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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA 12ª VARA DAS EXECUÇÕES FISCAIS

FEDERAIS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Ação de Execução Fiscal


Proc. nº. 012345-8.2010
Exequente: Fazenda Pública de São Paulo
Executado: Artur P.

ARTUR P., brasileiro, casado, comerciante, portador da cédula de identidade RG nº … e


inscrito no CPF sob o nº …, residente e domiciliado na Rua X, nº …, Bairro …, CEP …, na
cidade de São Paulo, SP, por seu advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, nos autos da EXECUÇÃO FISCAL que lhe move a
FAZENDA NACIONAL, opor EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE, com fulcro nos artigos
485, IV, e 803.

I- Dos Fatos

O excipiente foi citado para integrar o polo passivo da presente execução fiscal, que
tem por objeto a cobrança de contribuições sociais (PIS e COFINS) e imposto de renda da
pessoa jurídica (IRPJ) referentes aos exercícios financeiros de 2004 e 2005, supostamente
devidos pela sociedade empresarial ART SOFS Ltda, da qual o excipiente foi sócio até
2002.

Ocorre que o excipiente se retirou da sociedade em 2002, de forma regular,


transferindo suas quotas sociais ao sócio remanescente Alexandre P., conforme se
comprova pela cópia autenticada do contrato social devidamente registrado na Junta
Comercial do Estado de São Paulo, que ora se junta como documento nº 1.

Dessa forma, o excipiente não tem qualquer responsabilidade pelos débitos fiscais
da sociedade que se originaram após a sua saída, sendo, portanto, parte ilegítima para
figurar no polo passivo da execução fiscal.

II - DO CABIMENTO

A exceção de pré-executividade é um instrumento de defesa do executado que visa


impugnar a execução fiscal sem a necessidade de garantir o juízo ou oferecer embargos à
execução. A exceção de pré-executividade pode ser utilizada para alegar matérias de
ordem pública, que podem ser conhecidas de ofício pelo juiz, sem a necessidade de dilação
probatória, conforme a Súmula 393 do Superior Tribunal de Justiça:

"A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às


matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória."
No caso em tela, a matéria de ordem pública que pode ser alegada pelo excipiente é
a sua ilegitimidade passiva, pois ele se retirou da sociedade em 2002, antes dos fatos
geradores das contribuições sociais não recolhidas pela empresa. Portanto, ele não pode
ser responsabilizado pelos débitos fiscais posteriores à sua saída da sociedade, conforme o
artigo 135, III, do Código Tributário Nacional.

III - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A ilegitimidade passiva do excipiente é evidente, pois ele se retirou da sociedade em


2002, antes dos fatos geradores das contribuições sociais não recolhidas pela empresa.
Portanto, ele não pode ser responsabilizado pelos débitos fiscais posteriores à sua saída da
sociedade, conforme o artigo 135, III, do Código Tributário Nacional, que dispõe:

"Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações


tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei,
contrato social ou estatutos:

(...)
III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado."

Ora, o excipiente não se enquadra em nenhuma das hipóteses previstas no referido


dispositivo legal, pois ele não praticou nenhum ato com excesso de poderes ou infração de
lei, contrato social ou estatutos, nem era diretor, gerente ou representante da sociedade na
época dos fatos geradores. Logo, ele não pode ser considerado responsável tributário pela
dívida fiscal da sociedade.

Esse entendimento está de acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de


Justiça, que já decidiu que:

"A responsabilidade tributária dos sócios, prevista no art. 135, III, do CTN, pressupõe a
prática de atos com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao
estatuto, não se aplicando aos casos em que o sócio se retira regularmente da
sociedade, antes do fato gerador do tributo." (REsp 1.101.728/SP, Rel. Ministro Luiz
Fux, Primeira Turma, julgado em 18/08/2009, DJe 01/09/2009)

No mesmo sentido, o Tribunal de Justiça de São Paulo já reconheceu que:

"Execução fiscal. Exceção de pré-executividade. Ilegitimidade passiva. Sócio que se


retirou da sociedade antes do fato gerador do tributo. Responsabilidade tributária
afastada. Inteligência do art. 135, III, do CTN. Precedentes do STJ. Exceção acolhida.
Recurso provido." (Apelação Cível nº 1002414-79.2016.8.26.0564, Relator
Desembargador Maurício Fiorito, 14ª Câmara de Direito Público, julgado em
07/11/2017)

Assim, resta demonstrada a ilegitimidade passiva do excipiente, que deve ser


reconhecida pelo juízo, com a consequente extinção da execução fiscal em relação a ele,
nos termos do artigo 485, IV, do Código de Processo Civil.

IV - DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer o excipiente:

a) O recebimento e o processamento da presente exceção de pré-executividade, com a


intimação da Fazenda Nacional para, querendo, se manifestar no prazo legal;
b) O reconhecimento da ilegitimidade passiva do excipiente, com a consequente extinção
da execução fiscal em relação a ele, nos termos do artigo 485, IV, do Código de Processo
Civil;
c) A condenação da Fazenda Nacional ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios, nos termos do artigo 827, § 2º, do Código de Processo Civil.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Brasília, 03 de dezembro de 2023.

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