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SEGURIDADE SOCIAL

Segurados, filiação e
inscrição

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................3
2. INSCRIÇÃO E FILIAÇÃO ................................................................................................................5
3. SEGURADOS ..............................................................................................................................19
4. SEGURADOS FACULTATIVOS .....................................................................................................39

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SEGURADOS, FILIAÇÃO E INSCRIÇÃO

Revisado até 19.04.2023

Base do resumo:
Frederico Amado1
André Studart2
Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari3
Dizer o Direito4

1. INTRODUÇÃO

No RGPS existem dois grandes grupos de segurados: os obrigatórios e os facultativos.


Como regra, os segurados obrigatórios são os trabalhadores da iniciativa privada, com algumas exceções
dispostas na Lei n. 8.213/91, de trabalhadores que, embora vinculados à Administração Pública, ficam
acobertados pelo Regime Geral da Previdência Social (cargos comissionados, por exemplo).
O presente tema é regido pelas Leis n. 8.212/91 e 8.213/91 e regulamentado pelo Decreto n. 3.048/99
(RPS), sendo o sistema de repartição público, de filiação compulsória e automática para os segurados
obrigatórios, tendo caráter contributivo.
Permite-se, ainda, a inscrição de segurados facultativos (princípio da universalidade de atendimento –
art. 195, I, da CF/88).
Sua gestão é atualmente realizada pelo INSS e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (após a edição
da Lei n. 11.457, de 16.03.2007).
Esse grupo de segurados obrigatórios engloba 5 categorias de segurados que obrigatoriamente terão que
se filiar ao sistema: empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, segurado especial e
contribuinte individual.

É possível que um segurado seja filiado em mais de uma categoria do RGPS?

1 AMADO, Frederico. Direito Previdenciário. Coleção sinopse para concursos. 7ª ed. Salvador: Editora Juspodivm. 2016.
2
LEITÃO, André Studart. Manual de Direito Previdenciário. 4ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016.
3
CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 23.ed, Rio de Janeiro:
Forense, 2020.
4
CAVALCANTE. Márcio André Lopes. Dizer o Direito. Extraído do sítio: http://www.dizerodireito.com.br/

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SIM. É possível, por exemplo, que uma pessoa tenha um emprego formalizado por carteira de trabalho,
sendo empregado, e exerça, ao mesmo tempo outra atividade como autônomo (contribuinte individual).

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2. INSCRIÇÃO E FILIAÇÃO

São duas as formas de estabelecer vínculo jurídico com o RGPS: filiação e inscrição. É a partir delas que
os se estabelece o liame entre o segurado e a previdência, gerando direitos a benefícios.

Conceitos de filiação e inscrição:


Filiação é o ato de vinculação do trabalhador ao RGPS. É condição assecuratória do direito subjetivo às
prestações.

Decreto n. 3.048/99, Art. 20. Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para
a previdência social e esta, do qual decorrem direitos e obrigações.

É com a filiação que uma pessoa natural passará à condição de segurado e terá proteção previdenciária
para si e seus dependentes.
Nos termos dos do art. 3º da IN INSS n. 128/2022:

Art. 3º São segurados obrigatórios os filiados ao RGPS nas categorias de empregado, empregado
doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual e segurado especial.
§ 1º A filiação à Previdência Social, para os segurados obrigatórios, decorre automaticamente do
exercício de atividade remunerada.
§ 2º O segurado que exercer mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS é obrigatoriamente
filiado em relação a cada uma dessas atividades.

Veja que, embora o §1º, do art. 3º, da Instrução expresse que a filiação, para os segurados obrigatórios,
decorrerá automaticamente do simples fato de existir atividade remunerada.

Como caiu em prova:


VUNESP, CÂMARA DE TANABI-SP, 2018 (Adaptada): Para os segurados obrigatórios, a filiação dá-se com
o exercício da atividade remunerada, independentemente da inscrição.
Certo.

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Há exceção?
SIM. Exemplo: os contribuintes individuais que trabalhem por conta própria. Nesse caso, não bastará o
exercício de atividade laborativa remunerada para que ocorra a filiação, sendo necessário, ainda, o
efetivo recolhimento das contribuições previdenciárias, já que não existe empresa ou empregador para
ser responsável pela arrecadação, competindo ao próprio contribuinte fazê-lo.
Segundo Frederico Amado, “o reconhecimento da filiação é o direito de o segurado ter reconhecido, em
qualquer época, o tempo de exercício de atividade anteriormente abrangida pela Previdência social, na
forma do art. 121 do Regulamento da Previdência Social.
A inscrição, por sua vez, é o ato pelo qual o segurado ou dependente é cadastrado no RGPS.

Art. 18. Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da previdência social o ato pelo qual o
segurado é cadastrado no RGPS, por meio da comprovação dos dados pessoais, da seguinte
forma: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).

Como caiu em prova:


TRT23/JUIZ (BANCA PRÓPRIA), 2007 (Adaptado): A filiação é o ato pelo qual o segurado é cadastrado no
Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos
necessários e úteis a sua caracterização.
Errado.

Quanto ao segurado obrigatório e empregado doméstico (LC 150/2015), a sua filiação é automática,
ocorre a partir do momento em que ele começa a desempenhar atividade vinculada ao RGPS (art. 20 do
RPS). A inscrição terá efeito meramente declaratório.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, INSS, 2016: A filiação do segurado obrigatório ao RGPS decorre automaticamente do
exercício da atividade remunerada.
Certo.

Para o segurado facultativo, a filiação ocorre com a sua


- inscrição e
- recolhimento da primeira contribuição.

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Percebam, então, que, para o segurado facultativo se filiar ao regime previdenciário público, deverá ele
promover por ato próprio a filiação, bem como proceder ao pagamento da primeira contribuição
previdenciária.
Vê-se que a filiação do segurado facultativo não é compulsória. Cuida-se, em verdade, de um ato volitivo,
que gera efeitos a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo retroagir e não permitindo
o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição.
Obs.: Os segurados facultativos são exemplos claros do princípio da universalidade da cobertura. Ex.:
dona de casa, que, embora não desenvolva atividade remunerada, pode filiar ao regime geral na condição
de segurada facultativa.

Pode recolher contribuições em atraso?


SIM. Contudo, somente após a inscrição, e desde que não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado.
Veja a tese firmada pela TNU no TEMA 192:

Contribuinte individual. Recolhimento com atraso das contribuições posteriores ao pagamento da


primeira contribuição sem atraso. Perda da qualidade de segurado. Impossibilidade de cômputos das
contribuições recolhidas com atraso relativas ao período entre a perda da qualidade de segurado e a
sua reaquisição para efeito de carência.

O servidor público pode se filiar como facultativo do RGPS?


NÃO. Consoante art. 201, §5º, da CF, “é vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na
qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.

A filiação do trabalhador rural contratado pelo prazo de até 2 meses, dentro de 1 ano, por produtor rural,
para realizar atividade de natureza temporária, decorre da inclusão na GFIP (Decreto n. 3.048/99, art. 20,
§ 2º).

