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Conteúdo da Aula: Beneficiários: segurados e dependentes

Objetivo: Compreensão de quem são os destinatários dos


Benefícios Previdenciários

Referências Legais: Arts. 8 e 9º RPS, art. 195, § 8º CF, art. 18-A e


18-C LC 123/06, 966 CCB, art. 12, I “h” Lei 8212/91

Referências Doutrinárias: IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de


direito previdenciário . Rio de Janeiro: Impetus.

Atividade Complementar: Os segurados da previdência social


no Brasil - Mariângela Guerreiro Milhoranza

2
O art. 8º. do Dec. 3048/1999.

Art. 8º São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social as pessoas


físicas classificadas como segurados e dependentes, nos termos das Seções
I e II deste Capítulo.

3
 O beneficiário sempre será tido como sendo pessoa física que faz
jus a prestações previdenciárias;

 As prestações previdenciárias, que poderão ser benefícios ou


serviços;

 benefício é a prestação previdenciária dotada de conteúdo


pecuniário (Ex. Aposentadoria)

 serviço não possui a característica pecuniária (Ex. habilitação


profissional)

4
 O beneficiário tanto poderá ser o segurado como o seu
dependente

 segurado é aquele que efetivamente contribui para a


manutenção do regime;

 dependente não recolhe qualquer contribuição, mas é


beneficiado pela contribuição feita pelo segurado.

5
 Manutenção de um sistema protetivo para as pessoas que
dependem economicamente do segurado;

 Existem benefícios que são exclusivos do dependente. Ex.


pensão por morte; auxílio-reclusão

 (Os dependentes serão oportunamente estudados quando


tratados dos benefícios a eles devidos)

6
Possuem duas subespécies que são:

 1. Segurados obrigatórios. Pessoas que exercem a atividade


remunerada (lícita). Divididos em 6 classes.

 2. Segurados facultativos. Pessoas que ingressam no regime


geral por mero ato volitivo. Não exercem atividade
remunerada. Maiores de 16 anos. Não podem ser segurados
obrigatórios. Ex. o desempregado, o estudante, a dona-de-
casa.

7
 É possível que uma pessoa seja segurado obrigatório e
facultativo ao mesmo tempo?

Não.

 Caso o segurado obrigatório queira aumentar o seu benefício


futuro, o que deverá fazer?

Contribuir para um regime de previdência complementar.

8
 Um segurado inscrito em regime próprio de previdência social,
pode inscrever-se como segurado facultativo?

Não. Fundamento, CF art. 201 § 5º. Art. 201.

§ 5º. É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na


qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência.

 A inscrição como segurado facultativo poderá ter feitos retroativos?

Não.

9
 E a inscrição como segurado obrigatório, poderá ter efeitos
reatroativos? Sim.

 Por quê? Porque tem filiação compulsória.

 Como se opera? Deverá provar ao INSS que trabalhava em


data anterior.

 E qual a consequência: Surge para a previdência o direito de


cobrar os valores devidos pelo segurado obrigatório.

10
1. Empregado;

2. Empregado Doméstico;

3. Trabalhador Avulso;

4. Segurado Especial;

5. Contribuinte Individual

6. MEI – Microempreendedor Individual

11
 É o empregado da CLT, típico do direito do trabalho;

 Mas não só: inclui também nesta classificação de empregado


segurado obrigatório:

a) ocupantes de cargo em comissão;

b) contratado a prazo determinado pela administração pública;

c) menor aprendiz;

12
 ESTAGIÁRIO → Se prestar serviços de acordo com a lei, não
será segurado obrigatório. Poderá ser segurado facultativo.

13
 Caracterizado por:

a) Ser pessoa física, existir subordinação, pessoalidade e


continuidade;

b) exercer o trabalho em ambiente familiar para pessoa ou


família;

c) em atividade não-lucrativa;

Amplitude do conceito de ambiente familiar e a lucratividade


auferida;

14
 Caracterização:

a) trabalho para empresa tomadora de serviço, sem vinculo


empregatício;

b) intermediação obrigatória do Sindicato

Diferencia-se do trabalhador temporário, que é um segurado


empregado, e também não se relaciona com a cooperativa de
trabalho, pois o cooperado é contribuinte individual.

