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AUXÍLIO RECLUSÃO

ÍNDICE
1. CONCEITO E BENEFICIÁRIO............................................................................................3
Conceito.................................................................................................................................................................................... 3
Beneficiário.............................................................................................................................................................................. 3

2. REQUISITOS.......................................................................................................................5
Requerimento......................................................................................................................................................................... 5

3. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO.......................................................................................8


Data de Início do Benefício...............................................................................................................................................8

4. RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO.....................................................................................9


Valor do benefício.................................................................................................................................................................. 9

5. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO............................................................................................10
Hipóteses de Cessação.................................................................................................................................................... 10
Pontos divergentes da Pensão por morte................................................................................................................ 11
1. Conceito e Beneficiário
Conceito
O auxílio reclusão trata-se de um benefício previdenciário que é devido aos dependentes
de segurado recolhido à prisão (pessoa privada de liberdade que se encontra no sistema
penitenciário), desde que o segurado não esteja recebendo remuneração de empresa,
aposentadoria de qualquer espécie, abono de permanência em serviço ou auxílio doença.

Em grande medida, graças às incompreensões do senso comum acerca do auxílio reclusão


e de como ele ocorre de fato (a exemplo de seu caráter contributivo), é comum ouvirmos da
opinião pública dizeres que degradam a imagem de defensores de direitos humanos por eles
“atuarem em prol dos direitos de bandidos”.

Veremos, entretanto, que, além de o auxílio não ser voltado àqueles que estão encarcerados
mas aos que dele dependem, existem requisitos e regras a serem seguidas na aplicação de
tal auxílio que tornam sua função claramente a de prezar pela simples dignidade humana.
Vale lembrar que a Constituição prevê o Princípio da Humanidade, inclusive na aplicação
de pena e no resguardo das garantias fundamentais de qualquer indivíduo em privação de
liberdade.

Fora isso, o Estado brasileiro internalizou, em seu ordenamento jurídico, inúmeros compromissos
internacionais – como as Regras de Mandela (2015) e a Convenção contra a Tortura e
Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984/1991).

Todos dizem respeito à proteção e promoção dos direitos humanos das pessoas encarceradas.
A garantia de benefício previdenciário a elas, pois, inclui-se nesse rol de prerrogativas:

Art. 80. O auxílio-reclusão, cumprida a carência prevista no inciso IV do caput do art. 25 desta Lei, será devido,
nas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime
fechado que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de pensão por
morte, de salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço

Beneficiário
São os dependentes do segurado recolhido à prisão. Com o advento da Emenda
Constitucional 20/1998, houve uma restrição à proteção social do auxílio-reclusão,
passando a demandar-se que o segurado preso seja enquadrado como de baixa renda
(até meio salário mínimo de renda per capita e/ou até três salários mínimos totais para a
família), de acordo com a nova redação do art. 201, IV da CF/88. Nesse sentido:

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Lei n. 8213/1991

Art. 16

São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:

I – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21


(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;

II – os pais;

III – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às prestações os das
classes seguintes.

§ 2º O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segurado e desde que
comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.

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2. Requisitos
Os requisitos necessários para que alguém tenha o direito a gozar do benefício previdenciário
do auxílio-reclusão são:

• Que o indivíduo beneficiado seja dependente do segurado que se encontra detento;


• Que o detento seja de fato segurado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), isto é, esteja
contribuindo ao fundo do RGPS ou esteja em gozo de período de graça (período em que o segurado
do INSS mantém seus direitos perante à Previdência Social após deixar de contribuir);
• Que o segurado em detenção seja de baixa renda;
• Que o segurado esteja recolhido à prisão em regime fechado;
• O segurado não pode estar recebendo remuneração da empresa, aposentadoria de qualquer es-
pécie, abono-remuneração da empresa, abono de permanência em serviço ou auxílio-doença.

Requerimento

Lei 8.213/91

Art. 80

§ 1º O requerimento do auxílio-reclusão será instruído com certidão judicial que ateste o recolhimento efetivo à
prisão, e será obrigatória a apresentação de prova de permanência na condição de presidiário para a manutenção
do benefício.

O requisito constitutivo é que a pessoa esteja na condição de presidiário, ou seja, esteja na


prisão.

É necessário se comprovar documentalmente que o segurado está em recolhimento efetivo


à prisão. Além disso, essa documentação deve ser apresentada a cada três meses.

BAIXA RENDA
Vale lembrar, também, quais as limitações que contornam o conceito de baixa renda no
contexto brasileiro – requisito para ser segurado do auxílio em questão.