Art. 20. Filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que contribuem para a previdência social e
esta, do qual decorrem direitos e obrigações.
§ 2º A filiação do trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa física por prazo de até dois
meses no período de um ano, para o exercício de atividades de natureza temporária, decorre
automaticamente de sua inclusão em declaração prevista em ato do Secretário Especial da Receita

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Federal do Brasil do Ministério da Economia por meio de identificação específica. (Redação dada pelo
Decreto nº 10.410, de 2020).

Atualmente, a inscrição é feita no Cadastro Nacional de Informações – CNIS, um sistema responsável pelo
controle das informações de todos os segurados e contribuintes da Previdência Social.

Vários motivos põem fim à filiação: a morte, a perda da qualidade de segurado, o afastamento do RGPS
em razão do ingresso em outro regime previdenciário.

A filiação pode ser múltipla?


SIM. Apesar de a filiação ser vínculo jurídico, ela pode ser múltipla, o que ocorre caso o segurado venha
exercer mais de uma atividade remunerada vinculante ao RGPS. Neste caso, será este trabalhador
filiado em relação a cada uma delas, fazendo jus a benefícios diversos ou exclusivos de uma atividade
(art. 11, §2º da Lei 8.213/91).

Art.11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (Redação dada pela
Lei nº 8.647, de 1993)
(...)
§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao
Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas.
§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar
a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade,
ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio
da Seguridade Social. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)

E o caso de o aposentado que volta a exercer atividade abrangida pelo RGPS?


O § 3º do art. 11, acima citado, explica que o aposentado que continua trabalhando encaixa-se como
segurado obrigatório do RGPS, devendo arcar com as contribuições devidas, mesmo sem poder se
aproveitar de nova aposentadoria pelo regime geral.

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Como caiu em prova:
UFPA (BANCA PRÓPRIA), 2017 (Adaptada): O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que
voltar a exercer atividades elencadas pelo Regulamento, também abrangidas pelo Regime Geral, é
segurado facultativo em relação a essa atividade.
Errado.

Nesse sentido:

É constitucional a contribuição previdenciária devida por aposentado pelo Regime Geral de Previdência
Social (RGPS) que permaneça em atividade ou a essa retorne.
STF. Plenário virtual. ARE 1224327/ES, Min. Presidente Dias Toffoli, julgado em 27.09.2019 (repercussão
geral – Tema 1065)

Aprofundando em temas complementares:


Sobre a desaposentação:
A desaposentação consiste no ato do segurado de renunciar à aposentadoria que recebe a fim de que
possa requerer uma nova aposentadoria (reaposentação), desta vez mais vantajosa, no mesmo regime
previdenciário ou em outro.

Esquematizando:

• Desaposentação: o segurado, mesmo depois de se aposentar, continua trabalhando e pagando


contribuições previdenciárias. Depois de algum tempo nessa situação, ele renuncia à aposentadoria que
recebe e pede para somar o tempo que contribuiu antes e depois da aposentadoria com o objetivo de
requerer uma nova aposentadoria, desta vez mais vantajosa.

• Reaposentação: o segurado, mesmo depois de se aposentar, continua trabalhando e pagando


contribuições previdenciárias. Depois de algum tempo nessa situação, ele renuncia à aposentadoria que
recebe e pede para que seja concedida uma nova aposentadoria utilizando unicamente o tempo de
contribuição posterior à primeira aposentadoria.

Isso é permitido?
NÃO. Para o INSS, a desaposentação não possui previsão legal. Ao contrário, segundo a autarquia
previdenciária, a desaposentação é proibida pelo § 2º do art. 18 da Lei nº 8.213/91 e pelo art. 181-B do
Regulamento da Previdência Social:

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Lei n. 8.213/91:
Art. 18 (...) § 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que permanecer em
atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social
em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional,
quando empregado.

Decreto n. 3.048/99:
Art. 181-B. As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela previdência
social, na forma deste Regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis.

Princípio da solidariedade e contribuição dos aposentados:


Assim, os aposentados que voltam a trabalhar pagam contribuição previdenciária não porque esses
recursos serão utilizados em seu favor, mas sim para ajudar na concessão de benefícios previdenciários
que serão concedidos a outras pessoas que eles nem conhecem. Isso se dá em razão do princípio da
solidariedade.
Ainda em 2016, o STF decidiu na mesma linha, no sentido de que não há previsão legal para o instituto
da desaposentação. Veja a tese firmada:

Info 845 do STF: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à
"desaposentação", sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991. STF. Plenário. RE
381367/RS, RE 661256/SC e RE 827833/SC, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgados em 26 e 27/10/2016
(repercussão geral) (Info 845).

Na oportunidade, entendeu o Min. Teori Zavascki que “essas contribuições efetuadas pelos aposentados
destinam-se ao custeio atual do sistema de seguridade, e não ao incremento de um benefício para o
segurado ou seus dependentes”.
Desse modo, para o STF, não é inconstitucional o aposentado pagar contribuições para a Previdência
Social e não usufruir uma melhora por causa disso. Não é inconstitucional porque tal contribuição está
amparada pelo princípio da solidariedade (art. 3º, I, da CF/88).

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O argumento de que a desaposentação é uma "renúncia" à aposentadoria não foi acolhido
Um dos argumentos dos aposentados para defenderem a desaposentação é o de que ela seria permitida
porque consistiria na renúncia da aposentadoria (que é um direito patrimonial disponível) e, após
renunciar, a pessoa pediria novamente uma nova aposentadoria, agora somando os novos períodos de
contribuição.
O STF, contudo, não acolheu esta alegação.

Segundo argumentou o Min. Teori Zavascki, não se trata de uma simples “renúncia”, mas sim uma
verdadeira "substituição" de uma aposentadoria menor por uma maior, ou seja, uma progressão de
escala. Essa "troca" de benefício não tem amparo na lei. Logo, não existe "dever" da Previdência de fazer
essa substituição.
O RGPS tem natureza estatutária ou institucional, e não contratual. Isso significa dizer que a previdência
administrada pelo INSS deve sempre ser baseada na lei, sem qualquer espaço para a aquisição de direitos
subjetivos sem previsão legal. Somente lei pode criar benefícios e vantagens previdenciárias.

Da mesma forma, seguiu o STJ, vide:

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios e vantagens
previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à desaposentação, sendo constitucional
a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91. STJ. 1ª Seção. REsp 1334488-SC, Rel. Min. Herman Benjamin,
julgado em 27.03.2019 (recurso repetitivo) (Info 649).

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, MPOG, 2015: Um aposentado por regime de previdência social dos militares que
venha a exercer atividade remunerada abrangida pelo Regime Geral da Previdência Social deve ser
considerado segurado obrigatório em relação a essa atividade.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, TRF2, 2009: O aposentado pelo RGPS que voltar a exercer atividade alcançada por esse
regime será segurado obrigatório em relação a essa atividade e ficará sujeito às contribuições legais para
o custeio da seguridade social.
Certo.

E em relação ao direito à reaposentação?