15
 Caracterização:

a) pescador artesanal ou pequeno produtor rural (4 módulos)

b) trabalha sem empregados permanentes;

c) Desenvolve atividade em regime de economia familiar;

d) poderá ter auxílio eventual de empregados desde que não


permanentes (01 empregado por 120 dias por ano ou 2 x 60, 3 x 40, 4
x 30, ...)

16
 Possui um regime previdenciário diferenciado previsto na
Constituição Federal (art. 195, § 8º), pelo qual:

a) serão segurados especiais todas os membros da família que


exerçam a atividade em regime de economia familiar

b) a contribuição uma só, incidente sobre a receita bruta auferida


pela produção dessa atividade.

c) Não importa quantas pessoas exercem a atividade., no futuro,


cada uma delas terá direito a um benefício.

17
 Segurado obrigatório que não se enquadrar em nenhuma
outra forma de segurado. Ex: jornaleiro, pipoqueiro, ministro
de confissão religiosa, advogado, dentista, taxista
(autônomos);
 não possui uma característica comum, sólida, jurídica, salvo o
fato de não se enquadrar em nenhuma das regras anteriores.
 O mero fato de uma pessoa viver de rendas não importará na
obrigatoriedade de filiação a Previdência Social como
segurado contribuinte individual, uma vez que é necessário o
exercício de uma atividade remunerada.

18
 Trata-se do empresário individual (966 CCB), cuja receita
bruta atinja até R$ 81.000,00.
 Disciplinado pelo art. 18-A da LC n° 123/06;
Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar
pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo
SIMPLES NACIONAL em valores fixos mensais, independentemente
da receita bruta por ele auferida no mês, na forma prevista neste
artigo.

 Recolhe tributos abrangidos pelo Simples Nacional em


valores fixos mensais;

19
Qual o faturamento anual do microempreendedor
Individual?

 De até R$ 81.000,00 por ano, de janeiro a dezembro.

 O Microempreendedor Individual que se formalizar durante o


ano em curso, tem seu limite de faturamento proporcional a
R$ 6.750,00, por mês, até 31 de dezembro do mesmo ano.

 Exemplo: O MEI que se formalizar em junho, terá o limite de


faturamento de R$ 47.250,00 (7 meses x R$ 6.750,00), neste
ano.
(http://www.portaldoempreendedor.gov.br)

20
 Recolhe sua contribuição como contribuinte individual na forma do
art. 21, § 2° da Lei n° 8.212/91 - 11% sobre o salário-mínimo.

 não podem optar pela sistemática do MEI (LC 18-A § 4º.):

a) que possua mais de um estabelecimento;

b) que participe de outra empresa como titular, sócio ou


administrador; ou

c) que contrate empregado (VIDE ART. 18-C).

21
 LC 123/06 - Art. 18-C. Observado o disposto no art. 18-A, e
seus parágrafos, desta Lei Complementar, poderá se
enquadrar como MEI o empresário individual que possua um
único empregado que receba exclusivamente 1 (um) salário
mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.

22
Conteúdo da Aula: Dependentes na Previdência Social. Objetivo:
Compreensão que os dependentes, juntamente com os segurados, são os
benefícios das prestações pagas pela Previdência Social. Análise do
regramento.

Referências Legais: Dec 3048/99, arts. 16-17; Lei 8213/91, art. 16.

Referências Doutrinárias: KERTZMAN, Ivan. Curso de prático de direito


previdenciário. Salvador: JusPodivm; IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de
direito previdenciário . Rio de Janeiro: Impetus.

Atividade Complementar: Filiação e inscrição do segurado após o óbito e


direito dos dependentes à pensão por morte. Oscar Valente Cardoso. JS n.
84, jul-ago/2010.