Assim, destaca-se o art. 116, §1° do Decreto 3.048/99:

§ 1º Para fins de concessão do benefício de que trata este artigo, considera-se segurado de baixa renda aquele
que tenha renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 1.425,56 (um mil quatrocentos e vinte e cinco reais e
cinquenta e seis centavos), corrigidos pelos mesmos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS,
calculada com base na média aritmética simples dos salários de contribuição apurados no período dos doze
meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão.

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Logo, para ser considerado de baixa renda, o indivíduo deve receber uma renda mensal igual
ou inferior a R$ 1.425, 56.

CÁLCULO DA RENDA MENSAL BRUTA


O cálculo da renda mensal bruta está previsto no art. 80, §4° da Lei 8.213/91:

Art. 8°

§ 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela
média dos salários de contribuição apurados no período de 12 (doze) meses anteriores ao mês do recolhimento
à prisão.

Portanto, deve-se conferir o valor dos salários de contribuição dos 12 meses antecedentes ao
mês que o indivíduo foi recolhido à prisão. Depois soma-se os valores de contribuição desse
período e divide por 12. Essa será a média do salário de contribuição.

A média apurada deve ser igual ou inferior a R$ 1.425, 56.

Caso o segurado recluso exerça alguma atividade remunerada de cunho social no período
em que está cumprindo a pena em regime fechado, ele não perderá o direito ao recebimento
do auxílio-reclusão

Entretanto, segundo entendimento e jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ),


pode-se flexibilizar o limite constitucional de baixa renda. No caso do julgamento do
RESP 1479564, julgado pela primeira turma no ano de 2014, por exemplo, a segurada reclusa
tinha recebido, no último mês, R$ 10,82 reais a mais do que o limite estipulado para o critério
de baixa renda.O entendimento foi que os dependentes da segurada poderiam usufruir do
auxílio reclusão.

Além disso, vale destacarmos também que:

Instrução Normativa INSS 77/2015

Art. 387

O filho nascido durante o recolhimento do segurado à prisão terá direito ao benefício de auxílio-reclusão a partir
da data do seu nascimento.

Durante o período em que o detento (segurado) estiver recluso em regime fechado ele terá
direito ao auxílio reclusão. A partir do momento que o segurado é solto, ele não receberá mais
o respectivo benefício.

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MORTE DO DETENTO
Decreto n° 3.048/99:

Art. 118. Na hipótese de óbito do segurado recluso, o auxílio-reclusão que estiver sendo pago será cessado e
será concedida a pensão por morte em conformidade com o disposto nos art. 105 ao art. 115.

Parágrafo único. Não havendo concessão de auxílio-reclusão, em razão da não comprovação da baixa renda,
será devida pensão por morte aos dependentes se o óbito do segurado tiver ocorrido no prazo previsto no inciso
IV do caput do art. 13.

O art. 13, IV dispõe sobre o período de carência, que é de 12 meses.

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3. Data de Início do Benefício
Com a Reforma da Previdência, o auxílio-reclusão sofreu algumas alterações. Dentre elas
podemos citar que para o recebimento desse benefício, é necessário o preenchimento da
carência.

É importante de atentar que a carência corresponde a 24 contribuições. É a partir do


cumprimento dessa carência que o segurado deverá observar os outros requisitos para os
dependentes usufruírem do auxílio-reclusão.

Data de Início do Benefício

Lei n° 8.123/91:

Art. 8° O auxílio-reclusão, cumprida a carência prevista no inciso IV do caput do art. 25 desta Lei, será devido,
nas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime
fechado que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de pensão por
morte, de salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço.

Regra Geral: A data de início do recebimento do auxílio-reclusão corresponde à data de


prisão do segurado, caso o requerimento seja feito em até 90 dias desta.

Se encaminhado ao INSS após esse período, a data a ser contada como inicial passa a ser a
data de entrada do requerimento.

Exceção: O prazo é de 180 dias para filho menor de 16 anos

No que diz respeito à manutenção do benefício, que será devido enquanto o segurado
permanecer recluso, o beneficiário deverá apresentar, trimestralmente, um atestado de
que o segurado continua detido ou recluso. Vale lembrar que o auxílio-reclusão não se trata
de um presente ao apenado com o amparo à família, mas, sim, de um amparo à família do
detento que é, comumente, surpreendida com a reclusão deste e, subsequentemente, com
a diminuição ou a cessação da renda familiar.