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Em 2016, o STF decidiu que não há previsão legal do direito à “desaposentação”.
Depois da decisão do STF começaram a ser propostas ações alegando que o Supremo havia decidido
apenas sobre a desaposentação, mas não sobre a reaposentação.
Os Ministros entenderam que o STF já rejeitou a hipótese de reaposentação no primeiro julgamento
ocorrido em 2016. No entanto, para evitar dúvidas, o STF resolveu alterar a tese anterior para deixar isso
mais claro:
Tese original: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar benefícios
e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à “desaposentação”, sendo
constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991.
Tese modificada: No âmbito do Regime Geral de Previdência Social - RGPS, somente lei pode criar
benefícios e vantagens previdenciárias, não havendo, por ora, previsão legal do direito à
'desaposentação' ou à ‘reaposentação’, sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº
8.213/1991.
Por outro lado, o STF deu parcial provimento aos embargos declaratórios para:
• dizer que são irrepetíveis os valores alimentares recebidos de boa-fé por segurados beneficiados
com desaposentação ou reaposentação, até a proclamação do resultado.
• garantir o direito daqueles que usufruem de “desaposentação” ou de “reaposentação” em
decorrência de decisão transitada em julgado, até a proclamação do resultado do julgamento dos
embargos de declaração (06.02.2020). STF. Plenário. RE 381367 ED/RS e RE 827833 ED/SC, rel. orig. Min.
Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 6.2.2020 (repercussão geral) (Info 965).

Momento da inscrição:
Como visto, a inscrição é o cadastro do segurado ou de seu dependente no banco de dado da previdência
social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua
caracterização.
A inscrição, sendo ato meramente formal, geralmente ocorre posteriormente à filiação, exceto em
relação ao segurado facultativo, cuja inscrição ocorre antes da filiação.
Para os segurados obrigatórios a inscrição pressupõe a filiação, sendo que a aquela sem esta não produz
qualquer efeito perante a previdência social. Segundo Frederico Amado (2020), no caso dos segurados

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CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não há, por ora, previsão legal do direito à 'desaposentação' ou à ‘reaposentação’,
sendo constitucional a regra do art. 18, § 2º, da Lei nº 8.213/91. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/d8567273b20e64233b575a130159a15d>. Acesso
em: 12/11/2020

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obrigatórios, não há previsão na legislação previdenciária para que a inscrição ocorra concomitantemente
à filiação, pois a inscrição pressupõe a comprovação do exercício de trabalho remunerado.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TCE-RO, 2013: A filiação na qualidade de segurado facultativo representa ato volitivo,
gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento da contribuição previdenciária,
não podendo retroagir, salvo no caso das donas de casa.
Errado.
Comentário: Para o segurado obrigatório a filiação decorre automaticamente do exercício de atividade
remunerada.
(1º Filiação; 2º Inscrição)
Para o segurado facultativo a filiação decorre da inscrição formalizada com o pagamento da primeira
contribuição.
(1º Inscrição; 2º Filiação)
Não há essa exceção para a dona de casa.

CESPE/CEBRASPE, TCE-RO, 2013: A inscrição do segurado trabalhador avulso no RGPS ocorre pelo
cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mão de obra.
Certo.
Comentário: Artigo 18, Decreto n. 3.048/99: "Considera-se inscrição de segurado para os efeitos da
previdência social o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social,
mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua
caracterização, observado o disposto no art. 330 e seu parágrafo único, na seguinte forma:
I - o empregado e trabalhador avulso - pelo preenchimento dos documentos que os habilitem ao exercício
da atividade, formalizado pelo contrato de trabalho, no caso de empregado, observado o disposto no §
2o do art. 20, e pelo cadastramento e registro no sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra, no caso de
trabalhador avulso".

CESPE/CEBRASPE, DPU, 2010: Quanto à filiação do segurado obrigatório à previdência social, vigora o
princípio da automaticidade, segundo o qual a filiação desse segurado decorre, automaticamente, do
exercício de atividade remunerada, independentemente de algum ato seu perante a previdência social.
A inscrição, ato material de registro nos cadastros da previdência social, pode ser concomitante ou
posterior à filiação, mas nunca, anterior.

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Certo.
Comentário: Esse ponto tem que ser analisado com cuidado. O professor Fábio Zambitte Ibrahim e o
professor Frederico Amado entendem que a inscrição do segurado obrigatório NÃO pode ocorrer nem
antes, nem concomitante à filiação. Dessa forma, afirmam que a inscrição pressupõe a filiação, já que o
ato de inscrição só será válido se houver exercício de atividade laborativa remunerada por segurado
obrigatório.
Mas o CESPE, nessa questão, entendeu que SÓ NÃO PODE SER ANTERIOR, podendo ser concomitante
ou posterior. Síntese:
Para os segurados obrigatórios:
1) Pode ocorrer inscrição ANTERIOR à filiação?
- NÃO (só é anterior no caso do segurado facultativo)
2) Pode ocorrer inscrição CONCOMITANTE à filiação?
- NÃO (segundo entendimento de Fábio Zambitte e Frederico Amado)
- SIM (segundo a banca CESPE entendeu na questão DPU 2010)
3) Pode ocorrer inscrição POSTERIOR à filiação?
- SIM (é a regra)

“O art. 18, § 2º, do RPS, restringe indevidamente a inscrição dos menores de 16 anos, apesar de o aprendiz
poder ter 14 anos de idade, conforme previsão constitucional, sendo considerado segurado empregado”.
(AMADO, 2020)
No caso do empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual que trabalha para pessoa jurídica,
caberá à empresa promover a inscrição do segurado a seu serviço.

E no caso de contribuinte individual que trabalha por conta própria e segurado facultativo?
Nessa hipótese, o próprio segurado deverá requerer a sua inscrição do INSS.

Inscrições post mortem na hipótese de contribuinte individual e segurado facultativo:


IMPORTANTE! Frederico Amado ensina que, “não serão consideradas a inscrição post mortem e as
contribuições vertidas após a extemporânea inscrição para efeito de manutenção da qualidade de
segurado. Essa vedação aplica-se ao contribuinte individual, pois sua filiação é condicionada ao
pagamento tempestivo da contribuição previdenciária”.

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Assim, se um contribuinte individual, que trabalha por conta própria, não recolher as contribuições
necessárias, não se filiará ao RGPS. Caso venha a falecer, como não era segurado, os seus dependentes
não terão direito à pensão por morte, por exemplo, já que, como visto, não é possível o recolhimento das
contribuições em atraso e a inscrição após a morte.
O comentado se aplica tanto para o segurado contribuinte individual quanto para o segurado facultativo,
inclusive, a Lei 13.846/2019 alterou a Lei 8.213/91 para constar expressamente a não possibilidade de
inscrição post mortem, cite-se:

Art. 17, §7º Não será admitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual e de
segurado facultativo. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Entendimento do STJ sobre o tema:

Não se admite o recolhimento post mortem de contribuições previdenciárias a fim de que, reconhecida
a qualidade de segurado do falecido, seja garantida a concessão de pensão por morte aos seus
dependentes. (STJ. 2ª Turma. REsp 1346852-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 21.5.2013).