2
 Pessoas que dependem economicamente dos segurados. Os
dependentes formam com segurados os beneficiários das
prestações pagas pela Previdência Social;

 Quem são os segurados? Empregado; Doméstico;


Trabalhador Avulso; Segurado Especial; Contribuinte
Individual; MEI – Microempreendedor Individual; segurado
facultativo;

3
 RPS, Art. 16
 a) cônjuges e companheiros; filhos de qualquer condição, não
emancipados, menores de 21 anos ou inválidos;

 b) pais;

 c) irmãos não emancipados, de qualquer condição, menores


de 21 anos ou inválidos.

4
 Se existirem dependentes de uma mesma classe, eles partilham entre si o
benefício em partes iguais;

Dec 3048/1999. Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de


Previdência Social, na condição de dependentes do segurado:
(...).

§ 1º Os dependentes de uma mesma classe concorrem em


igualdade de condições.

Lei 8.213/91. Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um


pensionista, será rateada entre todos em partes iguais.

5
 A existência de pessoas do primeiro grupo com direito (a)
arreda o direito dos demais familiares (b) e (c),
subsequencialmente abaixo situados.

 Ex: A esposa arreda a mãe, a mãe arreda o irmão.

6
 QUEM TEM OBRIGAÇÃO DE DEMONSTRAR A DEPENDÊNCIA
ECONÔMICA?

 As pessoas dos primeiro grupo (a) não precisam demonstrar a


dependência econômica, mas as demais têm esse dever.

7
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de
Previdência Social, na condição de dependentes do
segurado:
(...)
§ 4º. A dependência econômica das pessoas indicadas no
inciso I é presumida e a das demais deve ser
comprovada.

8
 Exige prova documental para a comprovação de
relações de união estável (pensão por morte)

9
 Ascendentes com descente; afins em linha reta;

 adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado


com que o foi do adotante;

 os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais


até o terceiro grau;

10
 o adotado com o filho do adotante;

 as pessoas casadas;

 o cônjuge sobrevivente com condenado por homicídio


ou tentativa contra o seu consorte.

11
 São aqueles havidos ou não da relação de casamento ou
adotados.

 Filhos post mortem: são os nascidos dentro de 300 dias


subsequentes à dissolução da sociedade conjugal por morte.

 Equiparados: O enteado e o menor que estejam sob a tutela


do segurado.

12
 São admitidos como dependentes por invalidez depois de
verificada a incapacidade pela perícia médica efetuada pelo
INSS.

13
 separação judicial ou divórcio sem pensão alimentícia;

 cessação da união estável;

 ao completarem idade, por casamento, exercício de emprego


público, efetivo;

 contratação de emprego;

 restabelecimento civil ou comercial;

14
 concessão de emancipação;

 Adoção por terceiro;

 cessação da invalidez;

 perda da qualidade de segurado do segurado; e

 falecimento.

15
 Até 28.4.1995, a designação era um ato administrativo
segundo o qual um segurado podia indicar formalmente certa
pessoa que faria jus à pensão por morte ou concorreria com
outra, quando do seu falecimento.

16
 Diz a Súmula do Conselho de Justiça Federal n. 4:

 "Dependente designado - Não há direito adquirido, na


condição de dependente, pessoa designada, quando o
falecimento segurado deu-se após o advento da Lei n.
9.032/95".

17
 Não existe direito adquirido.

 Havia uma previsão no Ordenamento Jurídico que


desapareceu.

 Deste modo, não oportunizará direito aquele que não


preencheu os requisitos legais exigidos naquele momento de
vigência de regra que deixou de existir. (morte até 28.4.1995,
dependente)

18
 Podia ser designada a pessoa menor de 21 anos de
idade ou maior de 60 anos de idade (art. 16, § 2º, do
PBPS, vigente até 28.4.1995).

19
 Para fazer jus à pensão por morte, é necessária a detenção
do estado jurídico de dependente até a data do óbito do
segurado.
 Para que o designado fizesse jus ao benefício era preciso
que o designante tivesse falecido antes de 29.4.1995.
Valeram as designações feitas até 28.4.1995.
Ex.: se o filho completou 21 anos antes do segurado falecer,
ele foi dependente, mas não será pensionista.

20
 "A designação, limitada a uma única pessoa, é ato
formal de manifestação da vontade, cuja falta não
pode ser suprida por simples prova testemunhal ou
circunstancial, mesmo que produzida em juízo"
(Enunciado CRPS n. 11).

