedentes, desde que:
I – (VETADO)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o
ajuizamento de suas execuções fiscais.
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
5.155,31 (cinco mil cento e cinquenta e cinco reais e trinta e um centavos) – Portaria ME nº 09/19,
o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
§ 4º O valor a que se refere o parágrafo anterior será reajustado nas mesmas datas e nos mesmos
índices do reajuste dos benefícios da previdência social (negrito meu).
Este crime foi inserido no Título referente aos crimes contra a Administração Pública, no Capítulo dos crimes
praticados por particulares. Não estava previsto na Lei nº 8.212/91, mas, sim, na Lei nº 8.137/90, que deixa
de ser aplicada em virtude da existência de norma específica sobre o assunto.
É um crime omissivo próprio, uma vez que só pode ser praticado por meio de conduta omissiva, prevista de
diversas formas nos incisos I, II e III do art. 337-A do Código Penal, pelo responsável tributário.
No entanto, cabe registrar que a ação penal deve ser promovida somente após encerrado o
procedimento administrativo fiscal que verificou a conduta do agente. O Ministério Público Federal não
poderá oferecer denúncia antes do término do procedimento administrativo-fiscal que gerou o lançamento
das contribuições não recolhidas à Previdência Social.
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Segundo entendimento adotado pela Corte do Superior Tribunal de Justiça, “os crimes de sonegação de
contribuição previdenciária e apropriação indébita previdenciária, por se tratarem de delitos de caráter
material, somente se configuram após a constituição definitiva, no âmbito administrativo das exações que
são objeto das condutas.”.
Em relação à pena deste crime, perceba que é a mesma prevista para o crime de apropriação indébita
previdenciária – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.
No que diz respeito à extinção da punibilidade, prevista no art. 337-A, § 1º do CP, exige-se que o agente,
espontaneamente, declare, confesse as contribuições, importâncias ou valores e preste as informações
devidas à Previdência Social, antes do início da ação fiscal.
• se o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
Previdência Social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções
fiscais, o que está limitado como R$ 20.000,00.
O § 3º do art. 337-A do CP prevê uma causa especial de diminuição de pena para o crime de sonegação de
contribuição previdenciária. Quando o empregador não for pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal
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não ultrapassar R$ 5.679,82 (cinco mil, seiscentos e setenta e nove reais e oitenta e dois centavos)1, o juiz
poderá reduzir a pena de um terço (1/3) até a metade (1/2) ou aplicar apenas a pena de multa.
Os valores acima são reajustados nas mesmas datas e nos mesmos índices do reajuste aplicado aos benefícios
da Previdência Social.
O art. 297 do Código Penal teve acrescentados ao seu texto os §§ 3º e 4º para incluir o crime de falsificação
documental previdenciária.
Art. 297. Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do
segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de
prestação de serviços.
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. Portaria SEPRT/Ministério da Economia nº 477/2021
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Este tipo consta do Título referente aos crimes contra a fé pública, no Capítulo referente à falsidade
documental. Visa, basicamente, a preservar a veracidade das informações constantes em tais documentos.
O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, sendo o crime classificado como comum.
O crime previsto no § 3º do art. 297 é comissivo, pois traduz a ação de inserir dados falsos.
Já o crime previsto no § 4º do art. 297 é omissivo, já que traduz uma omissão da empresa em relação aos
seus segurados.
A competência para processar e julgar esse crime é da Justiça Federal e a ação penal é pública
incondicionada, a ser proposta pelo Ministério Público Federal.
Quando o falso se exaure no estelionato, sem potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para
causar dano.
O sujeito ativo do crime é o funcionário público autorizado a trabalhar com o sistema informatizado da
Previdência Social, caracterizando o crime como próprio.
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Neste particular, é interessante registrar o novo conceito de funcionário público trazido pelo art. 327, § 1º
do Código Penal:
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
O sujeito passivo do crime é o Estado, especificamente na figura da Previdência Social. Em segundo lugar,
pode-se colocar o particular que vier a ser prejudicado com a inserção, alteração ou exclusão dos dados.
É crime próprio, formal e comissivo. É próprio, pois somente o funcionário autorizado poderá praticá-lo, isto
é, o funcionário dotado de senha para inclusão de dados no sistema. É comissivo, pois decorre de uma ação
do agente e é formal porque não carece de resultado para sua consumação.
O elemento subjetivo, por sua vez, é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar as condutas
em questão, com a finalidade específica de obter vantagem indevida para si ou para outrem, ou para causar
dano. Trata-se, no caso, de dolo específico, já que o fim visado pelo agente deve ser a vantagem indevida
para si ou para outrem, ou ainda para causar dano.
A competência para processar e julgar esse crime é da Justiça Federal e a ação penal é pública
incondicionada, a ser proposta pelo Ministério Público Federal.
Veja que a pena prevista é maior do que a dos crimes de apropriação indébita e de sonegação de contribuição
previdenciária – reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa.
O sujeito ativo do crime é o funcionário público, não havendo a necessidade de ele estar autorizado a
trabalhar com o sistema informatizado da Previdência Social. Aqui, tem-se a figura de crime praticado por
funcionário público contra a administração em geral. Esta nova conduta é conhecida por data dilling.
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O sujeito passivo do crime é o Estado, especificamente na figura da Previdência Social. Em segundo lugar,
pode-se colocar o particular que vier a ser prejudicado com a modificação ou alteração dos dados.
É crime próprio, já que praticado por funcionário público2; é formal, porque dispensa qualquer resultado
para sua consumação e, também, comissivo, porque é realizado por uma ação do agente.
A diferença básica entre este tipo penal e o anterior é a ausência de dolo específico, já que a mera
modificação ou alteração dolosa, com qualquer fim, caracteriza o ilícito penal.
A competência para processar e julgar esse crime é da Justiça Federal e a ação penal é pública
incondicionada, a ser proposta pelo Ministério Público Federal.
Destaque deve ser dado ao disposto no parágrafo único do art. 313-B do Código Penal, que traz
a causa especial de aumento de pena. Produzido o resultado naturalístico, ou seja, a alteração ou
modificação dos dados com o efetivo dano à Administração Pública e/ou ao particular, a pena será
aumentada de um terço até a metade.
6. Estelionato Previdenciário
O crime de estelionato contra a Previdência Social foi o único a não ser alterado pela Lei nº 9.983/00 e
continua previsto no art. 171, § 3º do CP:
Art. 171. Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento:
(...)
2
. Art. 327 do CP
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Veja o entendimento do STJ quanto ao tema na Súmula nº 24:
O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa, sendo o crime qualificado como comum.
O sujeito passivo do crime é o Estado, especificamente na figura da Previdência Social. Em segundo lugar,
pode-se colocar o particular que vier a ser eventualmente prejudicado.
É crime contra o patrimônio da Seguridade Social, sendo delito material, pois sua concretização toma lugar
com a obtenção da vantagem indevida, como o recebimento de benefício, oriundo de ardil praticado perante
o INSS.
A competência para processar e julgar esse crime é da Justiça Federal e a ação penal é pública
incondicionada, a ser proposta pelo Ministério Público Federal.
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