Ou seja, a Lei n. 13.846/2019 inseriu o §7º ao art. 17 da Lei n. 8.213/91 corroborando esse entendimento
jurisprudencial.

Como caiu em prova:


FCC, TRF3, 2019 (Adaptada): Não será admitida a inscrição post mortem de segurado avulso, contribuinte
individual e de segurado facultativo.
Errado.

Ressalta-se, no entanto, a exceção quando se tratar de responsabilidade tributária da empresa tomadora


de serviço, que deixou de arrecadar as contribuições devidas. Nos termos da Súmula n. 52 da TNU, para
fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de
segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam
ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços.

Nesse sentido também é o TEMA 26 da TNU, vide:

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Descabida a pretensão de regularização “post mortem” do recolhimento das contribuições
previdenciárias devidas pelo segurado contribuinte individual exercente de atividade informal, salvo
quando devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços. Vide Súmula 52 da TNU.

Inscrição do segurado especial:


Em relação ao segurado especial, a sua inscrição será feita de forma a vinculá-lo ao seu respectivo grupo
familiar e conterá, além das informações pessoais, a identificação da propriedade em que desenvolve a
atividade e a que título.
Os segurados especiais adquirem essa qualidade por meio de suas atividades campesinas, as quais devem
ser estabelecidas por meio de um regime de economia familiar voltado a produção agropecuária de
subsistência.
Em suma: existindo, portanto, um trabalho rural, ou atividade de pesca artesanal, ou de extrativismo
vegetal rudimentar, conforme as normas previdenciárias respectivas, haverá então a filiação do segurado
especial.

E em relação ao segurado especial, é permitida a inscrição post mortem?


Frederico Amado (2020) explica bem que “é permitida a inscrição post mortem do segurado especial
desde que presentes os pressupostos da filiação, na forma do quanto expresso no art. 18, §5º, do RPS
(Decreto n. 3.048/99), vez que a filiação dos segurados especiais ocorrerá com o exercício de atividade
campesina ou pesqueira artesanal individualmente ou em regime de economia familiar para fins de
subsistência, pois, normalmente, não há atividade laborativa com percepção de remuneração.”
Resumindo: Se os dependentes comprovarem que o falecido era filiado ao RGPS como segurado especial,
o INSS deverá promover a sua filiação após a morte e pagar a pensão aos seus dependentes.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, DPU, 2010: Considere que Lucas tenha exercido, individualmente, de modo
sustentável, durante toda a vida, a atividade de seringueiro na região amazônica, tendo os frutos dessa
atividade sido sua única fonte de renda. Após o falecimento dele, os herdeiros – demonstrados os
pressupostos de filiação – poderão requerer a inscrição de Lucas, como segurado especial, no RGPS.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, TRT6, 2010: É vedada a inscrição de segurado após sua morte (post mortem), exceto
em caso de segurado especial.

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Certo.

No caso do empregado doméstico, quem promove a inscrição? O próprio empregado ou o empregador


doméstico?
Segundo art. 32 da LC n. 150/2015, caberá ao empregador doméstico promover a inscrição do
empregado doméstico a seu serviço no e-social.

Art. 32. A inscrição do empregador e a entrada única de dados cadastrais e de informações trabalhistas,
previdenciárias e fiscais no âmbito do Simples Doméstico dar-se-ão mediante registro em sistema
eletrônico a ser disponibilizado em portal na internet, conforme regulamento.

Nesse sentido, a TNU já decidiu no TEMA 29 de seus representativos de controvérsia que a presunção de
recolhimentos previdenciários por parte do empregador também deve incidir para os empregados
domésticos (TEMA 29). Veja a tese:

O recolhimento tardio de contribuições a cargo do empregador NÃO implica prejuízo de ordem


previdenciária à segurada empregada doméstica.

Inscrição do dependente:
Em relação ao dependente, apenas ocorrerá sua inscrição quando houver requerimento administrativo
de benefício previdenciário, a teor do art. 17, § 1º, da Lei n. 8.213/91 e art. 22 do RPS, com a devida
apresentação dos documentos comprobatórios de dependência. Assim, não cabe ao segurado inscrever
previamente o dependente.

Art. 17. O Regulamento disciplinará a forma de inscrição do segurado e dos dependentes.


§ 1º Incumbe ao dependente promover a sua inscrição quando do requerimento do benefício a que
estiver habilitado. (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002)

ATENÇÃO! A EC 103/2019 trouxe uma exceção em relação à desnecessidade de inscrição prévia do


dependente, vide:

17
Art. 23, § 5º Para o dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave, sua condição
pode ser reconhecida previamente ao óbito do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada
por equipe multiprofissional e interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação.

Assim, na hipótese de dependente deficiente (inválido, deficiente intelectual, menta ou grave) permite
que haja sua inscrição previamente ao óbito do segurado.

18
3. SEGURADOS

A classe dos segurados do RGPS pode assim ser resumida:

 Segurados Obrigatórios:
o Empregado
o Trabalhador avulso
o Empregado doméstico
o Contribuinte individual
o Segurado especial

 Segurados Facultativos.

Segurado empregado:

Lei n. 8.213/91, Art. 11. São SEGURADOS OBRIGATÓRIOS da Previdência Social as seguintes pessoas
físicas: (Redação dada pela Lei nº 8.647, de 1993)
I - como EMPREGADO:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter NÃO EVENTUAL, sob
sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TRT7, 2017: Os segurados obrigatórios da previdência social na condição de
empregado incluem aquele que presta serviço de natureza urbana a empresa em caráter eventual.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, PGM BOA VISTA-RR, 2019: João, casado com Ana desde 10/1/2018, é segurado do
regime geral de previdência social desde 1.º/7/1989, na qualidade de contribuinte individual. Ele
pretende solicitar ao INSS, em 1.º/7/2019, dia do seu aniversário de cinquenta anos, sua aposentadoria
por tempo de contribuição. Considerando essa situação hipotética e as disposições legais vigentes acerca
de direito previdenciário, julgue o item que se segue.
Por ser um contribuinte individual, João é segurado facultativo da previdência social.
Errado.

19
Súmula n. 5 da TNU: A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213,
de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.

O menor aprendiz pode ser enquadrado como segurado empregado?


SIM. O menor aprendiz é enquadrado na categoria de segurado empregado.
Em regra, para ser segurado é necessário ter no mínimo dezesseis anos de idade, conforme a exigência
do artigo 18, § 2º, do Regulamento da Previdência. A única exceção é referente ao jovem aprendiz, que
pode a partir dos quatorze anos de idade contribuir como segurado obrigatório.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TCU/PROCURADOR, 2015: O menor aprendiz é enquadrado na categoria de segurado
facultativo.
Errado.

E o estagiário que recebe bolsa estágio? Será considerado segurado obrigatório?