21
 Mesmo completando 21 anos, o designado inválido
não perde a condição de beneficiário.

22
 As pessoas designadas cujos designantes faleceram até
28.4.1995 tiveram direito de serem pensionistas e de
receber o benefício dentro dos prazos legais.

23
 O cálculo das pensões por morte será relacionado ao número de
dependentes, sistema que vigorou até a década de 1980.

 Inicialmente, o beneficiário com até um dependente receberá 60% da


média de contribuições. O valor sobe em 10 pontos percentuais a cada
dependente, atingindo 100% para quem tiver cinco ou mais dependentes.

 Deixou de existir o direito de acrescer para os dependentes


remanescentes da respectiva quota daquele de perdeu essa condição de
dependente.

24
PENSÃO POR MORTE – UNIÃO ESTÁVEL – PROVA – INEXISTÊNCIA – “Previdenciário. Pensão por
morte. União estável. Inexistência de prova. 1. A pensão por morte é devida ao conjunto dos
dependentes do segurado do Regime Geral da Previdência Social que falecer, estando na condição
de dependente o cônjuge, o companheiro(a) e o filho(a) não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, conforme arts. 16, inciso I e 74, da Lei nº 8.213/1991. 2.
A união estável entre o homem e a mulher configura-se pela ‘convivência pública, contínua e
duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família’ (art. 1723 do Código Civil). 3.
Embora a documentação acostada aos autos demonstre que, em algum momento, a autora manteve
um relacionamento amoroso com o segurado falecido, não há prova de que a união perdurou até a
data do óbito, o que seria necessário para o acolhimento do pedido. 4. A designação da autora como
companheira, doze anos antes do falecimento do segurado, por si só, não é suficiente para
comprovar a união estável, quando não restou demonstrada a residência em comum. 5. Apelação
desprovida.”
TRF 2ª R. – AC 2007.51.01.808294-8 – 2ª T.Esp. – Relª Desª Fed. Liliane Roriz – DJe 01.04.2013)

25
PENSÃO POR MORTE DO GENITOR – QUALIDADE DE SEGURADO – CONTRIBUINTE
INDIVIDUAL – REGULARIZAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES POST MORTEM – IMPOSSIBILIDADE
– “Previdenciário. Pensão por morte do genitor. Qualidade de segurado. Contribuinte
individual. Regularização das contribuições post mortem. Impossibilidade. 1. A concessão
do benefício de pensão por morte depende da ocorrência do evento morte, da
demonstração da qualidade de segurado do de cujus e da condição de dependente de
quem objetiva a pensão. 2. Demonstrada a condição de filhos menores de 21 anos,
presume-se a dependência econômica por força do disposto no art. 16, I e § 4º, da Lei nº
8.213/1991. 3. A filiação do contribuinte individual à Previdência Social se dá com o
exercício de atividade remunerada associado ao efetivo recolhimento das contribuições
previdenciárias. Desse modo, como ao contribuinte individual compete o ônus de provar
que efetivamente contribuiu (art. 30, II, da Lei nº 8.212/1991), o recolhimento de
contribuições constitui condição necessária para assegurar a proteção previdenciária para
si e para seus dependentes. Precedentes do STJ. 4. In casu, o de cujus não mais detinha a
qualidade de segurado na época do óbito, pois ultrapassado o período de graça do art. 15
da Lei nº 8.213/1991, e, de outro lado, não fazia jus a nenhuma aposentadoria, com o que
seus dependentes não se beneficiam da regra do § 2º do art. 102 da Lei de Benefícios,
impondo-se, portanto, a improcedência da ação.”
(TRF 4ª R. – Ap-RN 0013369-34.2013.404.9999/RS – 5ª T. – Rel. Des. Fed. Ricardo Teixeira
do Valle Pereira – DJe 22.10.2013 – p. 288)