Então, a regra geral, pode-se resumir pelo esquema:

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4. Renda Mensal do Benefício
Valor do benefício
A renda mensal referente ao benefício do auxílio reclusão é calculada com base nas regras
da pensão por morte. Portanto, os dispositivos da Lei 8.213/91 são aproveitados no cálculo do
auxílio-reclusão.

O valor é constituído por uma cota de 50% do valor da aposentadoria que o segurado receberia
ou daquela aposentadoria que teria direito se estivesse aposentado por incapacidade
permanente (antiga aposentadoria por invalidez).

Além disso, a cota pode ser acrescida de 10% por dependente até o máximo de 100%. Vejamos
o exemplo:

O segurado “X”, que possui dois filhos menores, teria direito à aposentadoria por incapacidade
permanente no valor de R$1.200,00. O auxílio-reclusão fornecido será de R$840,00: 50%
pelo cálculo padrão, mais 20% por conta dos dois dependentes.

Importante ressaltar que o valor do benefício não pode superar o de 1 salário mínimo, de
acordo com a previsão da Emenda Constitucional 103/19:

Art. 27. [...]

§ 1º Até que lei discipline o valor do auxílio-reclusão, de que trata o inciso IV do art. 201 da Constituição Federal,
seu cálculo será realizado na forma daquele aplicável à pensão por morte, não podendo exceder o valor de 1
(um) salário-mínimo.

Na prática, o benefício do auxílio-reclusão será sempre o valor de um salário mínimo. Isso


porque a Seguridade Social possui um princípio de que todo benefício que substitui a renda
do indivíduo não pode ser menor que um salário mínimo.

Portanto, se o cálculo resulta em um valor menor que um salário mínimo o benefício é


corrigido para cima e se resulta em um valor maior, é corrigido para baixo. De qualquer forma,
chegamos ao valor de 1 salário mínimo.

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5. Cessação do Benefício
Hipóteses de Cessação
O auxílio-reclusão deixará de ser pago:

• quando não houver mais beneficiários aptos;


• se o segurado passar a receber aposentadoria, ainda que recluso;
• quando ocorrer o óbito do segurado ou do beneficiário;
• com a soltura do segurado (diferente de fuga);
• com a perda de qualidade do segurado;
• com a cessação da invalidez do dependente;
• quando cônjuge ou companheiro estiver nas situações do art. 77, §2º, V.

Lei 8.213/91

Art. 77 A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será rateada entre todos em partes iguais.

§ 1º Reverterá em favor dos demais a parte daquele cujo direito à pensão cessar.

§ 2º O direito à percepção de cada cota individual cessará:

I – pela morte do pensionista;

II – para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade,
salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;

III – para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;

IV – para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da
deficiência, nos termos do regulamento;

Além disso, haverá suspensão do benefício em questão no caso de fuga do segurado. Se,
porventura, este for recluso novamente, o auxílio-reclusão será restabelecido a contar da data
em que a recaptura do segurado ocorrer, desde que ainda mantida a qualidade de segurado.

Caso haja exercício de atividade dentro do período de fuga, isso também será considerado
para a verificação da perda [ou não] da qualidade de segurado.

Em suma, com a fuga, será iniciado o período de graça, lembrando que tal período será de 12
meses após o livramento, nos conformes do art. 15, IV, Lei n. 8.213/1991.

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Pontos divergentes da Pensão por morte
As mudanças sobre a pensão por morte também são aplicáveis ao auxílio-reclusão,
devendo ser devidamente adaptadas. Uma diferença importante é na regulação do cônjuge
ou companheiro enquanto dependente.

A lei da pensão por morte estabelece a cessação da seguinte forma:

V – para cônjuge ou companheiro:

a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os
períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”;

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais
ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do
segurado;

c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do
segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos
após o início do casamento ou da união estável:

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

As alíneas “b” e “c” impõem a necessidade do segurado em prestar ao menos 18 contribuições


à previdência e de estar casado por um determinado tempo. Para o auxílio-reclusão, a reforma
da previdência estabeleceu um período de carência e um tempo diferente.

De tal modo, as regras de cessação do auxílio-reclusão se enquadram nos seguintes critérios:

• O segurado deve ter ao menos 24 contribuições mensais à previdência;


• A partir disso, observa-se o cumprimento dos critérios da Pensão por Morte;
• Por fim, é fixado o tempo de benefício de acordo com a idade do cônjuge dependente.

Ressalta-se que o casamento ou união estável de menos de 2 anos dá direito ao benefício


por 4 meses. A partir de 2 anos, calcula-se o tempo de benefício de acordo com a tabela de
idade da lei.

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