NÃO. Essa hipótese é de segurado facultativo.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TCE-PE, 2017: O estagiário maior de dezesseis anos de idade que receba bolsa de
estudos da empresa concedente do estágio será considerado segurado obrigatório do regime geral da
previdência social (RGPS).
Errado.

b) aquele que, contratado por empresa de TRABALHO TEMPORÁRIO, definida em legislação específica,
presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente
ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado NO BRASIL para trabalhar como empregado
em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

CUIDADO! CESPE costuma cobrar assim: brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no


EXTERIOR (ERRADO) É domiciliado e contratado NO BRASIL.

20
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, TRT7, 2017: Os segurados obrigatórios da previdência social na condição de
empregado incluem o brasileiro domiciliado e contratado no exterior como empregado de empresa
nacional.
Errado.

Essa hipótese se amolda como exceção ao princípio da territorialidade da filiação, pois um trabalhador
labora no exterior e é segurado obrigatório do RGPS.

d) aquele que presta serviço NO BRASIL a missão diplomática ou a repartição consular de carreira
estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, EXCLUÍDOS o
não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação
previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, CGE-PI, 2015: A pessoa física que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a
repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados é segurada obrigatória da
previdência social, na qualidade de empregado.
Certo.

ATENÇÃO! Aqui, o aluno deve atentar-se para as hipóteses que excluem o caráter de segurado
obrigatório:
 Estrangeiro sem residência permanente no Brasil;
 Brasileiro que tenha cobertura previdenciária do país estrangeiro.

e) o brasileiro civil que TRABALHA PARA A UNIÃO, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou
internacionais dos quais o BRASIL SEJA MEMBRO EFETIVO, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

Como caiu em prova:

21
INSS 2016 (CESPE): Brasileiro contratado pela Organização das Nações Unidas, da qual o Brasil faz parte
como membro efetivo, é considerado segurado obrigatório do RGPS, mesmo que domiciliado e
contratado no exterior, salvo se estiver coberto por regime próprio de previdência social.
Certo.

f) o BRASILEIRO ou ESTRANGEIRO
- domiciliado e CONTRATADO NO BRASIL
- para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior,
- cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

Também aqui é exceção ao princípio da territorialidade da filiação.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: Situação hipotética: Howard, cidadão norte-americano, domiciliado no
Brasil, foi aqui contratado pela empresa brasileira X, para trabalhar, por tempo indeterminado, em sua
filial situada no Canadá. A maior parte do capital votante dessa filial canadense é da empresa X,
constituída sob as leis brasileiras e com sede e administração no Brasil. Assertiva: Nessa situação, Howard
deverá estar, necessariamente, vinculado ao RGPS como segurado empregado.
Certo.

g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias,
inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TCE RN, 2015: O servidor público ocupante de cargo em comissão é segurado
obrigatório da previdência social na condição de contribuinte individual.
Errado.

h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que NÃO vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 1997)

22
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime
próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004)

Em relação ao mandato eletivo, cite-se a tese firmada pelo STF no julgamento do RE 626837/GO, em
repercussão geral, julgado no dia 25.05.2017:

“Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de mandato eletivo
decorrentes da prestação de serviços à União, a Estados e ao Distrito Federal ou a municípios após o
advento da Lei 10.887/2004, desde que não vinculados a regime próprio de previdência”. (...) A Corte
entendeu que a Emenda Constitucional 20/1998 passou a determinar a incidência da contribuição sobre
qualquer segurado obrigatório da previdência social, os art. 195, I, “a” e II e art. 40, §13, ambos da
Constituição Federal submeteu todos os ocupantes de cargos temporários ao regime geral da
previdência, o que alcança os exercentes de cargo eletivo.

Corroborando com esse entendimento, a EC 103/2019 alterou a redação do §13 do art. 40 da CF no


seguinte termo:

Art. 40, § 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em
lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
103, de 2019)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, DPU, 2016: O deputado estadual que não tem vínculo com regime próprio de
previdência social é considerado segurado obrigatório do regime geral de previdência social, e, nessa
condição, está obrigado a contribuir para esse regime de previdência.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, PGM-RR, 2010: O exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal é
segurado obrigatório da previdência social como empregado, ainda que vinculado a regime próprio de
previdência social.

23
Errado. Não pode ser vinculado ao RPPS.
CESPE/CEBRASPE, TCE-PA, 2016: O prefeito municipal que não esteja vinculado a regime próprio de
previdência social é segurado obrigatório do regime geral de previdência social.
Certo.

Empregado doméstico:
Empregado doméstico “é aquele que presta serviços de natureza contínua a pessoa ou família, no
âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos”, mediante remuneração, (art. 11, II da Lei
nº 8.213/91).
Características do empregado doméstico:
 Existência de vínculo empregatício;
 Atividades desenvolvidas na residência ou em razão desta;
 Atuação em atividades sem fins lucrativos.

Como o empregado doméstico se torna segurado do INSS?


A lei obriga o empregador doméstico a assinar a carteira de trabalho de seus empregados. Munido da
carteira de trabalho com o contrato assinado, o empregador doméstico efetua uma só inscrição na
Agência ou Unidade da Previdência Social. O empregador doméstico pode promover a inscrição, no INSS,
do segurado a seu serviço, ou qualquer outra pessoa sem necessidade de procuração. O empregador
doméstico é responsável pelo recolhimento das contribuições do empregado doméstico.

ATENÇÃO! A Lei Complementar n. 150/2015 previu expressamente que a formação de vínculo de


emprego doméstico exige a prestação de serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e
de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias
por semana.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, INSS, 2016: Situação hipotética: João exerce atividade econômica com finalidade
lucrativa na sua própria residência. Recentemente, ele contratou Maria para fazer a limpeza de sua
residência, de forma habitual e remunerada, e, inclusive, atender clientes. Assertiva: Nessa situação, João
será considerado empregador doméstico com relação aos serviços prestados por Maria.
Errado.

24
CESPE/CEBRASPE, SERPRO, 2013: A legislação de regência do RGPS confere ao empregador doméstico a
obrigação de arrecadar e recolher a contribuição previdenciária do segurado empregado doméstico que
lhe presta serviços, juntamente com a parcela a seu cargo.
Certo.
CESPE/CEBRASPE, SEMAD-ARACAJU/PROCURADOR, 2008: Considere que Maria José presta serviços
habituais e contínuos para Cláudia, no ambiente residencial desta, sendo certo que as atividades
desenvolvidas não têm fins lucrativos. Nessa situação hipotética, Maria José é empregada doméstica e
responsável pelo recolhimento de sua própria contribuição para a previdência social.
Errado.

Empregados dos condomínios residenciais são empregados domésticos?


NÃO. Os empregados dos condomínios residenciais NÃO são empregados domésticos, a exemplo dos
porteiros e zeladores, conforme o próprio entendimento do Ministério do Trabalho, pois a atividade não
é prestada especificamente a uma pessoa ou família não sendo o condomínio um empregador doméstico.

Contribuinte individual:

Como o Contribuinte Individual se torna segurado do INSS?


O contribuinte individual ao exercer atividade remunerada é considerado segurado obrigatório perante
o Regime Geral de Previdência Social, devendo nele se inscrever.