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PENSÃO POR MORTE – CÔNJUGE – DEPENDÊNCIA ECONÔMICA
PRESUMIDA – COMPROVAÇÃO – PAGAMENTO DEVIDO – "Previdenciário.
Pensão por morte. Esposa. Dependência econômica presumida.
Aposentadoria do de cujus cancelada. Qualidade de segurado.
Manutenção. Direito. 1. Demonstrada a condição da autora de cônjuge
do segurado falecido, sua dependência econômica é presumida,
conforme o art. 16, I e § 4º, da Lei nº 8.213/1991. 2. Considerando que o
esposo da demandante faleceu em dez./2001 e havia recebido
aposentadoria por tempo de contribuição de jan./2000 a maio/2001,
quando tal benefício foi cancelado pelo INSS sob a alegação de suposta
irregularidade na concessão, há que ser reconhecida a sua qualidade de
segurado no momento do óbito, razão pela qual faz jus a demandante à
pensão por morte postulada. 3. Apelação provida.“
(TRF 5ª R. – AC 525077/PE – Proc. 0018780-26.2009.4.05.8300 – 3ª T. –
Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel de Faria – DJe 20.09.2011)

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PENSÃO POR MORTE – SERVIDOR DISTRITAL – FILHA ESTUDANTE
UNIVERSITÁRIA – PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO ATÉ A IDADE DE
24 ANOS – AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL – IMPOSSIBILIDADE
JURÍDICA DO PEDIDO – RECONHECIMENTO – “Administrativo e
processual civil. Servidor público distrital falecido. Pensão por
morte. Filha estudante universitária. Prorrogação do benefício até
a idade de 24 anos. Ausência de previsão legal. Impossibilidade
jurídica do pedido. Recurso improvido. 1. O benefício temporário
de pensão decorrente do falecimento de servidor civil do Distrito
Federal estende-se até a idade de vinte e um (21) anos, não
existindo previsão legal para a prorrogação do referido benefício
até a idade de vinte e quatro (24) anos, mesmo na hipótese de
estudante universitária. 2. Recurso improvido.”
(TJDFT – Proc. 20140110316412 – (811715) – Rel. Des. Arnoldo
Camanho de Assis – DJe 29.08.2014 – p. 122)

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Conteúdo da Aula: Financiamento da Seguridade Social.

Objetivo: Entendimento de onde provem o custeio da


Seguridade social, com ênfase na análise do salário-de-
contribuição.

Referências Legais: CF, art. 195; RPS, arts. 194-205; Lei 8212/91,
arts. 10, 16-27. Portaria Interministerial MPS/MF n. 26/2023

Referências Doutrinárias: KERTZMAN, Ivan. Curso de prático de direito


previdenciário. Salvador: JusPodivm; LEMES, Emerson Costa. Manual dos
Cálculos Previdenciários: benefícios e revisões. Curitiba: Juruá. IBRAHIM,
Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário . Rio de Janeiro: Impetus.

2
 A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes
contribuições sociais:
I - do empregador
II - do trabalhador
III - da receita das loterias
IV - da importação de bens ou serviços do exterior

3
 As contribuições do empregador tem incidência sobre:

a) da folha de salários e demais rendimentos do trabalho;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro

4
 As contribuições do trabalhador tem incidência sobre:

a) rendimentos decorrentes do trabalho;

b) salário mínimo;

c) valor declarado;

d) resultado da comercialização de sua produção

5
 Incidem sobre sua remuneração, com alíquotas escalonadas
de acordo com o valor recebido, reajustadas anualmente
(2023):

7,5% - até 1.302,00

9% - de 1.302,00 até 2.571,29

12% - de 2.571,29 até 3.856,94

14% - de 3.856,94 até 7.507,49

6
 Se prestarem serviços à pessoa jurídica: tem retidos 11% de
sua remuneração;
 Se prestarem serviços à pessoa física: recolhem 20% do valor
recebido;
 Tem a opção de recolherem 11% sobre um salário mínimo, o
Contribuinte Individual que não presta serviço e nem tem
relação de emprego com pessoa jurídica, PORÉM →

7
 O Contribuinte Individual que recolhe 11% sobre um salário
mínimo, não tem os seguintes direitos:

a) aposentadoria por tempo de contribuição;

b) utilização deste tempo para outros regimes de previdência


social (através da CTC – certidão de tempo de contribuição

8
 recolhem 20% do valor indicado entre 1.302,00 e 7.507,49;

 Tem a opção de recolherem 11% sobre um salário mínimo.


Porém, não tem direito à:
a) aposentadoria por tempo de contribuição;
b) utilização deste tempo para outros regimes de previdência
social (através da CTC – certidão de tempo de contribuição

9
Pescadores artesanais, agricultores em regime de economia
familiar recolhem 1,2% do resultado da comercialização de
seus produtos, acrescidos de 0,1% para seguro contra acidentes
de trabalho.

Previsão: 13.606/2018

10
Lei 8212/1991 - DA CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL E DO PESCADOR

Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à


contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado
especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII
do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:

 I - 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da receita bruta


proveniente da comercialização da sua produção; (Redação dada pela Lei
nº 13.606, de 09.01.2018 - DOU de 10.01.2018, com efeitos a partir de
01.01.2018)

 II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção


para financiamento das prestações por acidente do trabalho.

11
 Empresários com faturamento de até R$ 81.000,00 (2023)

 A LC 128/2008 referencia sua contribuição em 5% do salário


mínimo vigente

12
 Para os segurados da previdência social, não incidem
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo
RGPS, até o teto de 7.507,49.
 Quem recebe acima do teto, deve recolher 16% sobre o que
exceder ao teto.

13
 Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser
criado ou majorado ou sem a correspondente fonte de
custeio.

 As contribuições sociais criadas serão exigíveis após 90 dias


da data da publicação da lei que as houver instituído.

14
 São isentas de contribuição para a seguridade social as
entidades beneficentes de assistência.

15
 O salário de contribuição é a base de cálculo previdenciária
dos segurados, sobre a qual incide a contribuição.

 O salário-de-contribuição será fixado a partir da remuneração


do segurado.

 É disciplinado no art. 28 da Lei n. 8212/91 e art. 214, RPS.

16
 Compreende a remuneração auferida em todos os
vínculos laborais.

 Inclui a totalidade dos rendimentos a qualquer título


durante o mês, incluindo:

Salário, comissões, gorjetas, horas extras e 13º. Salário;

adicionais noturno, insalubridade e periculosidade, etc.

17
 As alíquotas são progressivas, correspondentes ao salário,
obdecendo límites máximo e mínimo;

 Limites previstos na Portaria 26/2023:


7,5% - até 1.302,00
9% - de 1,045,00 até 2.571,29
12% - de 2.571,29 até 3.856,94
14% - de 3.856,94 até 7.507,49

18
 Se um empregado recebe R$ 9.000,00 por mês, sua
remuneração será esta, PORÉM, seu salário-de-contribuição
será de R$ 7.507,49. Somente contribuirá sobre este valor e o
benefício terá essa limitação.

 A contribuição do Empregador não possui limite. No caso


acima, seria sobre os R$ 9.000,00.

19
 Incide o tributo sobre o salário-maternidade.

CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – SALÁRIO–MATERNIDADE – HORAS EXTRAS –


RESPECTIVO ADICIONAL – REPOUSO SEMANAL REMUNERADO – ADICIONAL NOTURNO –
ADICIONAL DE INSALUBRIDADE – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE – INCIDÊNCIA –
“Processual civil e tributário. Contribuição previdenciária. Incidência sobre o salário-
maternidade, as horas extras e o respectivo adicional, o repouso semanal remunerado, o
adicional noturno, o adicional de insalubridade e o adicional de periculosidade. 1. A Seção
de Direito Público do STJ, por ocasião do julgamento do REsp 1.230.957/CE, no rito do art.
543-C do CPC, consolidou o entendimento de que a contribuição previdenciária incide
sobre os valores pagos a título de salário-maternidade. 2. O pagamento de férias gozadas
possui natureza remuneratória e salarial, nos termos do art. 148 da CLT, e integra o salário-
de-contribuição. 3. Recurso Especial não provido.” (STJ – REsp 1.541.610 – (2015/0157878-
8) – 2ª T. – Rel. Min. Herman Benjamin – Dje
1.09.2015)RET+108+2016+MARABR+170+42/1999v119