Responsabilidade pelo recolhimento da contribuição:


Antigamente os empresários, trabalhadores autônomos e equiparados a trabalhador autônomo, eram
responsáveis pelo recolhimento da própria contribuição. Atualmente (após as alterações da Lei 10.666),
o contribuinte individual somente será responsável pelo recolhimento de sua contribuição se ele
prestar serviço para pessoa física, por outro lado, caso ele preste serviços para pessoa jurídica é esta
quem recolherá as contribuições em favor dos daqueles.

SERVIÇOS P/ PESSOA FÍSICA -------> CONTRIBUINTE INDIVIDUAL RECOLHE


SERVIÇOS P/ PESSOA JURÍDICA -------> PESSOA JURÍDICA RECOLHE

Como caiu em prova:

25
CESPE/CEBRASPE, TRT7, 2017: Leandra, que trabalha como manicure autônoma há cinco anos, prestando
seus serviços diretamente aos seus clientes, que são pessoas físicas, nunca realizou qualquer contribuição
previdenciária.
Nessa situação hipotética, Leandra é considerada automaticamente inscrita no RGPS, pelo simples fato
de desempenhar a referida atividade profissional
Errado.

CESPE/CEBRASPE, TRT7, 2017: Leandra, que trabalha como manicure autônoma há cinco anos, prestando
seus serviços diretamente aos seus clientes, que são pessoas físicas, nunca realizou qualquer contribuição
previdenciária.
Nessa situação hipotética, Leandra é segurada obrigatória do RGPS
Certo.
CESPE/CEBRASPE, INSS, 2016: As empresas são obrigadas a arrecadar a contribuição do segurado
contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração.
Certo.

Nos termos do art. 11, V, da Lei nº 8.213/91, são segurados obrigatórios, na qualidade de contribuinte
individual:

a) a pessoa física, proprietária ou não, que EXPLORA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA, a qualquer título, em
caráter permanente ou temporário, em área SUPERIOR a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área
igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por
intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo;
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter
permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de
empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº
9.876, de 26.11.99)

Atualmente, o garimpeiro é somente segurado contribuinte individual, sendo a existência ou não de


empregados irrelevante para seu enquadramento nesta modalidade, ao contrário do que ocorre em
relação ao produtor rural pessoa física, conforme visto na alínea anterior.

26
Como caiu em prova:
FCC, TRF3, 2019 (Adaptada): A pessoa física residente em imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural
próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com eventual auxílio
de terceiros, será considerada segurado especial dentro do INSS. Em face desta narrativa, NÃO se pode
considerar segurado especial a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração
mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos,
com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua.
Certo.

c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de


ordem religiosa;

IMPORTANTE! Inclusive o tempo prestado como aspirante à vida religiosa é considerado pela
jurisprudência para fins previdenciários. (REsp. 1.103.120)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, DPE-BA, 2010: São segurados obrigatórios da previdência social, na qualidade de
trabalhadores avulsos, o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de
congregação ou de ordem religiosa.
Errado.

e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é
membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social;" (NR) (Alínea realinhada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 e Alterada pela Lei nº 9.876, de
26.11.99)

IMPORTANTE! Situação semelhante à prevista no artigo 11, I, da Lei 8.213/91, diferenciando-se apenas
no contratante do serviço: sendo este a União, o trabalhador será segurado empregado, sendo
organismo oficial internacional, será ele contribuinte individual. Nos dois casos a regra é supletiva, ou
seja, somente será segurado o trabalhador não abrangido por regime próprio de previdência social.

Como caiu em prova:

27
CESPE/CEBRASPE, INSS, 2008: Miguel, civil, brasileiro nato que mora há muito tempo na Suíça, foi
contratado em Genebra para trabalhar na Organização Mundial de Saúde. Seu objetivo é trabalhar nessa
entidade por alguns anos e retornar ao Brasil, razão pela qual optou por não se filiar ao regime próprio
daquela organização. Nessa situação, Miguel é segurado obrigatório da previdência social brasileira na
qualidade de contribuinte individual.
Certo.

IMPORTANTE! Não confundir extraterritorialidade com o exercício de atividade no Brasil em missão


diplomática ou repartição consular de carreira.
É SEGURADO EMPREGADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA: Quem presta serviço no Brasil a
missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou
membros dessas missões e repartições, EXCLUÍDOS o não-brasileiro (estrangeiro) sem residência
permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular.

f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de
administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio
cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado
eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade,
bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, DESDE QUE
RECEBAM REMUNERAÇÃO; (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, INSS, 2016: É considerado segurado obrigatório do RGPS na qualidade de contribuinte
individual o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer
natureza, mesmo que não receba remuneração.
Errado.

IMPORTANTE! Os síndicos ou gestor de condomínios edilícios estão incluídos neste rol, mesmo os que
recebem remuneração INDIRETA, ao não pagar as despesas condominiais. No julgamento do REsp.
1.064.455, decidiu o STJ que é devida a contribuição social sobre o pagamento do pró-labore aos síndicos
imobiliários, assim como sobre a isenção da taxa condominial devida a eles.

28
Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, AGU, 2015: Conforme entendimento do STJ, síndico de condomínio que receber
remuneração pelo exercício dessa atividade será enquadrado como contribuinte individual do RGPS, ao
passo que o síndico isento da taxa condominial, por não ser remunerado diretamente, não será
considerado contribuinte do RGPS.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, MPOG, 2015: O síndico de condomínio ou o administrador que tenha sido eleito em
janeiro de 2015 para exercer atividade de administração condominial e que receba remuneração
está amparado na lei para se inscrever como contribuinte facultativo da previdência social.
Errado.
CESPE/CEBRASPE, INSS, 2008: Um síndico de condomínio que resida no condomínio que administra e
receba remuneração por essa atividade é segurado da previdência social na qualidade de empregado.
Errado.

g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em CARÁTER EVENTUAL, a uma ou mais empresas,
sem relação de emprego; (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins
lucrativos ou não;" (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

Trabalhador avulso:
Segurado trabalhador avulso é aquele que
- presta serviços a diversas empresas,
- sem vínculo empregatício,
- de natureza urbana ou rural,
- definidos no regulamento, conforme previsão do art. 12, inc. VI, da Lei n. 8.212/91.

Como o trabalhador avulso se torna segurado do INSS?


A inscrição é formalizada pelo cadastramento e registro no sindicato de classe ou órgão gestor de mão-
de-obra. O recolhimento da contribuição é de responsabilidade do tomador do serviço ou do órgão
gestor de mão-de-obra.
A filiação do trabalhador avulso terá as seguintes características:

29
 Prestação de serviços de natureza urbana ou rural a empresas sem vínculo empregatício;
 Intermediação do trabalho por órgão gestor de mão de obra ou sindicato da categoria;
 Não há necessidade de sindicalização.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TER-BA, 2010: O trabalhador avulso que exerce a atividade de estivador em portos, na
descarga de navios, é segurado obrigatório da previdência social.
Certo.

Segurado especial:
Segurado especial é
- o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal,
- bem como os RESPECTIVOS CÔNJUGES,
- que exerçam suas atividades em regime de economia familiar,
- SEM empregados permanentes, e
- contribuam para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO,
- o que lhes permitirão fazer jus aos benefícios nos termos da Lei 8.213/91 (art. 195, § 8º, CF).

É o único segurado com definição no próprio texto constitucional:

CF, 195, § 8º: O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como
os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados
permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o
resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Lei n. 8.213/91:
Art. 11:
VII – como SEGURADO ESPECIAL: a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano
ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o
auxílio eventual de terceiros, na condição de:

30
Obs.: Pode residir em zona urbana próxima ao imóvel rural onde exerce suas atividades.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2014: Produtor rural que exerça sua atividade em regime
de economia familiar, sem empregados permanentes, será isento de contribuição para a seguridade
social.
Errado.

a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados,


comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
1. AGROPECUÁRIA em área de ATÉ 4 (quatro) módulos fiscais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

O tamanho da propriedade rural é capaz de descaracterizar o regime de economia familiar por si só?
NÃO. Segundo entendimento do STJ, o tamanho da propriedade rural NÃO é capaz de descaracterizar o
regime de economia familiar do segurado, se preenchidos os demais requisitos necessários à sua
configuração. (AgRG no Resp 1042401/DF)

Súmula n. 30 da TNU: Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo
rural NÃO AFASTA, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que
comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar.

Portanto, o que importa é a área explorada.

2. de SERINGUEIRO ou EXTRATIVISTA VEGETAL que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do

caput do art. 2o da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o principal meio de
vida; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

Obs.: Para quem explora extrativismo não há limite de módulos fiscais.

Como caiu em prova:

31
CESPE/CEBRASPE, DPU, 2010: Considere que Lucas tenha exercido, individualmente, de modo
sustentável, durante toda a vida, a atividade de seringueiro na região amazônica, tendo os frutos dessa
atividade sido sua única fonte de renda. Após o falecimento dele, os herdeiros — demonstrados os
pressupostos de filiação — poderão requerer a inscrição de Lucas, como segurado especial, no RGPS.
Certo.
DEVO LEMBRAR: no caso de segurado especial é permitida inscrição post mortem, desde que
demonstrados os pressupostos de filiação.

b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de
vida; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, STM, 2018:
O pescador artesanal que fizer da pesca profissão habitual e que residir em imóvel rural poderá contribuir
para a previdência social de forma facultativa, na qualidade de segurado especial.
Errado.
No caso do pescador artesanal não há a necessidade de residir em imóvel rural, basta a atividade ser
habitual ou principal meio de vida.

c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado,
do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o
GRUPO FAMILIAR respectivo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 1º Entende-se como REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR a atividade em que o trabalho dos membros da
família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar
e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, SEM A UTILIZAÇÃO DE EMPREGADOS
PERMANENTES. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao
Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. (DUPLA
FILIAÇÃO)
§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a
exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando

32
sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da
Seguridade Social. (Incluído pela Lei nº 9.032, de 1995)
§ 4º O dirigente sindical MANTÉM, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento
no Regime Geral de Previdência Social-RGPS de antes da investidura. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997)

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, TRT10, 2013: Marcelo, que é segurado especial da seguridade social, por ser, na forma
da legislação especial, considerado pequeno produtor rural, foi eleito dirigente do sindicato
representativo dos pequenos produtores rurais. Nessa situação, Marcelo passará a ser segurado na
condição de contribuinte individual.
Errado.

§ 5º Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de


Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações. (Incluído pela Lei nº 9.876, de
26.11.99)
§ 6º Para serem considerados segurados especiais, o cônjuge ou companheiro e os filhos maiores de 16
(dezesseis) anos ou os a estes equiparados deverão ter participação ativa nas atividades rurais do grupo
familiar. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 7º O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo determinado ou de
trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput, à razão de no máximo 120 (cento e vinte)
pessoas por dia no ano civil, em períodos corridos ou INTERCALADOS ou, ainda, por tempo equivalente
em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em decorrência da
percepção de auxílio-doença. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

OBS.: Pode utilizar na seguinte razão: (i) 1 pessoa por 120 dias; (ii) 2 trabalhadores 60 dias e 60 dias; (iii)
3 trabalhadores 40 dias para cada um.

§ 8º NÃO DESCARACTERIZA a condição de segurado especial: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta
por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que

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outorgante e outorgado continuem a exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de
economia familiar; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por NÃO mais
de 120 (cento e vinte) dias ao ano; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade classista a que seja
associado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia
familiar; e (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário
de programa assistencial oficial de governo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de processo de beneficiamento
ou industrialização artesanal, na forma do § 11 do art. 25 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; e
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI - a associação em cooperativa agropecuária; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o produto das atividades
desenvolvidas nos termos do § 12. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
§ 9º NÃO é segurado especial o membro de grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento
(REGRA), exceto se decorrente de: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – benefício de PENSÃO POR MORTE, AUXÍLIO-ACIDENTE ou AUXÍLIO-RECLUSÃO, cujo valor não supere
o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; (Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)
II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos
termos do inciso IV do § 8º deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
III - exercício de atividade remunerada em período NÃO superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou
intercalados, no ano civil, observado o disposto no § 13 do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;
(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)

Súmula n. 46 da TNU: O exercício de atividade urbana intercalada NÃO impede a concessão de benefício
previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores


rurais; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)

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V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural ou de dirigente
de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no § 13
do art. 12 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VI – parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8o deste artigo;
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar,
podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não
exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; e (Incluído pela Lei nº 11.718,
de 2008)
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal INFERIOR ao menor benefício de prestação
continuada da Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 10. O segurado especial fica excluído dessa categoria: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
I – a contar do primeiro dia do mês em que: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) deixar de satisfazer as condições estabelecidas no inciso VII do caput deste artigo, sem prejuízo do
disposto no art. 15 desta Lei, ou exceder qualquer dos limites estabelecidos no inciso I do § 8o deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
b) enquadrar-se em qualquer outra categoria de segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência
Social, ressalvado o disposto nos incisos III, V, VII e VIII do § 9o e no § 12, sem prejuízo do disposto no art.
15; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
c) tornar-se segurado obrigatório de outro regime previdenciário; e (Redação dada pela Lei nº 12.873, de
2013)
d) participar de sociedade empresária, de sociedade simples, como empresário individual ou como titular
de empresa individual de responsabilidade limitada em desacordo com as limitações impostas pelo § 12;
(Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) (Produção de efeito)
II – a contar do primeiro dia do mês subsequente ao da ocorrência, quando o grupo familiar a que
pertence exceder o limite de: (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
a) utilização de terceiros na exploração da atividade a que se refere o § 7o deste artigo; (Incluído pela
Lei nº 11.718, de 2008)
b) dias em atividade remunerada estabelecidos no inciso III do § 9o deste artigo; e (Incluído pela Lei nº
11.718, de 2008)
c) dias de hospedagem a que se refere o inciso II do § 8o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de
2008)