20
 não farão parte do salário de contribuição

ESTABILIDADE PROVISÓRIA – PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO –


CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – NÃO INCIDÊNCIA – "Contribuições
previdenciárias. Período de garantia de emprego. Incabível a
incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a
título de indenização pelo período de estabilidade provisória, visto
que não se destinam a retribuir o trabalho prestado. Incidência do
inciso I do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 e da alínea h do inciso V do §
9º do art. 214 do Decreto nº 3.048/1999." (TRT 04ª R. – RO 0138500-
52.2009.5.04.0662 – 8ª T. – Relª Juíza Conv. Lucia Ehrenbrink – DJe
27.08.2012)RST+280+2012+OUTRUBRO+158v98

21
 O STJ se posicionou reconhecendo a incidência da contribuição
previdenciária sobre férias usufruídas
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – INCIDÊNCIA SOBRE FÉRIAS GOZADAS, SALÁRIO–
MATERNIDADE E ADICIONAIS DE HORAS EXTRAS E TRANSFERÊNCIA – DIREITO À
COMPENSAÇÃO – SÚMULA Nº 211/STJ – CONFIGURAÇÃO –1. O pagamento de férias gozadas
possui natureza remuneratória e salarial, nos termos do art. 148 da CLT, e integra o salário-de-
contribuição (AgRg-EAREsp 138.628/AC, 1ª S., Rel. Min. Sérgio Kukina, DJe de 18.08.2014;
AgRg-EREsp 1.355.594/PB, 1ª S., Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 17.09.2014)

(STJ – AgRg-REsp 1.566.395 – (2015/0287290-0) – 2ª T. – Rel. Min. Mauro Campbell Marques –


DJe 18.12.2015)RET+109+2016+MAIJUN+162+42/1999

 Pacífica a não incidência da contribuição previdenciária sobre as férias


indenizadas, abono e terço de férias;

22
 O pagamento de salário in natura na forma de cesta básica,
fornecido de acordo com o Programa de Alimentação do
Trabalhador – PAT, também está excluído do salário de
contribuição, todavia, se pago em desacordo com o PAT, passa
a integrar;

23
 Com relação ao empregado doméstico o recolhimento da
contribuição social caberá ao empregador doméstico.

24
 As contribuições sociais em geral devem ser recolhidas até o
dia 20 do mês seguinte à competência. Se inexistente
expediente bancário no dia 20, até o dia útil anterior.

 Prazo específicos: Doméstico até o dia 07 juntamente com


FGTS e Segurado Facultativo, até o dia 15. Em ambos os
casos, obedecida a regra do expediente bancário.

25
Conteúdo da Aula: Períodos de Graça, Carências e Eventos
Determinantes

Objetivo: Entendimento do regramento geral aplicável aos


benefícios pagos pela Previdência Social.

Referências Legais: Dec. 3048/99, Leis 8212/91 e 8213/91.

Referências Doutrinárias:  MARTINEZ, Wladimir Novaes,


Comentários à lei básica da previdência social. Tomos I e II. São Paulo: LTr.

2
 Segurados

 Dependentes

3
 Empregado; Doméstico;

 Trabalhador Avulso; Segurado Especial;

 Contribuinte Individual;

 MEI – Microempreendedor Individual;

 Segurado facultativo;

4
 RPS, Art. 16
 a) cônjuges e companheiros; filhos de qualquer condição, não
emancipados, menores de 21 anos ou inválidos;

 b) pais;

 c) irmãos não emancipados, de qualquer condição, menores


de 21 anos ou inválidos.

5
 A partir dos 16 anos de idade;

 Como aluno-aprendiz, a partir dos 14 anos, desde que


comprovada a remuneração (LBPS, 60, XXII);

◦ Por consequência, gerando a contribuição aos cofres da Previdência


(LOSS, 28, § 4º.)