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§ 11. Aplica-se o disposto na alínea a do inciso V do caput deste artigo ao cônjuge ou companheiro do
produtor que participe da atividade rural por este explorada. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
§ 12. A participação do segurado especial em sociedade empresária, em sociedade simples, como
empresário individual ou como titular de empresa individual de responsabilidade limitada de objeto ou
âmbito agrícola, agroindustrial ou agroturístico, considerada microempresa nos termos da Lei
Complementar n 123, de 14 de dezembro de 2006, não o exclui de tal categoria previdenciária, desde
que, mantido o exercício da sua atividade rural na forma do inciso VII do caput e do § 1º, a pessoa jurídica
componha-se apenas de segurados de igual natureza e sedie-se no mesmo Município ou em Município
limítrofe àquele em que eles desenvolvam suas atividades. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)
§ 13. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013)

Considera-se regime de economia familiar “a atividade em que o trabalho dos membros da família é
indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração,
sem a utilização de empregados” (art. 11, § 1º da LBPS6).

Súmula n. 41 DA TNU: A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade


urbana NÃO implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,
condição que deve ser analisada no caso concreto.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, DPU, 2015: O fato de um dos integrantes do seu núcleo familiar desempenhar
atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial,
devendo-se proceder à análise do caso concreto.
Certo.

Segurado especial pode contratar terceiros temporariamente?

6 Art. 11, § 1º Entende-se como regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família
é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em
condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes.

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SIM, pode contratar terceiros de forma temporária para auxiliarem do trabalho, desde que não ultrapasse
120 pessoas/dias ano civil, de maneira contínua ou intercalada, ou por tempo equivalente em horas de
trabalho.

Segurado especial e aumento facultativo na contribuição:


Quanto aos segurados especiais, se não quiserem que seu benefício seja calculado no valor mínimo ou,
ainda, se quiserem ter direito a todos os benefícios devidos aos outros segurados do RGPS, podem
contribuir facultativamente para a Previdência Social, conforme disposto no art. 25, §1º, da Lei de
Custeio (art. 39, inciso II, Lei nº 8.213/91). Portanto, a Lei faculta aos segurados especiais a contribuição
idêntica aos dos contribuintes individuais (20%), para percepção dos benefícios em forma de igualdade
com os outros segurados do RGPS.
Nesse sentido:

Súmula n. 272 do STJ: O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição
obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de
serviço, se recolher contribuições facultativas.

Segundo Frederico Amado, “até o advento da Lei 11.718/2008, a idade mínima para a filiação do
segurado especial era de 14 anos, passando agora para 16 anos de idade. Antes do advento da Lei 8213,
a idade mínima do trabalhador era de 12 anos de idade.”
Sobre o tema, a TNU possui a seguinte súmula:

Súmula n. 5 da TNU: A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213,
de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.
Mesmo entendimento do STJ (AR 3.877-SP).

IMPORTANTE! CONTAGEM RECÍPROCA:


Acerca da contagem recíproca propriamente dita (entre o regime geral e o estatutário), foi pacificado
pelo STF, no julgamento da medida cautelar na ADIN nº 1.664, o entendimento de que o cômputo do
tempo de serviço rural depende do recolhimento das contribuições. Nesse sentido, foi editada a Súmula
nº 10 da TNU dos JEFs: “O tempo de serviço rural anterior a 05 de abril de 1991 (Art. 143, Lei nº
8.213/91), pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo

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de atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas as
respectivas contribuições previdenciárias”.

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4. SEGURADOS FACULTATIVOS

Os segurados facultativos estão diretamente ligados ao princípio da universalidade da cobertura e do


atendimento na previdência social, porque favorece pessoas que não estão exercendo atividade
laborativa remunerada.
O art. 14 da Lei n. 8.212/91 faculta aos maiores de 14 anos de idade a filiação ao RPGS na condição de
segurados facultativos. No mesmo sentido, o art. 13, da Lei n. 8.213/91.
No entanto, o art. 11 do RPS informa ser a idade mínima para filiação do segurado facultativo de 16 anos
de idade, sendo o posicionamento administrativo do INSS e o dominante da doutrina previdenciária
(AMADO).
Exceções de classes que exercem atividades remuneradas, mas que NÃO geram filiação compulsória,
assim, podem filiarem-se como segurado facultativo:

 Estagiário;

 Bolsista pesquisador (ex. Bolsista mestrando);

 Presidiário trabalhador.

Como caiu em prova:


CESPE/CEBRASPE, INSS, 2016: Situação hipotética: Maria, com vinte e dois anos de idade, recebe bolsa
de estudos para se dedicar em tempo integral a trabalho de pesquisa, não possuindo qualquer vinculação
a regime de previdência. Assertiva: Nessa situação, Maria poderá filiar-se facultativamente ao RGPS.
Certo.
CESPE/CEBRAPE, TCE-PE, 2017: O estagiário maior de dezesseis anos de idade que receba bolsa de
estudos da empresa concedente do estágio será considerado segurado obrigatório do regime geral da
previdência social (RGPS).
Errado.

Situação do síndico remunerado x síndico não remunerado


Como visto, o síndico remunerado é segurado obrigatório (contribuinte individual), já o síndico NÃO
remunerado, se quiser, pode ser segurado facultativo. Agora, o síndico que é isento de condomínio se
enquadra como segurado obrigatório, pois o entendimento é que ele é sim remunerado. (ANDRÉ
STUDART)

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Como caiu em prova:
CESPE/CEBRASPE, DPU, 2015: Aquele que, como contrapartida pelo desempenho das atividades de
síndico do condomínio edilício onde resida, seja dispensado do pagamento da taxa condominial, sem
receber qualquer outro tipo de remuneração, enquadra-se como segurado facultativo do RGPS.
Parte superior do formulário
Errado.

É possível uma pessoa, participante do RPPS, filar-se facultativamente no RGPS?


NÃO. Por expressa previsão constitucional, vide:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social, de
caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro
e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(...)
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, NA QUALIDADE DE SEGURADO
FACULTATIVO, de pessoa participante de regime próprio de previdência. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

DEVO LEMBRAR!
Como o facultativo se torna segurado do INSS?
O segurado facultativo pode filiar-se à Previdência Social por sua própria vontade, o que só gerará efeitos
a partir da INSCRIÇÃO e do PRIMEIRO RECOLHIMENTO, não podendo este retroagir e não sendo
permitido o pagamento de contribuições relativas a meses anteriores a data da inscrição. Após a
inscrição, o segurado facultativo somente pode recolher contribuições em atraso quando não tiver
ocorrido perda da qualidade de segurado. Caso o segurado facultativo venha a exercer alguma atividade
remunerada, automaticamente se converterá em segurado obrigatório, devendo passar a efetuar
recolhimentos nesta condição.

Obs.: A FILIAÇÃO COMPULSÓRIA SEMPRE SE SOBREPÕE À FACULTATIVA.

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