6
 a) qualidade de segurado

◦ Pode ser dispensada em caso de direito adquirido

 b) período de carência

 c) evento determinante

7
 Os requisitos têm de ocorrer ao mesmo tempo.

◦ Exceto no caso de direito adquirido (qualidade de segurado)

◦ Não basta ter carência sem o evento determinante;

8
 AUSENTE - para quem não é segurado;

 ADQUIRIDA - data do início da filiação;

 MANTIDA - enquanto essa filiação é preservada;

 ESTENDIDA após a cessação do trabalho ou da contribuição, por algum


tempo;

 PERDIDA - a partir de certa data-base;

 RESGATADA – a partir de nova filiação.

9
Períodos em que, mesmo sem contribuição, é mantida a
condição de segurado

 a) sem limite para quem está em gozo de benefício;

 b) 12 meses após a cessação das contribuições ou cessar a


incapacidade;

 c) 12 meses apos cessar a segregação;


◦ o segurado pode ser acometido de doença de segregação compulsória

10
 d) 12 meses após o livramento, para o detido ou o recluso;

 e) 3 meses após o licenciamento para prestação de serviço


militar;

 f) 6 meses após a cessação das contribuições do segurado


facultativo.

RPS, art. 13.

11
 Os prazos anteriores são prorrogados até 24 meses para
quem contribuiu por mais de 120 meses.

 Caso o segurado comprove que esteve desempregado, os


prazos são acrescidos de 12 meses.

 Após a cessação de benefício por incapacidade, o facultativo


mantém a qualidade por 12 meses.

12
 Durante esses prazos o segurado conserva todos os seus
direitos até então assegurados.

13
 É um tempo mínimo de contribuições mensais indispensáveis
para que o beneficiário faça jus ao benefício;

 Por ocasião da análise de cada benefício previdenciário, serão


abordados os períodos de carência.

14
 I – 12 contribuições mensais, nos casos de auxílio-doença e
aposentadoria por invalidez;

 II - 180 contribuições mensais, nos casos de aposentadoria por


idade e especial;

 III – 10 contribuições mensais, no caso de salário-maternidade, para


as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa.
Demais empregadas não tem carência

 IV – 24 contribuições, para auxílio-reclusão (atente que o RPS, não


foi alterado ainda;

15
 I - pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente

 II - salário-maternidade, para as seguradas empregada,


empregada doméstica e trabalhadora avulsa;

 III - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de


acidente de qualquer natureza ou causa, bem como nos casos
de doenças graves;

 V - reabilitação profissional.

16
 a partir da data de filiação ao Regime Geral de Previdência
Social (RGPS), no caso dos segurados empregados, inclusive
os domésticos, e dos trabalhadores avulsos

 realizadas a contar da data de efetivo pagamento da


primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas
para este fim as contribuições recolhidas com atraso, no
caso dos segurados contribuinte individual, especial e
facultativo.

 (art. 27 LBPS)

17
 Para fins da concessão dos benefícios de auxílio-doença, de
aposentadoria por invalidez, de salário-maternidade e de auxílio-
reclusão, o segurado deverá contar, a partir da data da nova filiação à
Previdência Social, com METADE dos períodos previstos nos incisos I,
III e IV do caput do art. 25:

 I – 12 contribuições mensais, nos casos de auxílio-doença e


aposentadoria por invalidez;

 III – 10 contribuições mensais, no caso de salário-maternidade, para


as seguradas contribuinte individual, especial e facultativa.
(Demais empregadas não tem carência)

 IV – 24 contribuições, para auxílio-reclusão

18
 o direito à prestação não depende da necessidade da pessoa.

 Neste aspecto a previdência social difere da assistência social.

19
 A solicitação do benefício depende da vontade do indivíduo
protegido.

 Excepcionalmente, quando ele não puder exercitá-la, terceiro


o fará por ele.

20
 Não existe a necessidade do empregado se afastar do
trabalho para requerer uma aposentadoria por idade.

 Regra vigente desde 1994 na legislação previdenciária


brasileira.

21
a) gestação, parto

b) educação dos filhos

c) incapacidade laboral por mais de 15 dias

22
d) insuscetibilidade de recuperação

e) diminuição parcial e permanente da capacidade laboral

f) exposição aos agentes nocivos

g) tempo de serviço

23
h) idade avançada

i) magistério

j) prisão

I) morte, ausência ou desaparecimento

m) Natal

24

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